Falling | vhope

By tearshobi

51K 6.3K 8.8K

Hoseok prepara uma doce e irresistível serenata de amor... No entanto, acaba causando a maior confusão ao se... More

welcome to FALLING!
prologue: the birth of cypher
better now.
bultaoreune
i love u babe
serenata 1/2
daily
blue, memories, and a step towards new experiences.
yoongi
the beginning of a friendship (or not)
it's ok
f in love
dancing in the rain
underwear fight and loving gazes
kiss kiss
night of discoveries
mia regazza
AVISO - IMPORTANTE
fantasy
operação nammin
interruptions
hate you, heedo/love you, teteco
the end of jimin's secret
teteco: the origin of the nickname

consequences, jungkook

915 116 216
By tearshobi

Jornalistas se reuniram na sala espelhada da BigHit, com vários fãs visíveis gritando do lado de fora com cartazes. Fotógrafos, donos de revistas, emissoras importantes de televisão. Um emaranhado de pessoas com câmeras profissionais e microfones ligados esperando o produto Jeon Jungkook começar a responder o que parecia ser um interrogatório.

Sentado atrás da mesa de altura baixa ao lado de Bang Sihyuk e Kim Seokjin, Jungkook começou a ser bombardeado de perguntas sobre o ocorrido do vídeo vazado de sua agressão para com o amante de seu secreto namorado. Embora claramente desconfortável, o cantor tentou manter a postura digna do bom profissional que era.

ㅡ É a primeira vez que me manifesto falando a respeito depois de toda essa confusão...

O microfone fez sua voz reverberar por todo o espaço. Bloco de notas, canetas, celulares e notebooks. Tudo devidamente preparado para captar qualquer pequeno erro seu. Diante disso, Jungkook respirou fundo e, começou:

ㅡ Acredito que muitas pessoas viram aquele vídeo, e peço desculpas pelo meu comportamento. Realmente não era o que eu queria passar para os meus fãs. Posso dizer que felizmente tudo se resolveu.

ㅡ Há quanto tempo você namorava o rapaz? Ainda estão juntos? ㅡ perguntou um dos jornalistas.

A resposta veio de forma rápida e precisa.

ㅡ Não estamos mais juntos — disse Jungkook, parecendo mais irritado do que deveria. Afinal, o que de fato aquilo importava? — Quanto ao tempo, prefiro manter reservado.

ㅡ Você chegou a pedir desculpas para o rapaz que levou o soco?

ㅡ Não tive a oportunidade... Mas caso o veja novamente, é o que farei.

ㅡ Ele está crescendo bastante nas redes sociais. O trio Cypher vem sendo comentado desde então, você chegou a ouvir sobre eles?

ㅡ Sim...

Vendo todo o desconforto de Jungkook, Seokjin resolveu pegar o microfone em cima da mesa e intervir:

ㅡ Peço desculpas, mas essa entrevista é sobre o Jungkook e seu novo álbum. Quem não fizer perguntas a respeito, serei obrigado a pedir que se retire.

As pequenas tigelas espalhadas pelo carpete com o almoço pela metade tiveram que esperar Yoongi se recompôr para que pudesse voltar a devorá-las. A televisão ligada na entrevista fez o rapper ficar boquiaberto ao ouvir as perguntas sobre o seu tão amado Cypher. O desgosto e a tristeza por rever Seokjin (mesmo que pela televisão) não foram o suficiente para apagar o brilho de seus olhos.

Na mesma hora, ligou para Namjoon.

ㅡ Eu juro pra você, estou tremendo... Realmente está acontecendo? Estamos ficando famosos? Por céus, Namjoon...

ㅡ Você está bem? Quer que eu vá aí?

ㅡ Eu estou ótimo! Caramba... Só estou chocado. Você tem noção que jornalistas perguntaram sobre o nosso Cypher?

ㅡ Quanto a isso... ㅡ ele pareceu fazer uma pausa, e teve que ser encorajado por Yoongi para voltar a falar. ㅡ a KBS nos chamou para uma entrevista. Querem que falemos sobre o nosso Cypher...

O sorriso em seus lábios foi instantâneo. Yoongi sentiu vontade de sair saltitando pela casa feito a criança feliz e energética que foi um dia. Não obstante, a sua alegria oscilou abruptamente à beira de um abismo emocional, diante da sentença de Namjoon.

ㅡ Hoseok se recusa a ir.

ㅡ Por minha causa?

ㅡ Bom... Ele nunca quis ser famoso. Mas acho que essa briga de vocês contribuiu bastante para ele não querer ir também.

