HOTEL CARO โ” gabigol

By ellimaac

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By ellimaac

ESTOU SENTADA NO SOFÁ DA CASA DOS MEUS PAIS com um prato de comida cheio de carne assada e farofa que eu estou cutucando com o garfo já faz meia hora.

Eu não consigo comer nada pelo simples motivo de tudo estar me enjoando.

Estou me sentindo mal. Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento e meu peito está tão apertado que se eu parar pra pensar nas merdas que minha vida está arrecadando nos últimos dias, eu, com certeza, vou chorar e não vou parar mais.

Mesmo assim, forço meu corpo a fazer o que é certo e necessário. Por isso ergo a mão com o garfo e levo um pedaço de carne à boca.

Minha garganta está seca e mastigar é torturante demais para que eu consiga suportar. Nem preciso engolir para abandonar minha comida na mesa de centro e correr pro lavabo mais próximo onde me ajoelho sobre o vaso sanitário e não só cuspo a carne mal mastigada como também vomito o pouco que consegui me alimentar durante o dia de hoje.

— Ai que merda — gemo, dando descarga e me sentindo tão fraca que lágrimas involuntárias escorrem por minhas bochechas.

Ô, inferno. Eu não devia estar me sentindo tão mal. É Natal, caralho. É dia de comemorar com minha família. Encher a barriga de comida e dar altas gargalhadas com as piadas idiotas do meu pai. Nos reunirmos perto da churrasqueira e pedirmos mais carne. Ou preparar uma mesa cheia de sobremesa e devorá-la inteira.

Eu devia estar nesse clima.

Mas não.

O Natal desse ano está sendo uma porra. Minha vida está uma porra. E o motivo para isso está no que descobri na manhã do domingo passado.

Faz uma semana exatamente que eu descobri que estou grávida. Uma semana, porra. Tipo, isso é muito tempo. Tem uma criança crescendo dentro de mim. Em uma semana um olho deve ter se desenvolvido. Eu acho. Sei lá. Eu não sei nada sobre bebês e muito menos sobre gravidez. Não era para isso aqui ter acontecido.

Eu não sei se quero esse filho. Eu não sei nada no momento. Fiquei essa semana inteira indo do meu quarto para o banheiro e do banheiro para meu quarto, sem ter coragem de sair para olhar na cara de outro ser humano. E hoje estou sendo obrigada a enfrentar uma casa cheia, com pessoas que não medem as palavras para falar do bebê em minha barriga e do suposto pai que nem é meu namorado.

Há julgamentos, eu sei. Até eu estou me julgando. Não por ter ficado com o Gabriel. Mas sim por ter engravidado dele. Porra. Quando isso aconteceu exatamente? Eu fiz os testes de gravidez, mas não faço ideia de quantos meses estou e nem quando essa criança foi gerada.

Porra. Pensar sobre isso só me dá dor de cabeça ainda mais por lembrar que ela irá se desenvolver completamente dentro de mim para depois ter que sair pela minha vagina e, só então, que eu terei que criá-la.

A conclusão é que não estou pronta pra ser mãe. E seria muito mais fácil pensar nessa situação se o Gabriel Barbosa não tivesse contato para o MUNDO INTEIRO que seria pai.

Agora tenho que pensar não só nessa criança como também na imagem que isso pode gerar a mim e ao pai do bebê.

Minha família é a única a não ter acreditado ainda. Eles estão surpresos. Em choque. Meu pai, então, nem está falando comigo. Minha mãe me dá todos os conselhos necessários, mesmo que eu não preste atenção em nenhum. Sarah e Gustavo já estão pensando em presentes. Lucas está orgulhoso que vai ser tio do filho do Gabigol e consequentemente ter qualquer ligação com o mesmo.

Nas redes sociais todos me perguntam. Querem detalhes. Querem chá revelação. Querem casamento!! Os perfis de fofoca estão uma loucura. Estou sendo humilhada no twitter. Me chamam de puta. De maria chuteira. De tudo quanto é nome.

