INDOMÁVEL ✧ HOUSE OF THE DRAG...

By jhopiest

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INDOMÁVEL; a única palavra digna para definir os filhos da fênix ╾ Daenerys Velaryon era certamente a pior de... More

≭ INDOMÁVEL
⸻ graphics : almas indomáveis
ATO UM ⸻ PRIMAVERA DE NARCISO
❦ 01 : ❛Sombras do Passado❜
❦ 02 : ❛Casa do Dragão❜
❦ 03 : ❛Veneno da Safira❜
❦ 04 : ❛Belas Criaturas❜
❦ 05 : ❛Romeu e Julieta❜
❦ 06 : ❛Canto da Sereia❜
❦ 07 : ❛Rainha do Amor e Beleza❜
❦ 08 : ❛Vicissitudes❜
❦ 09 : ❛Câmara dos Sussurros❜
❦ 11 : ❛Pequenos Sinais❜
❦ 12 : ❛Eterno Deleite❜
❦ 13 : ❛Marés Ardentes❜
❦ 14 : ❛Inundação Valiriana❜
❦ 15 : ❛Legitimidade❜
❦ 16 : ❛Estilhaçados❜
⚘ EXTRA ▏ ❛Laços de Sangue❜
❦ 17 : ❛Arte do Caos❜
❦ 18 : ❛Língua do Diabo❜
❦ 19 : ❛Pacto da Ruína❜
❦ 20 : ❛Baile das Donzelas❜
❦ 21 : ❛Alma Profanada❜
❦ 22 : ❛Verdades Secretas❜
❦ 23 : ❛Sangue do Dragão❜
❦ 24: ❛Noite Estrelada❜
❦ 25 : ❛Doce Dissabor❜
❦ 26: ❛A Guarnição dos Dragões❜
❦ 27: ❛Inseguranças❜
❦ 28: ❛Valsa dos Corações❜
❦ 29: ❛Suplício Maternal❜
❦ 30: ❛Vingança Esmeralda❜
❦ 31: ❛Promessas Desfeitas❜
❦ 32: ❛A Bela e a Fera❜
ATO DOIS ⸻ SEMENTES DE ÉRIS

❦ 10 : ❛Conquista Digna❜

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By jhopiest

↳ ❝INDOMÁVEL ¡! ❞

the great war — taylor swift

. . . . . ╰──╮╭──╯ . . . . .

Ele ainda recordava-se.

Fechando as pálpebras, em meio ao caos, Maegor poderia sentir o gostinho das memórias correndo, fluindo na cachoeira de suas lembranças que arrebataram sua mente, aguardando a chance ideal para que se afogasse. Se fechasse os olhos, a vívida experiência de estar ao redor de seu pai, como se, nenhum evento trágico tivesse o arrancado de sua família. E, em meio ao desespero, em que sua mente tornava-se um território perigoso, ele o visitou em sua própria mente.

— Sei que está aí, não adianta se esconder.

A voz de Caspian ressoou, a figura paterna de costas, sentada sobre a escrivaninha pessoal cunhada à madeira, nem mesmo precisou virar-se para saber que tratava-se de um de seus filhos. Pode ver a silhueta das sombras pelo piso, levantando o olhar de forma discreta enquanto terminava suas anotações para que pudesse dar atenção.

— Pensei que estivesse cansado Bael mas, nós podemos ter um tempo nosso quando...— Caspian cessou suas palavras ao virar-se, deparando-se com o filho mais velho, uma surpresa que arrancou um sorriso caloroso de seu pai.

— Sou eu, Maegor — O Príncipe franziu o cenho, não escondendo sua curiosidade. — Estava esperando Baelon?

— Bom, eu prometi para seu irmão que...— O mais velho respirou fundo, balançando a cabeça em negação, continuando: — Deixe para lá, isso não é assunto seu, não é? Por que está bisbilhotando por aqui? Pensei que estava na hora de dormir.

O Westerling riu. Decerto, vendo-o agir como uma criança travessa, com seus doze dias de nome, deve ser destacado, abandonando seus aposentos em meio à noite para ir até o de seus pais.

— Estou sem sono, quis saber o que estava fazendo — confessou ele, inclinando-se com curiosidade pelo ombro do pai, para que pudesse bisbilhotar o grande livro. — O que está fazendo, meu pai?

— Ah, isso...— a resposta seguida de um sorriso desconfortável atraiu sua atenção com o aparente receio exibido por seu pai. Mas, o homem o fitou, por poucos segundos antes de exibir para o filho, a obra, um livro que parecia ser feito à mão, reconheceu de imediato a caligrafia de seu pai.

Passeou o olhar sobre as escrituras, estava em élfico. Deve ser dito, é claro que, por crescer sua infância inteira, pelo menos, até o momento, sua compreensão da língua não era das melhores — mesmo sendo o melhor de seus irmãos — mas, reconhecia a palavra que significava dragão e, pelo que parecia, tratava-se de um Atlas detalhado, o que o deixou confuso.

— Todos os dragões não são iguais? Quero dizer, eles possuem a mesma ancestralidade — ele franziu o cenho, interessado com a gargalhada de seu pai, como se ele fosse um tolo. — Eles são vindouros da Antiga Valíria.

Príncipe Caspian estendeu uma cadeira para que seu primogênito pudesse sentar-se, assim, o mesmo o fez, atento às palavras de seu pai.

— De fato, os valirianos eram povos muito avançados, domadores de dragões mas, não eram os únicos a terem suas maravilhas mas, certamente, eles preferiam compartilhar sua grandeza mas, o povo élfico possuía seus próprios segredos — revelou Caspian, pausando suas palavras. — O mundo é maior que parece.

— Sendo assim, por que eles nunca foram descobertos?

O mais velho sorriu com o questionamento.

— O mundo é maior do que parece. Em nossa cultura, acredita-se que há um mundo invisível, por dentro de nosso mundo, esse que habitam as criaturas que foram banidas pela crueldade dos homens, vez ou outra, nas estações mais cruéis do inverno, algumas escapam mas, congelam durante a passagem dos mundos e são condenadas a viver aqui, caminhado sobre a neve eterna — a fala, pareceu mais um mito do que realidade aos ouvidos do Príncipe.

O jovem Maegor, mesmo com seus doze anos, deveria ser o mais cético dos irmãos em relação à crenças, usava sua racionalidade para a maioria das situações e, aquilo lhe parecia uma história fantasiosa, do tipo que faria os olhos de sua irmã mais nova, Daenerys brilharem.

— Acredita nisso? — atreveu-se a questionar o pai.

