Bússola de Estrelas

By chaootics

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Lee Heeseung era o pirata mais temido do mar Kallyri e como capitão do navio Hades já tinha inúmeros feitos e... More

Mapa & guia de personagens
Um prólogo sobre um jovem pirata no auge dos seus 20 anos
Um novo pirata na tripulação do Hades
Quando o príncipe de Moonrory foi salvo por um tritão
O dia que o capitão precisou se rebaixar... que humilhação!
O próximo noivo de Hisean é...
O coração partido do capitão
Sim Jake agora pertence ao capitão!
O primeiro amor daquele pirata voltou, mas não como ele queria
Aquele primeiro amor está morto!
Um pedido de desculpas e uma noite de amor
Ao resgate do contramestre do Hades!
Aquele capitão é uma tentação!
O novo amor do capitão não pode morrer!
O aniversário do capitão
Hisean está em chamas
O último homem a ficar de pé
Um novo capitão na ilha dos piratas
Adeus inesperado
A batalha final
O sacrifício para a salvação
Heróis

Solidão

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By chaootics

Olá piratinhas 🏴‍☠️

O capítulo de hoje tá um pouco menor porque é mais como um pós treta, considero um capítulo mais emotivo.

Boa leitura e nos vemos no próximo domingo ♡






Quando Jungwon finalmente despertou no chão do hospital, várias horas tinham se passado desde que aquela batalha sangrenta terminou. Ele precisou se esforçar para lembrar o motivo pelo qual estava ali e assim que todas as memórias voltaram à sua mente, ele deu um salto e olhou para os lados, para os vários doentes e machucados que se aglomeravam. Para sua maior surpresa, Jay estava ao seu lado, ele estava sentado no chão com as costas na parede e sua cabeça pendia para a frente em uma posição desconfortável. Ele tossiu um pouco e então tentou acordá-lo o cutucando de leve no braço, queria colocá-lo para dormir no seu lugar. No entanto, assim que o marinheiro abriu os olhos, ele não parecia disposto a dormir novamente.

Danielle se aproximou logo em seguida para trazer água e verificar se estavam bem e o médico conseguiu algum tempo para examiná-los. Jungwon também ficou aliviado ao saber que sua mãe estava repousando e estava bem, era provável que todos eles fossem se recuperar.

Fisicamente, é claro. Psicologicamente, a ilha estava aos frangalhos.

Assim que soube dos milhares de mortos que se empilhavam na praia, quis ir lá ver com os próprios olhos. Jay disse que o acompanharia e o amparou pelo caminho até lá. No entanto, assim que eles pisaram na praia, várias espadas foram apontadas na direção do marinheiro, aquilo foi tão inesperado que o próprio Jungwon se assustou.

— O que esse enviado de Moonrory faz aqui? — um dos piratas disse.

— Jongseong está do meu lado — o contramestre se manteve firme — Ele lutou conosco, não é um inimigo.

— Como você sabe? — outro pirata questionou — E se ele estiver aqui como um espião do rei? Eu voto por matá-lo!

Em questão de segundos um burburinho se formou ao redor deles, com a maioria dos presentes a favor de arrancar o pescoço de Jay ali mesmo, não queriam ter que lidar com mais ninguém de Moonrory depois de tudo o que aconteceu.

O pior era que o marinheiro não tinha uma espada, tinha abdicado da sua para entrar no hospital para fazer companhia ao mais novo, então não tinha como se defender. Da mesma forma, jungwon não estava armado ali.

Foi então que, para a surpresa de todos, a voz de Jake ecoou e quando se viraram para encará-lo, ele estava parado mais adiante com os olhos vermelhos de chorar e uma expressão dolorosa no rosto.

— Vocês querem continuar matando? Já não foi o suficiente? — ele apontou para a pilha de corpos ao seu lado — Vocês querem ser exatamente como eles???

Parecia que as palavras do Sim tinham pegado todos direto no coração e aos poucos suas espadas nervosas foram baixando, para alívio do contramestre. No entanto, eles não iriam apenas deixar Jay ali.

— E se ele for um espião? — o mesmo pirata insistiu e o Park revirou os olhos, mas não tinha como provar que não era — Vamos pelo menos prendê-lo!

