Meu Oceano

By cocoaally

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: 𓏲🐋 ๋࣭ ࣪ ˖✩࿐࿔ 🌊 "Os dias são sempre tristes" - Gabriel Wall Gabriel acreditava que com o seu jeito me... More

Introdução
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Pequenos falatórios da autora
Capítulo 37
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46

Capítulo 38

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By cocoaally

    Eu tentava não ser fraco. Fazia uma expressão fria e antipática para parecer que nada me podia abalar. Mas, era como o meu pai tinha dito: somos fracos. E eu era o mais fraco de todos.

    Mais uma vez, senti vontade de fugir, de enganar a mim mesmo para não ser inundado pela dura realidade. Minhas pernas estavam bambas e minhas mãos tremiam. O homem que eu mais odiava colocou-me contra a parede e aquilo sufocava-me. Flashbacks do passado invadiram a minha mente e, parte de mim tentava convencer-me de que o meu pai estava errado, mas falhava.

— Aquilo- aquilo foi um acidente. — Minha voz saiu trémula, tomada pelo desespero. — Eu nunca quis... a Sky ela- se ela não tivesse-

— Ah, coitada da Beatriz. Então a culpa é dela por ter morrido? Que feio, Gabe. — Ele aproximou-se de mim e eu, assustado, recuei. — Você não deve culpar os outros por ser erro, mas assumir a responsabilidade.

— Cala a boca! Você não sabe absolutamente nada. — Coloquei as mãos sobre meus ouvidos. — Apenas queres fugir dessa-

— Fugir? Eu? — Ele riu. — Tu é quem estás a fugir, Gabriel. Estiveste a fugir desde aquele dia que a Beatriz morreu. A tua mãe também é culpada, já que ela vivia dizendo que não foi culpa tua, mas tu e eu sabemos que se não fosse por tua causa, ela ainda estaria viva. — Não consegui conter as lágrimas e a aflição. Era como se eu tivesse voltado àquela época e revivido tudo. — Não derramaste uma lágrima naquele dia e agora choras compulsivamente.

— Não, eu não quis que ela morresse, eu amava ela, eu faria qualquer coisa para protegê-la e-

— Não precisas mentir, Gabriel. — Ele colocou a mão sobre o meu ombro. — Só estamos os dois aqui, não precisas te esforçar tanto para esconderes a tua real face, afinal, sou o teu pai, e conheço-te.

— Não, tu não sabes nada! Por favor, para!

— É uma pena ela ter morrido. Ainda mais por causa de uma pessoa que ela tinha tanto carinho. Gabriel, a morte da Sky foi por tua culpa. — Meu corpo desfaleceu. Caí de joelhos no chão e desisti de lutar contra as palavras de meu pai.

Se eu não tivesse dito aquelas palavras, ela não teria morrido.

— É tudo culpa minha... — Disse, encarando o chão e vendo as lágrimas caindo.

— Pois, foi. Como aconteceu mesmo? Se não me falha a memória, você disse que odiava aquela menina tão doce, e depois ela-

— Eu não odeio a Beatriz! — Minha garganta doeu um pouco pela forma como gritei.

    Antes de continuar, puxei o máximo de ar que eu consegui para calar a boca daquele homem. Por alguns segundos — quem me dera fossem mais do que isso — senti coragem para ir contra ele, mas meu espírito era muito covarde. Nunca me senti tão patético em toda a minha vida.

Que frustrante!

    A dor no meu peito apenas aumentava e as lágrimas não paravam de cair de meus olhos. O pior era aquele homem presenciando aquele momento.

— O que foi? Pensei que ia dizer algo.

— Por que? — Ele pareceu não ouvir. — Me atormentando com algo tão-

— Bem, você quem começou. Vamos fazer assim: a tua mãe vai estar aqui daqui a nada, e acho que não queremos explicar porque estás aí de joelhos no chão chorando, não é? — Disse, enquanto encarava seu relógio de pulso, e depois a mim. — Bem, podemos sempre dizer que você se converteu, finalmente e tá aí orando. Imagina? Ela ficaria tão feliz.

    Sentia tanta raiva que a minha cabeça começou a doer. Antes que eu fizesse alguma besteira, levantei-me e comecei a caminhar lentamente para as escadas que levavam ao único lugar onde eu podia verdadeiramente desmoronar, sozinho, como sempre fui. Sem olhos pra ver, sem bocas para julgar.

— Ah, confio em você para guardar meu segredinho. Prometo não te atormentar mais com o caso da pequena Bea.

    Não parava de subir as escadas enquanto ele falava, fazendo perceber que para mim já não importava. Ele podia fazer o que ele quisesse, já não importava. Antes que pudesse fechar a porta do meu quarto, ouvi a voz da minha mãe. Era como se uma pequena luz surgira no meio da escuridão que meus olhos viam. Quis correr para seus braços, chorar como uma criança, contar-lhe tudo que me matava por dentro, mas perdi toda a força, quando ouvi um gritinho de alegria ao ser recebida por seu marido.

— Talvez seja mesmo melhor se ela não souber o tipo de pessoa que você é. — Suspirei e fechei a porta sem fazer muito barulho.

    Eu nunca tinha deixado de me sentir culpado pela morte da Sky, mesmo minha mãe dizendo que eu não era, ou qualquer outra pessoa, mas eu era, não era? Eu magoei ela e nem tive tempo de contar que estava mentindo... éramos apenas crianças com muitos sonhos e com uma mente tão cheia de imaginação e inocência. Nunca poderia ser apagado da minha memória seu sorriso dissipando quando disse aquelas palavras estúpidas, tudo porque eu estava envergonhado.

