Após a rápida conversa com o pastor Hector se retirou, deixando Lucas sentado com sua parente. Ele supervisionava a cozinha para que não faltasse nenhum alimento, mas com o passar do tempo sentiu a fome de algo que saciasse melhor.
- Príncipe, vamos almoçar? – Disse ao pé do ouvido do pequeno. – Quero descansar um pouco também, quase não dormir.
Acordou com os familiares, que Fabricio ficaria ali junto com os irmãos de comunhão da velada. O empresário aproveitou a oportunidade e solicitou que os motorista tirassem o tempo de alimentação junto a família e orientou os que ficariam ali e provavelmente o dia todo.
- A van está em total disponibilidade após eles tirarem o horário de almoço. Ouvi que algumas pessoas querem vir, mas não tem como faça um aviso que o carro irá buscar elas a partir de alguma hora. – O diretor falou com a filha, o viúvo e o pastor. – Não tenham medo de solicitar os motoristas para irem aos lugares, só precisa de alguém para acompanhar.
E assim os carros saíram em partida ao restaurante mais próximo, algo complicado, pois já se passavam das 13h e como era um interior tudo havia fechado cedo. Finalmente, após rodarem um pouco acharam um.
O almoço tinham o luto como tema, apesar de ter tranquilidade em alguns rostos. Todos comeram a ponto de sentirem satisfeitos e Judith, assim como o loiro, mostrava um semblante de cansaço além da dor de velar uma filha.
- Sua avó está muito cansada, o que acha de eu levar ela um pouco em casa para descansar?
- Vamos nós três, preciso dormir um pouco também.
Bruna levara um quentinha ao seu pai, que ficou na igreja, Alberto e Gabi voltaram juntos na van enquanto o trio partiu para casa dormir um pouco. A sênior agradecia ao homem por se preocupar tanto com ela e Lucas apenas sorria no banco de trás com o bom relacionamento da família com o amado.
Chegaram e Hector apenas se jogou na cama do jeito que estava, sem nem tirar a meia ou se tapar, o companheiro pôs uma coberta em cima do moço que apagou em menos de um minuto deitado. Ele, o cacheado, entendia que estava cansado. Foi a cozinha e via sua avó olhando para tudo e derramando lagrimas.
- Meu neto, não há dor maior que vê uma mãe vê um filho no caixão. Entendo que Deus cumpriu com os planos dela na terra, mas me dói muito. – Ela secou as gotas que escorriam em seu rosto. – O que me tranquiliza é que o novo membro da nossa família é um anjo, não há palavra melhor que essa. Não pelo dinheiro e sim pela bondade.
O rapaz abraçou a senhora e ambos choraram intensamente. A senhora também foi posta na cama com a ajuda do pequeno, que igualmente a cobriu e deu um beijo em sua testa. Ele voltou ao lado de seu amado e depois de pensar no que tivera acontecendo adormeceu.
O trio acordou quase todos juntos, cerca de 2 horas após adormecerem. Hector pediu para tomar um banho rápido e trocou de roupa, tirou a blusa e calça social e colocou uma calça jeans escura, blusa de gola polo preta e um sapato dockside azul marinho. A surpresa foi ele retirar a lente e surgir com óculos de grau e o namorado vê-lo com os olhos tão azuis que chegava a ser cinza.
- Você fica com um olhar tão amedrontador quando está sem lente.
- Por isso elas são coloridas. Eu dormi com elas, meu olho ficou muito cansado, vou ficar sem umas horas ou coloco só amanhã.
- Você é a mistura do Rodrigo Hilbert com aquele namorado da Shakira. – Disse Judith na porta do casal. – Só que seus olhos são mais claros e seus cabelos também.
- Obrigado. - Agradeceu sem graça. - Estão prontos?
Partiram mais uma vez para a igreja. O trajeto era curto e logo chegaram, mas agora a quantidade era maior de pessoas e muitos olhavam para o carro do homem – um evoque chamava atenção – e olharam mais quando desceram.
Hector, como sempre fizera, apenas ignorou e pediu ao seu querido que também fizesse. Eles estavam terminando de falar com as pessoas que tinham ficado quando um Corolla encostou e desceram duas moças que imediatamente foram reconhecidas pelo cacheado.
- Bianca e Beatriz chegaram.
Elas eram muito semelhantes entre si e ainda mais com Bruna, que veio abraça-las. As moças tinham os olhos extremamente inchados e antes de falarem com todos entraram. Dentro da igreja elas choravam alto e amparadas pelo pai e irmã elas conseguiram se acalmar aos poucos.
- Muito obrigado pela ajuda, vou colocar as bolsas delas na van para te liberar. – Disse o empresário ao motorista, que diferente dos seus colegas, vestia um terno preto e uma fina gravata preta com uma blusa branca.