O grupo rapidamente chegou ao consenso de que Jay deveria ficar preso na cadeia da ilha, ao que Jungwon não pôde se opor e Jake não teve mais o que dizer, pelo menos Jay não seria morto, era um progresso. O marinheiro ainda não sabia o que iria fazer no futuro, porém não queria ficar longe do mais novo, o único jeito era acatar o que eles estavam ordenando e ir preso. Havia um canto dentro de si que estava pesando bastante sobre tudo isso e ele até mesmo achava que merecia ficar em uma cadeia, afinal de contas ele de fato tinha vindo com aquelas pessoas que destruíram aquela ilha e mataram dezenas.

Assim, Jungwon acompanhou o grupo enquanto levavam Jay preso. A cadeia de Moonrory ficava no subsolo na praça, por sorte o fogo não tinha chegado até lá então tudo estava intacto. Aquele local tinha sido construído para trancar marinheiros capturados ocasionalmente, mas isso tinha acontecido poucas vezes na história da ilha, então a cadeia estava abandonada e com teias de aranha por todos os cantos. Havia quatro celas, Jay foi empurrado dentro da primeira e as velas do corredor foram acesas para iluminar um pouco o local escuro. Havia um colchão fino no chão e um buraco no fundo onde seria feito as necessidades. Fora isso não havia mais nada e era bastante frio. O Yang tinha anotado mentalmente tudo o que precisava, então se retirou com os demais e disse que voltaria em breve.

Em uma corrida rápida até sua casa, ficou um tanto chocado com o estado com o qual estava, somente o quarto de sua mãe e o seu tinham sobrado e em condições ruins. Ele foi até a cômoda e ficou aliviado porque as coisas ali não tinham queimado, então pegou um cobertor de lã e uma almofada e voltou para a cadeia. Ninguém estava supervisionando, por isso Jungwon entrou facilmente e encontrou o outro escorado no canto da parede em profundo silêncio. Ele passou o cobertor e a almofada pelas grades e sentou do lado de fora para encará-lo na luz fraca das velas.

— Eu sinto muito — disse.

Jay se aproximou e puxou o cobertor de lã para se enrolar nele, fazia muito frio ali embaixo.

— Eu devia ser aquele dizendo isso.

— Eu tenho certeza que você não sabia de nada disso, você realmente estava do nosso lado ontem.

Ao ouvir aquelas palavras, o marinheiro não respondeu.

— Sabe, eles são um pouco burros — Jungwon olhou para o cadeado — Eu sou um pirata, é claro que posso arrombar um cadeado como esse em dois tempos.

Jay deu um sorrisinho.

— Não precisa, eu quero ficar aqui — pediu — Acho que preciso de um tempo sozinho, tenho pensamentos demais na minha cabeça.

O Yang assentiu, ele entendia os sentimentos do outro. Assim, ele se aproximou das grades e pediu para o outro fazer a mesma coisa, depois pediu para ele virar o rosto e lhe deu um beijo na bochecha, que o surpreendeu.

— Vai ficar tudo bem — disse — Nós vamos passar por isso.

Assim, ele segurou na mão gelada dele e disse que precisava ir ajudar os demais, mas voltaria depois, voltaria milhares de vezes para vê-lo. Jay assentiu e o deixou ir enquanto voltava para os seus pensamentos confusos e pesados.

Ali, no silêncio daquela prisão, ele finalmente iria colocá-los no lugar.





Niki estava junto dos soldados do palácio relatando o que tinham descoberto na cena do crime: aqueles fios de cabelos loiros. Além disso, também relatou os acontecimentos do passado envolvendo o filho do dono do circo e Hyein, incluindo o trato assinado de não se aproximar dos dois. Como aquelas eram provas muito fortes, o rei ficou sem saber o que fazer e ordenou que fizessem uma busca atrás do filho do dono do circo, poderia haver mais alguma prova com ele como a faca usada no crime, por exemplo. Por fim, ele se viu sem escolha a não ser liberar Hyein. Assim que a garota foi carregada pelos guardas até o salão principal e viu Niki parado ali, ela se soltou e correu para abraçá-lo. O garoto estava mais do que aliviado de tê-la nos braços, faria todo o possível para que ela nunca mais precisasse passar por algo assim.

