HOTEL CARO ━ gabigol

By ellimaac

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━━━━━ ❝'Cê vai ligar fingindo que não aconteceu nada.❞ 𝐋𝐔𝐀𝐍𝐍𝐀 𝐒𝐂𝐀𝐑𝐏𝐀... More

[🖤❤] 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟏 | 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐀𝐑 𝐎 𝐐𝐔𝐄̂?
𝟎𝟐 | 𝐑𝐈𝐎 𝐃𝐄 𝐉𝐀𝐍𝐄𝐈𝐑𝐎
𝟎𝟑 | 𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐄
𝟎𝟒 | 𝐌𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐏𝐎𝐑𝐑𝐀
𝟎𝟓 | 𝐀𝐑𝐑𝐔𝐌𝐀 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐔𝐋𝐏𝐀
𝟎𝟔 | 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀
𝟎𝟕 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐭𝐭 𝐞 𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚)
𝟎𝟖 | 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐄 𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐀
𝟎𝟗 | 𝐀 𝐎𝐅𝐄𝐑𝐓𝐀
𝟏𝟎 | 𝐃𝐈𝐒𝐅𝐀𝐑𝐂̧𝐀𝐑
𝟏𝟏 | 𝐄́ 𝐒𝐎́ 𝐒𝐄𝐗𝐎
𝟏𝟐 | 𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐀𝐃𝐎𝐑𝐄𝐒
𝟏𝟑 | 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐄 𝐄 𝐌𝐄 𝐁𝐄𝐈𝐉𝐀
𝟏𝟒 | 𝐒𝐄𝐌 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄, 𝐒𝐄𝐈
𝟏𝟓 | 𝐒𝐄 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐍𝐃𝐀
𝟏𝟔 | 𝐍𝐀̃𝐎 𝐒𝐄 𝐌𝐄𝐓𝐄 𝐍𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀
𝟏𝟕 | 𝐄𝐔 𝐏𝐑𝐄𝐅𝐈𝐑𝐎 𝐀 𝐏𝐀𝐙
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟏𝟖 | 𝐃𝐄𝐒𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟏𝟗 | 𝐃𝐄𝐒𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐎
𝟐𝟎 | 𝐃𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄𝐍𝐃𝐈𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
𝟐𝟏 | 𝐋𝐈𝐒𝐓𝐀 𝐃𝐎 𝐓𝐈𝐓𝐄
𝟐𝟐 | 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋𝐄𝐈𝐑𝐀̃𝐎
𝟐𝟑 | 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐎 𝐓𝐄 𝐕𝐄𝐑
𝟐𝟒 | 𝐀𝐈 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐆𝐎
𝟐𝟓 | 𝐒𝐄 𝐃𝐈𝐕𝐄𝐑𝐓𝐈𝐔 𝐃𝐄𝐌𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐂𝐀𝐅𝐄́
𝟐𝟕 | 𝐓𝐎𝐐𝐔𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄́ 𝐒𝐎́ 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀
𝟐𝟗 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
𝟑𝟎 | 𝐒𝐄 𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍𝐈𝐙𝐄
𝟑𝟐 | 𝐎̂ 𝐒𝐀𝐔𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟑𝟑 | 𝐐𝐀𝐓𝐀𝐑
𝟑𝟒 | 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟑𝟓 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟑𝟔 | 𝐒𝐔𝐑𝐏𝐑𝐄𝐒𝐀?
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟑𝟕 | 𝐍𝐀𝐓𝐀𝐋
𝟑𝟖 | 𝐑𝐄́𝐕𝐄𝐈𝐋𝐋𝐎𝐍 𝐃𝐎 𝐋𝐈𝐋
𝟑𝟗 | 𝐂𝐑𝐈𝐀𝐑 𝐋𝐄𝐌𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐒
𝟒𝟎 | 𝐅𝐎𝐈 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐄𝐍𝐓𝐈𝐑𝐀
𝟒𝟏 | 𝐄𝐍𝐂𝐀𝐑𝐀𝐑 𝐀 𝐑𝐄𝐀𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟒𝟐 | 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑
𝟒𝟑 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐏𝐓.𝟏
𝟒𝟒 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐏𝐓.𝟐
𝟒𝟓 | 𝐃𝐄𝐑𝐑𝐎𝐓𝐀 𝐄𝐌 𝐃𝐎𝐁𝐑𝐎
𝟒𝟔 | 𝐕𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐂𝐎𝐍𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀𝐑
𝟒𝟕 | 𝐍𝐎 𝐇𝐎𝐒𝐏𝐈𝐓𝐀𝐋
𝟒𝟖 | 𝐕𝐀𝐌𝐎 '𝐁𝐎𝐑𝐀
𝟒𝟗 | 𝐕𝐎𝐂𝐄̂ 𝐕𝐀𝐈, 𝐒𝐈𝐌
𝟓𝟎 | 𝐌𝐀𝐑𝐑𝐎𝐂𝐎𝐒
𝟓𝟏 | 𝐂𝐇𝐄𝐆𝐀 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐑𝐑𝐎𝐓𝐀
𝟓𝟐 | 𝐎𝐅𝐄𝐍𝐃𝐀-𝐒𝐄
𝟓𝟑 | 𝐂𝐇𝐀́ 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐏𝐓.𝟏
𝟓𝟒 | 𝐂𝐇𝐀́ 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐏𝐓.𝟐
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟓𝟓 | 𝐎 𝐏𝐋𝐀𝐘𝐁𝐎𝐘
𝟓𝟔 | '𝐓𝐀́ 𝐑𝐄𝐏𝐑𝐄𝐄𝐍𝐃𝐈𝐃𝐎
𝟓𝟕 | 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐏𝐑𝐀 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟓𝟖 | 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟓𝟗 | 𝐋𝐎𝐈𝐑𝐎 𝐏𝐈𝐕𝐄𝐓𝐄
𝟔𝟎 | 𝐏𝐎𝐃𝐏𝐀𝐇
𝟔𝟏 | 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐆𝐔𝐈𝐒𝐓𝐀𝐒?
𝟔𝟐 | 𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐃𝐎 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋
𝟔𝟑 | 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐇𝐎𝐑𝐀
𝟔𝟒 | 𝐋𝐔𝐙 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐑
𝟔𝟓 | 𝐓𝐈𝐑𝐎 𝐍𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐓𝐀
𝟔𝟔 | 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀𝐒
𝟔𝟕 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟔𝟖 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟗 | 𝐑𝐄𝐒𝐎𝐋𝐕𝐈𝐃𝐎
𝟕𝟎 | 𝐌𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒
𝟕𝟏 | 𝐍𝐎 𝐀𝐋𝐋𝐈𝐀𝐍𝐙
𝟕𝟐 | 𝐂𝐋𝐀𝐒𝐒𝐈𝐅𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎𝐒, 𝐄𝐋𝐄𝐒
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟕𝟑 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎

