Anastasia
— É de coração aberto que vocês estão aqui hoje, aceitando e afirmando que nunca faltarão com suas obrigações de padrinhos? — Christian e eu trocamos um sorriso cúmplice e assentimos.
— Sim.
— Vocês prometem serem eternamente tementes a Deus e a repassarem os ensinamentos bíblicos a essa criança?
— Sim.
— Vocês renunciam a todo pecado enquanto aceitam Deus em suas vidas e corações?
— Sim. — Christian e eu concordamos pela terceira vez e o Padre sorri, puxando um coro de três Ave Marias enquanto joga água benta na cabeça do pequeno Luca.
O bebê de agita nos meus braços e eu o balanço suavemente, ouvindo as fungadas da Mia nas minhas costas.
— Luca, que Deus te guie sempre e que a sua vida seja feliz e abençoada. — o Padre finaliza e faz o sinal da cruz na testa do meu afilhado — o primeiro — com um óleo cheiroso.
O som alto de palmas cresce dentro da igreja e eu beijo a ponta do nariz dele. Luca abre os olhos e sorri, segurando forte o dedo do Christian.
— Esse foi um dos momentos mais lindos da minha vida. Obrigado por terem aceitado. — Mia murmura com a voz embargada enquanto entrega o Teddy para o meu marido e pega o filho nos braços.
Elliot me dá um abraço apertado e os dois se fecham numa bolha própria enquanto conversam e cantam para o bebê Luca.
Christian ajeita o nosso filho contra o peito e envolve a minha cintura com o braço direito, sorrindo e cumprimentando alguns amigos e mafiosos que foram convidados para o batizado.
— Feliz? — ele sussurra no meu ouvido e eu assinto, secando discretamente as lágrimas surgindo nos cantos dos olhos.
— Muito. Eu sempre sonhei em ser madrinha e nunca pensei que a Mia fosse se tornar mãe um dia. Foram muitas surpresas.
— Hum. E essas surpresas foram boas, senhora Grey?
— Algumas sim, outras nem tanto. — suspiro, momentos não tão agradáveis surgindo como flashes na minha mente mas que se vão embora rápido. — Vamos dizer que foi um ano interessante.
E foi mesmo, definitivamente.
Depois que acabamos com o Marcelo nós pudemos finalmente respirar aliviados.
A máfia é cheia de regras e espírito de respeito e irmandade entre as famílias mas todos entenderam que o que fizemos foi necessário.
Marcelo nunca iria parar e a nossa segurança estava em risco.
Depois que conseguimos organizar tudo e resolver todo o drama, Christian e eu saímos numa segunda lua de mel com o nosso filho durante um mês e retornamos com a notícia da gravidez da Mia.
Nós ficamos em êxtase e mais ainda quando ela e Elliot nos convidaram para sermos os padrinhos do bebê.
O plano era manter a família reunida depois de tanta merda.
Christian e eu finalmente nos mudamos para a nossa casa em Palermo e deixamos a mansão para o casal e o Adriano, mas ele também decidiu se afastar um pouco.
Nos falamos semana passada e tudo parece bem. Adriano está em Berlim conhecendo mulheres e conversando com pessoas que, segundo ele, podem ser interessantes para os nossos negócios.
— Tudo bem, dea? Ficou distante de repente. — Christian aperta a minha cintura e beija o topo da minha cabeça.
— Só estava lembrando dos últimos meses. Foram tão tranquilos, um ano realmente calmo. — ele ri e abre a porta do SUV, colocando Teddy cuidadosamente no bebê conforto.
— Muito chato para você, senhora Grey? — suspiro teatralmente e dou de ombros.
— Talvez. Achei que me casar com você seria mais emocionante. Tipo perseguições de carro todos os dias, troca de tiros, essas coisas. — Christian revira os olhos e fecha a porta, puxando e prendendo meu corpo entre o carro e ele.
— Isso ainda acontece, baby. Quase todo dia.