— Acha que nosso povo surgiu magicamente? Os élficos. Isso ainda intriga a muitos, porque a maioria desconhece nossa cultura, nossos mitos, nossos dragões. Não somos apenas uma civilização que surgiu em uma conquista por um pedaço de terra e peregrinos que acharam a alvorada milagrosa — Caspian balançou a cabeça, respirando fundo, recordando-se de quando conquistou as Terras junto de seu próprio pai. — É uma terra prometida, guardada para os bem aventurados com sangue dos seres que uma vez foram expulsos pelos Primeiros Homens.

Maegor admirou os olhos brilhantes de seu pai, a paixão que transbordava ao mencionar o local.

— Sente falta de casa? — perguntou o mais novo, causando um riso suave à esvair dos lábios do mais velho, a nostalgia o arrebatou, por vezes, mas, mal poderia ter tempo de pensar em tais devaneios.

— Terei muito tempo como rei até enjoar de meu reino, não se preocupe com isso — Príncipe Caspian riu, bem humorado ao passar a mão por cima dos cabelos escuros do filho. — Por hora, vamos aproveitar os nossos privilégios aqui, construindo boas relações com as grandes casas de Westeros.

Embora tenha recebido uma espécie de justificativa unida à segurança de seu pai, o homem não deixou de notar que Maegor continuava com os olhos vidrados na capa da obra que escrevia — quem sabe estivesse tentando desvendar — e, foi ali que Caspian pensou bem.

— Parece que é hora de contar-lhe um segredo — começou Caspian, atiçando toda a curiosidade no jovem príncipe que franziu o cenho, interessado. O Westerling não brincava, detinha toda seriedade, agradecia profundamente por seu querido filho retribuir tamanha maturidade. — Cogitei em dizer à sua mãe sobre eles mas, houveram tantas interrupções que soube que esse segredo pertencia apenas a mim, subsequentemente, logo após, à você.

O Príncipe ergueu-se, retirando o que parecia uma espécie de uma caixa grandiosa feita de madeira de orvalho, de largura grosseira e material pesado e deve ser adicionado que, no instante que Caspian revelou a caixola, o ambiente ao redor tornou-se mais gélido, tão gélido que poderia queimar se permanecesse muito perto, a ligeira careta de seu pai quando retorquiu a face denunciou que deveria ser até mesmo doloroso mas, ao vê-lo abrir, revelando um quarteto de ovos vermelho escarlate ovais, maiores do que de um dragão, sua mente fez um verdadeiro nó.

— Pai, isso....— mal poderia formular palavras, a sensação amarga, quiçá esquisita que pairou em seu interior ao direcionar o mero olhar fez com que Caspian erguesse em sua direção, sério. — Esses ovos não são normais, nem mesmo para um dragão...ou fênix.

— Há muito acerca dos dragões, conhecimento distante de nossos alcances mas, tenha certeza que esses ovos não são de Banguela e muito menos de um dos diversos dragões valirianos mas, uma raridade que meu pai encontrou assim que pisou nas Terras Médias, antes conhecida como Arco Dourado — Maegor cravava seu olhar em seu pai, devorando com cautela cada parte da história que era contada pelo homem. — Esses ovos não devem cair em mãos erradas, de forma alguma, meu pai me incubiu dessa missão, o herdeiro do trono deve sempre manter sua guarda sobre eles.

Ou seja, na hora correta, quando seu pai ascendesse ao trono, seria a obrigação de Príncipe Maegor de cuidar dos ovos de forma excêntrica e procedência desconhecida.

— Que espécie de dragão surgirá? — ou, no mínimo, quis que seu pai lhe contasse alguma característica do animal que mesmo sem ser chocado, parecia ser aterrorizante.

— Um muito especial, de fato, mas espero que isso nunca aconteça porque dragões como esse anunciam tempos difíceis, devemos garantir que isso jamais ocorra. Por isso, conto com você, meu filho...— Caspian sorriu para o mais novo, mesmo que, a pontada de preocupação fluísse em suas veias como um rio ou, quem sabe, um veneno. — Será um domador tão poderoso quanto seus ancestrais.

— Basta que seja o suficiente para protegê-los — lembrou Maegor. Decerto, ele não almejava muito, mesmo em uma tenra idade, ele detinha perspectivas realistas e deveras cauteloso com as atitudes que viria a tomar, temendo o destino catastrófico gerado pela ambição de outros reis.

Assim, Príncipe Caspian — seu pai — concordou, inclinando-se com a afeição, guardando os ovos escarlate tão chamativos à seu olhar.

— É o que o fará poderoso, buscar ser forte o suficiente.

Abriu seus olhos, diante o caos, o perigo iminente. Era como estar diante de um leão — sabia que seu estado era grosseiramente mais grave e crítico que um mero animal de uma savana —, poderia vê-lo como uma fera faminta, salivando, faminto pela caça, por sua presa mortal: ele mesmo.

Nos breves instantes, segundos tão rápidos, experienciou um turbilhão de sentimentos, sensações que açoitaram os respingos de sua alma. A figura paterna, Príncipe Caspian transbordou pelas frestas de sua memória límpida, não temeu por si — longe disso — mas, estremeceu por sua família, por sua querida mãe que não aguentaria outra perda, devastada pela sua morte. Isso é claro, pensando em seu futuro à ser despedaçado atado à uma Helaena arruinada, fadada novamente às correntes de ferro, o atroz matrimônio junto à Aegon.

As conquistas que jamais pôde ter a oportunidade de concretizar por ter sido arrebatado pelas mãos cruéis de um destino infame, injusto à ele que nada fez, além de seu melhor em toda sua existência. Decerto, cada mísera situação serpenteava em sua mente, uma infernal dança, baseada no instinto primitivo de sobrevivência com reflexos da racionalidade e emoção em seu interior.

É desta forma que irei morrer? Tão estúpido por não ouvir às palavras de meu pai? Pensou ele.

Ao contrário ao que muitas das histórias ditas de pai ao filho, dos que possuíam o sangue etéreo da antiga valíria, não era uma tarefa meramente instintiva unir-se à um dragão — tampouco rápida como um mero saltear e um instante frívolo —, domar um dragão exigia esforço, tomava tempo, confiança como a construção de um relacionamento com as criaturas extraordinárias.

E, sobreviver à um era um milagre quando não se tinha um vínculo. Quantas pessoas poderiam cruzar o caminho com um dragão e permanecer com o coração batendo em seu peito?

Diante ao nomeado pelas lendas, Canibal — um Dragão cujo os boatos diziam ser uma besta selvagem mesmo em sua própria espécie ao devorar a carcaça de outros ao cometer o ato desprezível de alimentar-se de carne pútrida de seus iguais — Maegor detinha uma certeza: ele não sairia vivo.