E eu... eu só quero poder decidir a minha vida sem a pressão que as pessoas impõem em cima de mim. Quero escolher o que é melhor pra mim. Quero escolher ser mãe e escolher amar meu filho. Não quero que se torne uma obrigação só porque não posso fugir disso.

Mas no momento, eu só preciso agir como a Luanna de sempre. A que se diverte e ama o clima natalino.

Respiro fundo, ajeito a maquiagem no meu rosto e saio do banheiro. Pego meu prato na mesinha e jogo a comida fora. Não vou conseguir comer. Não sem vomitar. Então é melhor parar de tentar, para meu próprio bem. 

No caminho de volta para a sala alguém me para:

— E aí, Lu? Como anda as coisas aí dentro? — Sarah abre um sorriso e indica minha barriga com o olhar.

— Não paro de vomitar. Não consigo comer porra nenhuma. E... — ah, merda. Desabafar é uma bosta. Meus olhos já estão lacrimejando. — Se eu parar pra pensar na minha vida, eu choro.

— Ah, Lu — minha cunhada abre os braços e me envolve. O gesto é tão carinhoso que não consigo deixar de chorar. Mas sou forte para não me entregar ao choro. Por isso limpo as lágrimas e me afasto rapidamente. — Você falou com o Gabigol?

— Só no meu aniversário.

— Vocês não se falam desde a final!?

— Ele me mandou mensagens — informo, me lembrando da enxurrada de mensagens que eu simplesmente ignorei. — Até me ligou, mas eu não estava pronta pra conversar sobre isso. Ainda não estou.

— Eu sei que deve ser muito difícil lidar com essa novidade, Lu. Mas você precisa conversar com ele. Pelo que todos viram, Gabigol está muito feliz com essa gravidez.

— Você acha que um filho vai melhorar as coisas? — pergunto, elevando um pouco o tom de voz. — Só vai me afundar ainda mais.

— Um filho vai te ajudar a colocar sua cabeça no lugar. Você precisa organizar suas prioridades. Organizar sua casa. Ficar de vez aqui em São Paulo se for o caso ou morar com o Gabigol.

— Não — nego de imediato. — Não irei morar com ele.

— Ele é o pai do seu bebê.

— E não deve abrir sua casa pra mim só por causa disso. Vou ser uma intrusa.

— Luanna, pelo amor de Deus. O que está acontecendo? Eu pensei que vocês já tinham acertado essa questão de sentimentos.

— A gente não namora.

— Porque não querem.

— E vamos ter um bebê. Eu só... — hesito, respirando fundo e me sentindo bem cansada. — Eu só não quero que um filho seja o motivo para... para que ele e eu fiquemos juntos.

— Olha, por que você não se senta um pouco? Vamos esquecer esse assunto. — Ela sugere, provavelmente notando o quanto o assunto ainda é delicado e conversar sobre só fará com que eu me sinta pior. — Vou pegar um pouco de mousse de maracujá, 'tá bom?

Assinto caminhando até a sala enquanto Sarah se afasta de mim. Mas ao invés de me sentar, eu fico encostada na parede. Me esforçando ao máximo em não pensar nos problemas que fodem minha cabeça.

Ouço a campainha tocar de repente e olho ao redor para saber quem dos familiares ainda não chegou. Não faço ideia de quem possa ser. Todos costumam chegar antes do jantar. E agora já estamos na sobremesa.

Minha mãe caminha até a porta e a abre para receber o novo visitante.

Meus olhos faltam saltar da minha cara quando o vejo, sem conseguir acreditar que está mesmo na minha casa.

Fico com os olhos naquele homem mais tempo do que eu posso acreditar. Vendo suas roupas bonitas e caras ou até o embrulho em suas mãos, um presente. Encaro seu rosto, fitando seus olhos como se eu pudesse decifrar sua visita só em ver a verdade em suas pupilas.

Gabriel cumprimenta minha mãe com uma facilidade absurda. Ela até sorri para ele, o abraçando com carinho como se ele fosse o genro que ela sonhou em ter.