— É, tem razão. — faço uma careta e bato a ponta da unha no lábio inferior. — Talvez seja hora da gente pensar num segundo filho, então.
O maior e mais brilhante sorriso surge nos lábios do Christian e ele avança na minha boca, nossas línguas se embolando enquanto ele aperta a minha bunda.
— Você quer um outro bebê? — ele murmura sem fôlego, os lábios descendo pelo meu pescoço.
— Sim, eu quero um outro bebê.
Christian morde o meu ombro e abre a porta do passageiro, me empurrando para dentro do carro.
— Então vamos para a casa fazer um bebê.
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— Não é a primeira vez que isso acontece, nós precisamos tomar uma providência. A Europa pode estar ameaçada se a família colombiana conseguir essa aliança com os mexicanos. — Carlos Santomé, o chefe da família portuguesa murmura num inglês arrastado.
Uma explosão de vozes cresce ao redor da mesa, cada um falando mais alto que o outro e eu bufo, revirando os olhos.
Me ajeito na cadeira para tentar aliviar a pontada nas costelas. Estou grávida de quase sete meses e a minha pequena Stella tem se mostrado bem impaciente durante as nossas reuniões.
Noto os olhos atentos do Christian antes dele sair do seu lugar e correr até mim.
— Algum problema, baby? Com dor? — acaricio o rosto dele com um sorriso tranquilizador e arrasto a minha cadeira, ficando de pé.
— Nós temos negócios com a família de Nova York, eles vão nos ajudar com os mexicanos. — minha voz sai mais alta que todas as outras e os dezoito homens se calam. — E quanto a família colombiana não se preocupem, até amanhã isso já estará resolvido.
Troco um olhar com Taylor e ele assente com um sorriso, puxando o celular do bolso enquanto marcha para fora da sala.
— Mas isso pode acarretar numa guerra. — um velho à minha direita murmura e me fita com censura.
— Não vai, eu garanto. Nós sabemos muito bem o que estamos fazendo e eliminar o inimigo é a forma mais rápida e barata. — rio sem humor e olho para os outros. — Era só isso? — arqueio uma sobrancelha, esperando.
— Você não pode tomar as decisões assim, mulheres não tem a última palavra. — estreito os meus olhos para um idiota sentado na outra extremidade da mesa.
Os chefes mais velhos arregalam os olhos, alguns se contorcendo visivelmente incomodados.
O filho da puta parece ser jovem, talvez tenha a minha idade ou até menos.
— Eu não tomo decisões, eu dou ordens. E elas devem ser cumpridas da maneira como eu mandei. — forço um sorriso. — E também não peço opiniões, ainda mais de pessoas insignificantes.
Eu me viro para sair mas o idiota bufa alto.
Christian fica tenso ao meu lado, os dentes rangendo enquanto ele olha sobre o ombro com um brilho assassino.
A presunção do pobre filho da puta some e uma expressão de pavor surge quando ele é levantado do seu assento por um Elliot de sorriso perverso.
— Você não pode fazer nada contra mim, Grey. Nem você e nem a sua cadela.
Garoto, não faz isso.
Christian e eu já somos casados a mais de dois anos, a minha fama corre livremente entre as famílias e todos sabem muito bem como um Grey resolve os seus problemas, seja ele qual for.
— Qual é o seu nome mesmo? — murmuro indiferentemente.
— Mikhail Ivanov. — o imbecil estufa o peito e me lança um olhar cheio de superioridade. — Vou assumir a máfia russa assim que meu pai se aposentar e minha primeira ação vai ser desfazer o acordo que temos com vocês.
Não vai não, criança.
Não vai mesmo.
Pisco para o meu cunhado e Elliot assente, arrastando o jovem Mikhail porta afora. Ele grita e esperneia, berrando ameaças enquanto eu rio.
Vamos ensinar a ele alguns bons modos mais tarde.
E o pai dele com certeza vai agradecer por isso.
