HOTEL CARO ━ gabigol

By ellimaac

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━━━━━ ❝'Cê vai ligar fingindo que não aconteceu nada.❞ 𝐋𝐔𝐀𝐍𝐍𝐀 𝐒𝐂𝐀𝐑𝐏𝐀... More

[🖤❤] 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟏 | 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐀𝐑 𝐎 𝐐𝐔𝐄̂?
𝟎𝟐 | 𝐑𝐈𝐎 𝐃𝐄 𝐉𝐀𝐍𝐄𝐈𝐑𝐎
𝟎𝟑 | 𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐄
𝟎𝟒 | 𝐌𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐏𝐎𝐑𝐑𝐀
𝟎𝟓 | 𝐀𝐑𝐑𝐔𝐌𝐀 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐔𝐋𝐏𝐀
𝟎𝟔 | 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀
𝟎𝟕 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐭𝐭 𝐞 𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚)
𝟎𝟖 | 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐄 𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐀
𝟎𝟗 | 𝐀 𝐎𝐅𝐄𝐑𝐓𝐀
𝟏𝟎 | 𝐃𝐈𝐒𝐅𝐀𝐑𝐂̧𝐀𝐑
𝟏𝟏 | 𝐄́ 𝐒𝐎́ 𝐒𝐄𝐗𝐎
𝟏𝟐 | 𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐀𝐃𝐎𝐑𝐄𝐒
𝟏𝟑 | 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐄 𝐄 𝐌𝐄 𝐁𝐄𝐈𝐉𝐀
𝟏𝟒 | 𝐒𝐄𝐌 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄, 𝐒𝐄𝐈
𝟏𝟓 | 𝐒𝐄 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐍𝐃𝐀
𝟏𝟔 | 𝐍𝐀̃𝐎 𝐒𝐄 𝐌𝐄𝐓𝐄 𝐍𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀
𝟏𝟕 | 𝐄𝐔 𝐏𝐑𝐄𝐅𝐈𝐑𝐎 𝐀 𝐏𝐀𝐙
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟏𝟖 | 𝐃𝐄𝐒𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟏𝟗 | 𝐃𝐄𝐒𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐎
𝟐𝟎 | 𝐃𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄𝐍𝐃𝐈𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
𝟐𝟏 | 𝐋𝐈𝐒𝐓𝐀 𝐃𝐎 𝐓𝐈𝐓𝐄
𝟐𝟐 | 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋𝐄𝐈𝐑𝐀̃𝐎
𝟐𝟑 | 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐎 𝐓𝐄 𝐕𝐄𝐑
𝟐𝟒 | 𝐀𝐈 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐆𝐎
𝟐𝟓 | 𝐒𝐄 𝐃𝐈𝐕𝐄𝐑𝐓𝐈𝐔 𝐃𝐄𝐌𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐂𝐀𝐅𝐄́
𝟐𝟕 | 𝐓𝐎𝐐𝐔𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄́ 𝐒𝐎́ 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀
𝟐𝟗 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
𝟑𝟎 | 𝐒𝐄 𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍𝐈𝐙𝐄
𝟑𝟏 | 𝐂𝐑𝐎𝐀́𝐂𝐈𝐀
𝟑𝟐 | 𝐎̂ 𝐒𝐀𝐔𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟑𝟑 | 𝐐𝐀𝐓𝐀𝐑
𝟑𝟒 | 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟑𝟓 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟑𝟔 | 𝐒𝐔𝐑𝐏𝐑𝐄𝐒𝐀?
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟑𝟕 | 𝐍𝐀𝐓𝐀𝐋
𝟑𝟖 | 𝐑𝐄́𝐕𝐄𝐈𝐋𝐋𝐎𝐍 𝐃𝐎 𝐋𝐈𝐋
𝟒𝟎 | 𝐅𝐎𝐈 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐄𝐍𝐓𝐈𝐑𝐀
𝟒𝟏 | 𝐄𝐍𝐂𝐀𝐑𝐀𝐑 𝐀 𝐑𝐄𝐀𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟒𝟐 | 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑
𝟒𝟑 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐏𝐓.𝟏
𝟒𝟒 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐏𝐓.𝟐
𝟒𝟓 | 𝐃𝐄𝐑𝐑𝐎𝐓𝐀 𝐄𝐌 𝐃𝐎𝐁𝐑𝐎
𝟒𝟔 | 𝐕𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐂𝐎𝐍𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀𝐑
𝟒𝟕 | 𝐍𝐎 𝐇𝐎𝐒𝐏𝐈𝐓𝐀𝐋
𝟒𝟖 | 𝐕𝐀𝐌𝐎 '𝐁𝐎𝐑𝐀
𝟒𝟗 | 𝐕𝐎𝐂𝐄̂ 𝐕𝐀𝐈, 𝐒𝐈𝐌
𝟓𝟎 | 𝐌𝐀𝐑𝐑𝐎𝐂𝐎𝐒
𝟓𝟏 | 𝐂𝐇𝐄𝐆𝐀 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐑𝐑𝐎𝐓𝐀
𝟓𝟐 | 𝐎𝐅𝐄𝐍𝐃𝐀-𝐒𝐄
𝟓𝟑 | 𝐂𝐇𝐀́ 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐏𝐓.𝟏
𝟓𝟒 | 𝐂𝐇𝐀́ 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐏𝐓.𝟐
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟓𝟓 | 𝐎 𝐏𝐋𝐀𝐘𝐁𝐎𝐘
𝟓𝟔 | '𝐓𝐀́ 𝐑𝐄𝐏𝐑𝐄𝐄𝐍𝐃𝐈𝐃𝐎
𝟓𝟕 | 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐏𝐑𝐀 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟓𝟖 | 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟓𝟗 | 𝐋𝐎𝐈𝐑𝐎 𝐏𝐈𝐕𝐄𝐓𝐄
𝟔𝟎 | 𝐏𝐎𝐃𝐏𝐀𝐇
𝟔𝟏 | 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐆𝐔𝐈𝐒𝐓𝐀𝐒?
𝟔𝟐 | 𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐃𝐎 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋
𝟔𝟑 | 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐇𝐎𝐑𝐀
𝟔𝟒 | 𝐋𝐔𝐙 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐑
𝟔𝟓 | 𝐓𝐈𝐑𝐎 𝐍𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐓𝐀
𝟔𝟔 | 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀𝐒
𝟔𝟕 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟔𝟖 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟗 | 𝐑𝐄𝐒𝐎𝐋𝐕𝐈𝐃𝐎
𝟕𝟎 | 𝐌𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒
𝟕𝟏 | 𝐍𝐎 𝐀𝐋𝐋𝐈𝐀𝐍𝐙
𝟕𝟐 | 𝐂𝐋𝐀𝐒𝐒𝐈𝐅𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎𝐒, 𝐄𝐋𝐄𝐒
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟕𝟑 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎

