Sign of the Painted Map

By BiaCipherDreemur

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Em um mundo onde humanos e híbridos vivem "juntos". Divididos por ilhas, cada um vive sua própria vida de for... More

Prefácio
I
III
IV
V
VI

II

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By BiaCipherDreemur


"Pense no mundo que esse mundo pode ser

Quando você acredita"













Estava frio, mas não frio o bastante.

Não estava nem perto de ser confortável. O lugar era pequeno, o fazendo ficar em círculos infinitos, sem ter um destino.

Ele não podia se levantar e sair dali, suas pernas eram fracas e não aguentavam o peso de seu torso. Pelo menos era o que ele pensava. Além de que chamaria muita atenção dos humanos um híbrido simplesmente levantar dali e falar "Aê, pessoal. É que eu não tava mais afim de ficar ali não. Falou."

Sua pele doía com as queimaduras, mas não tinha como ele se esconder indo mais pra fundo no tanque, porque, além da piscina ser pequena, ele era grande demais.

A música era alta e repetitiva. Martelava em sua cabeça aquele ritmo e aquela letra.

"Just open your heart

Shine like the sun now

Reach out your hands

Worlds become one now."

Aquela melodia era tão alegre para os humanos que ali visitavam, mas o lembravam do dia fatídico em que sua vida, já péssima, se tornou ainda pior.

Ele podia gritar por ajuda, mas ele não conseguia, e mesmo se conseguisse, iria ser apenas mais um motivo pra ele ser punido e passar fome.

Com uma vocalização triste e baixa, ele continuou a ficar flutuando e girando na piscina pelo resto do dia, se perguntando o porquê dele e todos os outros ali merecerem isso.

Foi capaz de ouvir uma voz se dissipando que dizia: "Eles são felizes aqui! Já viram como ele tratam uns aos outros na natureza?"


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Erix estava sentado na sua cadeira de trabalho e balançando ansiosamente a perna enquanto observava o monitor de seu computador.

A imagem daquela parte da ilha dos humanos ainda carregava. Não era possível que demorasse tanto tempo assim. Será que ele teria que reiniciar as redes de seu laboratório de novo?

O robô grunhiu em insatisfação e levantou da cadeira, e nesse mesmo momento seu celular tocou.

Pensou que era Sebastian o enchendo o saco, mas para sua surpresa era alguém relativamente mas importante: Rei Alric.

Robôs não deveriam sentir a ansiedade que Erix sentiu ao ler o nome do rei na tela do celular. Com um suspiro, ele atendeu a ligação.

-- Posso ajudar, vossa alteza? -- ele perguntou e se xingou internamente. Sentiu que o tom de voz que ele usou foi muito falso.

Alric fez uma careta de leve ao ouvir Erix. Não por causa do tom, mas porque ele odiava ser chamado de "Vossa Alteza" pelos amigos próximos. O fazia se sentir egoísta.

-- E aí, Erix! -- o axolote respondeu numa entonação alegre. -- Como vai?

Estranhando a quebra de formalidade feita ali, Erix se recompôs. -- Tudo bem, e o senhor?

-- Oh, amigo. Eu queria saber o porquê de você não ter vindo na reunião hoje.

-- Bom, é que eu...

Uma pausa ocorreu. O silêncio devorou a ligação e o clima pareceu ficar pesado. Alric ia falar algo, mas foi interrompido por Erix:

-- Que porra é essa? -- falou o robô em um quase suspiro.

O axolote franziu as sobrancelhas em total desentendimento. Erix encarava a tela do computador com a mesma sensação de confusão que Alric sentia, mas ao perceber como havia falado perto do rei, rapidamente tentou se ajeitar.

-- Desculpa, vossa majestade! Meu Deus, me desculpa mesmo. Eu... Eu tenho que desligar! -- se afastando do telefone pra desligar, Alric o ouviu resmungar. -- Que desgraça é aquela?

Os bipes que sinalizavam o encerramento da ligação soaram do celular de Alric, que ainda tinha uma expressão confusa no rosto. Sua feição continuou do mesmo jeito até mesmo depois de ouvir a voz do irmão mais novo o chamar.

