Esqueça toda a ordem dos jogos na semifinal da Copa. Eu fiz duelos totalmente diferentes pra se encaixar no que eu quero trazer pra fic.
Aqui está A ORDEM DOS DUELOS.
imagem feita por mim
BOA LEITURA
ENTRO NO VESTIÁRIO e a primeira coisa que eu pego é meu celular. Desbloqueio com o Face ID e rapidamente clico no icon do WhatsApp. Tem mensagem não vista e recém mandada da pessoa que sempre fica ali no topo das minhas conversas, principalmente nesse tempo em que estamos longe um do outro e esse aplicativo ser um dos nossos meios de conversa.
MEU DEUS DO CÉU GABRIEL
FINAL! TAMO NA FINAL!
PUTAQUEPARIU
to toda me tremendo aqui mano
Gustavo teve que fazer um cházinho pra mim
Luanna plmd nada de morrer agora
preciso de vc viva pra domingo
A FINAL VAI SER NO MEU ANIVERSÁRIO
GABRIEL EU NAO ACREDITO
VOU VER MEU PAÍS DISPUTAR A FINAL DA COPA NO MEU ANIVERSÁRIO
se acalma, preta
respira e relaxa
TÁ PERAI
Luanna some por alguns minutos para se recuperar do jogo que eu acabei de jogar com a seleção brasileira. A semifinal da Copa do Mundo de 2022 que o Brasil ganhou e se classificou para a final.
O jogo de hoje nem foi tão difícil quanto o esperado. Acho que as quartas de final nos deram um gancho para continuar nessa Copa até chegarmos na final.
Enfrentamos Marrocos hoje. O time que eliminou a Espanha, depois eliminou Portugal. Confesso que botou certo medo na equipe. O time dos caras estava forte, mas não era melhor do que o nosso. Nos classificamos com uma vitória de 2x0. Agora iremos pegar ou a Argentina ou a França na final. Depende de quem ganhar o jogo de amanhã. Estou torcendo pra ser a Argentina, rivalidade mais gostosa de se ver e de se jogar.
Eu entrei só no finalzinho do segundo tempo, pra segurar o jogo. Não entrei na esperança de fazer gol e nem nada. A vitória já estava garantida mesmo.
Agora só precisamos focar para a final. Temos que vencer.
Ainda estou pensando no jogo e no resultado quando meu celular vibra na minha mão.
voltei
tá melhor?
muito
nossa, eu tô tão feliz
vai, me fala que essa felicidade é pq vai me ver e não pq o Brasil ganhou
incrível como vc sempre quer estar com o ego massageado
obg eu sei que sou incrível
🙄🙄
preta, será que só eu que tô com sdd?
eu tb estou com sdd, Gabriel
muita
queria nao estar
mas estou
vou considerar só a parte boa da mensagem
quando vc vem?
sábado
AINDA?
tá achando que é barato?
eu pago pra você
eu não vou sozinha
eu pago pra sua família tb, Luanna
só vem logo
tipo hoje
para de ser maluco
eu vou sábado, já está decidido e o Gustavo acabou de comprar as passagens
tá bom, ent
vc já esperou até agora
não vai demorar muito pra sábado
quando vc for ver, eu já vou estar aí com vc
já tá demorando demais, Luanna
preto, não fica bravo
quer ver uma coisa que vai te animar?
quero
*Luanna 🤫 encaminhou uma foto
MEU DEUS
QUERO MT TE FODER
Gabriel!!
que coisa feia
feio é vc me mandar uma foto dessas e eu estar no meio do vestiário
ai mds nao me fala que
alguém viu????
e eu tô doido de expor minha
mulher agr?
KKKKKKKK
então, como sua mulher, eu sugiro
que vc tome um banho e vá para
o quarto logo
vc vai me ligar quando eu chegar lá?
talvez
por vídeo?
posso pensar no seu caso
vai, preta
pensa com carinho
o Brasil tá na final
ahhh tá bom
vamos conversar por vídeo
agora sim
meia noite eu te ligo
esteja pelada
mds vc é um tarado
Desligo o celular e me levanto.
Mais tarde, quando finalmente voltamos pro hotel, sou surpreendido antes mesmo de chegar no hall de elevadores. Alguém me para no meio do caminho e me agarra num abraço apertado. Me assusto com o gesto, mas reconheço o perfume. Dhiovanna.