𝟑𝟗 | 𝐂𝐑𝐈𝐀𝐑 𝐋𝐄𝐌𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐒

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By ellimaac

GABRIEL

— VEM AQUI, GABRIEL! — Luanna me chama assim que eu saio do carro, dou a volta e fico de frente para ela. — Você precisa passar protetor, sabia?

— Minha pele é boa pro sol, preta — digo a ela, na tentativa de tranquilizá-la.

— Fica achando — ela enche a mão de creme, espalma uma na outra e começa a espalhar pelas minhas costas. Confesso que gosto de ser tocado pela Luanna. Mas não assim, não em público. — Daqui a pouco vai estar tostado que nem o pão do Lucas.

— Ah!! Não fala assim do meu pão — bufa Lucas, saindo do carro só de bermuda, um boné pra se proteger do sol e a bola na mão. — 'Tava gostoso.

— Deve ser gostoso mesmo — debocho, olhando pro garoto. — O gostinho do carvão.

— Só queimou as bordas. Para.

— Se foi só as bordas, eu não sei. Mas quando cheguei — a última a descer do carro é a Dhio, que veio de SP hoje pra ficar comigo durante essa semana. Comigo e com minha atual namorada. Ah, não posso esquecer do encosto do irmão dela, que eu até que gosto — a casa estava impregnada. Até pensei que tinha acontecido algum acidente.

— E aconteceu — avisa Luanna, fazendo graça. — Carbonizaram o pão.

— Vocês criticam muito o meu trabalho — Lucas se afasta da gente rindo e caminha até a areia.

Nós levamos só mais alguns minutos, pra Dhio e Luanna pegar o que trouxeram, e então seguimos o garoto até a praia.

Eu queria trazer a Luanna na praia já faz muito tempo. Sou doido pra vê-la bronzeada. Ela deve ficar ainda mais gostosa pra caralho.

