OLÍVIA POTTER [6]

By _autorah_

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▻ Em meio ao caos da crescente influência de Lord Voldemort no mundo bruxo, Olívia Lílian Potter se prepara p... More

OLÍVIA POTTER [6]
SEXTO ANO
1 - Olívia Potter
2 - Lord das Trevas
3 - Josh
4 - O Espião da Sonserina
5 - A Queda da Família Malfoy
6 - A Missão de Draco Malfoy
7 - O Novo Lar de Sirius Black
8 - A Teoria de Harry
9 - Clubinho do Slugue
10 - O Último Primeiro Dia de Aula
11 - A Maldição de Katie Bell
12 - Traidor de Sangue
14 - A visita de Scrimgeour
15 - A Lembrança de Slughorn
16 - As Treze
17 - O Massacre de Oak Creek
18 - O Presente de Aniversário de Rony
19 - Entre Estrelas e Promessas
20 - O Último Passeio a Hogsmeade
21 - A Tarefa de Olívia Potter
22 - A Sétima Horcrux
23 - A Grande Mentira de Alvo Dumbledore
24 - O Medalhão de Slytherin
25 - A Missão da Sala Precisa
26 - O Raio Sobre A Torre
27 - Aqueles Que Se Foram
28 - Maeve
29 - A Última Viagem de Trem
Agradecimentos

13 - A Festa de Natal de Slughorn

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By _autorah_

Honestamente, adoro falar de mim mesma.

⊱⋅ ──────────── ⋅⊰

— Não vão acreditar no que eu descobri. — Audrey adentrou o dormitório das meninas, vermelha de tanto rir.

Olívia e Hermione largaram seus livros imediatamente e pularam para a cama da loira, para ouvir.

— Rony estava dando chilique.

— E qual a novidade? — Olívia indagou. — Roniquinho está sempre dando chilique.

— Qual o motivo dessa vez? — Hermione se interessou.

— Ele e Harry encontraram Gina e Dino se agarrando num corredor. Rony surtou, disse que não queria a irmã dele por aí beijando todo mundo, que isso era errado e feio. — Audrey tirou uma barra de chocolate da mesinha de cabeceira e dividiu para as três, enquanto fofocavam. — Agora que vem o melhor. Prontas?

— Sim! — As duas exclamaram.

— Gina ficou possessa de raiva. Disse que Rony só se incomodava tanto, porque tem a experiência amorosa de um menino de doze anos.

Olívia explodiu em risadas.

— Ele não deve ter ficado muito feliz. — Hermione disse.

— E fica pior! — Audrey exclamou.

— Espera, espera, espera. — Olívia correu rapidamente até o seu malão para pegar um saco de salgadinhos. — Estou voltando, estou voltando... voltei! — E pulou na cama novamente.

— Agora fala! — Hermione exclamou, ansiosa.

— Gina falou de todos nós. — Audrey disse. — Disse que eu namoro o Josh, Harry já deu uns amassos na Cho...

— Ugh! — Olívia estremeceu. — Para. Lembrar me dá calafrios.

— Você disse que tinha parado de implicar com ela. — Hermione deu um almofadada em Olívia, fazendo Audrey rir.

— Desculpa, força do hábito. — Olívia deu um sorriso.

— Certo, continuando, ela lembrou também que a Hermione já se agarrou com o Krum...

Hermione ficou vermelha.

— Ah, meu Deus, é mesmo! — Olívia berrou, animada. — Audrey, você lembra como ela costumava dizer?

— Óbvio!

E, enquanto Hermione ficava vermelha como um tomate, as duas recitaram em coro:

— "A coisa com o Krum é mais física, sabe?"

— Ah, gente, para. — Hermione pediu, envergonhada.

— Você é nossa heroína, Hermione. — Olívia fez uma meia reverência.

— Verdade. O meu primeiro beijo foi com o nojento do Kol, o da Olívia foi com o que não deve ser citado e o seu foi com um jogador de Quadribol lindo e famoso que era caidinho por você. — Audrey se jogou para trás. — Que vida injusta.

— Injusta nada, você namora com o borboletinha Burnier agora, olha só. — Olívia piscou para ela.

— A propósito, quem foi o primeiro beijo do Josh? — Hermione quis saber.

Audrey ficou alguns segundos em silêncio.

— Espera aí. — A loira assumiu um olhar desconfiado. — Por que eu não sei a resposta para essa pergunta?

— Nunca perguntou para ele? — Hermione riu.

— Não, nunca perguntei, mas vou perguntar. — Audrey garantiu. — Aliás, tenho outra dúvida.

— Quem foi a tonta que beijou o Joshitto antes de você? — Olívia sorriu.

— Não. Com quem será que o Marcel já ficou? — Ela indagou, pensativa.

Olívia engasgou com o salgadinho e começou a tossir. Hermione deu alguns tapinhas nas costas dela enquanto perguntava:

— É, com quem ele anda além de vocês? — Hermione perguntou.

— Com o Josh. — Audrey respondeu. — E a Lisa também, aquela menina que o Marcel tentou me fazer acreditar que tinha uma queda pelo Josh, quando na verdade ela gosta de meninas. Aliás, acho que nunca o castiguei o suficiente por isso.

— Ah, tem a Padma Patil também. — Hermione lembrou. — Eles são monitores juntos.

Olívia, que particularmente achava que Padma tinha a personalidade de um pepino, não conseguia pensar numa união mais desarmônica.

— Ele nunca falou dessas coisas para você? — Hermione olhou para Olívia, que queria muito se manter fora dessa conversa.

— E por que ele falaria essas coisas para mim?

— Porque vocês andam 90% do tempo juntos. — Hermione levantou as sobrancelhas. — Ele nunca te disse?

— Não.

— Então pergunta. — Audrey sugeriu, com um sorrisinho que estava muito longe de ser inocente.

— Não, estou bem. — Olívia disse, se levantando. Aquela conversa estava começando a ficar perigosa.

— Por que não?

— A gente tem que dar espaço pessoal para as pessoas, sabe, esperar que elas contem as coisas quando estão prontas e tal, sem pressão.

As duas olharam para Olívia, como se ela tivesse se transfigurado em uma alienígena.

— Acho que ela ficou doente. — Hermione comentou.

A Potter ficou lá, em silêncio, enquanto as duas passaram quase dez minutos discutindo todas as vezes em que viram Marcel e Padma conversando ou rindo juntos. Olívia, que nunca tinha realmente parado para pensar seriamente em outra garota com Marcel além dela, ficou mais irritada com aquele assunto do que era capaz de admitir.

— É, acho que ele e a Padma Patil formariam um casal bonitinho. — Hermione opinou. — Os dois são os monitores, combina muito. Você não acha, Olívia? Podia aproximar os dois.

— Ah, claro. — Ela concordou, irônica. — Por que vocês não me pedem logo para juntar ele com a Cho, não é mesmo?

— Você parece irritada. — Audrey observou, então olhou para Hermione: — Ela parece irritada?

— Sim. — Hermione disse, se divertindo. — E ela está com essa cara meio zangada também, o que será que fizemos para deixar ela irritada?

Olívia fechou a cara.

— Não faço ideia. — Audrey estava satisfeita demais.

— Não sei o que você está tentando fazer, mas não está funcionando. — Olívia cerrou os olhos.

— Não estou fazendo nada. Só estava aqui pensando...

— Então para de pensar.

Mas Olívia não conseguiu parar de pensar e, só por garantia, passou um dia inteiro analisando atentamente Marcel com Padma Patil, só para concluir que eles tinham tanta química quanto um par de legumes. Satisfeita com essa descoberta, se dirigiu ao salão principal meia hora antes do jantar.

— Muito ruim. — Marcel reclamou pela milésima vez, depois de Olívia arrastá-lo para se sentar à mesa da Grifinória.

— Não é ruim, fica quieto. — Olívia mandou.

— É horrível. — Ele olhou ao redor, com uma careta de desaprovação.

— Ei, gente. O que foi? — Rony se aproximou dos dois.

— Marcel está sendo fresco.

— Não é frescura, é a mesa da Grifinória que é péssima. — Ele cruzou os braços. — Quase consigo ver o mundo da perspectiva de um grifinório, e está me deprimindo. Que tal irmos jantar na mesa da Corvinal? O mundo de lá é muito mais legal.

— Nem pensar! — Olívia e Rony falaram ao mesmo tempo. Olívia acrescentou: — Não posso comer na Corvinal todos os dias, vão achar que eu queria ser uma corvina.

— No fundo, você quer. No fundo, todo mundo quer. — Ele disse, com certeza.

— Não, nem todo mundo. — Rony discordou veementemente.

— Ah, por favor. — Marcel revirou os olhos. — A Grifinória com o papinho da mania de herói é um tédio. A Sonserina até que tinha potencial para ser a melhor casa, mas alguns membros estragam a coisa toda. A Lufa-Lufa pode ficar com o segundo lugar, é um pessoal simpático. A Corvinal é o lar da grandeza. Não tem nem competição.

— Blá blá blá, conseguiu entender alguma coisa que ele disse? — Olívia perguntou para Rony.

— Não. Achei tudo uma bobagem. — O ruivo opinou.

— Entendo vocês, eu também ficaria chateado se não fosse da melhor Casa. — O corvino deu de ombros.

— Somos da melhor Casa! — Olívia revirou os olhos.

— Que ilusão, quem te fez acreditar nesse absurdo? — Marcel olhou para ela, indignado.

— Vou te ignorar a partir de agora. — Olívia avisou, se voltando para Rony. — Pronto para o jogo da semana que vem, Roniquinho?

Rony ficou verde.

— Por que o nervosismo? — Marcel perguntou, sem entender. — Você é um goleiro muito bom.

— Você acha? — Rony arregalou os olhos.

— Melhor que o da Corvinal. — Olívia tossiu.

— Puramente para o propósito dessa conversa: sim, Rony, você é. — Marcel disse, lançando um olhar contrariado a Olívia.

O dia do jogo de Quadribol foi um dia em que Olívia conseguiu sentir um orgulho tão grande de Rony que poderia até beijá-lo e então uma raiva tão gigantesca que quis jogá-lo de cima da Torre de Astronomia.