ㅡ Ele está em casa?

ㅡ Sim.

ㅡ Não diga que estou indo. Chego em um minuto.

ㅡ Isso foi um completo desastre. Eles mal queriam ouvir sobre o meu álbum, só falavam dessa maldita serenata...

As mãos passaram frustradas pelo rosto, até despencar todo o corpo cansado na cadeira giratória. Uma entrevista de meia hora pareceu cansá-lo ao ponto de o físico também carregar a exaustão, como se tivesse trabalhado o dia inteiro embaixo do sol e não em frente de flashes de câmeras profissionais.

ㅡ Consequências, Jungkook. Você escolheu se promover em cima dessa confusão, então não reclame de quererem falar tanto sobre isso.

Seokjin sentou do outro lado da mesa de carvalho francês moderno. O chá preto saía fumaça de sua caneca branca, então a assoprava ao mesmo tempo que acessava o notebook posto ao lado. Era seu chá favorito. Lembrava-se do início de seu ex relacionamento, quando em todas as brigas sem sentido seu ex amado lhe preparava o líquido doce pois sabia o quanto gostava.

Agora, parecia que todos os seus problemas iam embora quando bebericava o chá.

Já Jungkook, ainda parecia imerso em seu mundinho de imbróglios. Como não tinha nenhum chá mágico, suspirou fundo e tentou não pensar mais na entrevista.

ㅡ Qual é o próximo passo? ㅡ perguntou, rezando para que fosse algo minimamente fácil.

ㅡ Vamos focar no seu álbum. Tenho certeza que você tem muito o que dizer desse seu antigo relacionamento nas suas próximas músicas, e todo mundo vai querer ouvir sobre.

ㅡ Antigo e último, pelo visto. Sinceramente, não quero nunca mais namorar se toda vez for essa dor de cabeça na mídia. Por céus.

ㅡ Que Deus abençoe que seja sempre assim, meu caro. Quando pararem de se importar, é aí que você deve se preocupar. Questão de popularidade, entende?

ㅡ Você quase se casou uma vez, não foi?

Os olhos de Seokjin desviaram do notebook e focaram nele rapidamente.

ㅡ Como sabe disso? — questionou, desconfiado — E por que a pergunta assim, de repente?

ㅡ Você sabe, as pessoas comentam. Já me falaram uma vez. Na verdade, foi a maior fofoca na época. Sinceramente, não consigo te imaginar namorando e fazendo coisas fofas. Você parece tão sério.

Uma risada amarga escapou dos lábios de Seokjin. Com isso, ele fechou o notebook e disse:

ㅡ Você só me conhece no trabalho. Inclusive, acabamos de nos conhecer. Não sei quase nada sobre você e você não sabe nada sobre mim.

ㅡ Tem razão. Mas por que terminaram?

ㅡ Você é assim sempre inconveniente?

ㅡ Você me faz as mesmas perguntas. Me senti no direito.

ㅡ Te faço perguntas para que você fique inspirado e escreva ótimas músicas. Por isso das perguntas inconvenientes. Tem um propósito.

ㅡ Então. Estou tentando ficar inspirado, é um propósito também ㅡ Jungkook segurou o próprio rosto ao apoiar os cotovelos na mesa, com um sorriso que Seokjin julgou fofo. ㅡ Cansei de perguntarem e falarem tanto sobre mim. Quero ouvir sobre você agora.

ㅡ Por céus, garoto... ㅡ Seokjin assoprou o chá, tomando mais um gole. Ficou por um tempo em silêncio, perdido em pensamentos que vez ou outra retornavam e o deixavam distante ㅡ Meu relacionamento com Yoongi se tornou um vai e volta interminável. Achei que dessa vez seria a mesma coisa, mas acabou não sendo.

ㅡ Por que não? Ele não te quis mais?

ㅡ Eu não quis. Não consegui encarar a nova realidade.

Vendo o quanto ele pareceu murchar falando sobre o antigo relacionamento, Jungkook resolveu não perguntar mais, mesmo que estivesse curioso sobre. Achou que ficaria com informação o suficiente para ainda tê-lo apenas como um colega de trabalho, porém ao ouvi-lo começar a desabafar acabou percebendo que aquela relação acabaria consequentemente se fortalecendo em uma amizade. Jungkook sentia-se confortável em contar tudo o que sentia a ele, mesmo que com fins profissionais. Foi uma surpresa ver Seokjin fazer o mesmo.

