Priscila...
Segui sem acreditar que aquele lá lá lê lá, na cabeça do casal era só conhecidencia.
Passamos uma tarde agradável e depois que Pança , Felipe e Eny haviam ido para casa e Rafael havia me colocado para dormir no mesmo quarto que a Duda, resolvi saber se o casal era realmente confiável, já que no Pança sei que posso confiar pois sempre que toco nele ouço seus pensamentos que na maioria das vezes é alguma coisa sem vergonha sobre parte do meu corpo ou algo sobre algum jogo de computador.
Estava Duda e eu ensaiando para dormir em uma cama exageradamente grande quando decidi perguntar:
- Duda você confia em Felipe e Eny?
- Sim , Eny me ajudou a sair do hospital quando cheguei aqui, O Filipe é primo do pança e é bastante confiável, ajudo ele com trabalho de digitação ou pelo menos ajudava. - Duda respondeu com a voz lenta parecendo ter tomado 3 soníferos de uma vez só.
Duda puxou a coberta para ficar mais confortável e virou de lado e quando fechou o olho para dormir ouvimos um barulho estranho la fora que mais parecia briga.
-Eu tenho certeza de que a Duda está aí , deixa eu entrar ou pularei o muro.
- Boa Sorte com a cerca eletrificada e com os cachorros. - Rafael falou.
- Isso é cárcere privado. - O sujeito gritou e então ouvi Duda falar:
- É o Jean.
A comissária de vôo fez menção em ir para baixo mas segurei em sua mão.
Se quiser pode me chamar de paranóica mas não acho que seja a hora de falarmos com ninguém que não tenhamos 100% de certeza de quê não vai nos entregar para polícia.
- Eu confio no Jean .
- Mas eu não. Duda foi mal te tratar mal lá no avião e coisa e tal, não vai demorar muito para eu sair da tua vida prometo, mas enquanto eu estiver aqui por favor não faça nada que me leve para Sedona novamente.
- Ok . - Duda falou .
-Duda é minha namorada , você não pode me impedir de vê-la. - O tal do Jean gritou e ouvi silêncio por 2 minutos , depois Jean voltou a gritar por 15 minutos até que Rafael abriu uma pequena porta no portão principal e soltou um dos dois Rottweiler que colocou ou rapaz barulhento para correr.
Colocamos o rosto próximo à janela para vermos a cena e ri vendo o dog dando uma carreira no sujeito. Eu ainda estava rindo quando Rafael entrou pela porta do quarto e falou:
- É muito estranho Jean aparecia aqui exatamente quando chegamos de viagem. Assim que chegamos olhei no sistema de segurança e não tinha nada de diferente por todo esse tempo que estive longe e foi só chegarmos que ele aparece? Vou ligar para a família Loureiro e vocês vão passar um tempo com eles. Eu já havia pedido para remarcar em minhas consultas então não vai dar para levar vocês, vou pedir para o Pança levá-las às 4:00 da madrugada. Duda Eu sei que você não gosta que eu fique dando ordens sem perguntar a sua opinião mas é para seu bem.
- É mesmo para meu bem ou apenas quer me manter longe de Jean porque ele falou que é meu namorado? - Duda perguntou. - Você nunca estavas disponível.
- Duda independente de qualquer coisa acho que é bom irmos para um lugar seguro e assim que der a gente volta não é nada permanente.- falei realmente acreditando que era o melhor a ser feito no momento.
- Ok, mas vou ficar lá no máximo por mês nada além disso quero voltar para minha casa.
- Tudo bem . - Falei mesmo vendo Rafael revirando os olhos deixando claro que um mês é muito pouco.
Duda e eu pegamos as roupas que Rafael e Pança compraram para a gente em São Paulo com um cartão com o limite incrivelmente alto e que não sei porque quebrar o ao meio e jogar no lixo depois de usar. Depois de fazermos nossas malas deitamos novamente na cama e fingir dormir até que tive certeza que Maria Eduarda estava dormindo e então desci as escadas para conversar com Rafael.
Rafael estava sentado na mesa de jantar com um copo de whisky na mão e com cara de poucos amigos.
- Melhor ela passar um mês para onde vai nos mandar do quê falar que não vai. Tenha paciência com ela, ela é adulta e não vai gostar se ficar tratando ela como uma criança. Eu sei muito bem que aquele resgate e essa viagem para ficar mais segura não é sobre mim, é sobre a Duda mas tudo bem. - Falei terminando de descer as escadas.
- Da para entrar na cabeça dela E fazer ela mudar de opinião?
- Até dá, mais se ela desconfiar que estou mexendo na cabeça dela ela nunca mais confiará em mim e eu não estou disposta a pagar esse preço. Eu só tenho você e ela nessa bendita dimensão, eu só confio em vocês e em mais ninguém, não posso perder a confiança dela.
- E o Pança? Você não gosta dele? - Rafael perguntou-me deixando sem graça.