Harry enganou o Weasley para fazê-lo pensar que tinha tomado a Felix Felices e, assim, perder o nervosismo pré-jogo. Como era a intenção, Rony foi mil vezes melhor que em qualquer um dos treinos. A Grifinória ganhou da Sonserina com diferença gigantesca de pontos e, quando Rony descobriu, mal pôde conter a alegria ao descobrir que o motivo de toda aquela comemoração não era nenhuma poção da sorte. Apenas ele próprio.

— Então não deu a poção para ele? — Hermione perguntou a Harry mais uma vez, apenas para garantir. Quando o garoto balançou negativamente a cabeça, Hermione olhou para Rony sentindo a alegria e o orgulho inundá-la em ondas. O Weasley estava sendo erguido no meio do salão comunal em meio a gritos de alegria e comemoração. — Ele fez tudo sozinho.

— Roniquinho vai ficar metido agora. — Olívia brincou, enganchando o braço ao da garota. Hermione deu uma risada, com o rosto agora corado, os olhos vidrados em Rony. — Gosto desse olhar no seu rosto.

Hermione voltou-se para ela, nervosa.

— Como assim?

— Sabe o que eu quero dizer, Mione. — Olívia apoiou a cabeça no ombro da amiga, que deu uma risadinha ansiosa, antes as duas voltarem a assistir à felicidade ridiculamente radiante de Ronald Weasley.

— Acho que sei.

— Mongolóide. — Olívia olhou para o irmão, que sorria bobamente. — Você foi genial.

Foi quando Lilá Brown enroscou os dois braços ao redor do pescoço de Rony. Um segundo depois, a língua dela estava enfiada até a garganta dele. Foi tudo tão rápido. Hermione se desprendeu de Olívia com os olhos molhados. Num piscar de olhos, ela já havia desaparecido do salão comunal.

— Hipócrita nojento. — Gina revirou os olhos. — Estava há uma semana implicando com os caras que eu namoro como se fosse algum crime beijar algum, e agora está aí se atracando na frente de todo mundo.

Olívia achou melhor dar algum tempo à amiga para ficar sozinha, mas, menos de dez minutos depois, Hermione voltou e seguiu reto em direção ao dormitório, o rosto extremamente vermelho.

— Ei. — Audrey, que já estava no quarto pronta para dormir, arregalou os olhos ao ver Hermione. — Ah não, o que houve?

— Ronald! — Olívia disse apenas, mas foi suficiente.

Elas fecharam a cortina do dossel da cama de Hermione e murmuraram o Abaffiato (créditos ao príncipe mestiço pelo feitiço de isolamento acústico). Hermione chorou por quase uma hora.  Olívia e Audrey ficaram com ela, ouvindo cada reclamação e xingamento dirigidos ao "maldito Rony!". No dia seguinte, Rony tinha marcas nos braços devido aos pássaros que Hermione havia conjurado para atacá-lo e os dois não estavam se falando.

— Hermione está na nossa mesa? — Josh perguntou na manhã seguinte, ao se sentar na mesa da Corvinal para o café da manhã. — Ah, você e Rony brigaram, não é?

— Isso. — Hermione deu um sorriso triste.

— Roniquinho fez merda. — Olívia resmungou.

— Quer que eu faça ele ganhar uma detenção? — Marcel perguntou, solícito. — Ou derrube ele de uma escada? Não é assim tão difícil.

— É, e eu posso dar um sacode nele. — Josh se ofereceu.

— Não precisa, obrigada. — Mas as sugestões a fizeram gargalhar pela primeira vez no dia, o que já foi o bastante.

— Não mesmo, você não vai dar sacode em ninguém. — Audrey deu um tapinha no braço de Josh, então se voltou para Marcel, indignada: — E você é monitor!

— E, se ninguém descobrir, eu posso continuar sendo monitor. — Marcel opinou, cínico.

— Aliás, Hermione, o que acha de ficar permanentemente conosco até o fim do ano letivo? — Josh perguntou. — Estivemos pensando em uma desculpa para expulsar a Olívia.

— Apoiado! — Marcel concordou e Audrey, de boca cheia, também.

— Apenas finjam que não precisam de mim. — Olívia desdenhou.

Hermione se descontraiu o suficiente com eles até Josh decidir irritar todos na mesa falando sobre seu vício em Quadribol.

— Você vai à festa de Natal do Slughorn? — Olívia perguntou em voz baixa à Marcel.

— Não decidi. A última foi entediante o suficiente. — Ele disse, então pareceu pensar em algo e fixou os olhos castanhos nela. — Você quer ir?

— Ele fez questão de marcar em um dia que Harry e eu não temos nenhum compromisso, mas eu pretendo fingir estar doente.

— Claro que pretende. — Ele sorriu.

— Quer fingir estar doente comigo? — Olívia inclinou a cabeça sorrindo, como quem quer parecer adorável para não ter seu pedido recusado. Marcel não sorriu, mas alguma coisa nos olhos dele a fez ter certeza de que tinha atingido seu propósito.

— Claro. Onde você quer fingir estar doente?

— Hogsmeade? Podemos ir com a capa de invisibilidade.

— É o seu jeito de me convidar para o Madame Puddifoot? — Ele zombou. — Nada sutil.

— Como você adivinhou? — Ela arregalou os olhos. — E precisamos combinar com a decoração ridícula, então não esquece de usar, no mínimo, um casaco felpuda rosa. Acho que posso arrumar orelhas de gatinho para você. — Ela piscou para ele.

— Sabe, acho que você fez bullying com o Madame Puddifoot todos esses anos, mas tem secretamente um sonho de ir comer lá. — O corvino cerrou os olhos, analisando-a.

— Shhh. É segredo. — Olívia sussurrou. — Mas é só porque dizem que a comida é boa. Nada mais.

— Prometo te levar lá. — Marcel olhou seriamente para ela, de um modo que fez seu estômago se agitar.  — Mas você sabe que vai custar nossa dignidade pelo resto da vida, não sabe?

— A gente lida com isso.

Com um sorriso ridículo que ela não conseguiu conter, Olívia entrelaçou o braço ao dele e apoiou a cabeça em seu ombro antes de perceber o que estava fazendo. Sentiu-o ficar tenso por cinco segundos antes de relaxar e insultar Josh sobre algo que Olívia não prestou atenção no que era. A garota perdeu totalmente o interesse na conversa que se desenrolou entre os outros depois disso, quando Marcel segurou sua mão e os dois começaram a brincar de guerra de polegares debaixo da mesa.

— Ah, esqueci de contar uma coisinha para vocês. — Audrey anunciou horas mais tarde, quando se sentaram para assistir à aula de Feitiços. — Adivinhem quem vai para a festa de Natal do Slughorn?

— Você não, você não foi convidada. — Olívia disse. Josh riu, e ganhou outro tapa da namorada.

— Não, mas ele vai me levar. — Audrey apontou para Marcel, que levantou a cabeça do livro que estava lendo quando percebeu que tinha sido mencionado.

Eu vou? — Perguntou sem entender.

— Você vai, porque cada convidado pode levar um acompanhante. — Audrey disse, empolgada. Então seus malignos olhinhos azuis brilharam para Olívia. — E você vai levar o Josh. E assim nós quatro vamos poder ir!

— Não é demais?! — Josh comemorou realmente animado.

Olívia e Marcel não responderam nada por alguns instantes.

— Quanto você pretende me pagar para levar você? — A Potter perguntou ao melhor amigo

— Ah, qual é?! — A empolgação de Josh não foi perturbada. — Você vai ter a honra de ter a presença do seu melhor amigo lá. Na verdade, sou eu que estou te fazendo um favor, se você parar para pensar.

— Você está tentando me usar para ganhar entrada para uma festa, seu interesseiro! — Olívia acusou-o.

— Mas é claro que não! — Josh levou uma mãos ao peito, chocado. — Que tipo de amigo você acha que eu sou? Quero sua companhia, é claro.

— Olívia. — Marcel se virou para ela, pensativo. — Você se lembra de quando queríamos ir com eles para Hogsmeade?

— E eles viraram as costas para nós sem pensar duas vezes? — Olívia arregalou os olhos. — Lembro claramente.

— Ah, não. — A animação no rosto de Audrey murchou. — Por favor, por favorzinho. Vai ter muita comida. E música. E gente legal e importante. Queremos muito ir. Por favoooooor.

— Vamos pensar no seu caso, Sonsa Parker. — Olívia disse apenas.

Mas nenhum argumento dissuadiu Audrey e Josh, que acabaram por vencer a discussão.

— Às vezes você também odeia eles? — Olívia perguntou para Marcel.

— Diariamente. — O corvino manteve o silêncio por algum tempo enquanto encarava o texto do quadro. Ele hesitou um pouco antes de perguntar. — Ainda vamos para Hogsmeade algum dia, não é?

— Você me parece muito animado para Hogsmeade.

Ele olhou para ela fixamente por alguns segundos.

— Não é a parte de Hogsmeade que me anima.

Olívia se viu diante de um monte de coisas que queria dizer, mas não confiava em si mesmo para dizer nenhuma delas, principalmente quando sua atenção se prendeu a ele e tudo o que conseguiu fazer foi sorrir e balançar afirmativamente a cabeça algumas vezes, como uma idiota.

𖨡

Lisa Turpin era uma enérgica aluna do sexto ano da Corvinal, geralmente pouco atenta às aulas enquanto idealizava sobre como alcançar seus grandes e variados sonhos. Inclusive, estava desenhando durante a aula de Aritmancia quando Marcel cutucou-a.

— Por favor, não me pergunta a resposta de nenhuma pergunta do exercício. — Ela implorou. — Nem eu consigo entender as contas que fiz.

— Relaxa. — Josh riu. — Bom saber que sua letra continua horrorosa.

Lisa riu. Ela, Josh e Marcel (além do estúpido Kol Green, em quem Josh uma vez dera um soco por partir o coração de Audrey Parker) costumavam ser um quarteto em seus três primeiros anos em Hogwarts. No entanto, a implicância que Kol tinha com ela a fez se afastar, e Josh e Marcel também, considerando que agora andavam com Olívia Potter. Ela ainda nutria pelos dois um carinho gigantesco. Eles eram os únicos que a defendiam, e esse não é o tipo de coisa que você esquece.

— Pode fazer um favor para a gente? — Marcel perguntou.

— Precisamos dos seus serviços de intrometida para descobrir uma coisa e então dos seus serviços de fofoqueira para contar tudo para nós. — Josh abriu um sorrisinho.