Assim, antes que pudesse se mover ou agir, pôde sentir o fogo, a ardência vibrar em sua pele, em um abraço caloroso que queimou, como ácido e gelo, profundo a ponto de fazê-lo gritar, berrar com a força de seus pulmões em agonia. O sangue turvo ferveu como veneno em suas veias conforme suas vestes desfizeram-se, pulverizaram-se diante a descomunal boca pujante do animal que disparou a chuva solar rente à sua face.

Viu-se nu, sozinho e desprotegido.

Devorado, mastigado.

Não, ele não deixaria sua vida terminar de tal forma, não tão supérflua sobre as chamas.

Maegor abriu seus olhos, lentamente. 

Uma sensação incomum pairava seu corpo, sentia-se mais forte, o ar em seu interior queimou e soube que não, não estava morto ao levantar o olhar, deparando-se com o dragão — este que certamente perplexo com a sobrevivência do mortal à sua frente —, sendo rondado pelo animal, a fera milenar o rondava, interessado mas, deveras selvagem para reagir de outra forma senão um ataque bruto que quebraria-lhe os ossos ou o carbonizaria.

Dorth- Awaui. Obeui nin, lúg. — reverberou Maegor, em sua língua nativa. Embora soubesse que dragões tão distantes de sua terra natal respondessem majoritariamente ao Alto Valiriano, não pôde evitar e, de forma surpreendente, a língua atraiu atenção de Canibal.

Seus instintos o atiçaram, ele poderia falar em alto valiriano — mesmo que no fundo a língua não fosse de seu agrado em comparação ao élfico — mas, não foi esse o idioma que ressoou de seus lábios e antes que percebesse, seja por distração ou compreensão, poderia ver a fera interessada.

Naarus — em um urro animalesco, Maegor disparou. 

Precisava demonstrar dominância, mesmo sendo uma mera migalha em comparação à enorme besta, como um grito de guerra, do fundo de seus pulmões, o mais alto e grosseiro que conseguiu, com sua garganta latejando, achou que suas cordas vocais fossem desfazer-se mas, enfrentou pois sua vida dependia de fato, daquele mero momento.

Uma sensação pairou em seu interior, tendo nomeado a gigantesca fera por um certo nome élfico antes que percebesse.

Por anos, renegou seu direito de nascença, a herança de seus ancestrais entranhada em seu sangue: domar um dragão, fazê-lo dobrar-se, construir uma relação e honrar os ensinamentos que lhe foram dados mas, ele soube que, o animal à sua frente era diferente — assim como ele.

Ele, a grande fera, a besta temia até mesmo por dragões inclinou-se, aproximou-se do homem à sua frente. Seus olhos chocaram-se, leram-se, a fera encarou as orbes verdes que diluíram-se em bravura enquanto o príncipe retribuía — enxergou dor estampada: aquele animal havia sido mastigado pelo tempo e sobrevivia tornando-se o caçador —, a respiração quente, o bafo tórrido como o vento forte de um deserto escaldante fez-se presente mas, havia sido a ação do animal a lhe deixar perplexo.

Um osso grotesco fora lançado aos seus pés pelo animal, como uma oferta de paz, um passe para que saísse em segurança: era respeito. Assim, deu meia volta, desaparecendo entre as sombras. Maegor havia sido queimado vivo mas, não morreu.

Desconhecia as alterações, até então, em seu corpo mas, detinha ciência que aquilo não poderia ocorrer — ele não havia herdado as habilidades extraordinárias de sua mãe ao portar uma fênix — mas, havia sido presenteado, agraciado pelos deuses em um milagre.

Perdendo os sentidos, devido à adrenalina eclodindo de suas veias, seu corpo desabou no chão.

Decerto, o sumiço repentino do jovem príncipe havia sido dissipado, após um dia inteiro sem a presença do noivo de Princesa Helaena Targaryen, boatos começavam a serem dissipados, de boca em boca, as suposições eram as mais diversas, incluindo a suposição de um arrependimento mas, os que lhe conheciam, tinham certeza de que não — especialmente após a revogação do matrimônio de Aegon e Helaena e anúncio de seu noivado com a Targaryen.

Por isso, deixe-me dizê-lo, caro leitor, acredite em minhas palavras quando lhe digo que a segunda refeição de desjejum que Rei Viserys exigiu o comparecimento de todos os membros familiares, a aura pairava o nervosismo, sensação que perfura Helaena como uma flecha envenenada, causando uma agitação anormal nos dragões no Fosso dos Dragões, indicando que, no fundo, estavam cientes de uma anormalidade rondando, um detalhe digno de suscitar preocupações aos presentes.

Por isso, a mãe do jovem noivo, Deianyra Velaryon, e o padrasto, o Príncipe Daemon Targaryen, não encontravam-se presentes, iniciando as buscas atrás do Herdeiro Westerling.

— Sua Alteza, Príncipe Daemon ausentou-se na companhia de sua esposa, Lady Velaryon — o anúncio vindouro de Sor Harold Westerling, alarmou o governante que compreendeu, não era um mero sumiço, como seu filho Aegon, costumava fazer.

No instante que tais palavras foram ditas, Daenerys e Aemond trocaram olhares, instintivamente. De lados opostos da mesa, os dois — mais do que ninguém — sabiam dos pormenores, das pistas desvendadas, da conspiração e da realidade dos fatos.

Diga-se de passagem que o Príncipe Targaryen viu-se em uma saia justa, em um beco sem saída mas, sua incredulidade em torno de seu irmão, como se não fosse grande o bastante estendia-se, passeando o olhar entre os presentes, cogitou que até mesmo seu avô, Otto Hightower poderia orquestrar uma ação de tamanha magnitude — embora duvidasse uma ação tão imprudente — pelas costas de sua mãe, Alicent Hightower.

Se ela for atrás do irmão, terei que ir atrás dela. Pensou Aemond. 

Seus olhos divagando em sua refeição, mesmo que, se ausentasse de apetite, pouco deixaria transparecer um pingo de inquietação com os acontecimentos. Droga de mania. Concluiu ele, em seus pensamentos, dizendo a si mesmo que, não estava relacionado à Daenerys e sim, ao risco de sujar o nome de sua família mas, a verdade era tão explícita quanto à clareza das águas das marés cristalinas.

Aemond Targaryen importava-se fervorosamente por Daenerys Velaryon a ponto de doer em sua carne, nutrir ressentimento pelos sentimentos, pelas sensações físicas que o perfuravam e o mero impulso de agir ou trocar uma palavra em sua direção.