No entanto, havia uma preocupação incessante em sua cabeça. Se o filho do dono do circo era até capaz de matar alguém que se aproximou de Hyein, o que mais um homem doente como ele poderia fazer?

Os dois foram liberados para ir para casa, no entanto um dos guardas foi junto para vigiá-los. Assim que chegaram, Niki explicou a situação toda para a garota, que caiu aos prantos por conta de Mingyu. Apesar de Hyein ser um pouco confusa sobre as coisas do mundo, ela conseguia entender perfeitamente o que tinha acontecido ali: aquele homem tinha morrido por causa dela e se não fosse parado, o filho do dono do circo faria mais vítimas se precisasse.

"O homem não foi encontrado".

O guarda que estava fazendo a vigia na porta da casa avisou que o filho do dono do circo estava desaparecido, tinha fugido depois do crime e ninguém sabia para onde. Aquilo só deixava tudo pior, se ele não estivesse preso podia aparecer a qualquer momento...

Depois que Hyein dormiu para acalmar seus sentimentos, o guarda os avisou que naquele fim de tarde seria o enterro de Mingyu. A garota fez questão de ir, embora não soubesse exatamente como era um enterro. Era um fim de tarde nublado e chuvoso, os dois vestiram roupas pretas, Niki pegou um guarda-chuva grande de Jay e caminhou em silêncio com ela até o cemitério.

Havia um pequeno grupo de pessoas ao redor de um túmulo fazendo preces e derramando lágrimas. Assim que os dois se aproximaram, todas as cabeças viraram na direção deles. Niki achou que aquelas pessoas soubessem que nenhum deles tinha cometido o crime, mas não parecia que se importavam. A mãe de Mingyu estava furiosa e teria avançado para cima de Hyein se Niki não a tivesse puxado e a protegido atrás de si. Preocupado com a situação caótica e todas as ofensas ditas na direção deles, ele tampou os ouvidos da garota e a carregou para longe dali.

Eles já estavam distantes quando Hyein limpou suas lágrimas e o fez parar. Dali ainda dava para ver na direção do túmulo de Mingyu e ela queria se despedir, por isso uniu suas mãos e fechou os olhos. Niki não sabia onde ela tinha aprendido aquilo, mas ficou observando em silêncio enquanto ela orava do seu jeito. A chuva ainda caia fraca e tudo o que ouviam ali era o sopro do vento e as gotas pingando no guarda-chuva preto acima de suas cabeças. Por vários minutos, enquanto ela se despedia daquela pessoa querida, tudo no qual Niki conseguia pensar era que Hyein tinha que ficar segura, ele jamais conseguiria continuar vivendo se alguma coisa acontecesse com ela.

E então, por um segundo, ele sentiu aquela emoção. Depois de tantos anos vivendo e se arriscando por conta própria, finalmente tinha aparecido uma pessoa pela qual valia a pena lutar e proteger e ele faria tudo o que pudesse para que ela sempre estivesse segura e feliz.





Sooyoung estava sentada na praia de Enchanry olhando as ondas quebrarem na beira do mar enquanto processava tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Sabia que as coisas seriam arriscadas quando fosse para o mar, porém nunca teria imaginado que viveria tantas coisas a ponto de estar em uma ilha de SEREIAS. Era simplesmente surreal.

Enquanto pensava nisso, ouvia risinhos e gritinhos ao fundo, Kangjoon tinha se candidatado para ajudar as irmãs de Sunoo com algumas coisas e elas pareciam encantadas no flautista...

— Pronto — Sunghoon apareceu do nada e sentou ao lado dela.

— Ele está bem?

— Está repousando — ele assentiu — Disseram que Sunoo precisa de muito descanso, mas vai ficar bem.

Sooyoung deu uma boa olhada nele, então acariciou seus cabelos com ternura.

— Sua pele está bronzeada, você parece diferente, mas é um diferente bom — disse e sorriu.

— Sinto que virei outra pessoa também, como se tivesse finalmente encontrado o meu verdadeiro eu e o meu lugar no mundo.

— Será? Será que meu irmãozinho não está mesmo destinado a ser um rei um dia?

Sunghoon não soube o que responder, fazia tanto tempo que não pensava sobre a coroa ou a realeza que era como se aquilo pertencesse à outra vida. Ele estava com um misto de emoções no peito agora, até que ouviu um grito fino e olhou para a frente. Lyra estava saltando no oceano à sua espera. Ele pediu um minuto, correu até o mar para buscá-la e voltou com ela nos braços. Assim que Sooyoung a viu, ela tomou um susto.