𝟑𝟏 | 𝐂𝐑𝐎𝐀́𝐂𝐈𝐀

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By ellimaac

𝙻𝚄𝙰𝙽𝙽𝙰
𝟶𝟿/𝟷𝟸/𝟸𝟶𝟸𝟸
𝚂𝙰̃𝙾 𝙿𝙰𝚄𝙻𝙾/𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝙰𝙻

TIRO O MACARRÃO DO microondas. Comida de ontem que eu estou esquentando mesmo. Estou morrendo de fome e não sei se vou conseguir esperar o jogo acabar pra poder almoçar.

Hoje é o jogo contra a Croácia, pelas quartas de final. Se o Brasil ganhar, nós vamos pra semifinal. Porra. Não sei o que me apavora mais, o jogo de hoje, já que as quartas de final não me trazem boas lembranças. Ou o Brasil estar na semifinal que as lembranças são piores ainda.

Estou com zero confiança pro jogo de hoje.

Todos falam do Brasil. Time bom. Seleção forte pra caralho. Só tem craque. Uma das melhores seleções. E todas essas coisas que os comentaristas dizem por duas horas nos programas.

Não estou desmerecendo a nossa seleção. Os caras são realmente craques. Mas... não sei, será que só eu estou vendo que tem alguma coisa errada com o nosso ataque? Por exemplo, o Mbappé, que é da França, avança numa velocidade absurda pra dentro da área e dá um tiro com o pé. A bola arregaça a rede, mano. Agora a gente... sei lá.

