INDOMÁVEL ✧ HOUSE OF THE DRAG...

By jhopiest

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INDOMÁVEL; a única palavra digna para definir os filhos da fênix ╾ Daenerys Velaryon era certamente a pior de... More

≭ INDOMÁVEL
⸻ graphics : almas indomáveis
ATO UM ⸻ PRIMAVERA DE NARCISO
❦ 01 : ❛Sombras do Passado❜
❦ 03 : ❛Veneno da Safira❜
❦ 04 : ❛Belas Criaturas❜
❦ 05 : ❛Romeu e Julieta❜
❦ 06 : ❛Canto da Sereia❜
❦ 07 : ❛Rainha do Amor e Beleza❜
❦ 08 : ❛Vicissitudes❜
❦ 09 : ❛Câmara dos Sussurros❜
❦ 10 : ❛Conquista Digna❜
❦ 11 : ❛Pequenos Sinais❜
❦ 12 : ❛Eterno Deleite❜
❦ 13 : ❛Marés Ardentes❜
❦ 14 : ❛Inundação Valiriana❜
❦ 15 : ❛Legitimidade❜
❦ 16 : ❛Estilhaçados❜
⚘ EXTRA ▏ ❛Laços de Sangue❜
❦ 17 : ❛Arte do Caos❜
❦ 18 : ❛Língua do Diabo❜
❦ 19 : ❛Pacto da Ruína❜
❦ 20 : ❛Baile das Donzelas❜
❦ 21 : ❛Alma Profanada❜
❦ 22 : ❛Verdades Secretas❜
❦ 23 : ❛Sangue do Dragão❜
❦ 24: ❛Noite Estrelada❜
❦ 25 : ❛Doce Dissabor❜
❦ 26: ❛A Guarnição dos Dragões❜
❦ 27: ❛Inseguranças❜
❦ 28: ❛Valsa dos Corações❜
❦ 29: ❛Suplício Maternal❜
❦ 30: ❛Vingança Esmeralda❜
❦ 31: ❛Promessas Desfeitas❜
❦ 32: ❛A Bela e a Fera❜
ATO DOIS ⸻ SEMENTES DE ÉRIS

❦ 02 : ❛Casa do Dragão❜

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By jhopiest

↳ ❝INDOMÁVEL ¡! ❞

say yes to heaven, lana del rey

. . . . . ╰──╮╭──╯ . . . . .

Honra e Dever eram heranças que envolviam o Poder — poderiam ser fardos à muitos, em especial àqueles que foram forçados a carregar em suas costas sem a ambição de tê-los. 

Uma das maiores preocupações da matriarca Deianyra Velaryon era pôr o peso sobre as costas de seu primogênito, Príncipe Maegor, que deveria tornar-se um Rei. Embora pudesse ser considerado um receio tolo pois todos ansiavam por sentar-se em um trono e comandar um grandioso reino, a mulher e seu falecido marido, Príncipe Caspian enxergavam de forma diferente: a liberdade era a verdadeira dádiva, nem mesmo o poder poderia comprar isso, por vezes, o poder se tornava amarras que tornavam um rei um prisioneiro à mercê do dever sendo mastigado por sua honra.

Seu filho mais velho, Príncipe Maegor enxergava como uma dádiva, uma forma de tornar o legado de seu pai existente. Deveria arcar com suas responsabilidades e apesar do peso, não sentia-se pressionado ou com desespero por liberdade — ele havia escolhido seguir o papel que lhe fora oferecido ao nascer.

Encarando os dragões dentro da Cúpula de Gelo e Fogo — um oásis para os dragões devido o espaço e beleza, um tanto diferente do Fosso dos Dragões — a grandiosa caverna esculpida em cristal puro, indestrutível e espaçoso era iluminada pelos raios que adentravam de suas paredes, contrastando com as sinuosas áreas internas com áreas de descansos às grandes bestas de fogo, o Príncipe Herdeiro sentia-se confortável.

