VIAJAR EM FAMÍLIA é a melhor e a pior coisa do mundo.
A melhor por render momentos únicos e bons pra caralho.
E a pior por sempre ser o mais desorganizado possível.
— Lucas, você tem que despachar sua mala, sua anta! — Dou um tapa na nuca dele pra ele colocar a mala logo naquela esteira ou iríamos nos atrasar mais do que já estávamos.
— Como eu vou ter certeza que eles não vão abrir e roubar as minhas coisas? — O mais novo pergunta, me lançando um olhar de certo medo em ser furtado. — Meu álbum da Copa 'tá aqui, Luanna. Não posso ficar sem a minha relíquia. Está quase completo, só falta uma figurinha. UMA SÓ.
— Para de ser jumento — digo a ele, sem acreditar que ele está mesmo com esse medo.
— Oxi, quero ser roubado, não. A culpa não é minha que eu não tenho dinheiro pra nada. Muito menos pra comprar outro álbum e recomeçar a minha busca pelas figurinhas. Isso cansa, porra!
— Olha a língua — minha mãe repreende, lançando um olhar de raiva na direção do caçula.
— Para de drama, seu merdinha. E agiliza logo aí — Gustavo diz com a cara cansada de quem está esperando pra embarcar já faz uma eternidade.
— Não vou despachar a minha mala sem uma garantia assinada embaixo pelo aeroporto ou pela merda da companhia aérea.
— Lucas, você é um imbecil — reviro os olhos com força e bufo impaciente. Eu vou empurrar esse menino nessa esteira e quem vai ser despachado vai ser ele. — Ninguém vai te roubar.
— Como você tem tanta certeza?
Estou a um dedo de acertar a cara dele, quando meu pai decide se intrometer. Ele pega a mala de Lucas a força e a coloca na esteira antes mesmo que seu filho comece a resmungar.
— Pronto!
— Ô velho, não era pra fazer isso — meu irmão choraminga.
— Velho é a cabeça da minha...
— Pelo amor de Deus! — Minha mãe interrompe a fala de meu pai antes que ele termine sua frase horrível na qual ninguém estava disposto a ouvir. — Zezo, segura essa língua.
— Rita, esse moleque vai acabar me infartando antes de eu ver o Brasil ganhar o hexa.
— Vem comigo. Vamos pedir um suco antes de embarcar — minha mãe agarra o braço do meu pai e o arrasta pra longe da gente.
Lucas continua bufando, olhando em pânico pra esteira como se sua mala fosse dar meia volta e retornar para seus braços.
— Fica tranquilo, Luquinhas — Sarah coloca o braço em volta da cintura do meu irmão e o arrasta para longe da fila de despache já que tinha gente querendo fazer o que meu irmão chorava pra não fazer. — Se roubarem seu álbum, eu dou o do Gustavo pra você.
— Mas nem ferrando! — Gustavo bufa, negando com a cabeça e lançando um olhar de preocupação a sua esposa que só fecha a cara e ele para de murmurar na hora. — Sarah, eu não posso dar meu álbum pra esse bundão.
— Então é melhor já ir rezando pra que seu irmão não seja furtado.
Gustavo fecha a cara e lança um olhar mortal a Lucas.
— Por que você trouxe a porra daquele álbum?
— Porque eu quero receber autógrafos, seu imbecil! — O mais novo responde como se todos devessem saber. — Quem sabe o Neymar tenha uma figurinha dele sobrando. Só 'tá faltando ele pra eu completar.
— Caralho, 'cê foi dar sorte de conseguir todos, menos o Neymar. Puta merda, viu. No meu faltava só um cara da Croácia com nome de gripe.
— E você conseguiu como?
— Comprei um monte de pacotinho escondido.
— É — Sarah revira os olhos. — Quando eu descobri, quase matei ele. Fica gastando dinheiro com figurinha e esquece que vamos ter um filho. Se eu dependesse do Gustavo, nem fralda a gente ia ter de estoque.
— Nossa, que exagero, amor.
— Exagero, Gustavo?
Os dois continuam discutindo pelos minutos seguintes.
Me desligo do mundo pra poder me alimentar. Deve ser umas nove e pouco e o horário de embarque é as dez horas. Então vou encher a barriga antes de entrar no avião.
Eu não devia ter comido. Porque foi só estar no céu para tudo em mim começar a embrulhar. Respiro fundo, me encostando no banco e fechando os olhos para ver se o enjoo passa.