Lisa cerrou os olhos.

— Achei que Audrey sabia de tudo o que acontecia por aqui. Vocês não precisam de mim. — A corvina riu.

— Esse é o problema. Audrey não descobriu nada. — Josh falou, impaciente. — Acho que as pessoas perceberam que andamos com a Olívia, e começaram a evitar falar as coisas na nossa frente.

— Como assim? — Lisa franziu a testa.

— Confisquei três daquelas poções de amor da Gemialidades Weasley no último mês. — Marcel explicou. — De um bando de alunos aleatórios do sétimo ano, queremos descobrir o porquê, porque achamos que estão tentando usar na Olívia.

Bem, isso explicava a expressão irritada no rosto dele.

— Ah, não. — Lisa lamentou. — Descobrir as coisas do pessoal do Sétimo ano é muito difícil.

— Se vira. — Marcel sorriu. — Confiamos em você.

— Por favoooooooor.

— Palhaços. — Lisa revirou os olhos.

Mas isso havia acontecido há semanas e agora que havia concluído sua tarefa, Lisa estava muito orgulhosa de si mesma. Josh e Marcel, porém, não ficaram muito empolgados quando ouviram o que ela tinha a dizer.

— Eu vou bater em alguém. — Josh disse, com uma expressão vazia de raiva.

— Uma aposta?! — Marcel repetiu as palavras de Lisa, indignado. — Uma parte do pessoal do Sétimo Ano fez uma aposta para ver quem vai conseguir usar uma poção do amor em Olívia primeiro?

— É, basicamente. — Ela assentiu. — Estão brincando que vão chamar de "o Eleito" quem conseguir fazer ela... sabe.

Josh ficou pálido.

— Fazer ela fazer o quê? — Marcel perguntou, seco.

— Você sabe. — Lisa disse, envergonhada. — Coisas.

— Filhos da puta! — Josh xingou, a voz rouca de ódio. — Você têm os nomes? Pode me dar, porque eles vão perder os dentes até o fim do dia.

— De quem foi essa ideia nojenta? — Marcel quis saber.

— De quem mais seria? McLaggen. Ele começou essa palhaçada toda. — Lisa contou. — Mas ele saiu da aposta desde que começou a dar em cima da Hermione. Não me preocuparia se eu fosse vocês.

— Não se preocuparia?! — Os dois repetiram, resignados.

— É. Semana passada, um deles ficou insistindo para Olívia aceitar uns chocolates dele. Ele insistiu tanto que ela se irritou e mandou-o chorando para a enfermaria. Ele demorou horas para parar de alucinar que tinha aranhas correndo pelo corpo dele. — Lisa riu. — Ela sabe se cuidar.

Os dois ficaram em silêncio. Primeiro, porque não sabiam disso. Por alguma razão, Olívia não tinha contado para eles. Segundo, porque... bem, Lisa tinha razão, Olívia sabia se cuidar muito bem, mas isso não tornava a situação menos absurda.

— Vou conseguir todos os nomes e passo para vocês. — Lisa disse antes de dar um leve sorriso a ambos e sair.

Os dois ficaram parados, no meio do corredor, sem saber o que fazer.

— Então? — Josh se virou para ele. — Assassinato? Tortura? Jogar eles da Torre de Astronomia? O que vai ser?

Mas Marcel não estava ouvindo.

— Falo com você mais tarde. — Disse apenas, antes de sair em direção às escadas, sentindo tanta raiva que mal conseguia respirar.

𖨡

Uma longa hora depois, foi até a biblioteca procurar por Olívia. Ela estava concentrada enquanto batia a ponta da pena na mesa de madeira e murmurava silenciosamente as palavras do livro que lia. Ela não percebeu de imediato que foi Marcel quem sentou ao seu lado, mas, quando ergueu os olhos verdes para ele, um sorriso adorável apareceu em seu rosto. Ele não sabia nem que era possível descrever Olívia como "adorável", mas ali estava. A expressão em seu rosto: absolutamente adorável.

— Onde você se meteu? — Ela perguntou. — De quem eu vou copiar as coisas que eu não sei se você não estudar comigo?

— Foi mal. — Ele engoliu em seco. — Eu...

— Ei. — Olívia agarrou o pulso esquerdo dele, focando nos hematomas vermelhos nos nós dos seus dedos. — O que foi isso na sua mão?

— Aah... depois eu te falo. — Ele desconversou. Olívia cerrou os olhos, desconfiada. — Por que não contou para nós sobre o garoto que você azarou semana passada?

— Hum... porque acho que ele estava tentando usar uma poção do amor em mim, e achei que vocês fossem dar chilique, como no trem. De novo: O que aconteceu com a sua mão?

— Bom, acho que o chilique seria ao menos um pouco justificado.

— Amo vocês, mesmo, mas eu sei me cuidar. Não precisam ficar insistentemente tentando "defender a minha honra". Agora, como você disse que machucou a sua mão mesmo?

— Eu não disse. — Ele sorriu. — E, acredite, sei que você sabe se cuidar. Mas pode, por favor, ao menos avisar quando alguém tentar atacar você no meio de um corredor com chocolate envenenado?

— Posso fazer um esforço. — Ela bufou.

— Ótimo. Obrigado. — Ele deu um sorrisinho vitorioso, então disse: — Tenho uma coisa para você.

— Se não for a história do que aconteceu com a sua mão, eu não quero. — Ela disse, séria.

— Ah, não, é um presente de Natal.

— Um presente de Natal? — Olívia franziu a testa.

— Um presente de Natal antecipado.

— Onde? — Olívia ergueu uma sobrancelha, analiando as mãos vazias dele. — Querido, se não posso ver nem vestir nem caçoar dele, não é um bom presente.

— Acho que você vai gostar desse.

— E a sua mão?

— Vai saber na hora certa. — Ele provocou de propósito

— Te odeio. — Olívia disse, sentindo seu olho tremer.

— E se eu te der uma ideia muito boa de como humilhar dez imbecis do último ano?

— Hum. — Os olhos verdes dela brilharam. — Me encontro interessada. Continue.

Meia hora depois, quando Olívia voltou para o Salão Comunal, Audrey, Harry e Rony estavam comemorando.

— O que houve?

— O evento que alegrou a nação! — Audrey deu um gritinho.

— Alguém deu uma surra no McLaggen. — Rony estava ridiculamente sorridente.

— Estou com a esperança de que ele não vá se recuperar a tempo do próximo treino. — Harry anunciou, contente.

— Quê? — Olívia se juntou a eles, lembrando-se imediatamente  mão machucada de Marcel. — Quem fez isso?

— E importa? — Rony agitou a varinha para fazer confetes caírem em cima dele. — Ele está na enfermaria. Finnigan foi até lá mais cedo porque torceu o pulso, e disse que ele está deplorável, parece que perdeu um dente.

— Você ouviu que foi um? — Audrey olhou para ele. — Eu ouvi que foram cinco.

— Eu ouvi que foram três. Qual a versão  a versão verdadeira? — Harry riu, então olhou para Olívia: — E onde você estava, que não ouviu sobre isso?

— Estudando, porque eu sou aparentemente a única aluna responsável aqui. — Olívia disse.

— É, você anda passando muito tempo na biblioteca ultimamente. — Audrey cantarolou, dividindo com os três um saco de doces que devia pesar mais que ela.

— Ninguém sabe quem foi. — Harry explicou. — Parece que, quando perguntaram, ele não quis falar. Bem estranho, não é?

— Muito. — Olívia falou. — Então esse é o clubinho de ódio ao McLaggen? Quais os motivos de vocês? O do Roniquinho é porque ele tem ciúmes da Hermione com ele, claro.

— Ei! — O ruivo protestou.

— O meu é porque ele é nojento e me mandou um cartão de dia dos namorados bem questionável ano passado. — Olívia bocejou.

— Ele tentou fazer Harry arranjar você para ele, Liv. — Rony contou.

— Quê? — Olívia fez uma careta.

— É. — Harry riu. — Quando azarei ele, ele decidiu correr atrás da Hermione.

— Nem me lembra disso. — Audrey parecia estar com ânsia de vômito.

Na manhã seguinte, eles ainda estavam estupidamente contentes por causa das últimas novidades.

— Por que essa cara de sono, Josh? — Olívia perguntou ao melhor amigo assim que ele apareceu. — Não sabe que hoje é feriado? Dia Internacional da Desgraça do McLaggen. Já temos um lema.

— Mesmo? Qual? — Ele perguntou, ansioso.

— "A desgraça do McLaggen é a nossa alegria" — Rony anunciou, orgulhoso.

— É, Roniquinho ficou muito orgulhoso dessa frase mixuruca, então deixamos ficar, porque ficamos com dó. — Olívia deu tapinhas na cabeça do ruivo.

— Mas é uma frase genial! — Rony protestou.

— Onde Hermione está? — Josh indagou, olhando o resto da mesa. — Por que ela está lá na ponta sozinha? Ela não sabe que é Dia Internacional da Desgraça do McLaggen?

— Hermione não confraterniza quando Rony está aqui. — Audrey sussurrou para ele.

— Que droga. — O corvino reclamou, então olhou para Olívia e suspirou. — Por falar em McLaggen, estou prestes a dar a vocês mais um motivo para odiá-lo.

Quando Josh terminou de contar tudo o que tinha descoberto, Harry, Audrey e Rony estavam perplexos de choque e raiva. Olívia apenas escutava tranquilamente enquanto comia biscoitinhos amanteigados.

— Mas que filhos da puta! — Rony berrou, atraindo a atenção de uns primeiranistas perto deles.

— Foi o que eu disse! — Josh exclamou.

— Quem são? — Harry estava vermelho. — Você sabe os nomes? Como eles pensam que podem... como isso é possível... como eles acham...

— Ah, ele merecia bem mais que uma surra. — Audrey resmungou.

— E por que é que você não parece surpresa? — Josh olhou para Olívia, sem entender. A garota meramente piscou para ele.

𖨡

— E algum dia alguém já ligou para qualquer coisa que Filch proíbe?

O grupo de alunos do sétimo ano, reunidos num corredor vazio do sexto andar, riram.