Suas mãos foram atrás do corpo, analisando calmamente o quão majestoso era Seasmoke — o dragão de seu falecido tio materno —, por ser não ser o domador do animal, a fera apresentava-se hostil à sua aproximação mas, isso não poupava os olhares vindouros do Westerling. Atrás de si, aguardava o ser alado escuro como a noite, as escamas firmes que poderiam rasgar a carne, olhos esverdeados que liam à alma dos que rondava, o que fazia com que seu coração sentir paz, nostalgia e afeição mesmo sem nunca ter o montado: era Fúria da Noite, o Dragão da Tempestade, o Terror Noturno e dragão montado por Príncipe Caspian.

Sua herança. Deve ser dito que, os dragões nascidos nas Terras Médias eram diferentes dos originários da Antiga Valíria — sua lealdade estava conectada ao sangue e não à quem o proclamou —, poderiam ser domados por mais de um montador de uma só vez mas, em seu estado selvagem eram a epítome de destruição. Fúria Da Noite não poderia ser encontrado aos céus se assim desejasse, misturava-se em tempestades, sob o manto da escuridão noturna — apavorava com sua capacidade única de cuspir raios e fogo de uma só vez.

Para Maegor, sentia-se conectado ao seu pai quando aproximava-se do animal, o visitava todos os dias antes ou após seus treinos. Deve ser dito, no entanto, que o Príncipe era solitário, mesmo sendo herdeiro de um Reino. Sua vida resumia-se em treinar com seu guarda juramentado, Sor Abraxas e estudar enquanto acompanhava seu avô, Rei Legolas em assuntos importantes.

Levantou sua mão ao animal, fechando os olhos na sequência ao sentir o Dragão esfregar o focinho úmido. Ele sentiu afeição, o afeto de seu pai pairar em seu corpo por motivos óbvios, a conexão emocional de Caspian se perpetuou em Fúria da Noite — Banguela como o homem costumava chamar — mas, por alguma razão, Príncipe Maegor nunca conseguiu sentir a conexão com nenhum sequer dragão.

— Imaginei que estaria por aqui — sua atenção havia sido capturada ao escutar uma voz masculina atrás de si. Os dragões afastaram-se com a presença do homem. Era seu avô, Rei Legolas.

Em sinal de respeito, o moreno aproximou-se, curvando-se levemente, poderia ser seu avô mas ele era um rapaz dotado de formalidade — sua mãe costumava dizer que os nortenhos adoraria o conhecer —, recebendo um sorriso breve do governante de cabelos brancos, deve ser dito que era apenas quatro anos mais jovem que Rei Viserys mas sua disposição e saúde enganavam os outros olhos, o vigor e hábitos o consagraram.

— Me questiono o motivo pelo qual nunca tomou um desses dragões para você, meu neto — o comentário do Rei Legolas o fez sorrir brevemente. Era verdade, ele possuía sangue Targaryen em suas veias devido às origens de sua mãe mas, ao contrário de Príncipe Aemond que demorou para domar seu dragão e todos seus irmãos que montavam seres alados, ele permanecia sobre o solo. — É sua herança.

Ele riu do comentário, suavizando a expressão.

— Um dragão não é uma herança, minha Majestade — com respeito, garantiu ao mais velho. — Por mais que Fúria da Noite seja diferente de outros dragões.

— E quanto a esse belo dragão? — questionou intrigado referindo-se à Seasmoke. — Era de seu tio, quem sabe o agrade.

Maegor sorriu com as tentativas de seu rei, seu avô, de o convencer.

— Quando tornar-me-ei um rei, lidarei com esse assunto, detém minha palavra — jurou, pondo à mão sobre o peito esquerdo, agradando seu avô.