— Mais alguém quer compartilhar alguma opinião? — os homens ao redor da mesa negam veementemente e Christian ri ao meu lado, jogando o braço sobre o meu ombro enquanto saímos da biblioteca.
— Você é incrível, dea. — eu sorrio e respiro fundo quando atravessamos as portas que dão para o jardim.
A brisa quente do verão balança os meus cabelos e eu me sinto calma novamente.
Christian me ajuda a descer os degraus e nós caminhamos pelo gramado até a piscina.
Mia e Aleska — a primeira namorada oficial do Adriano — riem de alguma coisa enquanto tomam drinks. Ele está na água e se reveza em empurrar suavemente a bóia do Luca e dar atenção aos mergulhos ainda meio desajeitados do Teddy.
Christian tinha razão, as aulas de natação foram uma boa ideia.
— Você é realmente feliz? — murmuro e olho ansiosa para o meu marido. — Esse ar familiar, crianças correndo pela casa, esposa grávida. Isso te faz feliz de verdade?
— Mais do que um dia eu achei possível. — ele responde sem hesitar, os olhos fixos nos meus. — Por que, dea? Você não é feliz comigo?
A voz oscilante dele afasta todas as minhas inseguranças e eu instantaneamente me sinto uma idiota por ter falado algo tão estúpido.
Ouvimos um grito e um furacão passa por nós.
Elliot se joga na piscina de roupa e tudo, espalhando água pelo deck de madeira. Teddy grita animado e bate os pezinhos até conseguir chegar no tio, ganhando um beijo na cabeça por ter nadado sem afundar.
— Ana? — Christian aperta os braços ao meu redor e eu olho para ele com um sorriso.
— Eu só descobri o que é de fato felicidade depois que te conheci. — esfrego meu nariz no dele como um pedido de desculpas. — Os hormônios me fazem falar coisas estúpidas as vezes.
Ele relaxa e beija a minha testa, a mão acariciando a minha barriga enorme.
— Eu te amo, Anastasia.
— Eu te amo, Christian.
Ele sorri e me puxa para um beijo sexy, línguas emboladas e suspiros altos.
Christian aperta a minha bunda e esfrega o pau duro em mim, me fazendo gemer baixinho.
Antes que eu consiga arrastá-lo para a casa de barcos ouvimos o grito estridente do nosso menino. Teddy sai da piscina com a ajuda do Elliot e corre até nós, me pedindo colo.
Pego meu bebê nos braços e encho as bochechas dele de beijos. Teddy grita e me abraça, os bracinhos fortemente ao redor do meu pescoço.
Eu não sabia que poderia amar tanto até o dia que ele nasceu e mais ainda a medida que os dias foram passando.
Ouví-lo me chamar de mamãe, os primeiros passinhos cambaleantes na minha direção, a sensibilidade dele em sentir quando alguma coisa está me incomodando.
— Mamãe, eu já sei nadar. — ele murmura animado antes de me dar um beijo e jogar os bracinhos para o Christian. — Papai, tio Elliot falou que eu sou um peixinho.
Christian ri e aperta o nosso filho num abraço, me dando um beijo antes de correr e pular na piscina.
Teddy grita com pura excitação infantil e me chama da água. Tiro os meus saltos e os deixo na grama, caminhando até a piscina.
Me sento na borda e enfio os pés na água, aceitando o suco de laranja que Mia me oferece.
Observo a minha família rindo e se divertindo, uma bolha de amor e felicidade crescendo ao nosso redor.
Tanta coisa aconteceu desde que Christian me encontrou em Nova York.
Nós passamos por várias provações, tivemos que aprender a confiar um no outro e lidar com os problemas que surgiram no caminho mas tudo valeu a pena no final.
Cada pequeno acontecimento nos trouxe até esse momento.
Cada lágrima nos tornou mais fortes e unidos.
E eu vou ser eternamente grata por ele ter cruzado o meu caminho no dia do meu aniversário com um cupcake e um pedido para provar que nascemos um para o outro.
FIM.
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Acho que eu vou chorar.
🤧