- Disponha senhor Wannec. Estamos todos nós a disposição de você e sua família. Só algo para acrescentar, as moças que estavam comigo pareciam mais aflitas que o normal, acredito que talvez seja necessário um calmante.
- Obrigado pela colocação. Farei o possível para mitigar a situação delas.
- Desejo meus pêsames e que possa servir novamente sua família em um momento mais feliz. – Disse o motorista dando um aperto de mão no seu chefe e se retirando com o veículo.
- Você disse que éramos sua família? – Perguntou o namorado que ouviu toda a conversa em silencio.
- É isso que todos vocês são pra mim.
- Eu te daria um baita beijo por isso, mas infelizmente seriamos expulsos a paulada se fizesse.
O loiro apenas abrasou seu pequeno e afagou o cabelo dele. Nada do mundo explicava a sensação do coração de Hector que precisava dar o mundo ao rapaz que estava entrelaçado em sua barriga derramando algumas lagrimas.
- Amor, me tira uma dúvida. – Interpelou Lucas. – Por que eles só te chamam de senhor Wannec?
- É a forma como a supervisora deles me chama, ela tem um certo medo de mim.
- Por que?
- Eu sou o único que posso manda-la embora.
- Espera, você é dono dessa empresa deles?
- Exatamente, gatinho, por isso eles mandam os melhores carros e melhores motoristas e tão rápido.
Agora era compreensível que os pilotos simplesmente faziam tudo que era solicitado, tendo em vista que eles precisavam mostrar serviço. O patrão tinha um comentário de ser um dos melhores clientes de se trabalhar, pois tentava dar o máximo de conforto, além de fama de gorjetas.
- Agora eu entendi. De fato o dinheiro ajuda em alguns momentos, mas mesmo sem isso tudo eu já seria imensamente grato por você está ao meu lado.
O casal voltou as vistas e foi conversar com Bruna sobre a informação trazida pelo motorista, a menina estava levando um copo de agua para Beatriz, a mais aflita delas. Talvez o remorso de terem perdido o tempo perto da mãe longe bateu naquela hora que a viram no caixão, pensava Lucas.
- Prima, o motorista orientou para que se pudéssemos dar um pouco de calmante, Hector tem um na bolsa.
- Mas acho que fazer elas dormirem não seria uma boa coisa. – Comentou a moça.
- Eu preparo numa dose onde elas ficarão apenas calmas, sem sentir sono, mas preciso da autorização para fazer. – Respondeu o empresário e teve sua proposta aceita.
Para despistar as meninas, fizeram dois copos de sucos e colocaram apenas duas gotas do calmante em cada recipiente. A dose serviria apenas para que a situação fosse mais controlada e que a pressão das moças não excedessem o aceitável.
- Você trouxe tudo em sua bolsa. – Comentou o namorado.
- Eu já vivi muitos velórios, sei mais ou menos o que precisa para ninguém passar mal. Talvez assumi um papel de ser o amigo sóbrio que cuida do grupo de bêbados.
O cacheado via uma dor em cada palavra do loiro e aproveitou que estavam escondido na cozinha da igreja deu um suave, salgado e rápido beijo no homem. Hector abraçou a cintura do rapaz e abraçou fortemente, fazendo ele encontrar com o peito cheiroso do homenzarrão.
- Você é muito mais que o homem que pediria a Deus. – Disse Lucas
- Você é exatamente tudo que pedi à Ele. Eu te amo garotinho que me ajudou a comprar roupas. – Falou Hector passando o polegar na bochecha do amado, onde caia uma lagrima.
- Por favor, não quero atrapalhar vocês, porque sei que o rapaz está chateado, mas posso pegar uma coisa aqui? – O pastor estava a porta e dera um baita susto nos meninos.
- Fique à vontade, essa cozinha é sua. – Deu abertura para o líder fazer o que precisava. Eles iam se retirando quando o senhor chamou-lhes a atenção novamente.
- Eu espero ser convidado para o casamento de vocês. Sei que não posso celebrar, mas é impossível ver essa forma de vocês se lidarem um com outro e não ter certeza que o amor é o mais divino. – Ele parou e pensou durante uns segundo. – Infelizmente algumas pessoas do passado escreveram palavras que hoje me mandam seguir uma regra, mas acho que como Cristo reformulou e completou o evangelho, nada mais lindo que um relacionamento saudável e bonito.
Agradeceram e se retiraram em silencio. De fatoesse pastor se demonstrava um aliado as causas muito surpreendente. Elesvoltaram ao afago dos parentes, que agora estavam todos dentro do templo.