TW: Ataque de pânico/ansiedade
Eu estava avoado e nervoso desde que Donghee me falou aquilo, sobre meu tio postiço. Mal havia tocado na minha comida, pensando nas milhares de possibilidades e motivos dele estar atrás de mim.
— Mamãe, o irmão tá triste! — Jongjin me entregou.
— Ele não tá comendo! — Jieun me entregou também.
Minha mãe ficou me encarando por algum tempo, talvez esperando que eu falasse ou tentando ler minha mente.
— Não é nada, só não estou com fome. — Digo, torcendo para que isso fosse o suficiente.
Spoiler: não foi.
— Você sabe que pode me contar qualquer coisa que esteja te preocupando — ela afirma, voltando a comer. — Você se envolveu em algo? Alguma briga?
— Não foi nada mãe, é sério.
— Você está estranho desde que voltou do outro reino, alguém falou algo de ruim?
— Não, todos me trataram bem. — Bem, até demais, a imagem daquela fadinha me volta a mente e eu quase solto um arzinho sincero pelos lábios.
O jantar ocorreu normalmente depois disso, mas eu ainda sentia os olhares dos três sobre mim. Eu não planejava falar com Jihoo sobre isso, a se julgar pela reunião que os reis tiveram mais cedo, ele já sabia de toda a situação e possivelmente, faria algo sobre.
Mas depois de uma semana, eu percebi que Jihoo não ia fazer nada, então apenas tentei seguir minha vida da maneira mais normal possível.
— Você sabe que esse caminho é o mais longo né? — Jungsoo resmungou, logo atrás de mim. Não entendi muito bem o porquê dele estar me acompanhando para a escola, mas não iria reclamar. Talvez, ele soubesse da situação.
— Ah, sério? — Olho para o outro caminho à minha frente e desisto logo da ideia. Estar em perigo é chato, mas andar mais do que o necessário é mais chato ainda. — Por que você está me acompanhando?
— Porque sim.
Ótimo, mais um mentiroso.
— Porque sim não é resposta! — Retruco, igual uma criança.
— Mas no momento é resposta! — Jungsoo responde, cruzando os braços e encerrando o assunto.
O caminho continuou tranquilo. Nenhum problema, nenhum ataque e nenhuma ameaça. E quando chego na escola, consigo respirar tranquilamente, pois sei que lá era tão seguro quanto o castelo de Jihoo.
Um pouco depois de ter chegado, vejo Kyuhyun vindo acompanhado de Siwon, mas nenhum sinal de Ryeowook. A história que Siwon me contou estava fazendo sentido, mas ainda faltam muitos detalhes.
E eu sabia para quem perguntar.
Olho para Hyukjae que estava sentado ao meu lado, já devorando o seu lanche. É claro que ele iria pedir o meu durante o intervalo, mas tento não sofrer por antecedência.
— Eu sei que você sabe o que aconteceu com o Ryeowook...
— Não era pra você perguntar! Eu não posso dizer! — Hyukjae é fofoqueiro e não consegue guardar um segredo para salvar sua vida.
— Pode sim, eu sei que pode! — O incentivo, sorrindo maldosamente.
Heechul e Jungsoo estavam fingindo que não viam nada e se entretêm em uma conversa entre eles.
— Olha, eu vou falar o que sei só pra você ficar quieto — venci. — Um dia antes do baile, Ryeowook foi atacado por uma fada sombria. É um tipo de fada que mexe com a magia das sombras e maldições.
O olho, fingindo espanto.
— O mais aterrorizante foi que ele estava no jardim de casa e, mesmo assim, foi atacado!
— Foi muito grave? — Pergunto, sentindo o estômago revirar.
— Olha, foi bem grave sim. A magia das sombras pode ser altamente perigosa se cair em mãos erradas e foi o que aconteceu. Somente feéricos muito experientes podem trabalhar com isso e... Qualquer fada que use a magia das sombras para o mal, é enviada para Exilium.
Exilium, o lugar mais tenebroso a que um feérico pode ir. Nunca fui, claro, mas ouvi histórias.
— E então?
— Ryeowook não está muito machucado fisicamente, mas parece que foi envenenado ou enfeitiçado. Não pude chegar perto dele ainda.
Foi a primeira vez que eu vejo Hyukjae visivelmente nervoso e não era para menos, Ryeowook era seu melhor amigo e eles cresceram juntos.
— Eu sinto muito, espero que logo ele esteja bem.
— Vai demorar um pouco, mas ele vai. Ryeowook é forte. Mas as plantas ao redor do castelo estão começando a morrer... E eu tenho medo de que isso piore.
Abraço Hyukjae com força, tentando o consolar, mas eu estava uma bagunça por dentro. Era meu tio postiço que havia feito isso e ele ainda estava atrás de mim.
— Você sabe de mais algo? — Perguntei, tremendo a resposta.