O gol do Richarlison foi lindo no primeiro jogo. O gol do Casemiro também. Mas as coisas demoram pra se encaixar. E quando se encaixam com facilidade, os gols são fáceis que nem foi com a Coreia. Foram gols lindos, eu me emocionei. Mas foram fáceis demais. O time estava posicionado perfeitamente e não precisou de muito esforço.

Na minha humilde opinião, o único gol que a Coreia fez na gente foi o mais bonito do jogo. Porque foi fora da área e passou por todo mundo pra balançar a rede.

Não acho que a nossa seleção esteja fraca. Eu acho que falta mexer os pauzinhos e encaixar o time direito.

Mas eu sou só a Luanna, né? Irmã de jogador. Apenas. Minha opinião vale porra nenhuma. Por isso guardo bem no fundo da minha cabeça. E assisto os jogos torcendo para que o Brasil se classifique até a final.

— Seu macarrão é o melhor — diz Lucas, enchendo o macarrão em seu prato de queijo ralado.

— Nunca diga isso pra mamãe.

— Segredo de estado — ele fala de boca cheia. — Por mim, a gente comia macarrão todos os dias.

— Seu sangue chora com tanto carboidrato.

— O nosso sangue, né?

Ele sorri, olhando para o meu prato de macarrão. Ser saudável é difícil aqui em São Paulo. Na verdade, é difícil em qualquer lugar. No Rio, pelo menos, eu tinha alguém pra cuidar de mim.

— Ok, admito estar exagerando mesmo — digo, cedendo. Afinal eu preciso passar numa nutricionista. Informar como anda minha alimentação e o fato de eu estar passando muito mal por não me alimentar direito. — 'Tô fazendo isso por você. Tudo culpa sua.

Lucas ri de mim.

Já faz umas boas semanas que ele está aqui. Morando comigo até que a dívida esteja paga e ele possa voltar a andar pela cidade onde mora sem ter o perigo de levar uma surra de novo.

Estou passando as semanas aqui junto com ele, já que fui demitida. Não paguei minha parte do aluguel pra Yasmin nesse mês de dezembro, então lá no Rio, eu não broto nem tão cedo. Talvez eu volte a mandar currículo por aqui. Conseguir um emprego numa empresa de marketing de novo, sei lá. Algo que não me canse como aquele barzinho. Bom, vou ter que arrumar um emprego logo porque não vou ter dinheiro pra sempre. Minhas economias e o recesso vão compensar só esse mês.

Terminamos a comida minutos depois, estou colocando os pratos na pia pra Lucas lavar, não estou nem louca de preparar a comida e ainda ter que limpar a sujeira, quando a campainha do meu apartamento toca.

Atendo rapidamente e dou de cara com aquele sorriso maroto no rosto do Veiga ao abrir a porta.

— A guerra acabou — ele me dá um beijo na minha bochecha e entra na minha casa. — E aí, parça?

— Fala, mano! — Cumprimenta meu irmão, ensaboando um prato. — Me fala que hoje é o dia que serei solto dessa prisão.

— A melhor prisão do mundo então — aviso, reparando no envelope na mão do Veiga.

Ele percebe pra onde eu encaro e me entrega o papel.

— Consegui a grana.

— 'Cê 'tá falando sério!? — Meu irmão sai correndo da pia e fica de frente pra gente com as mãos cheias de sabão.

— Você vai limpar esse chão — informo, apontando para a poça que já está se acumulando pelas mãos sujas dele.

— Já juntei com a grana do Gabigol — Raphael informa quando pego o envelope e verifico o dinheiro. — 'Tá tudo aí.

— Ótimo. Vou guardar e depois do jogo a gente vai atrás dos caras.

— Tem certeza que você vai, Lu? — pergunta Veiga, preocupado. — Eu posso ir com o zé ruela aqui. De boa.

— Eu vou também. Pelo menos vou me sentir melhor sabendo que não há mais problemas. E você — aponto um dedo pra cara de felicidade de Lucas. — Trate de fugir de confusão, caralho. Eu não vou mais te ajudar se você se meter em furada de novo. Me ouviu?