— A Gemialidades Weasley despacha as poções camufladas de perfume ou xarope para tosse. — Alexander Kniver explicava ao novato do grupo, um garoto da Lufa-Lufa. — Faz parte do seu Serviço de Encomenda-Coruja. E aí, você topa?

— Não sei se é uma boa ideia. — O lufano, que tinha o cabelo preso num rabo de cavalo, admitiu. — Olívia Potter é esperta. E quase nunca está sozinha. Como diabos vamos convencer ela a tomar algo assim?

— Ah, qual é? — O lufano de traços asiáticos tentou convencê-lo. — Se fosse fácil, não teria a menor graça. Além disso, a Potter tem senso de humor, não é como se ela fosse ficar zangada.

— Então quem conseguir fazer ela beber a poção do amor, ganha o quê?

— Além da Potter? — Um dele disse, fazendo os outros rirem. — Ela é bonita para caramba, acho que vale vinte galeões. A última aposta foi quinze.

— Vinte. — Eles concordaram no valor que dariam ao vencedor, entre risadas e brincadeiras.

— Eu dou trinta se quem ganhar conseguir descobrir o que ela sabe de Você-Sabe-Quem. Ela e o irmão dela devem ter umas histórias cabulosas.

— Fechado. Mas acho bom vocês se apressaram, porque eu vou conseguir antes que vocês pisquem. — John McCartney, da Sonserina, disse com muita confiança.

— Boa sorte. — O lufano que tinha quase dois metros de altura riu. — Estamos nessa há semanas. Até consegui conversar com ela por cinco minutos ontem, mas a garota não aceita nada de ninguém, é um saco.

— Eu nunca sequer consegui falar com ela sozinha. — O ruivo da Lufa-Lufa reclamou. —  Ela sempre anda cercada, se não pelo irmão dela e pelo Weasley, por aqueles dois da Corvinal.

— Acha isso ruim? — Alexander Kniver, da Corvinal, zombou. — Ela me azarou na semana passada. Muito nervosinha.

— E como pretende fazê-la gostar de vcoê depois disso?

— Ah, meus caros. — Alexander ajeitou a capa, assumindo uma postura ainda mais arrogante. — Ela gosta de mim.

— Como assim?

— A Potter veio falar comigo hoje, me pediu desculpas por ter me azarado, disse que foi um mal entendido e que gostaria muito se a gente saísse um dia desses. — O corvino contou, triunfante.

Um coro de "Você está mentindo!" e "Não é possível" encheu seus ouvidos.

— Não, não é mentira. — Alexander riu. — Acho que vão ter que me pagar vinte galeões em breve.

Os outros resmungaram.

— Ei. — O único grifinório do grupo chamou sua atenção. — Mas como que foi isso exatamente? Ela te pediu mesmo desculpas?

— Pediu. Olívia disse que passou a semana pensando em como foi injusta comigo, e me deu isso para se desculpar. — Alexander tirou da mochila uma caixa com bombons de chocolate.

— Ah, que merda. Não acredito que ela está caidinha por você.

— Acredite. Ela está. — Alexander abriu a caixa, então zombou: — Vou ser legal com vocês, podem pegar um. É a única coisa que vão ganhar.

Em seguida, ele passou a caixa para o garoto ao seu lado, que pegou um e passou para o garoto do lado dele, e assim sucessivamente até que Alexander fosse o último a pegar um bombom e todos os dez garotos tivessem um chocolate na mão. Enquanto comiam, o grifinório comentou:

— Tem um sabor esquisito, não tem?

Quando todos comeram, um longo silêncio se formou. Então, estranhamente sincronizados, cada um dos garotos olhou com os olhos saltados para o garoto que dera o chocolate para ele. Expressões apaixonadas e idiotas substituíram os rostos deles. Risinhos nervosos e, ao mesmo tempo, tímidos preencheram o lugar.

Então assim, sem pensar, Alexander Kniver, que sentia em seu peito um misto de sensações gostosas e a apaixonantes puxou pela blusa o grifinório, alvo da sua afeição, para um beijo caloroso. No instante seguinte, o grifinório foi atingido por um soco do garoto que estava apaixonado por Alexander. Em dez segundos, o lugar se tornou um pé de guerra.

— NÃO OLHA PARA ELE ASSIM! ELE É MEU! NINGUÉM O AMA COMO EU AMO! — Disse o lufano com traços asiáticos enquanto corria atrás de um corvino que tentava desesperadamente beijar outro, que gritava para ele:

— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

— EU TE AMO!

— Você... ama ele? — O garoto que era apaixonado pelo corvino olhava-o com os olhos cheios de lágrimas. — Mas e quanto a mim?

— Você é tudo o que eu sempre quis! — E o lufano de rabo de cavalo se jogou em cima dele, apertando-o contra si. — Por favor, me dá uma chance! POR FAVOR! Eu não sei consigo viver sem seus olhos doces ou...

— Ah meu Deus! — Olívia, embaixo da capa de invisibilidade, exclamou de olhos arregalados. — É como um acidente de carro, não consigo parar de olhar.

— Isso! — Marcel, ao lado dela, exclamou. — Vem, eles estão se espalhando.

E o grupo de alunos do sétimo ano passaram a hora seguinte correndo uns atrás dos outros pelos corredores da escola, travando duelos, declamando poemas, fazendo declarações de amor e trocarndo beijos. Foi tudo tão estúpido e humilhante que se tornaram alvo de piada de toda a escola. O ápice da vergonha aconteceu quando o grupo de alunos adentrou o salão principal. Eles discutiam e travavam brigas pela atenção uns dos outros. Todas as cabeças se voltaram para eles, inclusive as dos professores, que ficaram tão chocados pela cena que mal conseguiram reagir.

— OLHA PARA MIM! — Um deles fazia tentativas de dançar algo que parecia uma mistura muito conflitante de balé e valsa. — EU SEI DANÇAR! EU POSSO DANÇAR COM VOCÊ PARA SEMPRE!

— EU QUE VOU DANÇAR COM VOCÊ PARA SEMPRE! — Outro berrou.

— Mas e quanto a mim? — Um deles chorava tanto que seu rosto estava inchado. — Não aguento mais viver uma história de amor não-correspondido.

— EU VOU GRITAR PARA HOGWARTS INTEIRA OUVIR! EU TE AMO E EU SEMPRE VOU TE AMAR! — O septuanista de rabo de cavalo berrou.

A namorada dele, na mesa da Lufa-Lufa, parecia horrorizada. McGonagall e Flitwick precisaram de quinze minutos para conter todos, em meio às risadas de zombaria que corriam pelo salão principal. Slughorn foi quem identificou que o problema havia sido uma (na verdade, muitas) poção do amor. Enquanto vomitavam por causa da intoxicação devido à quantidade exorbitante de poção que havia nos chocolates, os garotos, mortificados e envergonhados, foram obrigados a aceitar a punição e responsabilidade pelo que acontecer, já que as poções de amor vazias foram encontradas nas suas mochilas e um deles confessou para o que eram.

Numa sala vazia do quinto andar, Olívia Potter, Marcel Legrand, Audrey Parker e Josh Burnier riam tanto que começaram a ficar sem ar.

— Ai, eu tinha quase esquecido como era bom enganar pessoas. — Olívia gargalhava abertamente.

— Parem de rir, quero saber os detalhes! — Audrey pediu, vermelha de tanto dar risada.

— Quando eu dei as chocolates para ele... — Olívia contava. — ... enfeiticei-o para que ele achasse que era uma boa ideia dividir com todo mundo e disse que ele tinha que ficar por último, porque, bem, você se apaixona por quem deu a poção para você, então eu tinha que fazer eles darem uns para os outros.

— Genial. — Josh disse, limpando as lágrimas dos olhos.

— Ideia do Marcel. — Olívia apontou para o corvino, que tentava parar de rir para respirar: — Roubamos as poções que eles pretendiam usar em mim e colocamos tudo nos chocolates.

— Vocês viram a... a cara de patinho assustado do Will quando aquele... cara do rabo de cavalo pulou... nele? — Marcel escorregou da carteira onde estava sentado direto para o chão, o que só fez os outros três terem outra crise de risos.

— "Por favor, eu te amo, por favor. " — Josh fez uma imitação da cena.

— Ouvi dizer as namoradas de três deles terminaram com eles por carta. Nem quiseram ir pessoalmente à Enfermaria. — Olívia disse alguns minutos depois, quando os quatro acabaram com a sessão de zombar das humilhações alheias. — Poxa, acho que não era amor verdadeiro.

Josh ficou pensativo, antes de perguntar para Audrey:

— Você terminaria comigo se eu me expusesse ao ridículo desse jeito?

— Terminaria! — Olívia respondeu pela loira. — Ela te chutaria no mesmo segundo.

— Não, não terminaria! — Audrey lançou um olhar feio a Olívia, antes de voltar o foco a Josh. — Não terminaria, mas riria de você sobre isso para sempre.

— Justo. — Josh riu, antes de se aproximar da loira e dar uma série de beijos na boca dela, então nas suas bochechas, então na sua testa. Audrey ficou muito vermelha, mas não conseguiu não sorrir.

— Espera, eles não fizeram barulho de vômito?

Olívia bateu com a mão na testa.

— Droga. Esqueci. Acho que o arco-íris no meio na sala me infectou. — A Potter se defendeu.

Marcel riu.

— Que decadência, Olívia. — Ele disse, antes de perguntar: — Audrey, você tirou as fotos?

— Ah, tirei. — Ela abriu a mochila rapidamente, e entregou para o corvino uma pilha deliciosamente humilhante de fotos do que havia acontecido no Grande Salão.

— O que vai fazer? — Josh perguntou, vendo-o usar alguns feitiços para fazer cópias das fotos.

— Deixar elas circulando pela escola por uma ou duas semanas. — Marcel disse simplesmente. — Quero ver eles esquecerem que isso aconteceu.

— Ai, esse foi um presente genial! — Olívia disse, olhando para uma foto em que Alexander estava sendo arrastado pelo pé pelo garoto que estava apaixonado por ele. McGonagall, ao fundo, estava com uma expressão horrorizada de desprezo e desaprovação enquanto olhava para eles.  — Realmente genial! Acho que vou dar essa de presente para a tia Minnie.

— Ela vai amar. — Josh garantiu, erguendo os polegares.

— E como vocês conseguiram pegar as poções deles? — Audrey quis saber.