E eu tenho a chance perfeita pra admirá-la quando, depois de enchermos a barriga com as porções que eu pedi, Luanna decide se colocar de pé e tirar aquela maldita tanga que eu nem sei porque ela estava usando. Ela me explicou o porquê antes de sairmos de casa, mas eu não entendi porra nenhuma.

Luanna fica só de biquini e... puta que pariu. Que mulher.

O corpo dela é lindo. A pele dela maravilhosa. Caralho, ela é muito linda.

Deus, muito obrigado, na moral. Por me permitir esbarrar nessa mulher naquela boate e por, desde então, criar esse sentimento entre nós. Eu sou realmente muito sortudo.

Ela fica de lado pra pegar a bola de futebol e eu reparo na sua barriguinha. Não tem quase nenhum volume ali. Na verdade, tem um pouco de volume sim, quase como se ela tivesse comido demais. Mas eu sei que ali é o larzinho do meu filho.

— Vamos jogar, Lucas! — Ela grita pra seu irmão, me tirando dos meus pensamentos e me trazendo de volta a realidade.

— Vão jogar altinha, é? — pergunta Dhio.

— Jogar o que? — Luanna e Lucas perguntam ao mesmo tempo com grandes interrogações na cabeça.

— Altinha — repete Dhio, fazendo uma careta de confusão, mas logo abrindo um sorriso. — Nunca jogaram?

— Nunca ouvi falar na verdade — informa Luanna com as mãos na cintura e o corpo tão lindo que eu até estou babando.

— É tipo um futevôlei, né, Gabi?

— É — limpo a garganta e tento não ficar secando a Luanna. — É um futevôlei sem a rede. Fica jogando a bola pro alto e não pode deixar cair no chão.

— Eu conheço só como futevôlei mesmo.

— Eu acho que já ouvi alguém falar Altinha — informa Lucas, coçando a cabeça. — Mas quando a gente vai pra praia, a gente fala futevôlei e todo mundo entende.

— Altinha é bem mais prático.

— É o termo — acrescento a fala de Dhio. — Ponto. No Rio tem termo pra tudo.

— Argh — Luanna revira os olhos. — Pra quem nasceu em São Paulo, 'cê até que é bem carioca, viu?

— Eu nunca te contei que nasci em São Paulo — cruzo os braços, sorrindo pra Luanna. — Andou me pesquisando, preta?

— Não sou tão leiga pra não saber que você jogou no Santos, Gabriel.

— Isso não quer dizer nada — informo, com um sorrisinho bobo na cara por saber que não é uma simples informação que a Luanna tirou do além. Ela sabe disso porque andou me pesquisando, querendo saber sobre mim. — Posso ter nascido no Rio e jogado no Santos, nada me impede.

— Tanto faz — Luanna dá de ombros totalmente sem graça com o assunto, agarra o braço de seu irmão e dá as costas para mim.

Ainda estou sorrindo enquanto os observo jogar.

Luanna me procurar na internet quer dizer muita coisa, né? Desde ontem, eu tenho conhecimento sobre seus sentimentos por mim. Mas ela pode ter dito aquilo por pena. Afinal eu abri meu coração naquele momento. Disse tudo que eu realmente sinto em relação a ela. Seria entendível se ela sentisse pena e não quisesse me magoar. Sei lá. Saber que andou fuçando a minha biografia só prova que seus sentimentos são verdadeiros.

E isso me deixa tão desnorteado, que eu facilmente posso ser considerado o homem mais feliz da porra desse mundo.

— É — Dhio se senta na cadeira ao meu lado com um coco na mão, que eu nem a vi comprando, e óculos escuros no rosto. — Parece que as coisas entre vocês andam muito bem, né?

— Sim — respondo, assentendio. — Bem até demais, eu diria.

— Ela aceitou numa boa o namoro? Se abriu pra você?

— Foi muito mais que isso, Dhio — respiro fundo, me lembrando da noite de ontem. Da forma como a Luanna falou o que sentia e de como isso me fez bem. — Porra,  nem sei como descrever o que eu senti ouvindo ela expressar seus sentimentos. 

— Nem precisa tentar — minha irmã ri de mim, sugando o canudinho. — 'Tá bem gritante nessa sua cara que as coisas estão boas demais.

— Nem parece real.