Véspera do meu aniversário e eu passando mal no avião pro Qatar.
— 'Tá tudo bem? — pergunta Sarah, que está na cadeira ao meu lado.
— Não — respondo, engolindo o bile e me esforçando para não vomitar meu café da manhã inteiro. — Estou enjoada.
— O que você comeu?
— Tomei café com leite e comi um pão.
— Ok. — Sarah se vira pra mim, me encarando com certa suspeita. — Isso não devia te fazer mal.
— Acho que eu 'tô ansiosa com a viagem.
— Tem certeza que é só isso? — Ela me olha de cima a baixo, mesmo que eu esteja sentada e ela não consiga me analisar direito.
— Provavelmente. Tem remédio de enjoo aí?
Sarah está grávida, acredito que ande com remédios para mal estar assim como anda com o celular.
— Tenho — ela pega a bolsa de mão e começa a vasculhar até achar a cartela e me entregar. — Lu, se você precisar conversar sobre qualquer coisa... eu vou estar aqui pra te escutar.
Abro um sorriso pra ela, sem entender direito o sentido de sua frase, mas me sentindo bem e feliz com suas palavras.
— Eu sei disso.
Ficamos exatas catorze horas naquele avião.
Foi o voo mais longo da minha vida e o pior também.
Tive que dormir pra ver se o enjoo passava.
Até desembarcamos, chegarmos no hotel e fazermos o check-in o dia já acabou. E quando digo acabou, eu quero dizer que acabou de verdade. Nem pude aproveitar esse novo país onde acabo de pisar. Não quando está tão tarde e nem quando estou tão cansada. Chego no meu quarto e deito na minha cama, sabendo que já é meia noite e que já é meu aniversário.
Vinte e quatro anos de vida. Continuo desempregada e morando no Brasil. Será que até antes dos trinta, eu consigo transformar minha vida totalmente?
Minha família me parabenizou, mas todo mundo está cansado da viagem e vão deixar pra comemorar quando amanhecer.
Por isso, agora estou completamente sozinha no meu quarto. Minha opção era dividir o quarto com Lucas, porém já estou cansada daquele garoto e prefiro ficar sozinha.
A questão agora é que não quero mais ficar sozinha e estou aceitando a companhia de qualquer um.
Meu celular começa a vibrar e eu rapidamente atendo sem ler o nome do contato.
— Alô?
— Feliz Aniversário, preta! — É a voz do Gabriel que faz meu coração se aquecer. — 'Tá velha viu, filha? Trintou já?
— Falta alguns anos pros trinta ainda, Gabriel.
— Que mentirosa. Essa sua cara de velha aí não engana ninguém. Já chegou?
— Acabei de chegar.
— Que bom. 'Tô no segundo andar, quarto 21. Vem logo.
Sim, o Gustavo decidiu se hospedar no mesmo hotel que a Seleção está hospedado. Pra ele, nada é mais seguro do que estar com um time de futebol.
— 'Tá falando sério?
— Claro, Luanna. É seu aniversário e eu estou com saudade. 'Tô te esperando.
Ele desliga a chamada e eu faço o que?
Isso mesmo. Me levanto da cama, dou uma ajeitada no meu cabelo e vou até o quarto do Gabriel. Porque, quem eu quero enganar, estou com muito saudade dele. Tipo muita mesma.
Levo alguns minutinhos pra chegar na porta 21 do segundo andar. Eu nem hesito pra bater. Estou ansiosa. Muito mais ansiosa do que no avião. Pelo menos não estou mais enjoada.
— Oi — digo quando a porta é aberta.
Gabriel só abre os braços e eu pulo em seu colo com rapidez. O agarrando com força, com a saudade que sinto e com a felicidade de finalmente estar vendo esse gostoso depois de quase um mês sem nos vermos.
Nossas bocas se chocam e eu sinto sua mão se afastar de minhas costas apenas para fechar a porta, deixando-a muito bem trancada, e, então, me conduzir para dentro de seu quarto.
Meu Deus. Nem consigo acreditar que estou com ele de novo. E que estou no Qatar. E que vou assistir a final da copa ao vivo e a cores no meu aniversário. Porra. Isso parece um sonho. Não tem como minha vida dar errado depois de hoje.
Minhas costas encontram algo macio e aconchegante.
Estou deitada em sua cama quando abro os olhos e Gabriel está em cima de mim, um maldito sorriso maravilhoso estampando em seu rosto e um olhar tão intenso que meu coração acelera. Aquela sensação acima do estômago bem presente uma hora dessas.