ㅡ Em um dos términos Yoongi contraiu HIV. Fiquei tão chocado, que ao invés de acolhe-lo o julguei da pior maneira possível. Depois disso ele se isolou do mundo e nunca mais tive notícias.

ㅡ Você se arrepende?

ㅡ Depois que pesquisei sobre, vi o quanto era leigo sobre o vírus. Quando a gente escuta HIV automaticamente associa a AIDS, mas não é bem assim. Yoongi ainda pode ter uma vida saudável.

ㅡ Não foi isso que perguntei...

A pausa fez Seokjin suspirar, preso num devaneio cheio de culpa, remorso e arrependimento. Soturno, respondeu numa rápida conclusão:

ㅡ Sim, eu me arrependo, Jungkook. Como me arrependo. Mas o que posso fazer?

ㅡ Pedir desculpas, ué ㅡ disse Jungkook, como se fosse tão óbvio quanto o cromossomo Y em seu DNA ㅡ Conte como se sente. Que foi um babaca, otário, mas que quer se desculpar.

Diante a ousadia, Seokjin ergueu uma sobrancelha e mostrou um pequeno sorriso maléfico, colocando a caneca com o chá na metade de volta a mesa.

ㅡ Certo. Você tem razão. Inclusive, podemos fazer isso juntos.

ㅡ Juntos? Precisa de ajuda pra se desculpar?

ㅡ Não, seu besta. Estou falando do Cypher. O agora famoso trio. Sabe quem são os integrantes, não é?

ㅡ Hm... — murmurou ele, desgostoso — Só conheço o Hoseok contra a minha vontade, você sabe disso.

ㅡ Namjoon, Hoseok e Yoongi. Você mencionou na entrevista que queria se desculpar com Hoseok, não é? Podemos fazer isso juntos.

ㅡ Só falei isso para não me encherem mais de perguntas a respeito dele. O Yoongi... O seu Yoongi faz parte do Cypher?

Ele ficou tão surpreso que ficou de boca aberta. Jungkook realmente parecia chocado, e precisou de mais algumas perguntas para entender toda aquela coincidência.

ㅡ Não foi coincidência — explicou Seokjin, pela primeira vez — Quando o Sihyuk nos apresentou eu lhe disse que quis te ajudar depois de saber de sua história. Aquela serenata que o Hoseok estava fazendo era para o meu ex noivo, então não vi problemas quando você o socou daquele jeito. Me senti vingado.

ㅡ Então você já sabia, não é? Já sabia... Ou melhor, já sabe que tudo foi realmente um mal entendido. Que Taehyung não me traiu...

ㅡ Não sei dizer, não o conheço. Não sei se tiveram alguma coisa. O que sei, é que Hoseok só chama de gatinho o Yoongi. Todas aquelas merdas que ele disse foram pra mim. Os dois se envolveram no nosso último término.

— Meu Deus... Que mundo pequeno.

O restante do dia fora reservado para dedicarem-se à produção do álbum. Jungkook percebeu que, caso se baseassem apenas em seus sentimentos, o resultado final poderia ser um tanto quanto melancólico demais.

A campainha não precisou ser tocada, pois tinha as chaves. Entrou, e viu que o apartamento continuava o mesmo. O sentimento era de que passara quase uma vida inteira fora e estivesse agora por fim regressando, como um soldado ferido de volta após uma longa guerra onde saiu sabe-se lá como, com vida. Deu de cara com Namjoon assistindo um de seus filmes românticos na sala, e este o abraçou como se não o tivesse visto no dia anterior. "Toda vez que te vejo percebo que estou sentindo sua falta" disse ele, o abraçando com aquele sorriso reconfortante.

Infelizmente, Hoseok não tivera a mesma recepção. Quando saiu de seu quarto e o viu no meio da sala, paralisou por completo e piscou numa tentativa falha de dizer para seus olhos acabar com aquela miragem.

ㅡ Yoongi ㅡ seus ouvidos captaram o nome do amigo sendo dito, e de repente, ele compreendeu que tudo aquilo era real.

ㅡ Sim... Podemos conversar?

Namjoon resolveu sair para tomar um ar, deixando os dois sozinhos no apartamento. Yoongi passeou pela casa e seguiu até seu quarto, não aguentando o ardor dos olhos ao ver o quanto aquilo ainda parecia seu. Foram apenas três meses fora, mas parecia uma eternidade. O vendo chorar, Hoseok sentiu o coração fraquejar. Odiava vê-lo sofrer.

ㅡ Como as coisas podem mudar tanto... ㅡ Yoongi sentiu as lágrimas escorregarem por seu rosto. Já era um hábito chorar por qualquer motivo ㅡ Por que comigo? Por que tenho que estar com esse maldito vírus?

