Sign of the Painted Map

By BiaCipherDreemur

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Em um mundo onde humanos e híbridos vivem "juntos". Divididos por ilhas, cada um vive sua própria vida de for... More

Prefácio
I
II
III
V
VI

IV

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By BiaCipherDreemur

"Every time my heart is beating, I can feel the recipe

I wonder if my day is coming, blame it on the entropy

My blood is pumping, I can see the end is right in front of me

Don't take it from me, I could be everything, everything"










Um pequeno híbrido nadava em círculos de diâmetro curtos. Seus pais disseram que iriam caçar, mas já ia fazer mais de um dia que eles não voltavam.

Pelo menos a sua cabeça em formato de martelo o facilitava de observar melhor o que tinha ao seu redor, sem fazer ele se sentir inseguro com algum ponto cego. A parte desagradável era sua consciência de que era pequeno demais para caçar algo. Era mais fácil ELE ser a caça. Imagina se ele tenta caçar e acaba se encontrando com um grupo de orcas?

Ele só tinha 8 anos na época, era muito jovem para entender como sobreviver a predadores tão perigosos.

Ele seria um tubarãozinho-martelo morto em menos de 10 segundos.

Estava morrendo de fome, e estava com vontade chorar. Mas tentava fazer o máximo de silêncio para não atrair nenhum predador maior.

-- Hey! Hey, tu! --ele ouviu uma voz o chamar.  -- É! Tu da cabeça aí.

Se sentindo terrivelmente ofendido, o tubarão-martelo virou para o dono da voz.

Ele encontrou um tubarão-limão híbrido. Parecia ser um pouco mais velho. Talvez tivesse uns 13 anos na época.

-- E aí! Cê tá sozinho aí? -- o tubarão-limão perguntou, sem obter nenhuma resposta. -- Meu nome é Labrahn! Qual o seu?

Houve um enorme silêncio, antes de uma resposta ser ouvida:

-- Hamlin...

Labrahn sorriu ao ouvir o amigo falar alguma coisa. Hamlin se sentiu feliz em ver alguém ali, e até mesmo se sentiu mais seguro. Tubarões-limão são até que dóceis quando querem, então o tubarão-martelo não sentia muito medo de estar na presença de um.

Não até ele ver que tinha outro tubarão atrás de Labrahn. Um BEM maior e evidentemente mais assustador.

Seu corpo era grande, forte, e o que mais assustava o tubarãozinho era o seu olhar. Era um olhar vazio, quase desalmado, e, mesmo tendo outras cicatrizes pelo corpo, o que o chamou foi a cicatriz em um de seus olhos . Esse olho com o machucado tinha um ar diferente, uma coloração diferente. Provavelmente estava cego daquele lado.

Hamlin apontou para atrás do amigo, fazendo o outro levantar a sobrancelha e olhar para trás.

-- Ah... -- Labrahn falou ao olhar para o tubarão-branco híbrido atrás dele. -- E aí, Ben?

Ben apenas balançou a cabeça cumprimentando os dois tubarões. Ele era o mais velho de todos ali, mas não chegava a ser um adulto. Era um tubarão jovial, de 16 anos.

Apesar de serem híbridos muito próximos dos animais selvagens, a idade dos tubarões evoluía como a dos humanos, os permitindo viver bem mais do que o esperado.

Pelo menos, viveriam, se uma certa espécie concordasse em mantê-los vivos por tempo o bastante.

-- Eu encontrei ele sozinho. -- Labrahn informou a Ben. O tubarão-branco não disse nenhuma palavra enquanto observava Hamlin de longe. Até que suspirou e franziu a testa, como se estivesse se preparando para dizer algo que fosse se arrepender, mas que era necessário.

-- Garoto. -- a voz grave do maior dos três ali soou quase como um eco. -- Eu acho que... -- Ben olhou para o parceiro tubarão-limão, esperando que o mesmo falasse para ele se calar. Mas Labrahn não o impediu. -- Eu acho que seus pais não vão voltar...

Hamlin arregalou os olhos e soltou choramingo curto. Os dois outros tubarões trocaram olhares piedosos. Eles sabiam muito bem qual era essa  sensação. De não ter mais seus pais.