Minha mãe dá espaço para que ele possa passar e aponta exatamente para onde estou encostada.

Agora os olhos de Gabriel estão em mim e eu não sei o que fazer. Sinto vontade de correr. De fugir. Fingir que não existo. Sei lá. Até a ideia de me esconder em meu antigo quarto passa pela minha mente. Mas o que faço está longe de ser qualquer coisa pela qual eu tenha planejado. Não. Eu permaneço onde estou. Imóvel.

Gabriel está com os lábios pressionados quando se coloca de frente para mim e leva longos segundos até pronunciar a palavra mais idiota do mundo:

— Oi. — Seu olhar desce por meu corpo brevemente só para me analisar e eu percebo quando para em minha barriga. Estão todos fazendo isso. Todos curiosos com o serzinho que habita em mim. — Você está linda.

Ele volta a me olhar no rosto, meio inseguro.

— Obrigada — agradeço, minha voz falha quase desaparecendo. Limpo a garganta e forço um sorriso. — Você está... — olho para ele e o admiro. Eu amo o estilo de Gabriel Barbosa, meus elogios nunca serão falsos. — Você está lindo, Gabriel.

— Que bom — ele sorri, parecendo mais a vontade ao olhar para si mesmo. — Fiquei com medo da roupa que eu devia vir para impressionar sua família.

— Talvez com uma camisa do Palmeiras.

— Nem fodendo! — ele bufa, negando com a cabeça. — O dia que eu colocar aquela blusinha, pode ter certeza que eu fiquei biruta.

— Se quer impressionar minha família, terá que fazer alguns sacrifícios.

— Meu amor, camisa do Palmeiras não. — Meu peito se aperta por ouvir como me chama. De alguma forma soou tão significativo para meu coração que eu facilmente me iludiria. Entretanto, eu me decepciono. Pois não temos nada oficial a não ser uma criança dentro de mim. — Faço qualquer outra coisa. Jogo bola com seu pai e deixo ele ganhar. Aí ele vai poder esfregar na cara de todos que ganhou do craque do Flamengo.

— Até para impressionar meus pais, seu ego é gritante.

— Que isso — ele abafa uma risada. — Falei alguma mentira?

— Você se acha, Gabriel.

— Não me acho, não. Sou verdadeiro. Seu pai pode ser o cara mais fanático do mundo pelo Palmeiras, mas a filhinha dele vai ter um filho com o craque do Flamengo — a mão de Gabriel se ergue de repente e toca em minha barriga sem que eu nem perceba. — Um filho comigo.

Meu coração falta parar e eu sinto o bile se acumular em minha garganta. Pisco para afastar a sensação, mas provavelmente minha cara está me denunciando pois Gabriel afasta a mão e se arrepende de ter tocado em mim sem minha permissão.

— 'Cê 'tá bem?

Respiro fundo e assinto a sua pergunta.

— Sim — limpo a garganta. — Sim. 'Tô bem. Me fala... — preciso mudar de assunto. — Veio na minha casa assim do nada por que?

— Ah, eu que chamei, Lu! — diz Gustavo se aproximando da gente e colocando o braço em volta do pescoço de Gabriel. — Meu cunhado tem que estar presente nas festas em família.

Que merda é essa?

— O que você usou? — estranho essa simpatia completamente inusitada.

— Nada, ué — ele franze o cenho. — Vocês vão ter um bebê e o melhor jeito de deixar as coisas naturais, é agindo com normalidade. Então... vamos fingir que Gabriel Barbosa é seu esposo e que vocês planejaram esse bebê.

Esse claramente não é meu irmão. Provavelmente foi possuído por um alien. Um que é do bem e quer me ajudar pelo visto. 

— Pra mim vai ser um prazer fingir ser esposo da Luanna.

— Humm — Gustavo sorri maliciosamente. Sim, isso mesmo. Ele está sorrindo pro Gabriel e não querendo matá-lo. Aconteceu alguma coisa que eu ainda não sei. — Que pilantra romântico da porra. Me ganhou, parabéns.

Os dois apertam as mãos num cumprimento de paz.