Ele balança a cabeça em concordância.

— Você tem que parar de dar vacilo, parça — começa a falar Veiga com os braços cruzados. — Sua irmã não vai 'tá o tempo todo do seu lado, não. 'Cê já é grande, sabe se virar. E tem talento no futebol. Scarpa 'tá investindo em você. Se dedica.

— É... — meu irmão pressiona os lábios pelo que ouve. Principalmente por Veiga citar o futebol que meu irmão se afastou por ter zoado o tornozelo e esse curto tempo afastado foi suficiente para ele se meter com gente errada. — Eu sei que eu vacilei e que... não devia ter feito o que fiz. Me desculpa por te causar esse problema, Lu.

— Relaxa, Luquinhas — agarro o pescoço dele e o envolvo num abraço todo torto, já que ele teve que se abaixar pra ficar na altura dos meus braços. — Agora é só se comportar e começar a me dar orgulho.

— Eu vou, sim — ele me garante com confiança, se soltando de mim. — Vou voltar a jogar e vou crescer no futebol.

— Te ajudo a te colocar na base — informa Veiga, fazendo meu irmão arregalar os olhos em choque.

— 'Cê 'tá falando sério?

— Claro, caralho! — Veiga está sorrindo. — Você só precisa se dedicar e eu te coloco na base. Quem sabe até disputa a copinha ano que vem.

— Puta que pariu, Veiga!

Meu irmão agarra o mais velho num abraço apertado e até penso que está chorando. Ou será que eu estou chorando? Confesso que ver Raphael Veiga disposto a ajudar meu irmão assim, enche meus olhos de lágrimas felizes. Veiga é realmente da família.

— Chega, chega — separo os dois antes que aqui vire a casa do chororô. — Temos que ir, já vai começar o jogo.

Vamos assistir o jogo na casa do Scarpa, que é na torre da frente.

Meu irmão não sabe de todo esse rolo e muito menos sabe que Lucas está morando comigo. Todos pensam que Lucas está na casa de alguma namoradinha e que passa o dia com os amigos. Ele aparece na casa dos meus pais uma vez ou outra. Mas não fica por muito tempo, caso contrário minha mãe vai reparar nos machucados que estavam cicatrizando. Hoje quase não dá pra ver mais.

Saímos do meu apartamento e levamos poucos minutos pra chegar no de Scarpa que era na cobertura. Muito maior do que o meu e muito mais chique também. Gosto daqui e gosto dessa decoração. Sarah tem um bom gosto.

E falando nela, ela que me recebe com um abraço.

— Oi, Lu! Que saudade!

Minha cunhada cumprimenta os outros e depois me arrasta pra cozinha pra gente conversar.

— Me conta essa história de você ter sido demitida — ela começa com o olhar preocupado. — Não tivemos tempo pra conversar. Eu estava estava montando o quartinho do bebê.

— Me mostra o quartinho e eu vou te contando o que aconteceu.

— Vem comigo.

Ela me guia pelo apartamento. Gustavo me para pra me cumprimentar e depois deixa que sua esposa me leve até o quarto do meu sobrinho.

Ai caralho. Era tudo verde e branco com detalhes em madeira. Uma futura criança bem palmeirense, eu diria.

Que coisa linda. Que quarto aconchegante e lindo de se olhar.

— Ah que fofura! — exclamo, não sabendo pra onde olhar. Era tudo tão perfeito e delicado que eu estava com medo até de tocar. — Ficou lindo, Sarinha.

— É, Gustavo queria fazer do Palmeiras, acredita? — Pior que acredito. Gustavo é um maluco. — Mas pra não deixá-lo triste, optei pelo verde.

— Ficou lindo demais.

— É... bom agora me conte o que aconteceu no seu serviço.

— Letícia me demitiu porque eu pedi um tempo pra... descansar — Sarah não sabe sobre Lucas também. Ainda vou contar a ela, mas não agora. — Ela falou que eu dou muita desculpa e que era melhor me demitir.

— Que desgraçada. E agora? O que você vai fazer?