ㅡ Você não vai morrer, Yoongi... Ter HIV não significa necessariamente que você vá contrair a AIDS. Você sabe disso.

ㅡ É fácil pra você falar agora, não é? Seu resultado deu negativo.

ㅡ Eu... ㅡ Hoseok tentou dizer algo, mas se conteve.

Sabia o que ele estava sentindo. Sentiu tanto medo de estar com o vírus que pensou na possibilidade de nem mesmo saber o resultado. Por mais que todos dissessem a todo momento que tudo iria ficar bem, não foi isso que sentiu quando a possibilidade de estar infectado lhe atingiu. O vendo ali, tão frágil e fraco diante de toda a dor psicológica que ele estava sentindo, não conseguiu mais sentir raiva. Hoseok o abraçou tão forte quanto no fatídico dia que o viu apanhar de um garoto na escola.

Queria sempre protegê-lo, não importasse os sentimentos ou as mágoas que nutria em seu coração por ele. Yoongi se agarrou aos braços e o correspondeu na mesma intensidade. Ali, os dois se perdoaram.

ㅡ Senti sua falta ㅡ murmurou Yoongi olhando nos olhos de Hoseok, que pareceram brilhar genuinamente.

ㅡ É bom tê-lo de volta, gatinho.

Andar pelas ruas de Seoul era uma de suas coisas favoritas. Aquela capital o inspirava. Arranha-céus, templos budistas, palácios e mercados de rua. Gostava de observar, e fotografar qualquer coisa que lhe chamasse a atenção.

Eternizou o vôo de um pássaro, uma mãe ajoelhada limpando a boca suja de sorvete do seu filho, e um táxi amarelo com o motorista usando o chapéu do Walter White.

Quando viu que o céu ia de um belo azul claro para nuvens acinzentadas, se pegou surpreso e desprevenido pelos pingos afoitos que não demoraram a cair. A câmera, um de seus bens mais preciosos, se escondeu no bolso do casaco fino.

Todos ali já sabiam que o tempo mudaria tão drasticamente? Guarda-chuvas surgiram tão rápidos quanto a chuva. Tentou procurar algum lugar para se esconder, porém antes que começasse a correr a procura de proteção sentiu uma sombra pairar sobre sua cabeça.

O sorriso daquele homem pareceu iluminar qualquer nuvem escura. As gotas grossas pararam de atingi-lo.

ㅡ O que está fazendo nessa chuva? ㅡ perguntou Jimin, segurando a sombrinha com uma expressão que denotava uma surpresa mais positiva do que negativa de vê-lo ali, sob a ameaça de uma possível tempestade. — Vai acabar ficando doente...

Namjoon respondeu:

ㅡ Tive que deixar o Hoseok e o Yoongi a sós.

Com a resposta, Jimin arregalou os olhos e o convidou para um café.

ㅡ Puxa, não sabia que eles tinham voltado a se falar. Isso é bom ㅡ comentou ele, tomando um pouco do líquido gelado. Namjoon concordou.

ㅡ Espero que se resolvam dessa vez.

ㅡ Você é um bom amigo, Namjoon. Eu teria ficado pra ouvir a conversa.

Namjoon riu, bebericando seu café também. Os dois esperaram em pé no mercado de rua a chuva passageira cumprir seu dever e ir embora. Não tinham tanta intimidade quanto teriam com Hoseok, mas conseguiam manter uma conversa agradável.

ㅡ Mas então, Namjoon... Você anda saindo com alguém?

Namjoon já conhecia o rapaz o suficiente para saber que esse tipo de pergunta não o deixava envergonhado.

ㅡ Não ㅡ respondeu.

Jimin achava o rapper atraente. Ele conseguia ser doce e másculo ao mesmo tempo, e gostava disso. O ruivinho por muitas vezes o observou à distância, analisando-o enquanto lutava contra seus próprios desejos.

O medo de feri-lo com seu jeito desprendido o impedia de se aproximar, apesar da forte atração que sentia. Jimin duvidava que o rapaz tivesse muita experiência em relacionamentos, pois nunca chegou a vê-lo com alguém. Ou, talvez Namjoon apenas fosse extremamente reservado para com os seus relacionamentos e os conseguia escondê-los muito bem. Jimin mal sabia que o rapper líder do Cypher notava seus olhares carregados de intenções maliciosas, apesar de seus esforços para disfarçar.

ㅡ E você? ㅡ Namjoon perguntou de volta.

ㅡ Também não.