O ar pesada, denso e os ressoar dos talheres, taças de ouro, pratos banhados à prata tintilavam, preenchendo o ambiente atado à suave ventania de uma das largas janelas que exibiam um céu amargurado à nuvens pesadas — era como se os deuses pudessem cuspir sobre a tensão —, crepitando o ardor nas costelas dos presentes sobre a explícita divisão da Casa Targaryen.

Embora, nenhuma cadeia de acontecimentos digno de olhares arregalados ou boatos na corte tenha ocorrido no mero desjejum tardio, deve destacar-se um conjunto de falas que indiretamente despertou desconfianças, uma jogada demoníaca de lábios venenosos.

Um indivíduo, acostumado com a podridão, com a língua ardendo e as entranhas em fúria engoliu a paz ao sorrir, como uma verdadeira víbora, o mais novo dos filhos da fênix, Príncipe Aragorn — este sentado ao lado direito Lucerys e esquerdo à Rhaenyra — atreveu-se à bebericar seu suco vagarosamente e da forma mais polida possível, direcionou-se à Rainha Alicent.

— Vossa Graça, Rainha Alicent..— chamou ele, o chamado, vindouro de Aragorn atraiu atenção. Ele, o mais taciturno dos irmãos, esse que vivia como uma sombra larga atrás de Lucerys, abstendo-se de politicagem, virou-se à mulher com um sorriso cínico, ao indagar: — Vejo a ausência do Príncipe Aegon, gostaria de saber seu estado de saúde.

Rhaenyra controlou-se para não semicerrar o olhar. Ela sabia que Aragorn pouco importava-se com seu meio-irmão, mesmo se todos os verdes morressem, ele riria e fingiria que nada estaria ocorrendo mas, lá estava o Westerling com seus olhos profundos e obscuros açoitando com suas palavras.

A Hightower sentiu o sangue correr mais rápido em sua face. Ele estava presente no caos. Otto, a Mão do Rei percebeu a reação, atentando-se aos modos de sua filha e inclusive à forma cautelosa que o Príncipe dos Dragões comportava-se, diferente dos outros.

— Soube da queda, como domador de três dragões, posso dizer, no mínimo que tenho noção da imprevisibilidade de nossos companheiros se nossas emoções estão atribuladas — completou ele, com um sorriso afável mesmo que, de forma implícita, Alicent soubesse ter sido um ataque ou parte disso.

Pobre Rei Viserys acreditou ser uma genuína preocupação. Baelon leu as entrelinhas, forçando um sorriso na direção do mais velho, o coração rasgando-se mais uma vez, como costumava ocorrer, vendo os sonhos puros do homem tão esperançoso relapsos da realidade que uma vez cobiçou.

Aegon detinha culpa. Este detalhe martelou em sua mente. E, regurgitando a informação em sua mente, aguardou pacientemente a refeição, trocando um sorriso terno com sua noiva, Baela, aguentando sua vontade de retirar-se imediatamente.

— Bael..— a Targaryen tocou no pulso do loiro platinado, conhecia-o bem o suficiente para julgar a tribulação percorrendo as íris azuladas.

— Quando terminarmos esse jantar, há um lugar que preciso ir, minha noiva — declarou ele, dessa vez, mais sério.

Baela franziu o cenho, toda vez que o príncipe optava por falar no tom, contrastando com a suavidade adorável que usava ao seu redor, ela sabia, o temperamento de fúria suprimido achava rachaduras. Assim, deitou a palma de sua mão sobre a dele, aconchegando-o ou, no mínimo, acalentando-o.

Quando decidiram os unir, um noivado entre Baela — a filha de Daemon ou uma cópia fidedigna do temperamento do mais velho e beleza de sua mãe — e Baelon mesmo que assemelhasse à uma piada desafortunada com os nomes, teria sido o milagre de estabilidade. Os dois seguravam-se, a tempestuosidade de Baela ao exterior era o que Baelon abafava de seu alcance, a capacidade de controlar-se, era uma chave de ouro que auxiliava a postura da Princesa Baela.

Eram opostos, ainda sim, completamente parecidos.

Aja sabiamente, não espero menos do senhor — seus olhos tornaram-se mais sombrios, mais turvos, a língua valeriana sendo sussurrada em meio ao jantar. — Resolva o que há de ser resolvido.

Ah, ele aguardou o momento para que saísse.

Suas inquietações, desconfianças de um erro brutal envolvendo seu antigo amigo, o qual era nada além de uma lembrança vaga e dolorosa, uma sombra do passado, eclodiam em sua mente. Sua intuição berrou sobre seus ouvidos. Embora fosse incrédulo quanto percepções guiadas por meras suspeitas, flagrar uma troca de olhares sutil entre Daenerys e Aemond atrelado ao escárnio de Aragorn em torno de Alicent Hightower tornavam explícito não ser fruto de sua insanidade.

Encaminhou-se aos aposentos de Príncipe Aegon. À cada curva, recordou-se da frequência que costumava fazê-lo, os dois correndo de forma idiota devido as traquinagens do mais velho. Deu-lhe aos nervos lembrar a crueldade dos anos, hesitou agir mas, não era mais uma opção.

Se o mesmo tivesse armado uma emboscada...

— Com licença — Baelon cumprimentou, cortês como a boa educação de um príncipe à Sor Arryk, o guarda juramentado de Aegon, esse que encontrava-se na porta. — Desejo entrar, preciso falar com Aegon.

Arryk fitou-o, por segundos, ligeiramente hesitante. Se fosse um dos outros irmãos do Westerling, teria de agir de outra forma. Já bastava a situação deplorável em que fora derrubado por Príncipe Maegor — esse que não possuiu misericórdia alguma em seu muro —, estar em conflito com outro possível sucessor do herdeiro do trono das Terras Médias estava distante de seus quereres.

Se tratando dele, o predileto de Rei Viserys, deixava-o em uma saia-justa.

— Devo dizer-lhe, vossa alteza, que não será possível — Arryk manteve sua postura, recordando-se das palavras da Rainha Alicent sobre Aegon não deixar nem por um segundo o quarto até que Príncipe Maegor aparecesse. — Foi ordenado que o repouso de Príncipe Aegon fosse absoluto, nenhuma interrupção será tolerada.

Baelon arqueou a sobrancelha. Arryk entendeu. Foi uma forma sutil de fazê-lo se recordar que suas intenções ao estar ali não eram ameaçadoras. Ou, em outras palavras, Baelon Westerling estava ali para reencontrar-se com seu amigo de longa data — mesmo que não passasse de uma mentira.