— Vou voltar a mandar currículo, quem sabe eu tenho sorte.

— Vai desistir da música?

Pressiono os lábios, sem ter uma resposta pra isso.

— Luanna, não desista — ela pega em minhas mãos. — Você tem talento e eu sei que é seu sonho cantar em shows. Ser conhecida por isso.

— A música só está me trazendo dor de cabeça.

— Não é bem assim. Você só arrumou um emprego péssimo. Volta a postar vídeo no TikTok. Faz cover. Alguma gravadora vai ter que te notar. Eles não vão deixar um talento que nem o seu ser desperdiçado.

— Ah... — respiro fundo meio perdida. Não parei pra pensar nesse assunto porque me dói saber que fui demitida e me dói saber que não vou mais cantar. — Não sei.

— Olha — Sarah dá um pulinho — até o bebê concorda comigo. Ele acabou de chutar.

— Sério?

Ela coloca minha mão em sua barriga.

— Ei, filho — Sarah dá umas batidinhas sobre a barriga pra ver se o bebê volta a chutar. — Sua tia quer sentir você. Bora acordar. Mostra a ela que ela tem talento.

— Acho que ele não gosta de mim.

— Claro que gosta, sua palhaça. Fala alguma coisa — Sarah me pede. — Pra ele conhecer a sua voz.

Estou ainda mais perdida com isso, mas faço o que Sarah me pediu e falo com meu sobrinho.

— Oi, bebê — eles precisam decidir um nome pra essa criança logo. — Eu não sei como se deve falar com você, mas eu sou sua tia Luanna. A melhor tia que você vai ter porque sua outra tia que não vou citar nomes é um pé no saco.

E, então, sinto uma coisa na minha mão. O bebê chutou.

Puta merda. Que coisa doida. Um serzinho está crescendo dentro da barriga de Sarah. Um serzinho que já identifica sons e vozes. E ele acaba de conhecer a minha voz.

— Meu Deus, Sarah! — olho para ela e meus olhos estão cheios de água. Deve ser muito louco ter alguém crescendo dentro de você. Assim como deve ser muito sofrido. Mano, deve doer pra caralho.

— Viu, ele gosta de você.

Sorrio pelo que diz, finalmente acreditando. Como pode alguém que nunca me viu gostar de mim? E como eu posso sentir que isso é verdade? Porque agora eu estou realmente acreditando.

— O JOGO JÁ VAI COMEÇAR! — grita Gustavo, lá da sala.

Sorrindo, voltamos pra sala porque precisamos assistir as quartas de final e torcer pra que o Brasil se classifique.

Me sento no sofá junto de Sarah e dividimos uma pipoca durante o jogo.

O árbitro autoriza e se inicia a partida. O passe de bola está com a Croácia. Mas não demora muito pra estar nos nossos pés.

Não faz nem quatro minutos que o jogo está rodando quando Vini Jr. dá um chute em direção ao gol que faz o meu coração parar por uns segundos. Infelizmente aquele maldito goleiro agarrou a bola.

O primeiro tempo segue assim com esse goleiro que até decorei o nome, Livaković, defendendo todas as bolas que chegavam perto dele. O cara é bom mesmo.

Teve uma parte no finalzinho do primeiro tempo que prendeu minha atenção, quando o Neymar foi cobrar uma falta, o goleiro defendeu e a câmera deu um close em que assistia no camarote. Tinha logo três especialistas em bola parada que já jogaram em nossa seleção sorrindo pela falta mal sucedida. Reconheci Rivaldo entre eles.

— Tite tem que colocar o Antony, porra — avisa Veiga assim que o primeiro tempo termina, voltando da cozinha com uma garrafa nova de Coca-Cola onde ele rapidamente serve um copo a Sarah. — Tira o Raphinha e bota o Antony.

— Eu acho que ele não vai demorar muito pra trocar, não — diz Gustavo, concordando com o que seu amigo fala.

O segundo tempo começo minutos depois e eu preciso cruzar os dedos para ver se dá sorte.

O goleiro continua igual. Defendendo todas. Literalmente todas as bolas que ameaçam entrar.

— Isso foi pênalti! — grita Gustavo se colocando de pé.