— Eu não poderia te contar isso, mas acho que você merece saber — me olhou nos olhos, como se tentasse ver meus pecados. — Essa fada sombria é irmão do seu pai.
Novamente, o medo tomou conta de mim. Já era a segunda pessoa que me afirmava isso e eu me recusava a aceitar.
— Hyukjae, você já falou demais — Jungsoo se intrometeu, nos olhando. — E falou até o que não devia...
— Eu já sabia disso tudo — Confessei, ganhando um olhar de espanto dos três. — Siwon e Donghee me contaram.
— Espera, aquele humano já sabia disso? — Heechul questiona, chocado. — Que suspeito...
— Não! Não tem nada de suspeito, ele e Kyuhyun tem um caso, é meio óbvio que ele saiba dessas coisas... — respondo. — Eu o vi quando estava no mundo humano, Siwon é igual a mim.
Os dois feéricos não pareciam muito convencidos, mas acabaram deixando de lado e eu pude voltar a respirar, qualquer coisa que escapasse, viraria uma corrente de fofoca imensa e a culpa seria toda do lado mais fraco: meu e de Siwon.
— Mas... Se vocês sabiam disso tudo, porque estão me deixando no escuro? Se minha vida está em perigo, eu deveria ser o primeiro a saber! — Disse e isso deixou os três pensativos.
— Nunca pensei nisso... Você tem razão! — Hyukjae afirmou, visivelmente chocado com a minha explicação.
Feéricos e sua falta de capacidade de pensar além do óbvio.
O nosso professor apareceu algum tempo depois, mas deu uma aula rápida. Em menos de duas horas, estávamos já liberados para voltarmos para casa. Eu e meu grupo ficamos ali por mais uma hora, só para dividirmos os lanches — insistência de Hyukjae que já havia comido o seu.
— Bom, o que faremos agora? — perguntei, terminando de comer minha metade do lanche. Observo Heechul já pronto pra me entupir de pão com geleia. — Essa fada não pode ficar por aí, né?
— Eh? Nós não vamos fazer nada, principalmente você! Fique bem quietinho dentro do seu castelo! — Jungsoo quase gritou e eu me encolhi, temendo apanhar dele.
— Jungsoo tem razão, os adultos vão conseguir resolver isso — Hyukjae falou, querendo acreditar nas suas palavras, mas ele parecia tão desacreditado quanto eu e isso me preocupou.
Se eles estavam com medo, quer dizer que a situação era preocupante. E se fosse preocupante, eu seria um alvo mais fácil dentre todos.
Sem falar o fato que a fada malvada estava me procurando.
Então eu estava apavorado.
Mas não iria demonstrar. Nunca.
[* * *]
Depois que minha escolta particular — Jungsoo, Hyukjae e Heechul — me deixaram em segurança no castelo, fiquei andando pelos corredores sem rumo, apenas pensando em tudo o que acontecia.
Acordo dos meus pensamentos quando quase dou de encontro com a porta do meu quarto.
Assim que entro, sinto uma imensa vontade de chorar. Tudo o que eu estava sentindo nos últimos dias me atingiu como uma avalanche e eu já não suportava mais segurar. Pensar em Ryeowook ainda ferido, as plantas ao redor do seu castelo morrendo, no rosto assustado e preocupado de Hyukjae e que eu literalmente estava sendo caçado causavam uma sensação de sufocamento, desespero e pânico. Minhas pernas cederam, como se não aguentasse mais o peso do meu corpo. Minhas mãos suavam, estavam trêmulas e eu não conseguia gritar por ajuda, chamar alguém.
Eu estava sozinho.
Não sei como ou quem, mas senti as mãos delicadas me pegando no colo e me carregando até a cama, me envolvendo em um abraço carinhoso. Pude ouvir alguém cantarolando uma música, mas a voz parecia tão distante que eu não entendia a letra.
Depois de alguns minutos, eu consegui me acalmar, mas não queria abrir os olhos e encarar a realidade. A pessoa ainda estava ali do meu lado, mas já não cantava mais, apenas ficou me balançando levemente.
— Está tudo bem, eu não vou deixar que te machuquem.
Sorrio ao ver que era Taeyeon. Ela me abraçou mais forte e eu me encolhi como uma criancinha. Naquele momento, era exatamente desse jeito que eu me sentia, uma criança indefesa, bobinha e que precisava de ajuda.
Talvez eu fosse, levando em conta que eu não tinha poderes nenhum e era um humano.
— Eu estou com medo.
— Sei que está, te acharia um louco se não estivesse — brincou. — Mas nada e nem ninguém vai encostar um dedo em você, eu prometo.
Eu confiaria cegamente em Taeyeon, desde o início, ela sempre me protegeu de todas as maneiras que pode. E claro, ela nunca quebrava promessas.
Enquanto eu tivesse ela comigo, tudo ficaria bem.
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oi, eu voltei. Sei que demorei mt pra atualizar essa fic, mas eu tive bloqueio com ela
enfim, espero que tenham gostado do capitulo!!