— Feliz Aniversário, preta — ele diz, beijando o canto de minha boca e afastando a cabeça para me encarar.
— Você vai me foder como presente? — Pergunto num claro tom de provocação e agarro seu pescoço só para que ele não se afaste de mim.
Gabriel me encara, um sorriso malicioso se formando em seus lábios.
— Eu sei que você gosta dessa ideia — ele abaixa a cabeça e meu corpo se arrepia com sua respiração quente em minha pele e sua boca beijando meu pescoço. — Mas eu estava pensando em ir devagar hoje.
— Hum... — sua mão aperta mais forte minha cintura e começa a subir por dentro da camisa que me cobre. — Vamos fazer alguma coisa em casal? Algo bem brega e que claramente não é a sua cara?
— Eu sou romântico, Luanna — ele avisa, sua mão subindo até onde ele gostaria e apertando meu seio mesmo que ainda esteja coberto pelo sutiã.
Solto um gemido. Mas não de prazer. E sim de incômodo.
— O que foi? — Ele deve ter percebido a mudança em minha expressão e com certeza entendeu que o gemido não foi por uma coisa boa. — Te machuquei?
Gabriel afasta a mão, a cabeça, o corpo, tudo. E se senta ao meu lado. Puxo o meu corpo pra cima e faço o mesmo que ele, me sentando na cama e virando a cabeça para encará-lo.
— É que... — respiro fundo, esfregando a nuca. — Estou meio cansada e não tive um bom voo. E pra piorar estou com meus seios sensíveis, provavelmente vou menstruar nos próximos dias.
Gabriel assente, franzindo o cenho. Mas ele logo abre um sorriso maroto, descansando sua mão em minha coxa.
— Ainda bem que nós somos um casal que não funciona só com sexo — rio do que diz.
— Tem certeza? — pergunto a ele, só para entrar na onda. — A gente transou no dia que se conheceu. Não sei se somos o casal que não funciona sem sexo.
— Se liga, Luanna — ele me repreende. — Eu não sou um selvagem que nem você.
— Selvagem? — Puta merda, estou rindo muito agora.
— Eu preparei algo especial pra você porque quero que você se sinta bem no seu aniversário. Viu como sou romântico?
— É mesmo? — Olho ao redor, caçando alguma coisa pelo quarto, muito bem organizado por sinal. — Não estou vendo as bexigas e nem as pétalas. Acho que você viu o tutorial errado no YouTube.
— Palhaçona! — Ele ri, apertando minha coxa e se colocando em pé. — Eu também não sou tão brega assim.
— Estou conhecendo uma nova versão sua hoje, Gabriel — digo a ele, o observando caminhar até a bancada a frente onde havia uma caixa embrulhada com papel de presente. — Uma que não tem nada a ver com sexo, mesmo que eu saiba que é exatamente o que você quer.
— O que eu quero hoje, preta — ele se vira em minha direção com a caixa em mãos, me estendendo —, é te fazer bem e feliz.
Caralho. Sinto algo estranho se remexer em minha barriga e um aperto no peito, sem contar o fato do meu coração estar mais acelerado que o normal. Olha que eu já me acostumei com a presença do Gabriel. Me sinto muito bem com ele, tão bem que eu não tenho problemas em dividir a cama com ele. Eu não devia estar nervosa. Esse sentimento que me deixa, de certa forma, ansiosa está parecendo muito com... Meu Deus, estou me apaixonando.
— Pra você — ele diz quando ergo as mãos e pego a caixa. — É uma coisa bem nada a ver. Mas não podia deixar em branco, né?
Desfaço o laço e desembrulho o presente, pensando no trabalho que Gabriel teve para embrulhar e deixar bonitinho. Ele deve ter pedido pra alguém fazer isso por ele, com certeza foi a Dhiovanna. Aliás, qual será o quarto dela? Espero vê-la pela manhã.
— Quando a gente voltar pro Rio, eu te compro um presente decente — abro a caixa e dou de cara com uma camisa azul gritante e logo abaixo havia outra, uma amarelo gritante. — O presente é meio sem graça. Mas como eu nunca vou ter a chance de te presentear com a minha camisa de time sem levar um soco em troca. Então...
Olho para Gabriel, ele está com os lábios pressionados aguardando ansiosamente minha reação.