— Caralho, que orgulho! — Ela diz em meu braços, agarrando com força meu pescoço.
— Você vai acabar me sufocando — aviso a ela.
Dhio me solta e eu contemplo a felicidade estampada em seu rosto.
— A primeira vez que você 'tá na Copa e vocês chegaram na final, Gabi. Isso é foda pra caralho.
— É — coço a cabeça, concordando com o que ela diz. Realmente é uma loucura sensacional pensar no fato do Brasil estar numa final depois de 20 anos e que eu estou presente no time. Estou de reserva, mas mesmo assim estou no time. — É muito louco.
— Sim, mano!
— Parabéns, meu filho — diz outra voz.
Minha mãe abre os braços e eu me permito ser abraçado por ela. Nada melhor do que o carinho da minha família, ainda mais sabendo que eles estão orgulhosos de mim.
— A gente ainda não ganhou, mãe — digo ao me afastar. Os olhos dela estão marejados e isso deixa meu coração aquecido.
— Mas chegaram na final e isso já é uma vitória, Bi.
— Sua mãe tem razão — concorda meu pai, ele estava segurando uma sacola de papel que eu bem acredito que seja um lanche pós jogo. — Fazia muito tempo que o Brasil não chegava numa final. E você está nela.
— Sim! — Dhio exclama, agarrando o braço de nosso pai. — Isso é incrível demais! Meu Deus, eu estou tão feliz. Merecemos uma comemoração.
— Vamos dar um passeio pela cidade, comer alguma coisa — sugere meu pai, quase escondendo a sacola atrás das pernas para que ninguém veja que é comida.
— Já está tarde — minha mãe nos lembra. Deve ser quase meia noite. — Melhor deixarmos pra amanhã. E o Gabriel precisa descansar.
— Isso é verdade — minha irmã assente ao que a mamãe diz. — Descansar bastante e depois treinar até estar bom demais pro jogo de domingo.
— Exato.
— Mas — Dhiovanna continua, um sorriso maroto na cara — nada nos impede de beber umas taças de vinho. Por comemoração.
— Dhiovanna! — Minha mãe repreende, mas minha irmã está rindo com o apoio do papai.
— O que me diz, Gabi? — ela olha pra mim, pedindo minha opinião.
— Está tarde — é o que consigo dizer. Vai dar meia noite e eu já tenho compromisso. Um que eles não precisam saber. — Mamãe tem razão, preciso descansar.
— Ah, para com isso! — Ela bufa pra mim, irritada. — Você nunca dispensa uma diversãozinha. O que rolou? 'Cê vai fazer alguma coisa?
— Não implica com seu irmão, Dhiovanna — minha mãe pede, me defendendo, como sempre. — Se você quer continuar feliz, é melhor deixar o seu irmão jogador ter o descanso que ele merece.
— Não, não. — Dhio aponta um dedo pra mim. — Eu conheço o Gabriel, conheço mais do que ninguém e muito mais que a senhora, mãe.
— É mesmo? — Minha mãe cruza os braços.
— Talvez nem tanto — Dhio volta atrás com sua fala, mas continua apontando pra mim. — Sei que ele vai fazer alguma coisa. Se não com a gente, com alguém. Quem você vai ver?
— Não enche — digo, abaixando o dedo que Dhiovanna apontava pra minha cara que estava quase encostando no meu queixo.
— Ah, então você vai ver alguém! — Ela arregala os olhos em expectativa. Imagino que sua cabeça deve estar fritando com o que acabei de dizer. — É a Luanna? Ela 'tá vindo pra cá?
Faço uma careta, sem acreditar que ela teve a coragem de abrir a boca com nossos pais presentes. Dhiovanna se arrepende assim que as palavras escapam. Mas agora não tem como voltar atrás. Nossos pais já ouviram e já entenderam do que se trata.
— Quem é Luanna? — pergunta minha mãe com suspeita.
— 'Cê 'tá ficando com alguém que não é a Rafaella? — Meu pai parece ainda mais confuso. — Isso não é mais um dos seus joguinhos pra chamar a atenção daquela moça de novo, né?
— Não — balanço a cabeça, negando. — Não, nada a ver.
— Então você 'tá apaixonado?
— Não, mãe...
— Filho, pelo amor de Deus, não 'tá pegando uma famosa só por pegar, né? — Meu pai pergunta sem me deixar terminar de falar. — Já chega em se meter em escândalos. O Fabinho não 'tá mais te orientando?