— Senhor Arryk — Baelon usou a forma que fazia quando criança, propositalmente. Ele não recorria à métodos sujos, detestava tais métodos mas, como diria Daenerys, situações adversas merecem respostas desafiadoras. — Faça-me a gentileza de chamar Aegon, ele pode decidir por si mesmo se acatará meu pedido.

Por segundos, ele hesitou mas, Sor Arryk assentiu. As mãos de Baelon suaram, estava evitando a tarefa de ele não queria voltar a ver o príncipe, não queria lembrar que seu único amigo havia se tornado o reflexo do que mais desprezava mas, foi exatamente o que ocorreu quando adentro os aposentos do Príncipe Targaryen deparando-se com o próprio.

O aroma alcoólico pairava no cômodo revirado, uvas em uma bandeja prateada e um copo que soube ser vinho, os lençóis brancos abrigavam um príncipe desmazelado que o encarou ao pisar no espaço. 

O Westerling desconhecia o estado de saúde de Aegon após a dita queda de Sunfyre — o que muito duvidou tendo em vista que Baelon sabia que o dragão mesmo preguiçoso poderia ser mais responsável que seu montador — mas, flagrando os hematomas em sua face, a faixa branca curativa em suas costelas e o estado decadente das olheiras fundas, soube que não, não era um acidente.

Aegon arrumou-se no dossel. De forma inconsciente, a presença de Baelon era um imã de Aegon ao que ele deveria ter sido mas, não era como se nutrisse inveja ou raiva. Pelo contrário, ele sentia-se inquieto e vê-lo ali era como um memorando de suas falhas.

O Targaryen detinha certeza de ter sido descartado por ele, por suas atitudes, finalmente havia conseguido destroçar a última das pessoas que realmente se importaram consigo — não é como se Baelon soubesse de qualquer maneira.

Ele, Baelon Westerling agiu calmamente, quiçá exibiu tranquilidade. De uma forma perturbadora, recordava o comportamento de sua irmã, Daenerys. Isto é, de todos os irmãos, deve ser dito que Baelon e Daenerys eram os mais similares mas, com uma notória exceção: Baelon realmente importava-se com todos ao seu redor.

Sentia pena, nojo e culpa pelo estado de Aegon. A decadência explícita em suas orbes o faziam querer gritar consigo mesmo no quão falho foram suas ações ao não conseguir salvar o que restava de decência mas, mais uma vez, do que adiantaria? Apenas prejudicaria sua família, eles entrariam em conflito querendo ou não, nada mudaria com suas ações.

— Está aqui para finalmente me ver? — o Príncipe Targaryen perguntou, sua voz rouca, indicando que deveria estar dormindo durante toda a tarde.

— O que fez com Maegor? — direto, ignorando a pergunta anterior, perguntou. Seu tom inquisitório, a postura inflexível, a forma que agiu, impenetrável não era amigável, a aura diplomática e dócil que costumava exibir, como a perfeita pele de cobra ausentou-se.

O Targaryen não passou despercebido a forma que Baelon referia-se ao seu próprio irmão — palavra essa que reparava quanto o príncipe evitava chamar a todo custo. Mas, por algum motivo, a expressão ameaçadora de Baelon fez com que Aegon visse um desconhecido ali.

Embora completamente ferrado, com seus músculos latejando, as articulações dormentes e a garganta inebriada devido a quantidade de chá empurrados em sua goela contra sua vontade, detinha forças para soltar uma risada breve, acrescentando a impaciência ao Westerling.

— Por que se importa? — a pergunta fora genuína, tombando a cabeça para o lado, o príncipe de fios acinzentado, franziu o cenho, continuando: — Claramente continua sozinho, com um problema que nem imaginam que você esconde, mesmo que negue, conheço sua expressão, continua a estar de escanteio em uma família calorosa.

Ao menos, eu e meus irmãos somos desprezados igualmente quanto à presença de Rhaenyra em torno de meu pai, pensou Aegon em uma ironia em sua mente.

Baelon nada apreciava gracinhas, sua tolerância a tais comportamentos foram reduzidas à zero.

— Não irei questionar mais uma vez, Aegon.

Aegon deixou uma risadinha escapar de sua lábia pútrida.

— Ah compreendo, não falarei nada para o senhor, é um rapazinho direito, como sempre foi, só que, dessa vez, nenhuma de suas expectativas alimentadas por meu pai são reais porque nossa família é uma merda — cuspiu as palavras, pensamentos esses que Baelon esforçava-se para não dar ouvidos dia após dia, sendo destilados.

— Como foi ser criado por Rhaenys? A Rainha que nunca foi — ele esforçou-se para não dar atenção mas, a menção de sua avó, o fez franzir o cenho. — Presumo que tenha sido um soco no estômago para ela ver que Daemon casou-se com sua mãe, que inclusive, é seu...hmm, pai...quero dizer, padrasto e deixe-me ver...pai de sua esposa, essa que nunca escolheu, uma atitude curiosa vinda de pais que prezam tanto sua liberdade.

— Basta.

Levantou-se, em fúria, caminhando para próximo do Targaryen. Decerto, nenhum dos sentimentos flamejantes do jovem passaram despercebidos, mas, a frieza à qual ele transparecia seu ódio e desprezo causaram calafrios na espinha de Aegon.

— Se não me contar, eu farei pior do que lhe matar, não somos mais crianças, não possuímos mais intimidade ou afeição, posso foder a sua vida mais do que uma surra como meu irmão, sabe disso — agiu como o verdadeiro príncipe fantasma, em sua expressão, estava ali, alguém digno de cometer atrocidades que Baelon tanto esforçava-se para reprimir e Aegon hesitou.

— Irei fazer questão de o responsabilizar, manchar suas mãos de sangue, não apenas isso, irei o torturar, fazê-lo assistir sua decadência cada vez mais visceral isso porque...— ele inclinou-se, próximo. — Se quer uma solução para os seus problemas, deve fugir o mais rápido possível.

Aegon desviou o olhar.

— Ele está no Fosso dos Dragões. Isso se estiver vivo — a declaração foi o bastante.

Dar outra surra em Aegon, como seu irmão fez, pouco mudaria a situação, apenas traria mais conflitos e atrasaria a busca atrás de Maegor. Assim, Baelon apenas levantou-se, sem respondê-lo, direcionando-se para a saída, mas, foi a pergunta condenável vindoura de Aegon que o atiçou.

— Não seria melhor que tudo sumisse? Que Maegor desaparecesse de uma vez? Tanto para mim, quanto para você — Aegon questionou, dessa vez, com seriedade. — Principalmente para você.