— Eu peguei as que estavam na Corvinal, nas coisas do pessoal do sétimo ano. — Marcel disse. — Olívia pegou as que estavam na Grifinória.

— Pedi para Irene Winters pegar as que estavam na Lufa-Lufa. — Olívia disse. — Lembram dela? Aquela pequenininha que ganhou detenção com a Umbridge ano passado porque me defendeu para a turma dela durante a aula da Vaca Rosa. Ela é do terceiro ano agora. E me adora, claro!

— Ah, eu gostava dela! — Audrey lembrou.

— E como conseguiram as da Sonserina? — Josh perguntou.

— Andrew e Erik. — Olívia disse. — Sabe, o casalzinho que eu obriguei a me ajudar na Armada ano passado? Aliás, tenho quase certeza de que ajudei a juntar eles dois, porque, como vocês já sabem, eu sou muito boa nisso.

— Sabemos. — Josh e Audrey reviraram os olhos.

— Aliás. — Olívia olhou para Marcel. — Tem alguma coisa que você gostaria de dividir com a turma?

Os três olhavam para ele.

— Eu? — Marcel franziu a testa.

— É, você mesmo. — Josh levantou as sobrancelhas.

— Olívia disse que você apareceu com a mão machucada bem no dia que McLaggen foi parar na Enfermaria. — Audrey apontou o indicador para ele. — Confesse.

— Confessar o quê? — Ele fingiu confusão.

— Sabemos que foi você, é só falar. — Josh disse.

— É. Josh contou que você saiu todo apressadinho depois que Lisa contou tudo a vocês. — Olívia contou, triunfante. — Pode admitir. Você ficou com raivinha e bateu nele, sabemos.

— "Raivinha" de quê? — Marcel desdenhou.

— Raivinha do que eles tentaram fazer comigo e tal blá blá blá. — Ela explicou.

— Como você se acha, Potter. — Ele balançou a cabeça em reprovação, os olhos castanhos brilhando de divertimento. — Por que eu bateria em alguém por sua causa?

— Então, se não bateu, como machucou a sua mão? — Ela indagou, sem acreditar nem mesmo um pouco nele.

— Mas a minha mão está ótima. — Ele ergueu a mão esquerda que, dias atrás, estava vermelha e machucada.

— Mas não estava dias atrás! — Olívia estava prestes a azará-lo.

— Acho que você está imaginando coisas. — Ele disse, irritantemente sorridente.

𖨡

A esperança de que Rony e Hermione fariam as pazes se tornou ainda menor depois de aturar uma aula de Transfiguração com os dois, no dia seguinte. A turma tinha acabado de entrar no tópico extremamente difícil da transfiguração humana; trabalhando diante de espelhos, deviam mudar a cor das próprias sobrancelhas. Hermione riu sem piedade dos insucessos iniciais de Rony, durante os quais ele conseguiu se presentear com um espetacular bigode em forma de guidão; Rony retaliou, fazendo uma imitação cruel, mas exata, de Hermione levantando e sentando sem parar cada vez que a professora McGonagall fazia uma pergunta, coisa que Lilá e Parvati acharam engraçadíssima e que, mais uma vez, levou Hermione quase às lágrimas. Ela saiu correndo da sala quando ouviram a sineta, largando metade do material.

— Ai, você é um grande de um trasgo mesmo! — Audrey bateu com o livro na cabeça de Rony, que reclamou imediatamente. — Um trasgo burro, burro, burro, Ronald Weasley!

— O que está havendo aqui? — Lilá se achou no direito de interromper.

— Olha, o assunto não é sobre você. Vaza. — Olívia disse secamente.

— Rony! Faz alguma coisa! — Lilá se voltou para o seu namorado.

— Lilá, me erra! — Audrey puxou Rony e Olívia pelo braço e arrastou os dois para fora da sala e para o mais longe possível de Lilá Brown. — Você costuma ficar cego e não perceber quando está sendo um amigo terrível, Rony, então me permita iluminar a situação para você: você está sendo um amigo terrível!

— Foi Hermione quem me atacou com aqueles pássaros! Foi Hermione quem não acreditou em mim, mesmo quando Harry disse que não tinha me dado a Felix Felices para eu ganhar aquele jogo! E foi Hermione quem começou a zombar de mim durante a aula hoje! — O garoto listava, ficando vermelho a cada palavra.

— E foi você quem começou a engolir a Lilá de cinco em cinco minutos depois de dizer a Hermione que você iria com ela à Festa de Natal de Slughorn. — Olívia lembrou.

— Nunca prometi nada a Hermione. — Resmungou Rony. — Quero dizer, tudo bem, eu ia à festa de Natal do Slughorn com ela, mas ela nunca disse... era só como amigo... não tenho compromisso...

— Então você vai começar a agir como um idiota? — Audrey beliscou o braço dele, fazendo o garoto de quase 1,90 se curvar de dor. — Precisava imitá-la durante a aula hoje?

— Se eu estou errado, Audrey, não estou errado sozinho! — Disse Rony chateado. — Agora tenho que ir ficar com minha namorada. E diga à Hermione que ela não tem direito nenhum de ficar chateada. Quando ela estava com Krum, eu não disse nada!

E saiu pisando forte.

Já o discurso de raiva de Hermione consistia em um monte de "Ele pode beijar quem quiser", "Não estou nem aí", "Não dou a mínima" e "A vida é dele". Era uma situação extremamente desagradável.

Além disso, o fato de Harry não ter par para a festa de Slughorn estava começando a lhe trazer problemas, mais especificamente no formato de doces e outras comidas duvidosas trazidas por meninas que com certeza queriam enfeitiçá-lo com uma poção do amor. Uma garota em especial perseguiu Harry pelo terceiro andar para obrigá-lo a aceitar seus doces caseiros.

— Preciso me livrar delas. — Harry reclamava constantemente, irritado.

— É uma vida dura, eu sei, maninho. — Olívia dava tapinhas de apoio no ombro dele. — Que tal eu me livrar das suas pretendentes para você? Faço de graça se você me deixar tocar fogo no livro do Príncipe Mestiço

Ele fez uma careta.

— Nada feito.

— Gente! — Luna correu para alcançar Olívia e Audrey na escadaria, horas depois, ofegante e com um sorriso gigantesco no rosto. — Vocês... não vão... acreditar em... quem... me chamou para a... FESTA!

— Quem? — Olívia arregalou os olhos, com medo da resposta.

— Harry! Harry me... chamou. — Ela respirou fundo para recuperar o fôlego.

— O quê?! — Olívia deu um pulinho.

— Não brinca! — Audrey se animou. — Vocês vão ser um par bem legal, Luna!

A corvina agitava as mãos, afoita.

— Como amigos! Eu disse a ele que ninguém nunca me convidou para uma festa antes, como amiga, eu estou muito feliz! Preciso decidir o que vou usar.

E saiu correndo.

— É a primeira decisão não questionável que meu irmão toma em relação a meninas. — Olívia anunciou, orgulhosa.

No caminho para o salão comunal, encontraram com Harry e, juntos, começaram a conversar com Parvati Patil, que estava contando para as três que seus pais estavam tentados a tirá-la de Hogwarts, junto com sua irmã Padma. Atrás delas, Rony e Lilá começaram a se agarrar no sofá. Olívia revirou os olhos para o teto.

— Aquela coisa com a Katie deixou os dois apavorados, mas como não aconteceu mais nada eles agora estão okay e... ah, oi, Hermione. — Parvati lançou um olhar simpático à Hermione, que acabara de adentrar o salão comunal.

— Parvati, você vai à festa do Slughorn hoje à noite? — Perguntou Hermione, ignorando totalmente Rony e Lilá.

— Nenhum convite. — Resumiu Parvati tristemente. — Mas adoraria ir, parece que vai ser realmente boa... vocês vão, não é?

— Infelizmente. — Olívia suspirou. Harry compartilhou de sua falta de empolgação.

— Vamos! — Audrey disse, empolgada. — Olívia vai levar o Josh e Marcel vai me levar para conseguirmos ir todos juntos!

— Que legal! — Parvati falou. — E você, Hermione?

Hermione esperava ansiosamente por essa pergunta:

— Vou, sim, marquei com Córmaco às oito, e nós...

Houve um ruído semelhante ao de alguém puxando um desentupidor de uma pia entupida, e Rony voltou à tona. Olívia engasgou com o chocolate que estava comendo, e o queixo de Harry despencou até o carpete. Audrey estava paralisada. Hermione agiu como se não tivesse visto nem ouvido nada.

— ... vamos à festa juntos.

— Córmaco? — Repetiu Parvati.

— Você quer dizer o Córmaco McLaggen? — Harry perguntou, embasbacada.

— O próprio. — Disse Hermione com meiguice. — Aquele que quase foi goleiro da Grifinória.

— Então vocês estão namorando? — Perguntou Parvati, de olhos arregalados.

— Ah... estamos... você não sabia? — Falou Hermione, com uma risadinha que não parecia sua.

— Não! — Exclamou Parvati, manifestando curiosidade pela fofoca. — Uau, você gosta mesmo de jogadores de quadribol, não é? Primeiro o Krum, agora o McLaggen...

— Eu gosto de jogadores de quadribol muito bons. — Corrigiu-a Hermione, ainda sorrindo. — Bem, a gente se vê... tenho de me arrumar para a festa...

Ela saiu. Na mesma hora, Lilá e Parvati juntaram as cabeças para discutir o novo acontecimento.

— Acho que eu vou vomitar. — Audrey ficou pálida.

Olívia sacudiu o braço de Harry, perplexa.

— Isso acabou mesmo de acontecer?

— É. — Ele afirmou com a cabeça. — Acho que Hermione finalmente ficou maluca.

Olívia logo puxou Audrey para o dormitório. Se não começassem a se arrumar logo, não ficariam prontas nunca. Audrey ficou responsável pela maquiagem das três, Hermione ficou responsável pelos penteados, e Olívia ficou responsável por ficar "quietinha para não estragar a preparação", segundo as outras duas.

— Não acredito que vai com o nojento do Córmaco. — Olívia torceu o nariz enquanto Hermione usava um feitiço para fazer cachinhos nas pontas do seu cabelo. — Sério, Hermione?

— Eu sei, eu sei, mas preciso de alguém que deixe o Rony o mais irritado possível. — Hermione deu de ombros. — Fiquei um instante em dúvida se convidaria o Zacarias Smith, mas achei que, de modo geral...