— Calma. Não é nada disso.
Ergo as duas mãos para que eles parem de falar e me escutem. E quando eles finalmente fazem isso, volto a falha tentativa de me explicar:
— A Luanna não é só mais uma, 'tá? Só que... ainda estamos nos conhecendo.
— E você chamou a garota pro Qatar? — Minha mãe parece chocada demais. — Quem é essa garota?
— Irmã do Scarpa — responde Dhiovanna, não ajudando em nada e só piorando minha situação.
— Quem?
— O jogador do Palmeiras!? — Meu pai está quase gritando em choque. — 'Tá pegando uma palmeirense!? 'Tá maluco, porra?
— Calma.
— Uma palmeirense? — Minha mãe começa a entender. — Irmã de jogador? Gabriel, o que deu em você?
— Está apaixonado — minha irmã responde por mim como se fosse a coisa mais natural do mundo. — E não se preocupem com o time que ela torce. Luanna é incrível, vocês vão amar.
— E como eu ainda não conheço essa menina se ela já uma boa candidata a ser a minha nora?
— 'Tô confuso pra caralho — meu pai coça a cabeça e olha pro além.
— Ei — faço com que todos me olhem. — Não me levem a mal, mas eu 'tô indo com calma.
— 'Tô vendo. — Minha mãe dá risada, debochando. — Trazendo a garota pro Qatar. Assume logo essa menina que vai ficar menos feio, Bi.
— Concordo, mamãe. — Dhio agora está abraçando o braço de nossa mãe.
— Por que você não pediu a garota em namoro ainda? — Meu pai me pergunta.
— Não sei.
— Olha, filho — minha mãe toca em meu ombro. — É melhor que você assuma logo esse relacionamento, principalmente se está tão apaixonado por essa garota. Não esqueça que você é uma figura pública e as pessoas vão saber de um jeito ou de outro se a tal da Luanna estiver aqui por você.
As palavras de minha mãe atingem meu coração com força. E continuam ecoando em minha mente pelos minutos seguintes. Nós entramos no elevador e eles continuam falando sobre a Luanna, querendo detalhes e informações que Dhiovanna não deixa de contar. Só param quando finalmente nos separamos.
Vou em direção ao meu quarto em completa solidão, sendo perseguido pelos meus pensamentos recentes em pedir Luanna em namoro. Será que devo fazer isso? Já está na hora?
— E aí, cara? — Pedro me agarra pelo pescoço e começa a caminhar comigo em direção ao quarto já que somos quase vizinhos. — Estamos em mais uma final, olha só. Será que somos sortudos demais?
Dou uma risada breve, concordando com ele. O problema é que não me animei o suficiente com o que Pedro me disse mesmo que ele tenha enaltecido o fato de essa ser a quarta final que nós dois estamos. Se levarmos em conta que ganhamos todas até aqui, domingo a vitória já está garantida. Mas não consigo me sentir tão feliz com isso. Minha cabeça está em outro lugar, e Pedro não deixa de reparar.
— O que foi, parça? 'Cê 'tá com uma cara péssima.
Ele diminui o passo e como está agarrado em mim, me obriga a fazer o mesmo.
— Eu 'tô viajando, só isso.
— Mas aconteceu alguma coisa? — Ele me pergunta, preocupado. — Pode me contar, cara. 'Tô aqui por você, 'cê 'tá ligado.
Balanço a cabeça em concordância, sabendo que Pedro realmente é um grande amigo e vai estar mesmo ali por mim se eu precisar.
— Ah, mano, não é nada demais. É só que... — coço a barba e tento não imaginar o rosto de Luanna, só que é dificil não visualizar aquela mulher linda quando se está pensando nela sem parar. — Eu talvez esteja gostando muito de uma pessoa.
— É o quê? — Pedro se surpreende, me parando no meio do caminho e ficando de frente pra mim só para conseguir olhar nos meus olhos e ver se estou falando a verdade. — 'Cê 'tá falando sério mesmo?
— É, mas você não pode contar pra ninguém.
— Relaxa, irmão — Pedro abre um sorrisão pra mim, empolgado com a ideia de eu finalmente estar apaixonado. — É Rafaella? 'Cê voltou com ela?
Puta merda, por que todo mundo acha que eu ainda gosto dessa mina?