— Então essa é a única oportunidade de eu usar algo seu enquanto você joga — abro um sorriso, tirando a camisa do brasil azul de dentro da caixa e ficando em pé para colocar por cima do peito, não antes de olhar o número e o nome de Gabriel na parte de trás. — Eu amei!
Agarro seu pescoço e o abraço.
Sinto a risada do Gabriel em meu pescoço e sua mão se encaixando perfeitamente em minhas costas enquanto me abraça de volta.
— Eu ainda espero que você use minha camisa no jogo do Flamengo — ele diz quando me afasto dele para olhar melhor para meus presentes. — Tenho esperanças que você perceba que seu timinho é pequeno comparado ao meu.
Dou uma risada genuína com o que escuto. É cada coisa viu. Puta merda. Flamenguistas se acham os grandes porque os timinhos cariocas não são tão grandes que nem os de São Paulo e ao se comparar entre eles, percebem logo de cara a superioridade. Há uma diferença gritante entre eles. Agora tenta comparar um São Paulo com Palmeiras. Ou Palmeiras com Corinthians sem arrumar uma briga das boas e com ótimos argumentos.
— O dia que eu mudar de time por causa de macho, você pode ter certeza que a Luanna que você conheceu está bem morta e enterrada. É muito humilhante mudar de time assim. Tipo, você não tem opinião própria pra escolher seu time? Pra defender seu time? Pra amar seu time?
— Pois então — ele assente, um sorriso brincalhão na cara. — Será que só você que não percebe que o Flamengo é gigante?
— Você nunca me ouviu dizer o contrário.
— O que te impede de virar flamenguista, então?
— O fato de eu ser palmeirense — digo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Afinal é a coisa mais óbvia do mundo. — Eu amo meu time. E o Palmeiras é tão gigante quanto seu Flamengo.
— Tão grande que não tem Mundial.
— E vocês não podem nem ir pra casa chorar porque não tem casa. Que gigante que é esse que nem estádio próprio tem?
Gabriel ri do que eu digo, uma risada gostosa que me faz abrir um sorriso.
— Essa foi muito boa, preta. 'Tá procurando argumentos no twitter pra conseguir discutir comigo?
Dou um tapa em seu ombro e volto a olhar para as minhas mais novas camisas.
— Eu amei o presente — digo de novo a ele. — De verdade. Eu queria essa camisa nova do Brasil, achei linda demais. Só que estava sem dinheiro pra comprar.
— Porra, você e o dinheiro não são bons amigos, né?
— Ele me odeia, por isso que vive longe de mim.
— Ainda bem que eu tenho de sobra e posso te bancar — reviro os olhos, mas não discordo e nem concordo com o que ele diz. — Esse não é o único presente.
— Tem mais? — Me surpreendo de verdade com o que ele diz.
Eu não estava esperando nenhum presente e de repente estou ganhando mais do que eu mereço.
— Ai Luanna, isso nem devia ser um presente, né? É tipo, minha camisa, pô.
— Eu considero um presente — informo, guardando a camisa na caixa junto com a outra. — Um presente bem bom.
— Não. Sem essa. Em casa, eu te compro algo decente. Mas como não estamos lá, eu tive que improvisar — ele fica de costas só para pegar uma bandeja em cima da bancada. — Senta aí.
Obedeço, me sentando na cama e Gabriel coloca a bandeja em meu colo.
— Imaginei que você já teria jantado quando me encontrasse, então pedi meio que uma sobremesa.
Ele retira o cloche de cima do prato e revela uma sobremesa bem caprichada no chocolate e morango.
— Aniversário sem bolo, não é aniversário. Esse aí é um bolo com especiarias — ele informa, apontando pra minha comida. — Eu comi um pedaço ontem e adorei. Se pá, 'cê gosta.
— É comida, Gabriel. Claro que eu vou gostar — pego o garfo e já começo a comer, sentindo minha boca salivar de fome. E olha que eu jantei no avião.
— Imaginei — ele ri enquanto me observa, comendo aquele doce como se minha vida dependesse disso. E talvez dependesse porque chocolate e morango é a melhor combinação que existe.
— Puta merda! 'Tava uma delícia! — Exclamo minutos depois, assim que meu prato está vazio.
Eu comi que nem senti.
— Percebi — ele está rindo de mim. Estava falando de alguma coisa do jogo da semifinal que eu não estava prestando muita atenção, mas que assenti a tudo para que ele não pensasse que eu estava no mundo da lua, mesmo que eu estivesse. A comida tem esse poder sobre mim. — Comeu que nem um dragão. 'Tava com fome, é?