    A minha cama convidava-me a ir ter com ela e sair daquele chão frio. Não recusei. A minha mente estava uma confusão. Encostei o meu corpo lentamente no colchão e as lágrimas ainda insistiam em tomar conta do meu rosto. Molhei a almofada com elas quando afundei o meu rosto nela. Queria esconder a minha vergonha, meu medo, minha raiva, tudo. A imagem daquele corpo caído, a chuva forte que molhava as nossas roupas estava destruindo o meu espírito. Consegui acabar com a vida de todos com poucas palavras, em um único dia.

    Já passavam das onze. Eu ainda estava acordado olhando para o teto e sendo arrasado por memórias dolorosas que ainda habitavam em minha consciência, e pela culpa. Poucas horas antes, Paula bateu à minha porta. Esqueci de a trancar, então fingi estar a dormir. Ela entrou em silêncio e ouvi passos delicados até a minha cama. Seu toque amoroso pelos meus cabelos era a única coisa boa que acontecera naquele dia.

— Como vou fazer a prova amanhã? — Sussurrei para o ar. Apanhei o celular, mas não tinha nada que eu pudesse fazer ou alguém com quem falar. — A Olívia! Ela- ah, não dá...

    Era tão ridículo e incapaz de tentar resolver as coisas com ela. Esperava apenas que a Olívia agisse, e enquanto isso não acontecer, continuaria a fugir, como um covarde. Por mais que tenha falado mal da coitada, eu não podia negar que a forma como a via estava mudando ou que eu queria poder despejar aquele amontoado de carga que a minha alma carregava. Era errado eu querer alguém para dividir as minhas dores e fardos? Talvez, a pergunta correta seria porque a Olívia era a primeira pessoa que me vinha à mente.

    Antes que percebesse, já passavam das quatro. Queria que tudo acabasse. Por que não acaba? Por que eu ainda tinha de sofrer? Meus olhos já não aguentavam. O peso do cansaço e da dor mental me obrigaram a fechá-los, com a esperança de poder dormir, e quem sabe, não voltar a acordar.

— Gabriel. — Não pude reconhecer a voz, pois ainda estava sonolento; via apenas um clarão que me obrigava a manter os olhos semiabertos. — Filho. Vamos, por que ainda não levantaste? Vais chegar atrasado para a prova. Ficaste a estudar até tarde?

— Não... vou... — Bocejei e voltei a acomodar-me da cama, dando costas para ela.

— Como assim não vou? — Ela soou impaciente. — Levanta-te! Tens trinta minutos para estares pronto. Vou esperar-te para irmos juntos.

    Ela saiu do quarto e eu, bem fiquei assustado e levantei-me no mesmo segundo. A mamãe raramente se estressava, ou se irritava, ainda menos quando eu era o assunto. Estava tão atordoado com as ordens dela, que por breves minutos, não me lembrava do motivo por ter perdido o meu sono na noite passada. Faltando sete minutos, dos trinta que ela me tinha dado, eu já estava pronto e, tive de comer às pressas, porque era inadmissível eu sair de casa sem me alimentar.

    Deixamos a casa e entremos o carro. Podia ir a pé, mas ela insistiu em levar-me para não me atrasar ainda mais. O caminho até o colégio foi silencioso. Não podia negar, estava soando frio. Sentia como se ela estivesse desapontada comigo, e aquele silêncio, de alguma forma, confirmava aquilo.

— Gabriel.

— Sim? — Ela encarou-me por ter respondido tão rápido e prontamente.

— O que aconteceu contigo? Ontem não ti vi o dia inteiro. O teu pai disse que estavas a estudar e não querias ser incomodado, por isso não o fiz. Mas, claramente não estás bem.

— Não é nada, mãe. — Ela soltou um longo suspiro e continuou.

— Gabriel, não carregues tudo sozinho. Sabes que podes sempre conversar comigo, não sabes? — Assenti. — Seja o que for que te incomoda, eu não quero que interfira na tua saúde e na tua vida, então, se for muito complicado para você, vamos resolver juntos, sim?

— Sim. Desculpa. — Ela estacionou no portão da escola.

— Boa sorte. — Paula aproximou-se de mim e abraçou-me. — Eu te amo.

— Também te amo.

    Retribuí o abraço, e saí correndo. Estava com poucos minutos de atraso, mas sendo o período mais importante do ano, não podia perder um segundo se quer. Passei por algumas salas e as provas já estavam sendo distribuídas. Finalmente cheguei na minha, que por algum motivo era uma das últimas salas. Ordem alfabética, né?

— Bom dia. — Disse ofegante. — Desculpe pelo atraso.

— Bom dia, Gabriel, entre. — Fiquei feliz em saber que a professora responsável pela minha turma era a senhorita Tesfaye e que ela se lembrava de mim.

    Sentei-me na frente, o que não era algo comum, mas o único lugar livre era ali, então não havia muito que eu pudesse fazer. A professora colocou a prova em minha mesa e inclinou-se discretamente em minha direção.

— Está tudo bem? — Assenti, ainda recuperando o ar. — Entendo. Boa sorte, Gabriel. — Sussurrei um obrigado, e então ela permitiu que começássemos a trabalhar.

Quero bater no pai do Gabriel, e abraçar meu neném 🥲
Espero que tenham gostado!

Beijos e abraços quentinhos! (⸝⸝ᵕᴗᵕ⸝⸝)

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