— Claro que não — nego de imediato e percebo que estou falando bem baixo. Estou com medo real que alguém nos ouça. Principalmente alguém que não deve ouvir. — Não é ela.
— Ah, vai saber, né? — Pedro ergue os ombros, meio confuso. — Ela é irmã do Ney e tipo 'tamo na Copa. Ela deve 'tá por aqui, né?
— Não sei e nem quero saber — por mim que essa doida fique bem longe de mim. E de preferência bem longe da Luanna. — A menina que estou... gostando é outra. Você nem deve conhecer.
— É famosa?
— Mais ou menos. Ela é irmã de jogador.
— 'Tá namorando com a irmã de um dos caras? — Pedro aponta com o polegar para atrás de si, indicando os quartos dos outros jogadores. — Como que eu só 'tô sabendo disso agora?
— Não. Ela não é irmã de ninguém que 'tá aqui. Fica de boa.
— Ué — ele fica meio confuso. — Flamenguista, então?
— Palmeirense — informo, sussurrando.
— É o quê?
— Pois é.
Pedro ergue a mão e me assusta quando toca na minha testa.
— 'Cê 'tá doente? — Me pergunta verificando minha temperatura. — O jogo de hoje te fez mal ou algo do tipo? Te levo na enfermaria, irmão.
— 'Tô bem — jogo a cabeça pra trás, me afastando da mão gigante do Queixada. — Mas é isso aí. 'Tô ficando com uma mina palmeirense. Irmã do Scarpa.
Pedro dá uma risada genuína, balançando os ombros sem nem acreditar. Mas ele muda de expressão assim que percebe que minhas palavras são bem verdadeiras.
— Cara, que maluquice é essa?
— Sei lá, porra. Talvez eu esteja bem louco mesmo — começo a dizer, sentindo meu peito se apertar com esse assunto. Estou ficando ainda mais confuso com as reações de todos. Vai ser assim então quando o mundo descobrir? Vão achar que eu enlouqueci? Ou pior, vão atacar a Luanna? — Não sei o que 'tá dando em mim ultimamente. Sou um idiota do caralho.
— Calma, cara. — Pedro toca em meus ombros, percebendo a mudança em meu humor e entendendo que esse assunto é realmente bem mais sério do que imaginava. — Você não está louco, não. Bom... talvez só um pouco. Mas se você gosta dela, então vale a pena investir.
— Eu gosto dela — declaro. — Mas... não era o que eu queria.
— Como assim, mano?
— Mano, o combinado era sem sentimentos, entendeu? Sem compromisso. E agora eu estou me emocionando. Abrindo meu coração e falando até pra minha família. Com certeza jogaram alguma maldição em mim, não é possível.
— Repreende isso em Nome de Jesus! — Pedro ergue a mão quase pra me abençoar como os pastores fazem.
— Não sei o que fazer.
— Posso ser sincero contigo?
Pressiono os lábios e assinto. Nada como um conselho de um crente pra abrir minha mente nesses horas.
— Se gosta de verdade dessa mina e se realmente tem certeza dos sentimentos dela por você, então qual é o motivo de não estarem juntos publicamente? Investe nela logo, para de perder tempo.
— Ah, mano. Tem toda uma pressão em cima da gente, entendeu? Ela é irmã de jogador. De rival. — Dou ênfase a essa parte. — A família dela é doente pelo Palmeiras, duvido que me aceitem.
— Mas você vai namorar com ela ou com a família dela?
— Com ela. Só que a família vem de brinde, né? Não tem como fugir disso, não.
Pedro sorri, assentindo.
— O amor dela vale mais que qualquer negatividade, cara.
Que brega, penso. Mas ao mesmo tempo, que frase foda.
— O curso de pastor 'tá te ensinando a dar conselhos amorosos, irmão? — Brinco com ele, o fazendo rir.
— Aprendo um pouco de tudo. Você devia aparecer num culto qualquer dias desses. Eu te levo.
— É... — penso sobre isso.
Tenho um pouco de medo da igreja pra ser sincero. Quando eu era moleque, eu ia naquelas igrejas que o povo rodava na hora das músicas que tinham batida de samba, e que o pastor ficava meia hora expulsando demônio. Me traumatizou. Mas sei que hoje em dia o bagulho ficou mais moderno. Igreja com parede preta, pastor com tatuagem, prancha de surf no negócio de apoiar a bíblia na hora de pregar.