- Eu acho que gosto, tá eu só tenho você a Duda e o Pança e não quero perder nenhum de vocês.
Duda dormiu como criança por toda noite enquanto eu fiquei bebendo com Rafael até as duas na madrugada e depois fiquei rolando na cama, pois toda vez que eu tentava dormir sonhava com os médicos me dando choque ou me mergulhando em água extremamente gelada em Sedona.
3:40 da madrugada ouvi a campainha tocar e acordei a Duda, trocamos de roupa, escovamos os dentes , guardamos nossas escovas em nossas malas e finalmente descemos para sala.
Pança me cumprimentou com um beijo no rosto e me deu um abraço , comemos alguma coisa e nos despedimos de Rafael. Entramos no carro do Rafael com Pança no volante eu do lado e Duda no banco de trás. O céu ainda estava escuro quando saímos da casa de Rafael. Pança explicava que o caminho não era longo, ligou o som do carro e começamos nossa viagem.
Antes mesmo de sair de Vitória Pança parou em um posto de gasolina e mandou encher o tanque , em seguida conversávamos sobre coisas banais até que comecei a falar como essa dimensão era parecida com a minha e quero estranho e solitário está em um lugar onde não conheço ninguém.
Paramos de falar quando chegamos mais ou menos na altura de Fundão e a música lenta que tocava na rádio estava deixando Duda e eu sonolentas, então notamos que o rádio parou de tocar a música e começou a chiar.
- Estranho, o GPS parou de funcionar. - Falei olhando no painel do carro.
-Não devíamos estar entre plantações de milho, aqui tem no máximo plantações de mexerica. - Pança falou encostando o carro no acostamento e pegando o celular para olhar no GPS do mesmo onde estávamos mas o GPS do celular também não estava funcionando.
Saímos do carro e começamos a olhar a nossa volta e só havia plantação de milho para onde olhávamos com exceção de um lago um pouco a frente.
Tentei ligar para Rafael mas o celular não tinha sinal.
Um carro passou por nós e estranhamente não conhecia o lugar de onde era aquela placa e nem a marca do carro. O carro começou a da ré e ficamos felizes pensando que iriam nos ajudar dando informação de para onde teríamos que ir para chegar em santa Teresa mas não foi isso que aconteceu : homens muito altos saíram do carro , parecendo espantados e acenando para a gente. Foi então que percebemos que esse homens não pareciam humanos.
- Entrem no carro. -Pança gritou e nem eu nem Duda achamos isso uma má ideia.
Pança saíu em disparada com o carro.
Enquanto estavamos fugindo, notamos que o asfalto era branco e que 3 veículos esquisitos, em formato de dirigível começaram nos seguir.
Pança acelerou até que os veículos misteriosos estivessem fora de alcance e, quando alcançamos as famosas subidas em curvas que não acabam nunca, pensamos finalmente ter voltado para a estrada que levava Santa Teresa porém não tínhamos certeza . Pança continuou acelerando desesperadamente até que o carro parou.
- Por que parou? - perguntou Duda.
-Estamos sem gasolina . - Pança falou enquanto olhava para o painel do carro. - Mas eu enchi o tanque antes de sair de Vitória.
Pança começou a ficar nervoso e chorar copiosamente.
- Que merda é essa? Ficamos andando quilómetros e quilómetros em lugar desconhecido com pessoas estranhas atrás da gente e saímos exatamente no mesmo lugar que estávamos antes dessa loucura começar. Eu juro que não fiz nada de errado eu faço esse caminho desde os 18 anos conseguiria fazer de olhos fechados. Como fomos parar naquela plantação de milho? - Pança chorava de soluçar de tão nervoso que estava.
- Calma Pança. - Duda falava ainda com a voz meio lenta.
Olhamos à nossa volta e havia um posto de combustível 15 metros de onde estávamos.
- Quem vai comprar combustível? - Perguntou o Pança.
- Como assim? Você é o homem. - Falei dando um tapa em seu ombro.
-E aquele papo de direitos iguais? - Pança falou sério.
-É de cair o cú da bunda. - Falei e ficamos em silêncio olhando para a loja de conveniência para ver se alguém saía de lá para termos certeza que tínhamos voltado para nossa dimensão ou se iríamos virar ratos de laboratório de Ets.
Depois de 5 minutos em total silêncio um barulho fez com que gritássemos em coro.
Toctoctoc .
-O tiu, me dá cinco real para comprar dois pão.
Olhamos pela janela e um garoto de mais ou menos 7 anos dava soquinhos no carro enquanto pedia dinheiro.
- Toma 20 garato. - Pança falou aliviado.
Eu nunca fiquei tão feliz de ver uma pessoa pedir dinheiro, como fiquei vendo aquele menino. Aquela era prova que precisávamos para ter certeza de que estávamos de volta em nossa dimensão.
Empurramos o carro por 15 metros e Pança mandou que enchesse o tanque novamente. O resto na viagem foi bem tranquilo e chegamos em pouco tempo a casa da família Loureiro.