— Se repetir essas palavras, eu não irei ter misericórdia alguma. Começo a me questionar se eu deveria realmente saber o motivo pelo qual meu irmão lhe deu uma surra e conseguiu persuadir o cancelamento de seu matrimônio — a fala era perigosa, traiçoeira. — Prefiro morrer do que me sujeitar a uma ação tão suja quanto matar meu irmão.

Se Baelon descobrisse as ações de Aegon em torno de sua irmã, seria grave. Ele não detinha o controle de Maegor sobre sua moralidade aflorado unido com o controle, tampouco poderia esconder em sua garganta aguardando a hora da vingança como Aragorn.

— Parece que destruí tudo, não é?

— Suas ações promíscuas sobre tudo ao seu redor, sua ignorância e falta de esforço causaram isso. Mesmo que eu tenha que me esforçar em dobro como um segundo filho, sei que não somos iguais, nunca fomos, eu sempre tive opções, mesmo que elas me machucassem, tenho morais e condutas — pausou suas palavras, rendendo-se de uma vez com tamanha tortura ao seu psicológico ao respirar fundo.

— Em nome de uma antiga promessa, se quer alguma mudança no purgatório e lamentação que vive, seja mais astuto, aceite que sua mãe é a única que deve orgulhar, principalmente corrigindo sua conduta e cumprindo seus afazeres porque seu pai nunca lhe dará afeição, não importa o quanto tente, ele apenas ama sua única filha, Rhaenyra — Baelon disse palavras amargas mas, verdadeiras demais para serem desprezadas.

— Nossa família pode ser desprezível, crescemos como crianças ingênuas esperando para o momento de termos nossas almas e vontades arrancadas mas, é o que é, temos que aprender a lidar com isso, cada um à sua maneira com responsabilidade cumprindo o dever, esse é primeiro e último conselho que lhe dou, em nome do que uma vez, nós tivemos em uma amizade.

Ele abandonou o cômodo, os aposentos de um príncipe com a consciência de que, havia decepcionado o único amigo que partilhou em sua vida inteira — o que não seria a última vez — mas, a sensação grotesca de aceitar as palavras, as verdades era uma dor que não, ele não gostaria de aceitar.

Príncipe Aegon era, no final das contas, uma decepção até para si mesmo, um verdadeiro covarde.

O jantar daquela noite não contava com a presença de Baelon, ao menos não no momento, este que uniu-se à busca pelo irmão mais velho junto de sua mãe, Deianyra e Daemon. Para a doce noiva, Helaena, era como um pesadelo — a necessidade de despertar era agonizante —, o temor em torno da segurança de seu amado dobrava qualquer receio com seu próprio destino. Uma ressalva deve ser mencionada, Aegon Targaryen estava presente no recinto, à pedido de Rei Viserys.

— Onde está Baelon? — indagou Viserys ao sentar-se à mesa, a indagação fez com que Daenerys e Aemond atribuíssem um olhar discreto um para o outro.

Os dois iriam buscar o príncipe naquela noite. Embora, deve ser mencionado, a Velaryon não sabia que Aemond a seguiria, buscando o paradeiro dos responsáveis e, em especial, do Príncipe Noivo.

— Se uniu às buscas de Maegor junto de Deianyra e Daemon, meu pai — informou Rhaenyra. A preocupação da Targaryen era notável.

Ah sim...— havia um pesar na tonalidade do Rei. O Targaryen, no entanto, cedeu uma expressão tranquilizadora à filha predileta, seguindo então para Helaena. — O encontraremos rapidamente, em breve estaremos todos unidos para comemorar o noivado tão alegre entre os reinos.

— Assim será, Vossa Majestade. Não há sombra de dúvidas, será um arranjo dotado de prosperidade para ambos reinos — incluiu Otto Hightower, prontamente. A Mão do Rei arrancou o desprezo imediato de Rhaenyra ao agir daquela forma tão bajuladora que a deixava com ânsia.

Aragorn Westerling passeou seu olhar sobre Aegon. Ele desconfiava. O próprio Targaryen associou as expressões de sua mãe, Alicent Hightower como uma reprovação, era visível que a Rainha desprezou tamanha atitude imprudente — mesmo que as acoberte — mas, o platinado começava a cultivar a ideia de que seu plano havia sido bem sucedido e Príncipe Maegor estaria apodrecendo, sendo devorado por vermes em uma vala comum feito um indigente.

Por outro lado, Aemond Targaryen mal poderia comer propriamente, com a ânsia em sua garganta. O Príncipe decidiu questionar sua mãe sobre a situação e o possível envolvimento de Aegon. Á princípio, de forma despretensiosa mas, quando começou a pressionar, Alicent o enrolou, agindo de forma tão desmazelada, em desculpas fajutas que o alarmaram para o óbvio: sua mãe estava passando a mão na cabeça no energúmeno de seu irmão mais velho, mais uma vez.

Existia muito mais digno de torná-lo ignorante sobre as circunstâncias.

— Com licença, peço perdão em interrompê-los mas, trago uma notícia urgente vindoura de Derivamarca — ao que parecia, tratava-se de um dos guardas, notoriamente pego desprevenido por ser enviado para falar diretamente ao rei, atenção de todos voltaram-se ao homem. — Lorde Corlys Velaryon desapareceu em meio à batalha dos Degraus, soldados informaram que pode ser apenas uma falha de comunicação entre as tropas mas, todos seus companheiros foram encontrados sem vida.

A Herdeira do Trono, Rhaenyra Targaryen compreendeu a ausência repentina de Rhaenys, a princesa deveria ter conhecimento prévio ou, suas cartas não estariam sendo correspondidas pelo marido, levando-a à partir para Derivamarca no dia anterior.

Os Velaryon adentraram em choque mas, certamente, ninguém mais do que Lucerys estava temeroso e, como se fosse um verdadeiro ser angelical, Daenerys tocou na mão daquele que considerava um de seus irmãos mais novos, por baixo da mesa, cedendo-lhe um sorriso gentil, discretamente. Fora retribuída com outro mas, explicitamente forçado e dotado de nervosismo.

Antes que pudessem falar, as portas do salão reservado às refeições da família real foram abertas, revelando a presença dos que estavam à procura do Herdeiro das Terras Médias mas, não apenas isso, o próprio estava presente em carne e osso: Príncipe Maegor Westerling. 

Este que, visivelmente detinha traços mais maduros, mais fortes e parecia ter o dobro de seu porte físico, mais forte e os cabelos tão platinados quanto à lua, o rosto continuava tão esbelto quanto antes mas, existia um senso de poder.

Um arrepio pairou a espinha de Aegon ao vê-lo. Flagrando o rosto do homem que o condenou à morte, como ver um fantasma ao seu redor, o choque e irritação misturando-se com temor. Ali, Alicent Hightower pôde perceber, com a expressão de seu filho, que, de fato, ele era o culpado.