ㅡ Vamos? Acho que a chuva parou.

Jimin assentiu e o acompanhou, liberando um pequeno espaço de seu cérebro cheio de parágrafos com textos sobre enfermagem, para se lembrar de que teria que perguntar a Hoseok sobre a vida amorosa de Namjoon. Quando parou pra pensar sobre, ficou realmente curioso a respeito. Lembrou-se também que era dia dele de cantar no Cypher, e assim que chegou em casa separou um conjunto azul para vestir.

Naquela noite, Yoongi voltou para o estabelecimento e fora ovacionado pelo público. Namjoon resolveu dividir o palco e com isso eles cantaram juntos pela primeira vez depois de um longo tempo.

ㅡ Namjoon é uma boa pessoa, não é?

Hoseok sorriu com o comentário de Jimin.

ㅡ Me pergunto se Namjoon tem algum defeito ㅡ disse, olhando para os dois amigos cantando à frente. Tudo aparentemente estava voltando ao normal, como se todo aquele monte de problemas nem sequer tivesse existido.

ㅡ Conversei um pouco com ele hoje, e acabei percebendo que nunca vi ele com alguém. Nem ao menos paquerando ou sei lá.

ㅡ Namjoon é uma pessoa mais reservada, é difícil vê-lo com qualquer um. Mas por que a pergunta? Está interessado nele?

ㅡ Bom... Sim, e não. Costumo ficar com gente que não vale nada porque não me incomodo no fim. Por isso fiquei com você.

ㅡ Vai se foder. Se quer saber, sou bem mais do tipo romântico. Só não dou a sorte de me apaixonar por quem gosta de mim.

ㅡ Vou ser obrigado a concordar.

Jimin riu, vez ou outra olhando para o rapper que lhe chamava a atenção. Seu jeito doce, seu corpo másculo. O sorriso acolhedor para o amigo ao lado. Como ele conseguia ser tão perfeito? Desde a um líder inteligente, quanto a um irmão para aqueles que tinham o privilégio de ter sua amizade.

Todos aqueles a quem Namjoon direcionava o seu amor, eram a sua prioridade. Ele fazia de tudo para ajudar e estar do lado, como se quisesse aproveitar cada segundo com aquela pessoa. Como se fizesse tudo para vê-la feliz. Fosse uma serenata desastrosa, ou visitas diárias a um amigo numa fase difícil, não se teria dúvidas de sua lealdade.

Namjoon sempre estava lá.

Pensando nisso, os olhos de Jimin brilharam pela primeira vez por um outro alguém.

ㅡ Não sei se Namjoon é a pessoa certa pra você tentar algo — disse Hoseok, percebendo o interesse quase palpável de Jimin. Num suspiro cansado, continuou: — A verdade é que ele não quer se envolver com ninguém.

ㅡ E por quê? Ele é jovem. Tem uma vida toda pela frente.

ㅡ É complicado. Que fique entre nós, mas no passado ele já sofreu muito por alguém. Acho que não quer passar por isso de novo.

ㅡ Se basear em um único relacionamento ruim que teve? Isso é burrice. Ele quer ficar sozinho pra sempre? Não consigo achar isso inteligente, por mais que eu o ache extremamente inteligente.

ㅡ Bom, você também não quer se envolver com ninguém.

ㅡ Porque não achei ninguém decente. Adoraria viver um romance, mas...

ㅡ Tem medo de se machucar. O que te difere dele?

Jimin o encarou por alguns segundos e no fim acabou concordando. Não tinha como julgá-lo sendo que se visto de maneira correta, fazia a mesma coisa que ele.

ㅡ É, você tem razão. Fui um pouco hipócrita — admitiu, bebendo agora o resto do líquido alcoólico que até então estivera esquecido na mesa.

ㅡ Olha, o que o Namjoon passou foi muito complicado. Ele tem esse jeito de paizão de todo mundo, mas tudo isso é puro trauma. Posso dizer que ele está de luto até hoje.

ㅡ Luto? Como assim luto?

Hoseok refletiu se realmente deveria contar algo tão delicado sobre a vida do melhor amigo, e acabou pressupondo que o tópico já não devesse ser tão sensível assim. Apesar de não vê-lo com alguém, também nunca mais o viu sofrer pelo assunto.

ㅡ Namjoon namorou com uma garota uns seis anos atrás. Os dois eram muito apaixonados um pelo outro. Eram fofos, dignos de um desses filmes clichês que ele assiste. Infelizmente ela morreu em um acidente de carro... Desde então ele não se envolveu com mais ninguém, e morre de medo de perder alguém que ama de novo.