— Fico feliz por vocês. De verdade — ela coloca uma mão em meu ombro e me olha daquele jeito que sei que está orgulhosa. — O que vocês dois estão criando agora, juntos, vai ser essencial para o bebê. Deixar as coisas naturais. Mesmo que não tenha sido nada planejado.

Meu peito se aperta de repente só por lembrar do assunto mencionado. O assunto o qual ainda não foi muito bem conversado. Um assunto que é bem delicado.

— Vai ser necessário mesmo — desabafo, abaixando o tom de voz e minha irmã me olha com suspeita. — 'Tamo precisando que isso fique natural.

— O que aconteceu?

— Não aconteceu nada, Dhio. É só que... — coço a barba sem saber como falar. — A Luanna não está sendo transparente em relação a isso. Eu não sei nada. Nem comenta sobre isso com ela, ouviu?

— Por que? — Dhio franze o cenho, ainda mais confusa. — Pensei que vocês já estavam de boa com esse assunto. Principalmente depois dessa proximidade toda.

— Não, a Luanna 'tá... ela ainda não aceitou muito bem a gravidez. 'Tá levando no automático. Não... não conversamos sobre isso ainda e tocar no assunto a deixa estranha pra caralho. — Coço a barba de novo, ficando pensativo com essa conversa. Falar da gravidez e lembrar da reação da Luanna, me causa uma certa angústia. — Estou evitando falar sobre.

— Isso é ruim, Gabi. Muito ruim. Ela falou alguma coisa sobre abortar?

— Abortar? Não. Não — balanço a cabeça em negação porque só em pensar nisso já  entro em pânico. — 'Cê acha que ela não quer o bebê?

— Querer ela realmente não quer, né? Não foi algo que ela planejou, simplesmente aconteceu. E isso pode estar fodendo com tudo.

— O que você quer dizer?

— Olha, eu... — Dhio desvia o olhar de mim e é aí que eu percebo que tem muito mais por trás disso tudo. Minha irmã parece entender ou até saber de algo que eu ainda não sei. — Eu não sei, Gabi. Realmente não sei. Vocês precisam conversar. Já marcaram uma consulta?

— Já. Eu marquei, na verdade. Luanna só aceitou.

— Quando vai ser?

— Depois de amanhã.

— Ótimo — minha irmã suspira um tanto mais leve. — Talvez isso seja um novo passo. Talvez faça com que a Luanna fique melhor. Vocês vão ver e vão ouvir o bebê. Acredito que ela vai se conectar com a gravidez.

— E se não se conectar? E se a Luanna nunca quiser nosso filho de verdade?

— Calma, Gabi — minha irmã está me tocando com as duas mãos agora, uma em cada braço. Nem vi quando largou o coco. — Você não pode ficar enchendo sua cabeça. Ainda é muito recente. As coisas irão fluir com calma.

— Tenho medo da Luanna rejeitar essa gravidez. Tenho medo dela...

— Não pense nisso — Dhio está quase implorando. — Por favor.

— 'Tá. — Assinto, mas meu peito ainda dói. — 'Tá, vou tentar.

— Ótimo. Agora por que não vai jogar um pouco? — Ela me empurra em direção a Luanna e Lucas super concentrados no jogo. — Se distraia. É verão! Estamos na praia.

Concordo com a ideia maluca e me aproximo dos dois.

Eu realmente tenho medo da Luanna reagir muito mal a gravidez e mesmo assim decidir levá-la até o fim o que, com certeza, tornará tudo ainda pior. E eu não quero que ela opte pela opção de não ter o bebê. Eu quero ter. Já me apeguei com a ideia.

— Vou jogar — aviso assim que fico entre eles, mandando pro esquecimento a conversa que eu acabei de ter com minha irmã ou iriam perceber minha alteração de humor.

— Não pode deixar a bola cair — Luanna chuta a bola em minha direção, me pegando desprevenido.

A bola bate no meu peito e voa em direção ao mar. Olho para a morena de biquini a minha frente só para ver seu sorriso maroto de quem fez propositalmente.

— E se não dominar a bola e deixar cair, terá que correr atrás e trazê-la de volta — ela acrescente colocando uma mão na cintura. — Essas são as regras.

— Entendido.

Corro em direção ao mar e quando volto pra perto deles estou com sangue nos olhos. O jogo começa e Lucas mostra seu talento dominando a bola com o peito. Depois ele acerta a posição com a coxa e rebate em direção a sua irmã que só consegue defender com o ombro e jogar em minha direção. Estou bem preparado para recebê-la e pronto para me vingar ao rebater.