— Se eu for na igreja, eles vão me revelar que a Luanna é a mulher pra mim?
Pedro ri de novo do que eu pergunto.
— Olha, não posso dizer que não. Mas tenho que te falar pra você não ir achando que a igreja vai revelar seu futuro. 'Cê tem que ir com a mente livre dessas paradas aí que usam pra ter mais gente nos templos.
— Calma aí — ergo uma mão. — Não sei se eu vou na igreja ainda. Só quero uma solução.
— Eu te dou uma solução — ele começa a falar, olhando em meus olhos. — Peça a tal da Luanna em namoro.
Puta merda. Já é a segunda vez que eu ouço isso em menos de uma hora. Será que é um sinal? Deus já está falando comigo sem eu nem ir na igreja?
— Eu não sei se eu devo fazer isso. Não sei se é o momento certo. Eu... Sei lá, mano. Posso estar realmente muito louco e...
— Cara — ele interrompe minha fala, percebendo a minha confusão —, você gosta mesmo dela?
Balanço bem a cabeça, assentindo.
— Gosto.
— Gosta ao ponto de não querer mais ninguém? Nem se passar a mulher mais gostosa do mundo aqui do seu lado agora?
— A mulher mais gostosa é a Luanna, cara, 'cê não 'tá entendendo. Ela é linda demais. A beleza dela é surreal. Você tem que ver. Ela tem um corpo violão que mexe comigo de um jeito que... puta que pariu, irmão. Deve ser por isso que eu 'tô maluco — estou falando e quando menos imagino, estou desabafando tudo que sinto. — Aquela mulher mexeu com a minha cabeça. Fodeu com tudo. Eu só consigo pensar nela. Dispensei uma comemoração em família porque estou com saudade da Luanna e quero entrar em ligação com ela. Eu... cara, eu estou fodido, entendeu?
Pedro continua em silêncio, me ouvindo. Ele parece estar interessado no que digo o que me faz continuar falando sem freio nas palavras.
— Eu queria farra. Sou um cara que curte as noitadas, 'cê me conhece. Mulheres gostosas, rap e o cu cheio de cachaça. Essa era a minha felicidade. 'Cê tem noção que eu... que, porra, eu não quero mais isso. Não que eu não curta. Eu ainda gosto. Só que... mano, é muito melhor estar em casa com a Luanna na minha cama do que qualquer outro tipo de diversão momentânea. É idiotice da minha parte estar sentindo isso?
Paro de falar e um sorriso de, talvez, orgulho surge nos lábios do Pedro.
— Gabi, você tem que começar a se ouvir — ele sugere, dando umas batidinhas em meu ombro. — Porque você acabou de declarar o que você sente. E se isso não for paixão ou... amor, eu não sei o que é.
Respiro fundo.
— O que eu faço?
— Faz o que o seu coração quer que você faça — ele me responde como se fosse a resposta mais óbvia do mundo. Talvez seja mesmo. — Peça essa garota em namoro e pare de se torturar. É nítido o que você sente. Seja sincero com ela. E se ela não entender ou não sentir o mesmo, é melhor que vocês terminem agora do que mais frente quando o sentimento for ainda mais forte.
Abaixo a cabeça, absorvendo esse conselho.
Pedro tem razão.
No começo era só sexo.
Era só distração. Luanna era a minha diversão e eu gostava pra caramba do que a gente tinha. De saber que era secreto e que não podíamos ser descobertos. E não fomos. Bom, a mídia até hoje não sabe sobre nós.
Só que já havia sentimento. Desde aquela época. Por menor que fosse. Ciúmes então. Puta que pariu. O tanto de problema que a gente já teve por causa de ciúmes é de dar risada.
Agora estamos numa fase muito boa.
Sem brigas. Sem problemas. Só aproveitando a companhia um do outro. Intensificando o sentimento. Se apegando. Porque, caralho, eu já estou muito apegado nela. Isso é claro.
Então, o que me impede de fazer o que o Pedro me disse? Ou o que minha mãe me disse?
Nada. Nada me impede.
Por isso, está claro, está decidido. Eu vou pedir a Luanna em namoro.
Ai como eu amo os dias de glória.
Não vou comentar sobre a derrota de ontem do Flamengo pra não dar gatilho em ninguém. Só estou aqui pensando que a Luanna vai amar zoar o Gabi por isso.
Vai ter mais capítulos essa semana. Estou escrevendo o próximo.