-- Você pode ficar com a gente! -- Labrahn disse mais perguntando para Ben do que falando para Hamlin.

Ben sorriu de canto, e o tubarão-limão olhou sorridente para o menor, esperando a resposta.

Hamlin estava receoso. Ele mal havia conhecido aqueles dois. Aquilo estava acontecendo rápido demais...

-- Acho que sim?... -- foram as palavras do tubarão-martelo antes de Labrahn o puxar e começar a conversar alegremente com ele. Ben apenas os observava

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10 anos de passaram desde aquele encontro. Os três ainda estão juntos, firmes e fortes. Se escondendo dos humanos pelo seu próprio bem. Apesar de viverem uma vida estressante onde precisam caçar para se alimentar e sempre prestar atenção se haveria humanos por perto, hoje era um dia especial.

Era aniversário de Hamlin.

-- Você sabe o que significa ter 18 anos, Hamlin? -- Ben perguntava com um sorriso de canto enquanto o tubarão-martelo observava Labrahn tentando subir numa rocha da superfície para ficar sentado em cima.

-- Por favor... -- Hamlin choramingou, sabendo muito bem o que o mais velho queria dizer.

-- Quando chegar lá naquela época...

-- Ben...

-- Fevereiro, março... Não lembro qual o mês.

-- Ben, por favor...

-- Se você encontrar uma fêmea que você goste.

Hamlin não aguentou mais aquela conversa e resolveu só subir na pedra que Labrahn havia subido, mas foi interrompido pela mão do tubarão-limão o empurrando de volta pra água, com um grito sussurrado.

-- BARCO!

Labrahn conseguiu entrar por inteiro na água bem no momento em que o barco havia passado.

Os três nadaram para perto de cada um, e lentamente nadavam para mais fundo, de vez em quando olhando para superfície.

Labrahn sentia seu coração bater rápido com a adrenalina enquanto observava a embarcação se afastando. Ele suspirou aliviado, talvez eles não tenham os visto, ou se viram, não se importaram.

-- Tinham muitos humanos? -- Ben perguntou seco. Sua voz soava como um trovão, e seu corpo estava tenso enquanto olhava o barco indo embora.

-- Eu não consegui ver direito. -- o tubarão-limão respondeu quase sem ar.

-- Eu vi uns 3 vultos no barco. -- Hamlin comentou, chamando atenção de seus dois amigos que o encaravam com um olhar confuso. -- Não pareciam ser humanos, mas o que mais seria, certo? -- sorriu com aquele comentário, mesmo ele não sendo engraçado.

Labrahn sorriu sem graça e Ben não demonstrou nenhuma expressão. Iria demorar um tempo para que o tubarão-branco retornasse a seu estado emocional equilibrado. Ele odiava ter esses encontros com humanos. O fazia ter lembranças ruins e seu olho cego o incomodava quando se lembrava. O sangue de seus pais na água, a lâmina acertando seu olho, a dor que ele sentira, não só das feridas como da perda. Ele sentia dor, tristeza, raiva. Muita, muita raiva. Humanos não são sua presa, mas... Se algum humano machucasse um de seus dois irmãos... Se um humano chegasse um pouco perto de sua mandíbula nesse momento... Talvez ele...

-- Heeeeey! -- Labrahn chamou a atenção dos dois, puxando cada um por um braço para um mini abraço em grupo. -- Hoje é aniversário do nosso garoto. -- ele piscou para Hamlin, que retornou com um sorriso meigo. -- Que tal a gente ir nos recifes de corais tentar pegar alguma coisinha, huh? -- dessa vez ele olhou para Ben, que não quis nem retornar o olhar.

-- Yay! -- Hamlin comemorou se soltando do "abraço" -- As arraias são minhas! -- avisou enquanto nadava rápido na direção de onde seria o recife.

O tubarão-limão riu com a reação do mais novo e olhou para o amigo ao lado que ainda carregava uma expressão estoica. Labrahn suspirou.

-- Qual é, cara? É aniversário dele... -- Labrahn franziu a testa enquanto apontava para Hamlin ao longe, que estava parado olhando para alguns animais selvagens enquanto esperava os amigos.

-- Você acha que existem outros como nós? -- Ben perguntou repentinamente.