Dou um chute alto e Luanna não é rápida o suficiente para conseguir contra-atacar. A bola quica na areia e vai pra longe.

— Ah não! — Luanna bufa, deixando os ombros cair enquanto observa a bola rolar cada vez mais pra longe dela. — Que porra.

— Você conhece as regras, preta — a lembro, mesmo que esteja com a pior cara de cu e minha fala não vá melhorar isso.

Luanna revira os olhos e, bufando, vai atrás da bola.

LUANNA

OBSERVO AQUELE bebê chorando. Não, eu não só observo, eu estou com os olhos fixos nele. Assustada. A mãe o pegou no colo faz alguns segundos e o está balançando de um lado para o outro, numa falha tentativa de acalmá-lo. O pai, que estava em outro mundo, decide se levantar agora para roubar o bebê dos braços da mulher. Mesmo assim, o choro continua alto e agudo.

A mãe se afasta deles só para pegar alguma coisa dentro da bolsa. Vejo quando retira uma mamadeira com água. E vejo também quando a leva até a boca do bebê. E só então, o choro cessa.

— Vai ficar aqui até quando, hein? — Escuto alguém atrás de mim. Lucas, ao ficar ao meu lado, rouba a bola das minhas mãos que eu tinha vindo buscar e acabei me concentrando na vida daquele casal com o bebê chorão. — Era só pra pegar a bola, mas parece que viu uma assombração.

Limpo a garganta, voltando a realidade.

— Aquele bebê não parava de chorar e isso me assustou pra caralho.

— Te assustou? Por que? — Lucas olha sem nem disfarçar pro casal. — Ele se machucou?

— Não — nego de imediato. — Era manha, apenas.

— E por que isso te assustou?

— Porque eu associei ao fato de todos os bebês fazerem drama e se um dia eu serei capaz de acalmar, não deixando o bebê se engasgar de tanto chorar.

— Hum. Por que você se importa? — Só basta um olhar pra meu irmão para que ele entenda que sua pergunta foi totalmente estúpida. — Ah, sim. Porque você vai ter um bebê. Tinha me esquecido.

— Idiota.

— Não se preocupa com seu filho agora, Lu. Vai demorar ainda pra você ver a cara dele.

— Isso deveria me acalmar? — Se for o caso, não acalmou porra nenhuma.

— Deveria.

— Não funcionou.

— Ok, não entra em pânico. Seu bebê vai ter a gente também. — abafo uma risada porque isso também não me acalmou em nada. Muito pelo contrário só me deixou mais preocupada. — Relaxa. 'Cê não 'tá sozinha.

— Você não cuida nem de você, Lucas.

— Olha só quem fala — ele cruza os braços. — Você nem se alimenta, vai matar o bebê de fome. Mãe desnaturada.

— Ah cala a boca!

Dou as costas para meu irmão e começo a caminhar de volta pra onde estávamos jogando. Percebo que Gabriel não está mais nos esperando. Agora ele está entretido conversando com um homem alto.

Nem preciso olhar duas vezes para saber que aquele cabelo descolorido e aquele queixo é de ninguém mais e ninguém menos que Pedro, o famoso Pedro Reverência.

— Falando nela, olha ela aqui.

Gabriel me puxa pra conversa e eu nem sei como reagir, só vejo Lucas passando por trás de Pedro, o medindo de cima abaixo, ficando impressionado, antes de se juntar com a Dhio. Pelo menos não vai se intrometer na conversa e me fazer passar vergonha.

— Eu nunca consegui te apresentar antes, mas essa é a Luanna. Em carne e osso.

Pedro ri do que o amigo diz e me estende a mão em cumprimento.

— Então você é a famosa palmeirense que eu não parava de ouvir sobre? — ele me pergunta com simpatia.

Legal, ele é gentil e simpático. Vou conseguir conversar sem ficar muito nervosa ao ponto de gaguejar.

— Espero que tenha ouvido coisas boas — digo sorrindo e apertando sua mão.

— Pode acreditar que sim. Você — ele aperta um pouco mais a minha mão para enfatizar a próxima parte — mudou o nosso Gabigol da farra. Agora ele é um... será que já posso te chamar de pai de família, cara?