-- Alric, eu--... -- Archie se interrompeu ao ver a face do mais velho, e sem querer imitou a expressão também. -- Você tá bem??

O irmão levantou as sobrancelhas por um momento e ajeitou a face, aceitando que Erix estava ocupado naquele momento.


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Sebastian estava nadando perto da praia do reino.Havia acabado de amanhecer e ele queria aproveitar uma manhã bonita e silenciosa. Elias tinha ido pra algum lugar que ele não estava se dando o trabalho de lembrar. A orca estava apenas curtindo o mar calmo, as aves selvagens cantando, barulho das ondas batendo na areia e, não por vontade própria, o barulho irritante de um motor de barco.

Ele gostava das vibrações que faziam na água, eram relaxantes. Mas o barulho o incomodava um pouco.

Virando sua atenção para a embarcação, percebeu o rosto familiar de um robô muito amigável que amava o Sebastian como se fosse um filho.

-- Hihihihihi...-- a orca se aproximou do barco, em movimentos discretos, como um verdadeiro caçador. Sem chamar atenção enquanto nadava até lá, quando chegou na posição e na distância, Sebastian usou sua forte cauda para dar uma batida na lateral do barco, fazendo um barulho alto e seco, assustando Erix.

--Sebastian, seu merda!! -- gritou o robô desligando o motor, sem ao menos virar pra saber se era o amigo. -- Sabia que a porra da hélice do motor podia te cortar?? Eu não ia te salvar nem fodendo!!

-- HEHEHEHEHEH! -- foi a única resposta da orca, que tentou se subir no barco, quase falhando miseravelmente. "Quase", porque ele conseguiu, mas deu um baque de cara no chão por conta da diferença de gravidade da água com o ar. Ao se levantar como se nada tivesse ocorrido, Sebastian, com a mão na cintura e um sorriso que escondia a dor que ele sentiu com a queda falou -- E aí, nerd?

Erix mostrava uma feição desgostosa e esgotada com aquele jeito do amigo, mas ao mesmo tempo, acostumado.

-- Eu ia para a ilha dos humanos fazer uma observação e chegar se o sinal de uma parte da localização de lá melhora para a monitoria pelo meu computador. Preciso da elucidação de que está tudo bem-

-- Meu Deus, tu ainda 'tá falando? -- a orca o interrompeu. Sebastian amava agir um pouco ignorante com o robô. Era engraçado ouvir as engrenagens girando mais rápido e os coolers do robô funcionando enquanto faziam som de chaleira.

-- Eu ia te perguntar se você estaria interessado em me acompanhar até lá, mas quero mais é que você vá a merda. -- o robô resmungou enquanto voltava para a cabine de comando para voltar a ligar o barco.

A orca riu alto e Erix não conseguiu conter um sorrisinho de canto. Sebastian entrou na cabine, que já era meio pequena, e tornou o espaço ainda mais apertado.

-- Eu quero ir sim! -- o mais alto falou enquanto encostava o queixo na cabeça do robô. Erix olhou pra Sebastian com desdém, e de repente se lembrou de alguém que na maioria das vezes acompanhava a orca:

-- E o Elias?

-- PUTZ-


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O sol ainda brilhava forte mesmo sendo alvorada.

Ele ainda nadava em círculos, e para piorar sua situação, sua barriga roncava de fome. Quando foi a última que ele fora alimentado? Não se lembrava mais.

Um movimento na borda do tanque o chamou atenção. 

-- Oi, grandão! Bom dia! -- cumprimentou o humano enquanto se aproximava da água. -- Tá afim de peixe?

"Peixe morto. Eba." pensou ironicamente. Continuou a ficar flutuando, sem demonstrar interesse na suposta comida que queriam lhe oferecer. Ele morreria cedo mesmo, como todos os outros. Por que ele deveria comer?

A dor no seu estômago o lembrou o porquê.

O humano balançou o balde com gelo e peixe e falou em um tom alegre:

-- Bora tomar café da manhã, Thales!





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