— Você pensou em ir com Zacarias Smith?! — As duas berraram, indignadas.

— É, mas em vez disso vou com Córmaco. Não pode ser tão ruim, não é?

Ela mudaria de ideia até o fim da noite, Olívia tinha certeza.

— Vem, Olívia, é sua vez. — Hermione chamou depois de terminar de arrumar o cabelo de Audrey.

— Não precisa de tudo isso, sinceramente. — Olívia disse ao perceber que Hermione estava fazendo tranças laterais no seu cabelo para prendê-las atrás, além dos cachinhos. — Nem queria ir. E eu vou com Josh.

Audrey tossiu.

— Querida, você não vai com Josh. Você vai com o Marcel e você sabe disso.

— E?

Hermione e Audrey se entreolharam.

— Eu vi esse olhar aí. — A Potter cerrou os olhos. — O que significa?

— Você é inteligente, tenho certeza de que consegue adivinhar sozinha. — Audrey cantarolou. Olívia atirou uma almofada nela.

— Você contou a ele sobre as coisas que Dumbledore está mostrando a você e Harry? — Hermione perguntou.

— Hum... contei. — As duas se entreolharam novamente. — Quê? Eu conto as coisas para ele. Qual o problema?

— Nenhum. — Hermione disse, sorrindo para ela através do reflexo do espelho. — Você sequer percebe o quanto confia nele. E é bonitinho.

— Ela ainda está na fase da negação, é uma gracinha. — Audrey disse com condescendência, ciente do quanto isso irritava Olívia.

— Podem parar de falar como se eu não estivesse bem aqui? — A Potter revirou os olhos, estressada. — Obrigada.

Entediada enquanto esperava Hermione terminar o penteado de Olívia para maquiar as duas, Audrey folheava o caderno de desenho de Olívia.

— Liv, por que você anda desenhando essas coisas?

— Que coisas? — Hermione se virou para olhar.

Audrey virou o caderno para as duas e começou a passar as páginas. Olívia desenhara Nagini. Cinco vezes. Então um medalhão. O medalhão de Slytherin que estava no pescoço do pai de Mérope Gaunt, durante a memória na Penseira. Um anel, o anel que o Marvolo Gaunt também usava e que atualmente estava em posse de Dumbledore. Então uma taça dourada.

— Tenho sonhado com elas. — Olívia explicou. — O tempo inteiro.

— Pesadelos?

— Não, só sonhos normais. Tranquilos. Mas não consigo tirar da minha cabeça. Quando se repete muitas vezes, eu desenho. Sonhei com uma tiara ontem, mas não tive tempo para desenhar.

— Terminei. — Hermione anunciou, orgulhosa, olhando para Olívia através do espelho.

— Ah. — Audrey largou o caderno e surgiu no reflexo com os olhos marejados. — Você é esquisitinha, sem dúvidas, mas tão, tão, tão linda.

O vestido de Olívia era lilás, e quando se olhou no espelho, quase ficou mais animada pelo fato de ir gastar sua noite num lugar cheio de gente monótona, só porque realmente tinha ficado simplesmente deslumbrante. Jessie tinha exigido fotos, então Olívia tirou da mala a câmera que ganhara de aniversário de George para registrar as três enquanto elas terminavam de se aprontar. Hermione estava linda, com um vestido justo salmão, e Audrey usava um vestido longo verde-menta que a deixava parecida com alguma espécie de princesa.

Quando terminaram, de longe, Hermione era a menos empolgada para descer, embora tentasse disfarçar. Quando elas atravessaram o arco do quadro da Mulher-Gorda, Marcel e Josh estavam esperando do lado de fora, rindo de algo que definitivamente esqueceram o que era quando as meninas saíram.

— Uau! — Josh exclamou, sorrindo para Audrey de modo que suas bochechas pareciam prestes a rasgar. Ela prendeu os braços atrás do pescoço dele e beijou-o. — Quer namorar comigo?

— Posso pensar no seu caso. — Ela brincou, dando nele uma série de selinhos.

— Vamos ir e deixar eles dois aqui? — Olívia sugeriu.

— Ainda dá tempo de fingir que estamos doentes. — Marcel disse, olhando para um relógio imaginário em seu pulso. O corvino usava vestes formais azul-marinho que davam a ele um ar de elegância que não combinava com a maior parte dos adolescentes de dezesseis anos, mas de algum jeito combinava com ele. Olívia desejou ter trazido sua câmera, porque não tinha uma única foto com Marcel, e agora percebia que queria muito uma.

— Olhem o que eu trouxe! — Audrey tirou da sua bolsinha a câmera de Olívia, que arregalou os olhos. A loira apenas piscou para ela, um olhar sorrateiro brilhando em seu rosto. — Vamos lá, hora da foto! Marcel, vem, fica na frente da câmera.

— Hum... vão vocês primeiro, eu não gosto muito de tirar fotos, então...

— Ninguém liga a mínima para o que você gosta! — Audrey puxou-o pela braço até ficar paradinho na frente da parede. — Isso, fica aí.

Ele comprimiu os lábios, desconfortável, parado como uma estátua de mármore.

— Olívia, ensina ele a tirar foto, pelo amor de Deus. — Audrey disse, posicionando a câmera. Olívia ficou imóvel. — Rápido! Eu pretendo chegar na festa antes de as comidas boas acabarem.

— O que está acontecendo com vocês dois? — Josh perguntou, rindo, quando eles pararam lado a lado, estáticos como pedras.

Hermione, ao fundo, ria tanto que Olívia estava considerando atirar nela seu salto alto.

— Vocês são primos, por acaso? — Audrey reclamou. — Vão morrer se tocarem um no outro? Vamos, se mexam.

— Será que matar amigos ainda é errado quando eles são irritantes? — Olívia disse, aproximando-se dele quando o garoto passou um braço pela sua cintura. Ela limpou a garganta.

— Eu diria que não. Ei! — Marcel se afastou um pouco, olhando para ela, então riu: — Você está mais alta, Potter.

— É, e, para o caso de haver piadinhas sobre altura, devo te lembrar que eu posso pisar em você com esse salto e, acredite, vai doer.

— Eu não esperaria menos. — Os dedos dele parados alguns centímetros acima do seu quadril pareciam queimar. Olívia deu um passo para trás, recostando-se contra o peito dele. Ela sentiu-o apoiar o queixo sobre sua cabeça, e tudo o que fez foi rir como uma idiota quando o flash da câmera quase cegou-os.

— CONSEGUI TIRAR COM ELE SORRINDO! — Audrey comemorou.

— Ótimo. Nunca mais vai acontecer. — Marcel disse, sério, ainda com o braço ao redor da cintura de Olívia.

— Tá, Josh, Hermione, vão lá, vocês três. — Audrey disse.

Então tiraram só com as meninas (até Hermione escapulir, porque estava atrasada para se encontrar com seu par horroroso), só com os meninos e, quando eles fizeram todas as combinações possíveis de fotos, Audrey finalmente liberou-os do ensaio fotográfico.

— Pronta, Liv? — Josh estendeu a mão para Olívia.

— Prontíssima, Joshitto. — Olívia aceitou a mão dele, dando um sorriso fingido ao garoto, que estava com vestes cinza-escuras. — A propósito, você está um gatinho.

— Eu sei, eu sei. — Josh jogou os cabelos imaginários por cima dos ombros. — É inevitável. Você também não está nada mal. Menos nessa foto aqui que você saiu espirrando, olha que bonitinha.

Olívia puxou a foto dele imediatamente.

— Ao menos eu não saio com cara de pateta em todas as minhas fotos. — Ela mostrou a língua para ele, mas o garoto estava concentrado analisando uma foto em que ele e Audrey estavam com Olívia e Marcel. — Quê?

— Vocês dois estão muito casalzinho nessas. — Ele observou, então parou de andar e arregalou os olhos para Olívia. — Ai meu Deus!

— Calado. — Olívia obrigou-o a voltar a andar.

— Espera aí. — Josh começou a analisar foto por foto pela milésima vez. — Ai, caramba! Como eu não percebi antes?

— Josh! Fala baixo!

— Vocês... você... ele... como eu não percebi nada? — Ele disse, muito decepcionado. — Estou perdendo o meu dom de observação.

— Shhhh. — Olívia deu um tapão na nuca dele. — Fica quieto. Não tem nada para observar.

— Tem, sim. Meu Deus, ele bateu no McLaggen. Marcel nunca encostou numa pessoa na vida, como que eu não... Audrey ficava me provocando o tempo todo sobre alguma coisa que ela sabia e eu não, caramba, era isso! Por que você não me contou nada?

— Porque, não. E, se você me fizer perguntas, vai me fazer pensar sobre isso, e eu estou muito feliz na terra da negação. — Olívia explicou. — Então, por favor, pode parar.

— Tá brincando, né? Não pode ficar na terra da negação para sempre. — Ele replicou.

— Mas eu gosto da terra da negação. — Olívia argumentou. — É o limbo feliz entre a amizade e aquela outra fase que pode gerar brigas e rompimentos desgastantes. Gosto do limbo. Acho que deveríamos nos dedicar mais ao limbo.

Josh bufou. Eles estavam quase chegando ao salão.

— Vamos aproveitar essa festa, mas depois vamos conversar sobre isso. — Ele afirmou, sério. — O limbo não combina com você, o limbo é para gente covarde, e você é Olívia Potter.

Ela grunhiu.

Audrey e Marcel caminhavam atrás deles. Ele tinha os olhos fixos em Olívia, que acabara de encenar uma valsa com Josh no meio do corredor e ameaçava trocar de par, porque Josh dançava muito mal. Sua atenção só se voltou para Audrey quando percebeu que a loira estava rindo. Rindo dele.

— Qual a graça?

— Você costumava ser menos óbvio.

Marcel sabia que estava vermelho, o que só a fez rir mais. Era realmente ridículo.

— Você está se divertindo com isso, não é? — Ele perguntou.

— Ah, muito. Você não tem ideia.