— Vou até pegar uma bebida pra você — diz Gustavo com a gentileza que nunca o vi ter até então. — Aceita um vinho?

— Opa, claro.

Logo meu irmão se afasta pra buscar a tal bebida.

— Isso aqui foi bizarro pra caralho — digo com uma careta de confusão. Esses dois com certeza estão drogados. Nunca que se dariam tão bem assim por motivos normais.

— Seu irmão não podia esconder a admiração por mim pra sempre, né, preta?

— O Gustavo ficou puto quando soube, Gabriel. Você não faz ideia. Na minha cabeça ele nunca, em hipótese alguma, simpatizaria com você.

— As pessoas mudam — Gabriel dá de ombros. — Bom... Trouxe pra você — ele me entrega a caixa de presente. — Acho que você vai gostar.

— Se for uma blusa do Flamengo, eu vou jogar fora.

— Quanta ingratidão.

Dou risada enquanto puxo o laço e desembrulho o presente, me sentindo meio ansiosa.

Abro a caixa e dou de cara com um body branco com várias listras azuis estampadas pelo tecido. Além de um all star minúsculo que é a coisa mais fofa que eu já vi na minha vida.

— Esse presente é do bebê, na verdade — informa Gabriel.

— É lindo — digo, sentindo meus olhos se encherem d'água. Ai que porra, estou mais sensivel que o normal.

— Seu presente é esse aqui — ele pega a caixinha preta menor dentro da caixa e retira um colar de prata de dentro dela. — Eu queria alguma coisa que tivesse significado e me lembrei de uma conversa nossa.

Ele coloca o colar na minha mão para que eu possa olhar melhor, o pingente em evidência sobre minha palma. O brilho da prata reluzindo naquela lua com uma pedrinha escura no meio que eu não sabia dizer qual era e nem se tinha significado.

— Você se lembra daquela vez que a gente conversou sobre apelido? — Ele me pergunta, mesmo quando meu olhar continua fixo em meu presente.

— Que você me disse que iria me chamar de Lua para homenagear o meu avô? — Ergo a cabeça para encará-lo e o vejo assentir com um sorriso no rosto. Um sorriso lindo que estranhamente aperta meu peito.

— E que eu teria que comprar uma coisa com pingente de lua pra nunca esquecer — acrescenta, indicando o colar com o queixo.

Ele se lembrou dessa conversa.

Foi a mais de um mês. E mesmo assim ele se lembrou.

Eu me lembro dessa conversa, pra falar a verdade eu me lembro de quase todos os nossos momentos juntos. Todos eles tiveram, por menor que fosse, um significado pra mim e ficaram marcados em meu coração. Eu só não fazia ideia que para o Gabriel era do mesmo jeito, afinal era só sexo, né?

Engraçado pensar que era realmente só sexo e agora ele está na minha casa numa noite de Natal, presenteando não só a mim como ao nosso bebê que ainda nem nasceu.

Puta merda. Nosso filho. Eu ainda não consigo acreditar que isso é real.

— Eu amei — esclareço com a voz rouca e só foi preciso dar um passo pra frente para já estar envolvida no calor de Gabriel, sentindo seus braços me abraçarem.

Sua mão pousa exatamente em minhas costas, bem onde minha pele está exposta pelo vestido com um detalhe maravilhoso nas costas. Ele me acaricia. Parece simples. É só um contato. Mas pra mim é como se ele estivesse me tocando pela primeira vez.

— Gabriel Santo Barbosa!  — exclama alguém se aproximando da gente e nos obrigando a nos separar. — É uma honra do caralho ter você aqui no meu pedaço.

Olho para trás no momento que Lucas praticamente pula nos braços de Gabriel e o envolve.

— Caralho, eu 'tô tão feliz que eu vou até chorar! — Gabriel faz uma careta sem saber ao certo se deve retribuir o gesto afetivo.

— Eu tentei mantê-lo longe — informa Sarah vindo logo atrás e puxando meu irmão pela camisa pra longe de Gabriel. — Mas ele foi mais rápido.