— Eles tem que checar o VAR — Veiga que permaneceu em pé fica tão nervoso quanto.

— Porra, pegou na mão! — informa Lucas, também em pé.

— Cadê o replay dessa merda? — pergunto, sentada porque estou cansada demais para me levantar que nem esses doidos. Eu não prestei atenção direito no lance e não vi se pegou na mão ou não.

Mas quando passa o replay, é muito claro que pegou no antebraço do jogador da Croácia.

E o que o Juiz faz?

Ele ignora e segue o jogo.

— Mano, foi pênalti, cara — Veiga se senta indignado. — Como eles ignoram isso? Puta merda.

— 'Tá parecendo até que é o Palmeiras que está jogando. A gente sempre toma no cu com a arbitragem — informa Scarpa, voltando pro sofá e suspirando de nervoso.

— Não sei se a gente vai ganhar, não — digo, roendo as unhas.

— Vira essa boca pra lá — pede Lucas, fazendo uma cruz no peito. — A gente tem que ganhar. Perder nas quartas e pra Croácia ainda, não rola.

— Sem pessimismo, Lu.

— Mano, a arbitragem 'tá contra a gente — informo olhando pra Sarah e apontando pra TV. — Qual a chance? Já 'tá tudo roubado nesse caralho.

— Calma — pede Gustavo que é o menos calmo de todos nós. — Nosso time ainda é bom.

E o segundo tempo continua do mesmo jeito.

Só dá Brasil. Todos os chutes ao gol até agora foram do Brasil. Porém, por alguma maldição ou feitiçaria, aquele goleiro filho da puta defende tudo quanto é bola. Estou ficando puta já.

Vamos pra prorrogação.

Mano, a gente merece ganhar hoje. De verdade.

A Croácia não fez nada. Se ela ganhar, eu me jogo dessa janela aqui.

— Esse juiz só pode estar de sacanagem — Gustavo se afunda no sofá quando Antony sofre uma falta. — Tem que dar amarelo.

— Pisou no pé do Antony, juiz. Levanta esse amarelo aí.

Nada acontece e jogo que segue.

A Croácia ganha a primeira chance de chute ao gol da partida depois de 102 minutos, porém, porque certeza que eles estão se segurando pros pênaltis, o jogador com a camisa de pano de mesa chuta lá na torcida.

Pensando em pênaltis, porque já está parecendo realidade, o Tite substitui o Alisson pelo Weverton. Primeira mudança significativa do jogo se formos pros pênaltis. Assim como colocar o Gabigol na partida. Temos dois dos melhores batedores de pênaltis no nosso time. Gabriel Barbosa e Neymar.

Dois minutos depois, todo mundo aqui levanta ao mesmo tempo, sinto até o chão tremer, assim que a bola balança a rede e o Brasil finalmente marca o primeiro gol. A gente grita. O povo na rua solta fogos. É a maior bagunça de felicidade, puta que pariu.

Puta que pariu. Que momento.

Estou abraçada a Sarah, pulando quando olho pra televisão e vejo o autor do gol, Neymar, pulando nos braços do Gabriel e os dois comemorando juntos. E, então, o time inteiro se abraça.

Puta merda, que cena linda. Vou chorar.

Já estou chorando.

O primeiro tempo da prorrogação acaba assim. Com o placar 1x0 pra nós. Agora é só segurar o jogo. Fazer um drama do caralho. Se jogar no chão. Enrolar até isso acabar.

Me sento no sofá muito mais leve e mais calma. O placar está a nosso favor, não tem como dar errado. Não, vendo o desempenho da Croácia e percebendo que do jogo inteiro eles só tiveram um chute ao gol e erraram.

Mas havia, sim, como dar errado a felicidade vai embora tão rápido quanto veio.

Porque faltando só quatro minutos pro jogo acabar e o Brasil finalmente se classificar pra semifinal, a Croácia avança. Encontra abertura, já que quase nosso time todo estava no ataque e não chegou a tempo, e num maldito cruzamento a bola voa pro gol. Weverton, que estava com a visão atrapalhada por causa do Marquinhos que desviou a bola, não pulou a tempo de segurar aquele rojão.