Algo no estômago dele se agitou e teve de impulso de procurar Olívia com os olhos novamente, mas continuou atento a Audrey. Ela não precisava de mais motivos para rir. Já estavam se aproximando da sala de Slughorn e os sons de risos, música e conversas em voz alta aumentavam a cada passo. Fosse porque tivesse sido construída assim, fosse porque ele tivesse usado a magia para deixá-la assim, a sala de Slughorn era muito maior do que o escritório normal de um professor. O teto e as paredes tinham sido forrados com panos esmeralda, carmim e dourado, para dar a impressão de que se encontravam no interior de uma vasta tenda.

A sala estava cheia e abafada, imersa na luz vermelha que o ornamentado lampião dourado projetava do centro do teto, onde esvoaçavam fadinhas de verdade, cada qual um pontinho brilhante de luz. Uma cantoria, aparentemente acompanhada por bandolins, subia de um canto distante; uma névoa de fumaça de cachimbo pairava sobre vários bruxos idosos absortos em conversa, e numerosos elfos. Novamente, o impulso de procurar Olívia com os olhos. Tinha perdido ela de vista.

— Você viu a mesa de comida?! — Audrey sacudiu o braço dele. — Ai, se esse salto não machucasse tanto, eu estaria pulando como uma louca. Marcel, vamos, temos docinhos para experimentar!

Ela arrastou-o como se suas vidas dependessem disso.

— Ai meu Deus! — Audrey colocou um docinho de doce de leite na boca. Então puxou a mão de Marcel e deu a ele uma taça com uma bebida vermelha. — Licor de Framboesa. Leva para ela, Olívia adora e... caso você também esteja em negação, ela não gosta de você só como amigo. Então, quando você quiser parar de bancar o lerdo, fique à vontade.

— Quê? Espera, como você sabe disso? — Ele perguntou, sentindo um misto de curiosidade e constrangimento.

— Querido, por favor. — Ela revirou os olhos como se a resposta fosse tão óbvia que dispensava explicações. — Agora faz o favor de ir ficar com ela? Preciso do Josh, enfeiticei os bolsos dele para caberem mais doces. Temos trabalho a fazer.

— Essa é sua programação para hoje? Roubar doces? — Marcel riu.

— Claro, uma das minhas muitas programações. Ai, droga! — Audrey se apressou a tirar a câmera da bolsinha. — Tirar foto deles passando vergonha também está na minha programação!

Quando ele se virou, viu Olívia e Josh dançando uma balada agitada de As Esquisitonas de um jeito muito desajeitado que assassinava todo e qualquer tipo de ritmo, mas os fez ter uma crise de riso pelo tempo que a música durou.

— Como você conseguiu virar um dançarino ainda pior que no ano passado? — Olívia perguntou quando a música enfim acabou.

— Eu vou ficar quieto só porque você me trouxe até aqui. — Ele ofegou, então olhou para algo atrás. — Slughorn está vindo.

— Ai, merda.

Olívia esperava evitar Slughorn pelo resto da noite, mas, antes que pudesse pular dentro do buraco mais próximo, o professor de Poções se aproximou.

— Olívia, minha cara, como é bom finalmente tê-la aqui, como é bom! — Slughorn apertou a mão dela várias vezes, rindo exageradamente. — Vamos, tem algumas pessoas que eu quero que você conheça. Venha comigo e...

— Olá, professor. O senhor conhece o Josh? — Olívia puxou seu melhor amigo pelo braço. Talvez assim Slughorn não o tratasse como se ele não existisse, como fazia com os alunos que não faziam parte do seu precioso Clube do Slugue.

— Oi, professor, tudo bem? — Josh sorriu.

— Ah... — Slughorn olhou para Josh como se jamais tivesse reparado nele na vida. — Olá, meu jovem, muito bom tê-lo aqui, sim, sim. Ande, Olívia, venha... tem uma pessoa que está esperando por você.

E praticamente arrastou-a para conhecer Eldred Worple, um ex-aluno que era escritor e vinha tentando convencer Olívia de que escrever uma biografia dela era uma excelente ideia. Olívia arrastou Josh junto com ela.

— Falando seriamente, eu teria prazer de escrevê-la... as pessoas estão ansiosas por conhecer você melhor, minha jovem, ansiosas! Se você se dispusesse a me conceder algumas entrevistas, digamos, quatro ou cinco sessões, ora, poderíamos concluir o livro em poucos meses. E isso com muito pouco esforço de sua parte, posso lhe assegurar.

— Acho ótimo. — Olívia estava se divertindo. — Honestamente, adoro falar de mim mesma.

Josh, atrás dela, deu uma risadinha. Olívia pisou no pé dele.

— Ah, mas isso é uma maravilha! — Os olhos do escritor brilhavam. — Precisamos falar com o seu irmão também, tenho planos para os dois, um grande projeto falando da vida, realizações e sonhos de Olívia e Harry Potter, acha que ele vai gostar da ideia?

— Ah, claro, meu irmão adora ser o centro das atenções, não se preocupe! — Olívia garantiu. — Se me der licença, acabei de ver uma amiga.

— Ah, claro, claro, foi um prazer conhecê-la, a senhorita é encantadora.

— Viu? Ele me acha encantadora! — Olívia disse para Josh, que estava tendo uma crise de riso. — Eu sou mesmo, de fato.

— Podemos ir comer? Estou com fome. — Josh reclamou.

— Ei. — Marcel se aproximou com duas bebidas, e entregou uma delas para Olívia, que piscou para ele em agradecimento. — Audrey precisa de você. Ou melhor, precisa dos seus bolsos.

— Fui. — Josh escapuliu, contente.

— Acho que posso gostar desse lugar. — Olívia prendeu o braço ao dele, olhando ao redor.

— Sério?! — Ele disse, muito surpreso.

— Sério, acabei de prometer uma biografia para um cara que pretendo ignorar pelo resto da vida e... Marcel! — Olívia se controlou para não gritar. — É a vocalista de As Esquisitonas! É a vocalista de As Esquisitonas!

E foi assim que Olívia foi convidada para cantar com a banda durante a sua próxima gravação, pela vocalista de As Esquisitonas. Quando Harry ficou sabendo disso, riu até sair cerveja amanteigada pelo seu nariz.

— Olívia, você já se ouviu cantando? É como uma morsa morrendo com inflamação de garganta. — Isso foi suficiente para caçoarem de Olívia pelo resto da noite.

— Quadribol! — Hermione exclamou alto, revirando os olhos, zangada, enquanto falava com Harry e Olívia pela primeira vez na noite. — É tudo com o que eles se importam! Quadribol! — Olívia riu. Isso realmente parecia horrível. — Córmaco não fez uma pergunta sobre mim, ele me brindou com Cem Grandes Defesas Feitas por Córmaco McLaggen sem intervalos... ah, não, aí vem ele.

Ela se mexeu com tanta rapidez que parecia ter desaparatado; num momento estava ali e no momento seguinte se espremera entre duas bruxas às gargalhadas e sumira.

— Ei, viram a Hermione? — McLaggen chegou um minuto depois, forçando caminho por um grupo compacto. O nariz dele ainda estava levemente torto.

— Não. — Harry e Olívia falaram ao mesmo tempo e saíram dali o mais rápido que conseguiram. Seu irmão resmungou: — Essa foi uma ideia realmente burra que ela teve.

— Foi mesmo. Mas, por um lado, Rony deve estar se coçando para saber o que eles estão fazendo agora.

Mas Hermione e Córmaco não eram o único casal desastroso da noite. Gina e Dino Thomas começaram a discutir no meio de uma dança e desde então sumiram do salão. Harry pareceu um tantinho mais animado depois que percebeu isso. Quando Olívia saiu para ir ao banheiro, a Weasley estava lá de frente para o espelho, tentando limpar a maquiagem borrada com um monte de papel higiênico.

— Olha só, finalmente te achei. — Olívia trancou a porta. — Como você está?

Gina usou mais papel para limpar as lágrimas que caíam sem parar.

— Brigamos o tempo todo, estou cheia disso. — Ela reclamou aos soluços. — Pôde dizer "Eu avisei", você deve estar ansiosa.

— Nada ansiosa, na verdade. — Olívia estendeu para ela mais papel higiênico quando o rolo que a ruiva estava segurando acabou. — O seu vestido é bonito.

Gina usava um vestido verde-esmeralda que contrastava perfeitamente com seus cabelos longos ruivos. Ela riu com o elogio antes de soluçar. Olívia ficou em silêncio por muito tempo, sem saber o que dizer. Não falava direito com Gina havia meses.

— Sei que estou bem atrasada, mas... me desculpe pelo que eu disse a você no Beco Diagonal. — A ruiva pediu, olhando nos olhos dela. — Estava irritada e descontei em você. Não fui muito justa.

— Não foi mesmo. — Olívia cruzou os braços. — Mas por que estava irritada?

— Porque eu sei o motivo de você não gostar de mim com o Dino. — A ruiva fungou uma última vez, sem olhar nos olhos de Olívia. — É o mesmo motivo pelo qual não gostava do Harry com a Cho, não é?

Olívia nem precisou responder.

— Eu sei o que pensa, é só que... estive apaixonada pelo Harry por tempo demais, Olívia. Não queria ficar presa a ele para sempre. Era frustrante. E eu sei que é o que você queria que... e agora com o Dino... parece ainda mais frustrante. Não sei o que fazer.

Por medo de falar a coisa errada, Olívia apenas a puxou para um abraço. Definitivamente tinha que começar a pôr limite em suas brincadeiras. Nunca nem passara pela sua cabeça o fato de que Gina estava tão empenhada em conhecer outros garotos para tentar esquecer o único que nunca quisera nada com ela.

— Desculpe. — A Potter pediu. — Fui meio insensível.

— E eu, meio sensível demais. — Gina riu, limpando seu rosto novamente. — Me pergunto se nunca vou seguir em frente. Por que acha que escolhi esse vestido?

Só então Olívia se tocou de que verde-esmeralda era a cor dos olhos dela. Era a cor dos olhos de Harry.

— Se eu pudesse bater na cabeça do meu irmão até ele tomar juízo. — Olívia resmungou, tentando recompor um pouco da maquiagem da ruiva. — Pronto. Audrey faria melhor, mas ficou aceitável.

— Obrigada. Não vou ficar muito tempo mesmo. Só não quero passar pelas pessoas com cara de choro.

— Tem certeza de que já quer ir?

— Não estou mais no humor para ficar. — Gina deu um sorriso triste. — Aproveite o resto da festa.