— O que... o que é isso?

— Você ainda é capaz de ficar surpresa com alguma coisa? — Sunghoon riu — Essa é Lyra, ela é uma sereia, uma de verdade sem qualquer mistura humana, é assim que o povo do mar se parece.

A princesa ficou pasma.

— Incrível, simplesmente incrível... — disse enquanto a admirava.

— Moça bonita — a sereia sorriu — Eu sou Lyra!

Os olhos de Sooyoung se arregalaram ainda mais.

— Eles falam a nossa língua?

— Não — o príncipe riu — Ensinamos a ela, Lyra é muito inteligente e aprendeu muito fácil.

— Papai me ensinou — a sereia assentiu.

— Papai? Espera, além de você ter se casado você também arranjou uma filha? Quanto tempo você ficou longe de casa, Park Sunghoon? Cinco anos?

O garoto riu ainda mais, por algum motivo era engraçado ver sua irmã tendo as mesmas surpresas que ele teve um dia.

— Muita coisa aconteceu, mas isso é tudo — ele apontou para trás — Essa é minha nova casa e as pessoas daqui são a minha nova família.

— Você é maluco — ela balançou a cabeça e então o puxou para um abraço — Não acredito que você sobreviveu, eu tive tanto medo e senti tanto a sua falta.

— Eu também — ele retribuiu — Também senti sua falta, irmã.

Lyra abriu os braços na direção da garota pedindo colo, ao que ela a pegou para ver como era. A primeira sensação de segurar uma sereia era muito estranha, porém não era muito difícil se acostumar.

— E o que você vai fazer agora? — Sunghoon perguntou — Se quiser ficar aqui com o seu namorado, pode ficar — ele deu uma risadinha.

Sooyoung deu um tapa no braço dele e Lyra riu.

— Namorado? Você está maluco? Eu sou casada — ela mostrou o dedo e então lembrou que tinha deixado o anel de casamento para trás para manter seu disfarce — De qualquer forma...

— Mas você nunca gostou do Rowoon...

— Ainda assim, ele é meu marido — ela resmungou — E eu sou uma moça de família.

— Então você vai voltar?

Ela pensou sobre isso e balançou a cabeça.

— Não sei ainda, quero ficar com você um pouco — ela pegou na mão dele — Irmãozinho, nosso pai não vai desistir de te encontrar, ele está obcecado. Ele queimou aquela ilha, matou aquelas pessoas, vai revirar o mar Kallyri de cabeça para baixo e um dia vai chegar aqui.

Ao ouvir aquelas coisas, os olhos de Sunghoon se tornaram escuros.

— Eu sei — ele respondeu com o peito cheio de emoções ruins.

— E o que você vai fazer?

— O que eu posso fazer — ele disse sério — Vou proteger o Sunoo nem que seja com a minha vida.

Sooyoung balançou a cabeça.

— Espero que não tenhamos que chegar nisso.

— É, espero que não — Sunghoon assentiu.

Naquele instante, Kangjoon se aproximou parecendo sem graça e sentou ao lado da princesa.

— Está dando em cima de mim — ele resmungou.

— As garotas? Elas raramente veem um homem bonito, você precisa entender — o Park riu.

— Não, aquele cara — Kangjoon resmungou.

— Felix? — Sunghoon olhou para a irmã e os dois caíram na gargalhada.

— Não tem graça — o flautista reclamou — Não gosto de homem e nem de peixe.

Ele então olhou para o colo de Sooyoung e levou um susto.

— O que isso daí?

— Eu sou Lyra, sou uma sereia — ela respondeu sorridente.

Kangjoon olhou para a princesa e parecia que a cabeça dele estava dando um curto-circuito igual a dela. Sooyoung tentou confortá-lo dizendo que se eles fossem enlouquecer, pelo menos iriam enlouquecer juntos. Assim, aquele momento que estava um tanto tenso se tornou leve em um minuto, especialmente porque Felix logo apareceu ali perguntando onde aquele humano bonitão tinha ido parar e o flautista saiu correndo.