1x1. O placar que antes estava a nosso favor. Agora está igualado.

O jogo acaba. E a nossa salvação está nos pênaltis

— Não vou conseguir assistir — avisa Sarah se colocando de pé e se retirando. — Eu vou saber pela gritaria se o Brasil ganhar.

A Croácia é a primeira a bater.

E a sala aqui está cheia de palmeirenses mais uma vez unidos a favor do Weverton. Torcendo para que ele agarre a bola e nos coloque em vantagem.

Só que o cara vestido de pano de mesa chuta bem no meio do gol.

Porra, se Weverton ficasse parado, ele pegava essa.

Agora é a vez do Brasil.

E sabe quem é o primeiro a bater? Isso mesmo. Gabriel Barbosa.

— É, Luanna — começa a falar Gustavo, com o corpo inclinado em expectativa. — É o momento do seu namoradinho ganhar nossos corações.

Não consigo nem sorrir do que Gustavo diz, estou tão nervosa que a única coisa que sinto é pavor.

Gabriel beija a bola, se posiciona e faz o que sabe fazer de melhor. Ele marca o gol.

A gente comemora junto com ele como se estivéssemos no estádio. Meu Deus, meu coração está quentinho de orgulho.

Gabriel comemora e ele nunca foi tão lindo quanto agora. Que homem gostoso. Caralho, eu já dei e já sentei nesse homem. Puta merda. Que sorte a minha.

— Agora é com você, Weverton! — Veiga grita pra tv. — Mostra onde você joga e acaba com a marra desses europeus, porra.

Weverton se posiciona. E como se tivesse treinado com o primeiro gol, ele fica parado no meio. O cara chuta exatamente como seu parceiro anterior e Weverton nem pula pra segurar a bola.

— Isso, porra!

O próximo é o Casemiro. Ele marca mais um pra gente.

Depois é o camisa dez da Croácia que joga no Real Madrid, Modrić. Ele chuta no cantinho e marca.

Pedro, marca.

Estamos na frente. 2x3. Dá pra ganhar.

Croácia marca. E chega nossa vez. Marquinhos.

Respiro fundo e aguardo. Ele se posiciona e chuta e... porra, ele chutou na trave!?

Não acredito.

Puta merda. Não acredito.

Tudo empatado. Porra. 3x3.

Weverton precisa pegar esse.

A casa fica em silêncio quando o jogador da Croácia se posiciona. Todo mundo em total silêncio.

Eu já pari uns dois filhos de nervoso aqui, mano. Meu Deus, estou morrendo.

O jogador da Croácia chuta no cantinho, Weverton vai na mesma direção e... puta que pariu, ele segurou. Ele agarrou aquela bola. Caralho. Não acredito. Meu Deus, não acredito.

Estamos na frente. Estamos na vantagem.

Nós só precisamos fazer e ganhamos.

Só precisamos marcar esse último.

E quem vai bater? Ele mesmo. O homem. Neymar.

Nem preciso assistir para saber o que ele fez e como ele fez.

Dou um pulo e alguém me agarra num abraço tão forte que me tira do chão. É Lucas. Pulando junto comigo. Comemorando junto comigo. Porra.

Brasil está na semifinal. BRASIL ESTÁ NA SEMIFINAL. PORRA. Puta que pariu. Eu vou ter um treco. A gente se classificou.

E isso me apavora? Sim. Porque na última semifinal que estivemos, perdemos de 7x1. O trauma me atormenta até hoje. Não podemos passar essa vergonha de novo.

Mesmo assim, estou com fé.

Porque agora eu vou pro Qatar e ninguém mais vai me segurar.

Só no playstation. Só no playstation.

Sofri tendo que reassistir esse jogo pra escrever o capítulo. Meu Deus, como esse dia foi difícil. Que dor.

MASSSS mudei mesmo. A fanfic é minha. E eu já tava com uma ideia genial pros próximos capítulos. A culpa não foi minha se o Brasil não chegou até onde eu queria pra que minhas ideias se realizassem. Ainda bem que esse universo aqui eu que controlo kkk. A vida podia ser assim tbm.

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