Pelos sete...— Alicent balbuciou, em um tom tão inaudível que passou despercebido a todos.

Príncipe Aegon cometeu o exato erro de sua mãe, anos atrás. Embora Maegor estivesse distante de carregar as habilidades de uma fênix, ele continuava a ser filho de uma, abençoado com um milagre descomunal de proporções desconhecidas. Mas, ao invés de todo ódio esperado, as acusações deliberadas e a condenação perpétua de sua vida, à qual Alicent esperava que seu filho fosse acometido, o nobre príncipe buscou apenas os olhos doces de sua filha, Helaena.

Ele era um em um milhão.

— Aconteceu um acidente.

Assim, de uma vez por todas, os verdes souberam que a única das intenções de Príncipe Maegor era casar-se com Helaena e sair do caos habitual de Westeros. Quem sabe, devido à idade mas, Rei Viserys sentia-se á ver o fantasma de Príncipe Caspian — pai do príncipe — cada vez que o via mas, com os cabelos platinados e mais forte, era visível a deslumbrante mistura do parentesco de seus pais.

—...foi então quando o vi, sobre a caverna, em meio à ossos, como todos acreditava que apenas tratava-se de uma lenda mas não, lá estava ele, à minha frente — Príncipe Maegor contava sobre a mesa o encontro arrepiante envolvendo o grande e selvagem Canibal. — Ele ateou fogo mas, de alguma forma, não me queimei mas, era o que ele queria.

As orbes de Rei Viserys brilhavam diante o relato. Desde a última vez que montava sobre um dragão, há décadas atrás, era fascinado com histórias sobre laços de dragões forjados desde o nascimento ou em proclamações mas, lidar com dragões selvagens era uma tarefa adversa e mortífera.

Aemond atentou-se, não acreditava nas palavras. É claro, Maegor poderia desviar as palavras mas, mentir? Ele não era tão proficiente quanto seus irmãos. E, seu pai, Rei Viserys acreditava em qualquer farsa desde que promovesse a falsa paz que tanto pregava sobre sua família disfuncional.

— Pensei que apenas domadoras de fênix poderiam resistir ao fogo dessa forma — comentou Lucerys, virando-se para Lady Deianyra. A dúvida estampada em seu semblante fez com que Aragorn risse, ele também possuía suas dúvidas, tanto ele quanto os dois irmãos sempre tiveram uma sensibilidade ao fogo, ao contrário de Daenerys que poderia subir nas chamas e permanecer intacta. — Não é?

— Quanto a isso, é um mistério — inclinou-se Deianyra, com um sorriso sobre o rosto, recebendo outro de Rhaenyra de volta.

— Quem sabe, tenha sido um milagre — Alicent colocou-se, atraindo certa atenção de seus filhos. Mas, o desdém de Daemon ao vê-la falar sobre Maegor. — Os deuses o protegeram, certamente trouxeram-lhe de volta a minha filha em segurança.

— Presumo que não tenha acontecido apenas isso — Rei Viserys cortou qualquer um que pudesse falar, notoriamente incomodado pelas interrupções, o que fez Daenerys querer sorrir pelo homem com uma coroa na cabeça ter parecido uma criança. — Não o ouvi terminar de nos contar, apenas ser interrompido.

Daemon conteve um risinho no rosto com a fala de seu irmão.

— Está correto, não terminei — concordou Maegor. — Quando viu que não me queimou, lançou-me um osso enorme, presumo que de outro dragão, como uma oferta de paz. Um comportamento incomum mas, nunca tive contato com dragões selvagens mas, creio que é apropriado o ataque, invadi sua área.

— Domou o animal? Dragões raramente dão-se por vencidos até que sejam derrotados — a fala fez com que o príncipe sorrisse ao negar.

— Ele apenas sumiu, creio que ao não conseguir me queimar, ofereceu uma oferta de paz e desapareceu, certamente muito incomum para um dragão selvagem — revelou.

— Parece que poderá, em breve, dizer-nos o que é comum ou não — por fim, Rei Viserys concluiu, notoriamente impressionado. — Criou uma ligação muito especial com uma, orgulhe-se disso. Em breve, voará com seus irmãos sobre os céus.

Como de costume, os filhos da fênix fazem o extraordinário. Em ironia, Otto Hightower analisou. Embora, o possível laço gerado entre um dragão selvagem e o herdeiro da mulher fosse uma genuína ameaça em termos de poder, duvidava que em posse de sua noiva, retornando as Terras Médias, Príncipe Maegor daria-se o trabalho de colocar um reino inteiro em guerra em nome da sucessão de outro, isso geraria revoltas dentro de seu próprio território, seria suicídio.

Um convite fora feito para que todos seguissem as Terras Médias para que comemorassem o matrimônio, este que seria realizado de acordo com os costumes élficos, em especial, para que Rei Viserys desse o privilégio de sua visita — em particular Maegor informou o rei sobre as diversas medicinas únicas que poderiam o auxiliar —, a oportunidade alegrou o mais velho em finalmente conhecer à inexplorada e tão benquista terra prometida de diversos contos.

Deixando termos políticos ao lado, questões de ameaça à vida, Príncipe Maegor apenas poderia atentar-se à sua noiva, Helaena do outro lado da mesa e aos olhares. Preocupou-se sobre o que ela acharia de si, pela primeira vez em toda sua vida. Não houve um único momento naquele jantar que desejasse fita-la, contentando-se em responder diversas perguntas, fugindo em direção a um dos esconderijos particulares de ambos durante a infância: a biblioteca real.

Ela sabia que seu amado iria encontrá-la.

Em meio às suas prateleiras prediletas, seu coração batia forte, como as baladas de um relógio, aguardando-o. Suas mãos soariam se não fosse pela temperatura amena. Engoliu em seco mas, escutou os passos vagarosos e ao vê-lo, em seu campo de visão, tudo despedaçou e fora construído novamente apenas por ter o prazer de vê-lo e ser vista, de ser a única em que ele dedicaria afeição.

Ao contrário do esperado, do que ela pensou em fazer, agindo tão abruptamente, esforçou-se para controlar seus sentimentos, caminhando cautelosa. Maegor a conhecia tão bem a ponto de doer, seguindo o ritmo de sua bela princesa. Na ponta dos pés, ela se aproximou, levando as mãos para o rosto, tocando-lhes as bochechas, com certa devoção e afeto, buscando por seu príncipe.

Ele, totalmente apaixonado, apenas pôde fitar aqueles olhos sonhadores, os quais encontravam-se com um brilho lacrimal, indicando a vontade de Helaena em desabar em lágrimas.