— Ele usou droga? — pergunto olhando pra situação deplorável de Lucas, ele com certeza está alterado. Eu sei que ele é fanático pelo Gabigol, mas isso aqui ultrapassa todos os limites.

— Eu não posso cumprimentar meu cunhado mais? — Lucas me pergunta com a voz arrastada.

— Ele bebeu — informa Sarah, cruzando os braços e fazendo uma cara feia pro meu irmão mais novo. — Mais do que devia e escondido.

— Ai! — Ele geme com impaciência, revirando os olhos. — Eu só bebi um pouquinho. Só um pouquinho assim — ele ergue a mão e quase junta o polegar com o indicador, tentando mostrar a quantidade de bebida que ingeriu. — Por favor, não conta pra mamãe. Ela vai me matar quando... Ê fodeu.

Lucas desvia o olhar e eu faço o mesmo só para ver uma mulher muito bem sorridente se aproximar da gente. Mais especificamente de Gabriel, onde ela o agarra pelo braço.

— Você ainda 'tá aqui dentro, meu filho? — Ela pergunta. Vejo Lucas dando um passo para trás e, então, fugindo de mansinho para não ser descoberto. — Venha, vamos lá pra fora e assim você pode comer um pouquinho.

— Claro, Dona Rita — Gabriel demonstra gentileza, me olha só para me lançar uma piscadela e com carinho, ele acompanha minha mãe até o quintal onde está a farta mesa de comida.

— Então ele 'tá mesmo aqui? — Sarah diz ao se virar em minha direção, logo reparando no embrulho em minhas mãos. — E trouxe presentes!

— Pra mim e pro bebê — digo, entregando a ela para que possa analisar. — O Gustavo que convidou e isso é bizarro pra caramba.

— Pois é — Sarah diz enquanto abre a caixa. — Quando ele me falou que iria convidá-lo, eu quase pensei que meu marido tinha sido possuído. Mas, pelo visto, os dois entraram num acordo de paz para o seu bem.

— Ainda bem — suspiro aliviada. — Estou cansada de brigas.

— Eu também e... Ah, meu Deus! — Sarah pega o body e o leva até o nariz para cheirar. — Que coisa mais fofa. Olha esse All Star também, meu Deus! Que fofura.

— Gabriel me deu esse colar também — ergo a mão com a correntinha e o pingente de lua. — Aliás, coloca aqui pra mim.

Fico de costas e Sarah rapidamente faz o que eu peço, pretendendo o colar em meu pescoço. Depois disso, nós levamos a caixa com o presente até o meu quarto e logo em seguido fomos para o quintal onde a primeira coisa que vejo é um Gabriel, ainda ao lado de minha mãe, enchendo o prato de feijão tropeiro e vinagrete.

Eles estão rindo enquanto os observo e sinto uma bizarra sensação bem no alto do estômago. Uma pela qual faz meu coração acelerar. É estranho demais ver essa interação. Não pensei que Gabriel estaria numa festa de natal na minha casa e muito menos seria tão bem recebido pela minha mãe e o restante de minha família. Isso aqui até parece um sonho de tão perfeito.

Mas nada que é bom dura pra sempre.

Pois assim que eu me aproximei deles e Gabriel já estava com o prato de comida pronto, outra pessoa também decidiu se aproximar. Um homem calvo com a camisa do Palmeiras, porque nem no Natal esse velho abandona o time.

— Ah, então, o filho da puta que engravidou minha filha chegou.

— Pai — suplico, olhando para ele já prevendo o que vai acontecer. — Por favor, agora não.

— Zezo, lembre do que a gente conversou — minha mãe diz a ele.

Gabriel deve estar com a respiração presa uma hora dessa pois está imóvel olhando para o velho a sua frente que não deveria lhe dar tanto medo assim.

— E lembra do seu coração, seu Zezo — Sarah não deixa de avisar.

— É verdade, viu, pai! — grita Gabriela que estava tirando um pedaço de carne da grelha. — Você esqueceu de levar pro Qatar e ficou pior.