É de se esperar que depois de uma ruptura afetiva, indivíduos frequentemente se engajem em comportamentos insensatos como uma tentativa de lidar com a dor emocional. Tal comportamento pode incluir relações sexuais sem compromisso, discussões exacerbadas, uso de substâncias entorpecentes e, em alguns casos, uma triste combinação dessas ações.

Depois de cinco anos num relacionamento monótono, tudo o que queria era fazer tudo o que não fez, para perceber no fim que nada daquilo era o que realmente estava procurando. A música alta ecoou por toda a boate. Um aglomerado de corpos suados dançando, casais confundindo o local com um motel, bebidas e drogas ilícitas. Todos pulavam numa euforia jamais vista.

Alguns realmente felizes, outros completamente drogados.

Taehyung, naquele estado deplorável, ainda conseguiu se perguntar o porquê de estar ali e como sairia de todo aquele pandemônio. Bêbado e tropeçando, conseguiu chegar até o banheiro masculino e mandar uma mensagem para Jimin.

— Vocês foram demais, meninos. Só faltou o Hoseok para ficar ainda melhor — elogiou o ruivinho para os dois membros do Cypher, que pareciam satisfeitos com a última apresentação.

A noite fora concluída em grande sucesso. Yoongi, que por muito tempo preferiu não se envolver com a música, nesse pequeno recesso que passou longe do Cypher, sentiu como se estivesse no céu ao dividir o palco com o melhor amigo. No fim, foram aplaudidos de pé, o suficiente para fazê-lo segurar as lágrimas.

Embora ainda fosse uma tarefa difícil para muitos entendê-lo, havia aqueles que se esforçavam para ao menos tentar. No entanto, só o rapper tinha conhecimento do que sentiu quando fora diagnosticado com o vírus. De início, achou que tudo estava perdido e que acabaria morrendo mais cedo do que imaginara. Ainda tinha em suas lembranças a lista que sua médica passara, quase como um primeiro desafio.

Pelo risco de infecções oportunistas, alguns alimentos deveriam ser evitados, como:

Produtos lácteos gordurosos feito leite, iogurte, manteiga, margarina e queijos. Carnes gordurosas, açúcar branco, refrigerantes e bebidas alcoólicas. Uma vasta lista com vários não pode. Yoongi estava tão sensível no dia, que acabou chorando ao ver que finalmente, após anos de tentativas mal feitas, teria que ser obrigado a seguir uma dieta saudável. Imerso em tristeza, acrescentou mais uma coisa na lista:

Chega de músicas.

Todo esse pensamento mudou quando viu o Cypher começar a crescer e o seu sonho pela primeira vez, estar se realizando. Claro, do jeito mais inusitado possível... Mas também não menos válido. A serenata, querendo ou não, acabou chamando a atenção das pessoas para o talentoso trio de rappers.

— Foi incrível hoje... — disse ele, com um sorriso que custou a sair de seu rosto — Jamais vou esquecer essa noite.

Jaebum finalmente saiu do estabelecimento vazio e trancou as portas. Por mais que estivesse apressado (a namorada não parava de mandar mensagens), gostava de conversar com os amigos após o expediente. As reuniões prolongavam-se quase como uma hora extra obrigatória, repleta de observações sobre a apresentação e comentários acerca de alguns clientes. Cansado, o bartender se espreguiçou e disse:

— Que noite! Fazia tempo que eu não via o público tão animado. Só faltou o Hoseok mesmo, vocês três nasceram pra cantar juntos. Ó, pega — ele entregou as chaves do estabelecimento para Namjoon, que agradeceu.

— Nós três sabemos disso — garantiu Hoseok, levando o olhar para Yoongi —, é por isso que não conseguimos ficar longe um do outro por muito tempo.

Ele piscou, fazendo Yoongi rir tímido. Todos permaneceram por algum tempo no pequeno estacionamento vazio do Cypher, conversando e sentindo a brisa leve e fria lhes fazer companhia. Era perto das quatro da manhã, e nem um deles parecia sonolento ou algo do tipo. Namjoon e Yoongi após um tempo resolveram ir embora juntos, e logo após Jaebum se despediu também.

— Pra ser sincero, o que você me disse sobre o Namjoon ainda não saiu da minha cabeça, Hobi — revelou Jimin, batendo o anelar no filtro do cigarro, eliminando o excesso de cinzas. — Ele deve ter amado muito essa garota para não conseguir esquecê-la.