— Não consigo resistir a um doce. Bom — me coloco em pé, levando a bandeja até a bancada e colocando a cloche em cima do prato de novo. — Eu vou tomar um banho e aí eu sou toda sua.
— Ou melhor — ele se coloca em pé e de repente retira a camisa, expondo aquele corpo tatuado que me deixa completamente fascinada e fraquinha. — Eu vou tomar banho com você e ai 'cê pode fazer o que quiser comigo.
— Gostei mais dessa ideia.
O caminho até o banheiro foi o mais provocativo possível.
Gabriel decidiu que iria tirar minhas roupas enquanto me conduzia até lá e quem acabou ficando sem roupa primeiro foi ele.
Já quando estávamos dentro do box, tivemos uma pequena discussão da temperatura do chuveiro. Eu gosto de banho fervendo, daqueles que fazem a pele derreter. Já Gabriel gosta de banhos gelados. Parece até que está na menopausa.
— Você sabia que banho muito quente vai te encher de ruga — ele diz ao chegarmos num consenso que a água ficaria no morno. Bem morno mesmo. No caso, horrível.
— A idade chega pra todo mundo. Sem drama.
Pego o sabonete e começo a me ensaboar.
— Mas vai te envelhecer mais rápido.
Reviro os olhos com força dessa maluquice que está falando e decido me concentrar no meu banho. Gabriel também. Isso mesmo. Ele se concentrou no meu banho. Passou sabonete nas minhas costas. Me ajudou a lavar o cabelo. Fiz o mesmo com ele. Rimos enquanto rolava umas mãos bobas e no fim, quando já estávamos limpos e cheirosos, ficamos de frente um para o outro. Deixando a água cair no meio de nós dois.
— Não é bizarro a gente já parecer com um casal? — pergunto, pensando em como foi fácil pra gente se acostumar com essas coisinhas simples mesmo que não tenhamos nada oficial.
Gabriel sorri fraco e me surpreende ao tocar em meu rosto com as duas mãos, me fazendo olhar em seu olhos.
— Luanna, eu... — ele hesita, sua respiração ficando irregular de repente, só não sei dizer o motivo. — Eu...
— Ficou sem palavras?
Deslizo minhas mãos por seu peito até apoiá-la em seus ombros.
— É que você é muito linda — seu sorriso é diferente.
Seu olhar é diferente. É mais intenso, é mais verdadeiro. Até seu toque em meu rosto parece mais significativo. Isso faz meu coração acelerar e aquela sensação no alto do meu estômago se mostrar ainda mais presente. Uma onda de pânico me atinge de repente. Eu sei o que estou sentindo. Eu sei porque meu coração está acelerado. E eu tenho medo de acabar me decepcionando no fim.
Selo nossos lábios num beijo para ofuscar meus pensamentos e esquecer o medo de me frustrar. Gabriel está aqui comigo, não importa o que temos e nem o que tudo isso significa. Só importa que estamos juntos. E eu quero continuar com ele.
O beijo se intensifica e quando menos percebo estou de frente pra parede, sendo pressionada no azulejo molhado enquanto ele se coloca atrás de mim, agarrando meu quadril e colocando meu cabelo pra frente.
— Vou deixar pra te foder na minha cama — ele sussurra, a boca fazendo cócegas em minha orelha. Seus dedos deslizam pela minha barriga até estarem entre as minhas pernas, tocando naquele ponto inchado que me faz revirar os olhos e ver estrelas.
— Ah... — suspiro, me apoiando na parede e recuperando o fôlego. — Eu também não gosto de transar no banho.
Ele ri contra a minha pele.
— Nunca te fizeram gozar durante uma boa ducha? — Ele pergunta.
Não sei o que me deixa mais desnorteada. Seus beijos em minha pele ou seus dedos fazendo aquele maldito movimento circular em meu clitóris. Levo longos segundos processando o que ele me disse até enfim entender sua pergunta.
— Não — respondo, arquejando. — Sexo no banho só é bom para uma pessoa. Nunca foi bom pra mim.
— Então se segura — sinto um de seus dedos me penetrarem calmamente. Meus olhos se fecham e eu solto um gemido baixo. — Porque eu vou te fazer gozar.
Eu tô achando que eu estou muito boazinha com essa fic 🤔
Próximo capítulo é um muito esperado por muitos de vcs. O que acham que é?
Espero que estejam gostando. Já estou escrevendo o próximo.