Meu pai, depois da "surpresa", ficou internado no hospital terça e quarta porque a pressão estava muito alta. Deu um susto na gente. Depois voltou pra casa e minha mãe teve uma bela conversa com ele que o fez abrir a mente para a minha situação. Ele me respeitou de certa forma, mas não fala comigo desde então.

— 'Tá! —Ele bufa, suspirando e encarando o homem a sua frente. — Pelo menos não veio de vermelho e nem com a camisa do Flamengo.

— Eu tenho respeito, senhor — Gabriel diz, abrindo um sorriso.

De repente uma lembrança me vem à memória.

Meu pai me disse no dia que soube que eu estava tendo um caso com o Gabriel, que não queria que eu passasse pela porta de casa de mãos dadas com o jogador dizendo que o presente dele era um neto. O velho profetizou.

— Acho bom mesmo — meu pai pressiona os lábios, observa o olhar mortal de minha mãe e depois se volta pra Gabriel, estendendo uma mão a ele. — Seja bem-vindo a família!

Porra.

Quem estava com a respiração presa era eu. Caralho!

Isso realmente aconteceu? É verdade?

— Aleluia! — exclama Sarah em voz baixa.

Meu pai retribui o sorriso do Gabriel e se retira, voltando a ficar ao lado de Gabriela e a ajudando com a carne.

— Meu marido demora pra entender as coisas — diz minha mãe ao Gabriel. — Agora se sente pra poder comer.

Gabriel se senta e o seu olhar é o que me faz sentar ao seu lado.

— Arrumei um violão! — Gustavo sai de dentro de casa trazendo o antigo instrumento que há anos não o vejo tocar. Devia estar empoeirado em seu quarto. — Vamos cantar a música de Natal da mamãe!

— A da mamãe, não! — Exclama Lucas pela janela da cozinha. Ele estava enchendo um copo de água. Com água da torneira. Balanço a cabeça, indignada. É por isso que adolescentes não podem beber. Não conhecem limites. — Essa é muito chata.

— A da mamãe, sim, seu pivete! — Retruca Gustavo, ignorando nosso irmão e se sentando no banquinho de madeira ao lado da churrasqueira. Logo ele começa a dedilhar no violão e uma melodia muito conhecida começou a soar pela nossa casa. — Now I've heard there was a secret chord...

Minha mãe se senta ao lado de meu irmão e começa a cantar junto com ele. Logo todos estão bem acomodados nas cadeiras que foram postas aqui no quintal, ouvindo a canção. E ao chegar no refrão, nos unimos num coral e cantamos Hallelujah. Até Gabriel, ao meu lado, largou a comida para poder cantar também, cantou o refrão que era mais conhecido e menos difícil de errar.

E falando em Gabriel, ele ficou tão bem acomodado que passou o braço em volta da minha cintura, me puxou pra mais próximo e sua carícia em minha barriga me fez deitar a cabeça em seu peito. Daquela posição nós ficamos enquanto ouvíamos e cantávamos a música.

E pela primeira vez naquele dia, eu finalmente me senti em paz. Senti meu coração se preencher e minha respiração se igualar. O clima ficou leve, nós ficamos alegres. Me senti em casa. Aquela sensação inocente que só se sente em momentos únicos, daqueles que te fazem viajar pelo passado e voltar à infância.

Agora estou nos braços de alguém que invadiu a minha vida e a transformou completamente. E mesmo sabendo a grande confusão que isso gerou, ainda me permito sentir paz. Pois estou rodeada das pessoas que eu mais amo, ouvindo uma clássica música de família e, enfim, aproveitando verdadeiramente uma noite de Natal.

Esse capítulo está no meu top 3 de favoritos. Eu amo tudo que aconteceu aqui.

Desculpem a demora, minha rotina voltou à normalidade e minha vida está atolada de tarefas do meu trampo e da minha faculdade.

Mesmo assim, sigo escrevendo. Espero que vcs estejam gostando e estejam ansiosos para o desenvolver dessa história pois podem acreditar muita coisa ainda vai acontecer.

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