— E amou — assegurou Hoseok, encostado na mureta — Talvez nunca mais ame alguém da mesma forma. Me sinto mal por ele.

— Sim... Agora eu também — Jimin deu o último trago, jogando as sobras no objeto utilizado para o descarte de cigarros de formato cilíndrico fixado ao chão. — Acho que vou indo nessa. Pretende ficar aí?

Após um longo bocejo, se espreguiçando, Hoseok respondeu:

— Não, eu te acompanho. Acho que o sono finalmente bateu.

— Nem me fale. Vou capotar quando chegar em casa.

Jimin sentiu seu celular vibrar no bolso e, ao ler a mensagem, seus olhos se arregalaram em surpresa. As mãos começaram a tremer e, notando a reação do amigo, Hoseok se aproximou para verificar o que estava acontecendo.

— Jimin? O que foi? Você está bem? — questionou, preocupado.

Jimin apenas entregou o celular a ele, sem conseguir dizer uma única palavra.

Ansioso e temendo o que poderia encontrar no celular, Hoseok leu uma mensagem incompleta de um pedido de ajuda e uma localização em tempo real. O rapper pareceu ficar tão apavorado quanto o amigo ao lado. Taehyung, sem conseguir digitar muito bem, disse que um cara estava o ameaçando, sem dar muitos detalhes.

— O que é isso, Jimin?!

— Eu não sei! Ele acabou de me mandar...

— O GPS está apontando para uma boate aqui perto. Ele está lá?

— Ele não me falou que iria sair hoje, acho que não quis falar para eu não me obrigar a ir com ele. Taehyung não sabe beber e muitos se aproveitam disso. Eu... Meu Deus.

— Merda! — vociferou Hoseok se agarrando a mão de Jimin, que estava visivelmente assustado, puxando-o consigo para que o acompanhasse.

— O que está fazendo?!

— É aqui perto, precisamos ser rápidos. Eu vou procurar ele pelo estacionamento. Você entra na boate e procura por todo o canto. Avisa os seguranças também.

Levou cerca de sete minutos para chegarem ao local. Jimin se dirigiu imediatamente à entrada da boate, enquanto Hoseok o procurou por todo o amplo estacionamento. Desesperado, começou a gritar pelo nome de Taehyung. Sua agonia só cessou quando não muito tarde avistou Jimin regressando, acompanhado do amigo.

— Graças a Deus — disse, soltando o ar que segurava e apoiando o cansaço nos joelhos.

Hoseok correu até eles e começou a disparar perguntas.

— Você está bem? Te fizeram alguma coisa? Alguém te machucou? Quem?

— Calma, Hoseok — pediu Jimin, agarrado ao amigo embriagado para que ele não caísse — Está tudo bem agora. Não é, Taehyung?

— Eu estou bem... — respondeu este, surpreso em ver o rapper.

— Ele estava trancado no banheiro — disse Jimin. — O que aconteceu, Tae?

Taehyung estava um tanto distraído, lutando contra a vontade de prender seus olhos em Hoseok, quando avistou um indivíduo alguns passos à frente, prestes a entrar em um Sedan preto. Ainda meio aéreo, ele apontou na direção do sujeito e disse:

— Ali. Foi ele.

Os dois viraram imediatamente para a pessoa. Aquelas simples palavras foram o suficiente para despertar a ira em um rapper de característica pacífica. Hoseok, sem nem pensar duas vezes, correu até o homem e o puxou pelo pano da camisa, virando-o e acertando um soco em seu rosto. O rapaz, atordoado, caiu no chão sem entender muita coisa.

— Seu... — Hoseok o agarrou pela camisa novamente, prestes a enterrar sua mão na cara dele mais uma vez, porém Jimin gritou, pedindo para que parasse. Hoseok hesitou, mas conseguiu controlar a raiva e o largou.

— O que você fez com o Taehyung, Jungho?

Jimin se direcionou ao indivíduo ferido. À vista disso, o rosto de Hoseok se contorceu em confusão. Sem entender muita coisa, perguntou:

— Espera, o quê? Você o conhece?

— Conheço... — Jimin suspirou. — É o meu irmão.

Os olhos do rapper dobraram de tamanho, e Taehyung, ainda segurado por Jimin, deu risada, completamente bêbado.

— Por que você me bateu?! — protestou Jungho, limpando o nariz que não parava de sangrar. — Eu não fiz nada com o Taehyung. Apenas o encontrei bebendo pra caralho e avisei que se ele continuasse, eu iria ligar pra você, irmão. Que saco! Que porra foi essa?

— Foi isso mesmo, Taehyung?