O que nenhum deles notou foram os olhos do tritão rei que os ouvia e observava atentamente, atento a cada palavra dita por eles.





O sol estava se pondo em Hisean quando todos se reuniram na praia para o ritual de cremação dos corpos dos amigos, familiares e inimigos. Enquanto os corpos eram queimados, os moradores oravam e pediam para que aquelas almas fizessem uma passagem segura e para que todos de coração puro alcançassem o reino dos céus, enquanto os pecadores encontrariam um final amargo no fogo do inferno.

Minji estava cantando durante a cerimônia, sua bela voz trazia lágrimas aos moradores e também um certo conforto. Hanni estava assistindo a tudo aquilo mais afastada e enquanto prestava atenção sentia algo em seu coração, sabia que certamente tinha mudado. Desde que chegou naquela ilha até aquele momento, ela era uma pessoa completamente diferente. Sabia que o que tinha a libertado era o amor, o amor de Minji por ela, aquele amor que sempre esteve ao seu lado e nunca desistiu diante das maiores dificuldades, o amor que seu irmão tinha e era tão grande que a salvou da morte entregando sua energia espiritual, e até mesmo pequenos atos de amor que agora ela reconhecia, como uma garota da escola que lhe deu uma pena de presente para que ela pudesse estudar melhor, a senhora da venda de frutas que todos os dias lhe presenteava com uma maça, a mãe de Minji que tinha lhe comprado um cobertor quentinho para que ela dormisse melhor, todos esses pequenos atos que antes não tocavam o seu coração agora a deixavam emocionada. Quando se deu conta, já havia uma lágrima escorrendo por sua bochecha. Era como se finalmente tivesse encontrado alguém do qual tinha morrido de saudade e essa pessoa era ela mesma, a Hanni que esteve presa dentro dela por tanto tempo.

Hanni não conseguia ver a si mesma, mas seus cabelos e olhos tinham voltado as cores originais e daquele momento em diante nunca mais estariam amaldiçoados novamente. Ela tinha sentido compaixão por aquelas pessoas que morreram e por aquelas que estavam vivas e em sofrimento. Ela tinha reconhecido o amor que recebia e tinha reaprendido a amar de volta. Por causa disso, ela tinha finalmente vencido aquela maldição.

Não havia mais ódio, não havia mais rancor. Seu lado humano e o lado sereia finalmente estavam em paz.

Enquanto isso, Jake, Haerin e Jungwon estavam se despedindo de Mike. Os três estavam derramando algumas lágrimas enquanto o corpo do amigo era queimado. Jake jogou uma flor branca ali e a viu ser consumida pelas chamas altas e fortes em poucos segundos. A namorada de Mike estava ali aos prantos, então Jungwon a abraçou para confortá-la no momento difícil. Jake achou que não aguentaria mais ficar ali e acompanhar aquilo, o ritual de queima dos corpos levaria muito tempo e seria extremamente desgastante, então ele apenas deu as costas e disse que iria descansar.

Haerin também estava exausta de tanta dor e sofrimento, por isso ela também se afastou. Assim que alcançou a praça vazia, ouviu passos de alguém correndo atrás dela. Quando se virou, uma Danielle com os cabelos esvoaçantes se aproximou.

— Aconteceu alguma coisa?

Sem dizer nada, a Sim apenas a segurou no rosto e colou seus lábios aos dela. Foi tão do nada que a Kang nem conseguiu se mexer.

— Eu só estava pensando — Danielle disse ofegante e nervosa quando afastou os lábios dos dela — Não sabemos quando iremos morrer, isso pode acontecer a qualquer momento, então... eu não queria morrer sem te beijar.

Haerin arregalou os olhos e não soube o que dizer.

— Eu também queria te dizer que gosto de você e te pedir em namoro — ela continuou — Você quer namorar comigo, Rin?

Em uma situação normal ela teria fugido no mesmo instante, no entanto havia uma porção de coisas no coração da pirata agora. Era verdade que também estava pensando sobre a morte, podia morrer a qualquer momento, ainda mais vivendo de forma arriscada como vinha fazendo. Se deixasse as coisas apenas em sua mente, se deixasse para amanhã... e se o amanhã simplesmente não existisse?