— Querido, é você mesmo? — sua voz estilhaçada indagou, controlando-se em sua goela. As mãos calorosas tocando o rosto de Maegor que fechou os olhos. Seus olhos encontraram-se de uma só vez e Helaena soube que sim, era seu, apenas o seu príncipe.

Lágrimas rolaram de sua face, essas que foram limpas pelo polegar de Maegor, da forma mais cautelosa e amorosa possível.

— Peço perdão por lhe preocupar, meu amor — pediu ele.

— Diga-me tudo que aconteceu, por favor — existia esperança, Helaena queria saber de mais, não havia se contentado com a história dita para Viserys. — Não esconda nada

Príncipe Maegor fechou os olhos, controlando-se ali mesmo para não demonstrar fraqueza alguma mas, Helaena o conhecia. — Seja sincero, por mim.

— Achei que fosse morrer, da forma mais grotesca possível, achei que não voltaria para você, que tudo que fiz em vão — revelou ele, notoriamente temeroso, dissipando em um suspiro pesado. — Pela primeira vez, tive medo de alguma coisa.

A Targaryen abraçou-o, com força, afundando seu rosto no maior, o coração repleto de amor.

— Mas, tudo passou, não sairei do seu lado, nós temos um futuro juntos — a fala arrancou um sorriso e uma risada frouxa de Helaena com as palavras. — É o que me deu forças para retornar.

Helaena sorriu, tocando na mão do mesmo. Ele sentia-se agraciado, sabia que a princesa confiava nele a ponto de dar-lhe o prazer de ter seu toque com tamanha facilidade, a afeição física que ele tanto apreciava mas sabia ser delicado à sua amada.

— Achei o dragão...— ele puxou-a para o próprio colo, sentando-se próximo à uma das poltronas, aproveitando-se da ausência de Septões na biblioteca.

Helaena deixou escapar uma risadinha baixa, separando no peito do maior enquanto ele começava a contar, fitando cada traço, apaixonando-se novamente, como fazia ao fitar o Westerling.

— Agi como um animal para me salvar — revelou ele, pausando suas palavras. — Mas, houve algo incomum antes que ele me jogasse o osso.

— Incomum?

Maegor assentiu, recordando-se dos olhos que o fizeram perder o fôlego.

— Ele me encarou, de perto. Nunca senti aquilo, nem uma só vez, foi como se eu estivesse flagrando um reflexo, uma sensação...— Maegor parou de falar ao ver um sorriso incomum, quase travesso formado no rosto de Helaena, o que o fez franzir o cenho. — Por que essa expressão?

— Senti o mesmo com Dreamfyre — revelou Helaena, recordando-se de quando domou-a.

— Ele não é igual aos outros, é selvagem, livre — Maegor recordou, soltando um breve sorriso, acariciando com cautela a pele de Helaena. — Acabei usando élfico com ele, até mesmo o chamei, sem que percebesse de Naarus, uma figura de nossa cultura, foi automático eu...

Transbordando curiosidade, os olhinhos azulados inclinaram-se aos dele. Helaena pareceu radiante que seu noivo estivesse criando laços com seu próprio dragão — ou ao menos um dragão — pois, ela conhecia a natureza dos dragões selvagens, eles eram indomáveis.

Quem sabe, esse era o motivo pelo qual Maegor cruzou o caminho com um.

— Naarus? Nunca me contou sobre ele.

— É uma entidade. Dizem que ele era um homem, o campeão humano, que foi dado como sacrifício aos deuses mas, foi escolhido pelos deuses élficos, um guerreiro corajoso, enfrentou uma tribo inteira de Celikys, os demônios sombrios que cobriam e ameaçavam a paz do oeste das Terras Médias, com apenas uma espada e a força de sua alma que foi fortificada pelos deuses dizimou-os mas, quando retornou, foi recebido com ingratidão por humanos, achavam que ele havia se tornado um dos demônios, era impossível ter sobrevivido à tanto e feito tamanha façanha.

— O que aconteceu com ele?

— Eles o fizeram morrer de fome, ele enlouqueceu a ponto de não diferenciar os demônios e os humanos devido à maldade permear ambas as espécies. Mas, é dito que, antes que morresse, implorou para que os deuses tivessem misericórdia de sua alma e lhe concedesse liberdade, então os deuses transformaram-no em um dragão para que pudesse voar eternamente.

Helaena tomou a mão do mesmo, fitando-a, fitando as linhas, tocando-as com o indicador, causando um ligeiro formigamento no príncipe que não pôde retirar seus olhos do perfil da Targaryen.

— Parece especial — observou ela, baixinho. Helaena não fitou-o nos olhos mas, apenas conseguiu declarar, fitando as linhas de suas mãos unidas. — Mas, confesso meus sentimentos egoístas por apenas pensar em você nesse momento, mais do que qualquer outra coisa, apenas pûde pensar em você.

Ele sorriu, proclamando, com toda certeza que possuía:

— Eis aqui, minha promessa como seu noivo e futuro marido, minha princesa e futura rainha: nunca mais irá precisar se preocupar porque sempre irei retornar à você.

Assim, beijou-a, com devoção, com todo o ar de seus pulmões, pintando por completo o mundo recluso de Princesa Helaena. Dentre os livros apaixonantes que explorava, espécies de insetos peculiares e interessantes, ela descobriu que havia apenas um mundo que valia a pena ser explorado, este que estava ao lado de seu noivo, à quem teve seu coração antes mesmo que pudesse aprender o que era o amor. 

✧˚ · ↳ ❝ [𝐍𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀] ¡! ❞✧˚ ·

[01] — Demorei horrores mas vim, devo dizer que estava em um período da minha faculdade de provas, essas que me deixaram bem birutas mas, voltei e com novidades fortíssimas depois desse capítulo: iremos ter três atualizações essa semana, começando por essa daqui.

obs: pode parecer pouco mas como vocês sabem, os capítulos são realmente grandes então vamos fingir que três capítulos em uma semana é uma maratona. 

[02] — Irei dizer para que aproveitem esse e o próximo capítulo, viu? Em especial porque depois disso, temos muita ladeira abaixo e o foco retornando de forma fervorosa pra nossa Daenerys, tendo a certeza que temos muitos babados para contar.

[03] — Opiniões sobre esse capítulo? Teremos uma surpresinha vindo aí em relação ao Maegor e Helaena. Viram que as gravações da segunda temporada de HOTD começaram?

✧・゚: *✧・゚:*

DUPLA ATUALIZAÇÃO SEMANAL: 1/2

Data de Postagem: 18/04/2023

Contagem de Palavras: 7.800

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