-- Eh? -- o tubarão-limão retornou para o maior com a expressão mais confusa possível. -- Tubarões híbridos?

-- Não. Outros tipos de híbridos. Hamlin disse que aquelas pessoas do barco não pareciam seres humanos.

Labrahn encarou o tubarão-martelo ao longe, que inocentemente seguia um polvo (que estava nadando pela própria vida).

Tubarões-martelo conseguem ter uma visão de 360o graus por conta do formato peculiar de seu crânio. Mas Labrahn não achava que seria possível o amigo ver tudo aquilo tão rápido... Mas talvez ele pudesse. Hamlin era praticamente uma criança, mas isso não descartava o quão poderosa a espécie de tubarão ele era.

-- Ah, sei lá, cara! -- respondeu, não porque ele realmente não sabia, mas porque ele tinha medo da resposta. -- Talvez... Ah, para de pensar nisso. Acho que o Hamlin tá guardando aquele polvo pra você! Vem! -- começou a nadar para onde Hamlin estava perseguindo o pobre animal.

Ben o observou nadar para longe, mas não se mexeu. Estava muito perdido nos prórpios pensamentos mas depois os jogou fora. Tubarões estão no planeta Terra a muito tempo, e a espécie híbrida é recente.

Talvez exista outros híbridos lá fora, mas por que ele não via nenhum aquático ali com ele? Nenhum híbrido peixe, nenhum híbrido orca, nenhum híbrido golfinho- Ok, talvez ele estivesse feliz que não tivesse golfinhos. Ben odeia principalmente os humanos, mas golfinhos estão logo atrás na lista.

Revirando os olhos pelos próprios pensamentos, Ben resolveu seguir os outros dois. Labrahn estava segurando um dos tentáculos do polvo e mostrando para o tubarão-branco, o fazendo rir de canto.

Ele achou que seria melhor relaxar um pouco, curtir o dia, o aniversário de Hamlin.

Quando chegaram no recife de corais, Ben foi capaz de ouvir um gritinho de animação vindo do tubarão-martelo.

Labrahn estava mais afim de ficar observando os outros animais ali, sem se intrometer ou devorando algum.

Ben queria procurar algum cardume de peixe para comer alguns, mesmo que ele não estivesse com muita vontade de comer naquele momento. Olhar para o lado e ver que Hamlin já tinha pegado uma arraia (e que a comia alegremente como se ela fosse uma tortilla) o fez sorrir levemente de orgulho.

O tubarãozinho que ele achou a tantos anos atrás estava se tornando um predador voraz e sangue frio. Ben não podia estar mais orgulhoso. Mesmo que a ingenuidade infantil de Hamlin ainda o preocupava levemente, pelo menos o garoto não morreria de fome.

Labrahn, apesar de não estar caçando ali, também era bem independente quando se tratava de caçar. Diferente de Ben, sua espécie não é tão agressiva, alguns aceitam ficar bem próximos de humanos e até mesmo receber carinhos dele.

Mas Labrahn tinha medo deles. Seus pais tiveram o mesmo fim que os pais de Ben. E por usa sorte, ele não se feriu tanto quanto seu colega tubarão-branco. Sua única cicatriz era uma minúscula em sua barbatana dorsal.

Hamlin tinha medo de humanos. Mas era um medo por influência. Seus dois "irmãos" mais velhos o contavam sobre histórias de humanos, que matam tubarões híbridos e selvagens sem piedade, cortando as barbatanas e jogando os restos no mar para obterem uma morte lenta e dolorosa.

-- Ela não te ferroou não, né? -- Labrahn perguntou enquanto se aproximava do tubarão-martelo, que tinha em sua mão apenas parte do que era uma arraia.

-- 'Cê acha? -- Hamlin sorriu de lado, irônico, fazendo o amigo rir.

E assim viviam os três. Juntos. Como uma família de 3 irmãos. Cada um se protegendo mas ao mesmo tempo um protegendo o outro.

Três tubarões híbridos, cada um de uma espécie diferente, vivendo sozinhos sem ter a preocupação de terem sido vistos por algum humano ou algo próximo.

Eles só não contavam com um certo híbrido no barco que havia passado logo cedo, que havia observado a nadadeira dorsal de Labrahn entrando na água.






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