E então aquela vontade veio como um impulso que ela não conseguiu controlar. No segundo seguinte, era ela quem tinha colado seus lábios aos da outra, a surpreendendo. No canto de sua mente sabia que era errado, estava enganando Danielle, não era o homem pelo qual ela tinha se apaixonado. No entanto, naquele momento, tudo o que queria era viver aquilo.

— Eu quero namorar você — respondeu nervosa.

A Sim abriu um largo sorriso e a puxou para um abraço. Só havia desgraça ao redor delas, a ilha estava aos prantos e sofrendo, porém ali, naquele simples momento, aquelas duas tinham encontrado o conforto que tanto precisavam.





Minji tinha sido dispensada do ritual tarde da noite, eles iriam dar uma pausa e continuar na manhã seguinte. Assim, ela voltou para casa com seus pais e foi direto para o quarto tomar um banho para dormir. Hanni tinha voltado mais cedo e dormia profundamente na cama que dividiam, enrolada no cobertor que tinha ganhado da senhora Kim. Minji se aproximou para espiá-la e arregalou os olhos quando viu seus cabelos cor-de-rosa espalhados pelo travesseiro. Ela os tocou com cuidado e sentiu que agora eles sempre estariam ali, se até mesmo estavam enquanto ela dormia. Podia ser que Hanni finalmente tivesse se livrado daquela maldição?

Ela sorriu para si mesma e então deixou um beijo na bochecha da dorminhoca. Por mais que tudo fora daquele quarto estivesse o completo caos, ali dentro estava caloroso. Depois de tantos anos sofrendo por um amor não correspondido, ela tinha finalmente se aberto para um novo amor, um que a estava fazendo muito feliz.

Tudo o que podia pedir aos céus era que as duas pudessem ficar juntas para sempre porque não estava disposta a deixar Hanni ir da sua vida e do seu coração jamais.





Jungwon estava sentado do lado de fora das grades e tinha passado um prato de comida para Jay, que estava comendo aos poucos. Ele quis saber como estava sendo a queima dos corpos e ficou ouvindo enquanto o mais novo detalhava. Era até surreal que estivessem juntos de novo depois de tanto tempo e no mesmo lugar onde tinham se conhecido, onde tinham se apaixonado. A vida tinha mesmo o levado de volta à Hisean, sua terra natal.

— Heeseung foi embora — Jungwon disse e ele o encarou surpreso.

— Como assim?

— Também não sei, Jake disse que ele apenas se foi — ele suspirou — Acho que ele não conseguiu lidar com tudo isso, conhecendo Heeseung eu tenho certeza que ele se sente culpado por tudo, está carregando cada uma dessas mortes nas costas.

Jay refletiu sobre isso e deu uma garfada lenta na comida, ele jamais imaginaria que aquele pirata faria algo assim...

— Você sabe para onde ele foi?

— Talvez — Jungwon pensou — Mas ele não quer ser encontrado, temos que respeitar o tempo dele, é como ele está lidando com o luto, mais um na vida dele...

Jay ficou pensativo por um tempo, porém enquanto a mente de Jungwon estava sentimental, a dele estava um tanto prática.

— Isso é ruim — disse — Ele não pode demorar muito, o rei certamente vai mandar mais gente para cá quando perceber que nenhum marinheiro retornou.

O Yang deu um longo suspiro.

— Eu sei, eu sei que isso se tornou uma questão pessoal, agora é guerra — assentiu — Vamos ter que nos preparar para lutar, com ou sem o Heeseung.

Jay olhou para ele e assentiu, não havia outra escolha. Levaria alguns meses até isso acontecer, o rei teria que recrutar novos marinheiros, treinar seus homens e prepará-los para o ataque. Isso dava vantagem a eles, poderiam treinar o seu próprio exército também e dessa vez estar preparados quando o momento chegar.

— E o que você vai fazer? — Jungwon o tirou de seus pensamentos.

Ele assentiu decidido.

— Eu vou lutar ao seu lado, se me permitirem.

O mais novo abriu um sorriso.

— Vamos finalmente lutar do mesmo lado, estou animado — ele espichou os braços — Ah, de repente me sinto empolgado de novo.

— Descanse por enquanto.

Jungwon prometeu que iria descansar um pouco, então se aproximou e lhe roubou um beijo nos lábios por entre as grades. Jay alisou a bochecha dele e prometeu que nunca mais sairia do seu lado, não importava a situação que fosse. Assim, depois de tanto tempo, eles finalmente estavam juntos de verdade.