— É, acho que sim — Gabriel diz, sorrindo. Um sorriso realmente empolgado com o que seu amigo diz. É assim que ele se sente quando falam de nós. — 'Tô construindo minha família, né? Então, sim, sou um pai de família.

— Que coisa incrível. Eu fico muito feliz por vocês e pelo bebê que vem aí. Já decidiram pra que time a criança vai torcer? Ou vão se render a humilhação de ter um filho bandeirinha?

— Nem fodendo! — Gabriel e eu dissemos ao mesmo tempo. Deixando o sorriso de Pedro ainda maior pelo conexão inesperada.

— Então suponho que será flamenguista.

— Mas é claro.

— Claro que não! — Corrijo em voz alta quase como um protesto. — Me recuso a parir um filho flamenguista. Já não basta o pai.

— Preta, você já imaginou o quão feio seria pra mim se meu filho, lembrando que eu sou o camisa 10 do Flamengo só pra você não esquecer — reviro os olhos com força —, torcesse pro Palmeiras??? Deus que livre a criança.

— Não 'tô nem aí pra você — digo com um careta. — O que importa é a minha opinião, afinal eu que vou gerar por nove meses e ainda terei que parir. Você vai fazer o que? Sentar e esperar, no mínimo.

— Não vou ter um filho palmeirense, Luanna. Esquece.

Levanto o dedo do meio para ele.

— É — Pedro fica meio pensativo. — De duas uma. Ou a criança será totalmente amada pela torcida rubro-negra, ou o contrário. E eu não vou nem querer ver se o bicho pegar.

— Pedro, eu não vou ter um filho flamenguista.

— 'Cês podem deixar a criança escolher — ele sugere e se arrepende na mesma hora quando nota nossos olhares de raiva. — Ou quem sabe Deus presenteie vocês com gêmeos. Um bebê flamenguista e outro palmeirense, pronto. Sem brigas.

— Eu não posso estar grávida de gêmeos — as palavra escapam com naturalidade da minha boca, fazendo os dois me olharem com dúvida. — Quer dizer, é meio raro, né? Minha primeira gravidez e, assim do nada, dois bebês?

— A Georgina não teve duas gestações seguidas de gêmeos? — Lembra Pedro só para me deixar em choque.

— Quem é essa doida? — pergunta Gabriel com cara de desentendido.

— A mulher do CR7.

— Ata — Gabriel finalmente se recorda. — Vixi, maluco, ela teve três na primeira e dois na segunda. Coisa de louco.

— Um time de futebol eles estão montando.

— Parem de maluquice — peço porque só de imaginar uma coisa dessas meus pelos se arrepiam e minha garganta fica mais seca que as folhas no outono. — Pelo amor de Deus. Já foi dificil acreditar que eu teria um filho. Mais que um, é capaz que eu caia dura no chão de choque.

Eu já não queria ter um. Imagina dois ou cinco que nem a Georgina? Vou ficar louca e esse assunto já está me deixando desconfortável pra caralho.

— Tudo é possível — Pedro dá de ombros sem perceber a forma como eu falei da criança. Ainda bem, não queria ter que explicar como me sinto em relação a isso. — Mas fico feliz pela felicidade de vocês e pelos filhos que terão. Seja quantos for. Irei defender de qualquer forma.

— Mesmo se for palmeirense? — pergunto só para saber sua resposta.

— Pode ser até vascaíno. Será protegido e pronto. Mas se for flamenguista, eu com certeza vou mimar mais.

Gabriel cai na gargalhada e ali naquele momento eu percebo que Pedro é só uma parte dos amigos de trabalho do Gabriel. Todos os outros serão assim também. Apegados comigo pelo simples fato de eu estar gerando um babygol, como o Jonh do tiktok falou. E de alguma forma, eu já estou me sentindo acolhida, sabendo que esse bebê será amado.

Demorei, mas consegui escrever esse capitulo.

Vocês me mandaram muitas sugestões lá naquela caixinha de pergunta, mas a grande maioria deixaria a história bem irreal. E eu não quero que fuja da realidade. Gabriel está empolgado e a Luanna não, esse é o ponto no momento.

Outra coisa, a Lu não está nem com dois meses direito, então o bebê não chuta e nem nada. É só um grãozinho de tão pequeno ainda. Mas, mais pra frente, eu provavelmente irei colocar as ideias de vcs na fic porque foram mt boas.

E... mais uma coisa. Nem tudo são flores.

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