— Foi, Chimmy. Ele não parava de me ameaçar...

Entendendo o contexto, Hoseok mordeu o lábio inferior, balançando a cabeça em negação, sem acreditar no que estava acontecendo e na injustiça que havia cometido. Passou a mão pelo rosto, vitimado pela culpa de uma ação guiada pelo sentimento momentâneo que em nenhum outro momento de sua vida deixou que lhe controlasse desse jeito. As únicas vezes que chegou a bater em alguém de fato, foram nas vezes que defendeu Yoongi do bullying ainda na época da escola.

— Desculpa — disse ele — Perdão mesmo, cara. Achei que você tinha feito alguma coisa com Taehyung.

Jungho respondeu:

— A única coisa que eu fiz foi tentar ajudar.

— Eu lamento mesmo.

Hoseok estendeu a mão para que ele pudesse ter um auxílio ao se levantar, porém Jungho o ignorou e levantou sozinho.

— Vocês são loucos — disse ele, incrédulo. Como alguém tinha coragem de socá-lo em seu belo nariz? Logo no caro nariz! —, eu poderia chamar a polícia, sabia?

— Pelo amor de Deus, Jungho. Dá um tempo, vai — censurou o irmão mais velho, já irritado com toda aquela circunstância desastrosa. Fazia algumas semanas que os dois não se viam e em nenhum momento pensaram que o reencontro seria assim... Caótico! — Vai pra casa, depois a gente conversa.

— Loucos!

Jimin e Hoseok suspiraram em alívio quando o carro foi embora. Sem parar de reclamar nem um minuto, Jimin pediu ajuda a Hoseok para colocar o bêbado dorminhoco em suas costas.

— Acha que consegue? Posso levá-lo se você quiser — questionou o rapper, mas o ruivinho garantiu que já estava acostumado a carregá-lo em praticamente todo fim de festas.

Enquanto se dirigiam para suas respectivas casas, quase saindo do estacionamento da boate, a dupla inesperadamente se viu encurralada pelo carro de Jungho, que o posicionou no meio da passagem, retornando como se tivesse esquecido algo.

Ele passou alguns minutos contando sobre um ditado popular de origem no século XVII, que seus dois ouvintes presentes (Taehyung ainda dormia nas costas de Jimin) não entenderam muito bem.

— O que você está querendo com isso, irmão? Por céus, o que... Jungho! — exclamou Jimin, horrorizado.

— Com ferro fere, com ferro será ferido — concluiu Jungho — Para evitar qualquer ressentimento, optei por agir da mesma maneira que você agiu comigo. Até a próxima, hyung! Se me permite chamá-lo assim, já que você parece ser mais velho do que eu.

— Ora, seu... — Jimin, incapaz de conter sua raiva, estava prestes a confrontar o irmão. Entretanto, Hoseok o orientou a se acalmar, e, posteriormente, os dois decidiram permitir-lhe que partisse.

Ao adentrar o apartamento, Jimin levou Taehyung para o quarto de hóspedes, visando descansar o amigo em uma cama. Hoseok, por sua vez, ficou imóvel na porta, descrente e cansado por sempre se meter em confusão. Enquanto o ruivo cuidava de seu melhor amigo bêbado, Namjoon, ao ver o seu naquela situação, não pôde deixar de caçoá-lo enquanto fazia um curativo em seu belo e machucado (pela segunda vez) nariz.

— Número de socos causados pela figura de Kim Taehyung: dois. Os agressores identificados são Jeon Jungkook e Park Jungho! — disse ele em tom solene, parecendo um discurso formal digno de plateia. — Quem será o próximo a lhe acertar o nariz? Façam suas apostas!

— Cala a boca, Namjoon.

como eu falei na introdução de Falling: no final, vocês vão escolher um casal.
mais precisamente: escolher com quem o Jimin deve ficar.

claro, ainda vão ter muito mais interações nesse triângulo amoroso que ainda não apareceu muito, mas até aqui, se baseando na história de cada um, qual seria sua escolha?
#nammin ou #jikook?

Continue Reading

You'll Also Like

786K 23.9K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
206K 9.8K 25
Imagines dos personagens de Jujutsu Kaisen {em andamento}
1.2M 42.7K 46
Onde Victoria Gaspar passa uma noite com o jogador do Palmeiras Richard Rios,só não imaginava que isso iria causar tantos problemas.
62K 8.1K 31
A vida de Harry muda depois que sua tia se viu obrigada a o escrever em uma atividade extra curricular aos 6 anos de idade. Olhando as opções ela esc...