Quando voltou para o meio da multidão, Luna contava uma de suas centenas de teorias a respeito do Ministro da Magia ser um vampiro e de o Departamento de Aurores estar planejando um golpe de Estado.

— Shhh. — Olívia disse à corvina. — Jessie e George dizem que isso tem que ficar em segredo.

— É, imagina o que vai acontecer se isso se espalhar. Screamgeour vai transformar todos em vampiros. — Marcel brincou, mas Luna levou muito a sério. Seu discurso sobre as ameaças ao Ministério foi interrompido quando Hermione passou correndo por eles. — Pobre Hermione. — Marcel balançou negativamente a cabeça, enchendo um prato com docinhos.

— Realmente. — Olívia roubou duas trufas de chocolate dele, que não pareceu se importar. — Ei, só conferindo: você não gosta de Quadribol, não é?

— Você sabe que não muito. — Ele respondeu, desconfiado. — Por quê?

— Nada não. — Olívia deu um tapinha na bochecha dele. — Continue assim.

— Esquisita, Potter. — Ele disse, devolvendo o prato à mesa de doces e estendendo a mão para ela. — Quer dançar comigo?

— Quero! — Disse de imediato.

Sua coragem, no entanto, se perdeu na metade do caminho para o meio do salão, porque, quando pararam, o pânico que sentira no trem voltou e ela nem conseguia olhar para ele. Olívia subiu as duas mãos até os ombros dele enquanto o garoto segurava sua cintura. Durante os primeiro trinta segundos, Olívia evitou o olhar dele com afinco, até perceber que estava sendo estúpida e olhar para ele, percebendo a distância assustadoramente curta entre seus rostos, o que fez seu estômago revirar.

— Você está sorrindo. — Ela notou.

— Você surtando é engraçado.

— Não estou surtando.

— Você mentindo também é engraçado.

— Vai à merda.

— Você é tão gentil. — Ele disse, irônico.

— Eu sei.

— Você está linda, Potter. — Ele inclinou a cabeça.

— Ah, eu sei disso também. — Ela estava contendo um sorriso. — Você quase parece decente.

— Mesmo? — Ele segurou sua cintura de um jeito que fez cócegas e a fez rir.

— Com certeza. Quase decente. — A garota entrelaçou os braços no pescoço dele, puxando-o para mais perto.

Ele inclinou o pescoço e Olívia pôde jurar que ele iria beijá-la. Ela conseguia sentir a respiração dele no seu rosto, a mão dele subindo pelas suas costas, os olhos castanhos fixos nos seus verdes. Então, por algum motivo, ele abriu um sorriso que fez Olívia querer esquecer que estavam em público.

— Você fica absolutamente linda quando está vermelha.

— Idiota. — Ela revirou os olhos. — Sabia que você não tinha nada de tímido quando eu te conheci.

— Você me achava tímido? Quando eu te conheci, achei que você era maluca.

— Você ainda acha que eu sou maluca.

— Acho um pouquinho mais a cada ano.

— Ah, não finja que não gosta disso em mim.

— Não posso fingir, adoro isso em você.

— Own, essa é a hora em que você diz que eu sou incrível e tal e que, por isso, você bateu no McLaggen?

— Ainda não sei do que você está falando. — Ele disse, cinicamente.

— Eu vou arrancar isso de você e, quando arrancar, vou jogar na sua cara pelo resto da vida.

— Boa sorte com isso. — Ele sorriu sorrateiramente, subindo as mãos pelas costas de Olívia de um jeito que fez os pelos da nuca dela se arrepiarem.

Então uma algazarra começou do lado esquerdo do salão, chamando a atenção de todos os presentes. Filch entrou arrastando Draco pela gola do uniforme.

— Professor Slughorn. — Chiou o zelador, as bochechas tremendo e nos olhos saltados o brilho maníaco ao descobrir malfeitos. — Encontrei este rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que foi convidado para a sua festa e se atrasou na saída. O senhor lhe mandou convite?

Draco se desvencilhou do aperto de Filch, furioso.

— Está bem, não fui convidado. — Respondeu com raiva. — Eu estava tentando penetrar na festa, satisfeito?

— Não, não estou! — Retrucou Filch, uma afirmação em total desacordo com a alegria em seu rosto. — Você está encrencado, ora se está! O diretor não avisou que não queria ninguém nos corredores à noite, a não ser que a pessoa tivesse permissão, não avisou, eh?

— Tudo bem, Argo, tudo bem. — Disse Slughorn, com um aceno de mão. — Hoje é Natal, e não é crime ter vontade de ir a uma festa. Só desta vez, vamos esquecer o castigo; você pode ficar, Draco.

A expressão de indignação e desapontamento de Filch era perfeitamente previsível, mas por que, perguntou-se Olívia, observando o colega, Draco pareceu igualmente infeliz? E por que Snape estava olhando para o sonserino como se sentisse ao mesmo tempo raiva... e seria possível?... um pouco de receio? Mas, antes que ela registrasse o que vira, Filch deu as costas e se afastou, arrastando os pés, resmungando baixinho; Draco conseguiu produzir um sorriso e agradeceu:

— Obrigado, professor, pela sua generosidade.

A expressão de Snape suavemente retomou sua impenetrabilidade.

— De nada, de nada. — Disse Slughorn, dispensando os agradecimentos de Malfoy. — Afinal, eu conheci o seu avô...

— Ele sempre o elogiou muito, senhor. — Draco apressou-se em dizer. — Dizia que o senhor era o melhor preparador de poções que ele tinha conhecido...

— Gostaria de dar uma palavrinha com você, Draco. — Disse Snape subitamente.

— Ora, vamos, Severo. — Falou Slughorn, com mais soluços. — É Natal, não seja tão duro...

— Sou o diretor da Casa dele e cabe a mim decidir se devo ou não ser duro. — Retrucou rispidamente. — Venha comigo, Draco.

Harry disse algo para Luna e saiu rápido entre os convidados. Olívia fez uma careta, então olhou para Marcel pedindo desculpas.

— Eu tenho que...

— Seguir seu irmão antes que ele faça merda? Vai lá.

Olívia xingou Harry mentalmente enquanto se apressava para alcançá-lo no corredor, do lado de fora da sala.

— O que está fazendo? — Perguntou, vendo-o tirar a capa de invisibilidade do bolso.

— Preciso ouvir o que eles vão falar. Você vem comigo ou não?

Os dois tentaram ouvir atrás de cada uma das portas do corredor, até que curvaram-se para o buraco da fechadura da última sala e ouviram vozes.

— ... não pode se dar ao luxo de errar, Draco, porque se você for expulso...

— Acredite, estou muito ciente disso. Eu não tive nada a ver com isso, está bem?

— Espero que esteja dizendo a verdade, porque foi malfeito e tolo. Já suspeitam que você tenha um dedo no incidente.

— Quem suspeita de mim? — Perguntou Draco, indignado. — Pela última vez, não tive nada a ver com a Katie Bell e... não me olhe assim! Sei o que você está fazendo. Não vai funcionar.

Então Snape disse baixinho:

— Então você usa Oclumência todo o tempo agora. Que pensamentos você está tentando esconder do seu senhor, Draco?

— Não estou tentando esconder nada dele, só não quero que você penetre a minha mente!

— Eu te ensinei Oclumência e você agora a usa contra mim? Tem medo da minha interferência? Você percebe que se outro aluno não fosse à minha sala quando eu mandasse, e mais de uma vez, Draco...

— Então me dê uma detenção! Dê queixa de mim ao Dumbledore!

Houve outra pausa. Então Snape falou:

— Você sabe perfeitamente que não quero fazer nenhuma das duas coisas.

— Bom, então é melhor parar de me mandar ir à sua sala.

— Escute aqui. — Disse Snape, a voz tão baixa que Olívia teve de comprimir o ouvido com força contra o buraco para ouvir. — Estou tentando ajudá-lo. Jurei a sua mãe que o protegeria. Fiz um Voto Perpétuo, Draco.

— Não vou precisar de ajuda. Eu tenho tudo sob controle. Eu tenho um plano que vai dar resultado, só está levando um pouco mais de tempo do que pensei!

— Qual é o seu plano?

Draco não respondeu.

— Se me contar o que está tentando fazer, posso ajudá-lo...

— Tenho toda a ajuda de que preciso, obrigado, não estou sozinho!

— Mas certamente estava hoje à noite, no que foi extremamente tolo, andar pelos corredores sem vigias nem cobertura. São erros elementares...

— Bom, eu teria Crabbe e Goyle comigo, se você não tivesse detido os dois.

— Se os seus amigos Crabbe e Goyle pretendem passar no N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas desta vez, terão de se esforçar mais do que estão fazendo no momen...

— Você realmente se importa com Defesa Contra as Artes das Trevas? Meio irônico, não?

— É uma encenação decisiva para o sucesso, Draco! — Lembrou Snape. — Onde é que você pensa que eu estaria todos esses anos se eu não soubesse como representar?

Draco não respondeu novamente.

— Agora me escute! Você está sendo imprudente, andando pela escola à noite e sendo apanhado, e se está confiando na ajuda de Crabbe e Goyle, por que não confiar em mim, eu posso...

— Eu não confio neles, os dois são uns idiotas! — Draco disse como se fosse óbvio. — Mas preciso deles.

— Eu com certeza posso ser mais útil para você que dois garotos tolos, Draco! Compreendo que a captura e a prisão do seu pai o tenham deixado perturbado, mas...

— NÃO FALE DO MEU PAI! — Draco gritou. — Sou eu quem estou fazendo tudo o que posso para ter ele de volta. Você, com o seu maldito disfarce de melhor amigo de Dumbledore, não fez nada quando ele foi preso. Não tente me ajudar agora, você chegou muito tarde para consertar o estrago.

Snape hesitou:

— De que estrago você está falando?

Harry puxou Olívia para trás de supetão quando ouviram os passos de Draco do outro lado da porta e se atiraram para fora do caminho na hora em que a porta se escancarava. O sonserino afastou-se em passos largos pelo corredor, passou pela porta aberta da sala de Slughorn, contornou um canto distante e desapareceu de vista. Snape saiu lentamente da sala de aula. Com uma expressão insondável, ele voltou à festa.

⊱⋅ ──────────── ⋅⊰

Oi, amores.

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Beijinhos 💋✨

A gente se no próximo capítulo 💜

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