E dessa vez, se dependesse deles, nada iria separá-los.





Jake estava cansado quando entrou na casa de Heeseung já no meio da noite. Ele subiu as escadas sentindo o silêncio preencher a casa inteira, abriu a porta do quarto e ficou olhando os arredores à procura de qualquer coisa, de qualquer vestígio de que tudo não passava de uma grande confusão e o capitão ainda estava ali, iria falar alguma coisa sem vergonha para ele e depois iriam dormir lado a lado como sempre faziam.

Aquilo chegava a ser irônico, Jake sempre tinha sido do tipo que ficava bem sozinho, não fazia questão de namorar, não gostava de dividir a cama, não se ligava em romances. Tinha aberto seu coração pela primeira vez na vida e agora estava naquela situação, querendo desesperadamente aquela pessoa, tanto que seus olhos se enchiam de lágrimas ao pensar nele.

Onde Heeseung estaria? Será que estava vivo? Será que um dia iriam se ver de novo?

Ele deitou na cama e apertou o travesseiro nos braços enquanto deixava suas lágrimas escorrerem. Estava se sentindo tão sozinho, queria tanto abraçá-lo e se perder em seus lábios, estava tão arrependido de ter perdido tanto tempo, se pudesse voltar no tempo teria se resolvido antes. Se tivesse, talvez o Lee não tivesse ido desse jeito, talvez tivesse o levado junto. Mas agora era tarde demais para se culpar...

Tudo no qual conseguia pensar era que se a vida trouxesse Heeseung de volta, jamais o deixaria ir embora novamente.





Heeseung estava no mar há dois dias quando finalmente encontrou seu destino. Como um capitão, ele tinha seu fiel mapa no qual vivia rabiscando, então conhecia o mar Kallyri melhor do que qualquer pessoa, por isso sabia de uma ilha onde poderia ficar. Os poucos mantimentos que havia trazido já tinham acabado e Panqueca estava morrendo de fome, então ambos ficaram satisfeitos ao avistarem a ilha.

O local não era grande, tampouco habitado, tinha apenas alguns animais. No passado, ele já tinha feito reconhecimento de território ali com Jungwon, a ilha dava frutas e também seria possível pescar, de fome ele não iria morrer. Também tinha uma cachoeira de onde poderia beber água doce e se banhar. Tudo o que precisava fazer era construir uma estrutura com telhado para os dias de chuva e dormir na areia perto do mar, era o local mais seguro, não tinha certeza de quais animais encontraria naquele lugar.

Assim, ele colheu frutas com a ajuda do macaco e depois de comer começou a cortar madeira para construir a estrutura. Tinha trazido faca e cordas na mochila, ficou algumas horas ali amarrando tudo até que finalmente estivesse pronto. Não parecia muito seguro, mas era o que tinha. Quando terminou já tinha anoitecido.

Ele fez uma fogueira para se proteger do frio e ficou sentado diante do mar por um longo tempo, apenas vendo as ondas quebrarem na beira. Panqueca estava de lá para cá, às vezes gritava pedindo atenção, como se quisesse conversar. Mas Heeseung não queria falar nada, ele não queria pensar, se pudesse não queria existir.

Depois de um longo tempo, baixou os olhos para o colar de conchas no pescoço e o segurou com força entre os dedos. Beomgyu, de repente estava pensando naquela pessoa... às vezes tinha vontade de desistir de tudo e ir encontrá-lo, ficar com ele e seus pais longe daquilo tudo. Era difícil, às vezes era difícil demais.

Mas então tinha Jake e ele podia jurar por Deus, mesmo não sendo religioso, que Jake era o único que o fazia permanecer. Seu coração batia acelerado, queria vê-lo, abraçá-lo, tê-lo em seus braços. Tinha momentos que se arrependia de ter partido por conta da saudade, porém sabia que não podia ficar, precisava ficar longe de tudo, mesmo que isso custasse ficar longe de Jake também.

Por fim, ele deu um longo suspiro e deitou para trás na areia, olhando para as estrelas no céu. Se fosse da vontade do destino, Jake e ele iriam se encontrar novamente nessa vida. E no próximo encontro jamais o deixaria de novo. 

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