Era admirável, um tanto formidável a confiança que Príncipe Maegor possuía em si mesmo. Seus primos e irmãos montavam dragões, mas ele erguia-se como o mais forte deles — ou era como todos os enxergavam com sua postura, ações e liderança.

— Embora não deva dizer isso, prefiro que não tenha crescido como um domador de dragões — o comentário foi digno para surpreender Príncipe Maegor. Legolas respirou fundo, ao continuar, certificando-se de que estava à sós com seu neto:

— Conquistou e trabalhou duro por suas habilidades, saberia governar sem um dragão. Se precisasse usar Fúria da Noite toda vez para proteger seu reino, seria um manco, um dragão não deve ser sua muleta, irá usar sua própria força para defender nosso reino, irá nos fortalecer e impulsionar mas não é dependente dele, isso é algo que os Targaryen ainda não aprenderam a fazer, é o que os torna mais fracos.

— Outras casas se infestam e devoram lentamente em estratégias, o lobo mais perigoso é o que habita pele de cordeiro mas os Targaryen apresentam-se como lobos e desconsideram por sua arrogância serem superiores à todos, não é apenas de sangue e fogo que se vive um governante. Westeros não é a Antiga Valíria — ele exalava convicção, o que surpreendeu ligeiramente Legolas.

— Eles perdem o poder ao dividir-se, exatamente como outras casas desejam.

— Eles também são sua família, mesmo em reinos distantes, deve proteger seu sangue, ao menos quem considera como um, à quem possui sua honra — lembrou o Westerling, tocou levemente o ombro do Príncipe que ergueu seu olhar. — Soube que irá visitá-los, meu neto.

— Será rápido — alegou Príncipe Maegor, ele detinha convicção. Rei Legolas pode ver que o jovem não parecia tão satisfeito com a ida ao local onde passou anos de sua vida. A julgar por seu comportamento, era como se estivesse preparando-se para batalhar em um campo aberto e sangrento. — Aqui, em casa, possuo muitos deveres a serem cumpridos e pretendo fazê-los.

— Seu pai permaneceu por anos em Porto Real. Deve se atentar aos que estão ao seu redor, ser o mais diplomático possível, estratégico e cauteloso — Rei Legolas instruiu o rapaz que apenas concordou, honraria os pedidos de seu avô.

Na sequência, Rei Legolas acabou explicar à seu neto sobre seu surpreendente encontro com Rei Jaehaerys quando ainda era vivo e a proposta de Legolas, quando ainda era um mero Lorde vassalo à Casa Lannister, ao governante que ao invés de se propôr a ajudá-lo disse que, o Lorde deveria conquistar as próprias terras — tendo em vista que a maioria acreditava que as Terras Médias eram apenas um conto fantasioso — e que, após isso, as casas poderiam se unir. O relato atraiu atenção de Príncipe Maegor.

— Por isso meu pai era o Príncipe Cavaleiro — recordou, fazendo com que Legolas abrisse um sorriso ao falar de seu falecido filho, que costumava conversar com orgulho sobre seu herdeiro. — Isso antes de ser o Cavaleiro dos Suspiros.

— Seu pai foi conhecido por diversos nomes e quando se tornou Príncipe retornou à Westeros, quando todos nós acreditávamos estar morto em meio à guerra que ergueu-se para conquistar as Terras Médias — explicou Rei Legolas. — Mas, parece que a Princesa já possuía noivo e estaria prestes a casar.

O mais velho referia-se à Princesa Rhaenyra que em seus dezessete dias de nome era a jovem mais cobiçada para casamento, especialmente por ser a Princesa Herdeira. Mas, isso acendeu uma dúvida na mente do jovem.

— Está querendo dizer que esse é o motivo pelo qual meu pai decidiu casar-se com minha mãe? Porque Rhaenyra já estava noiva? — intrigado, resolveu questionar mas, recebeu gargalhadas do homem, que negou veementemente a dúvida.

— Mesmo se eu tentasse convencer seu pai, nunca conseguiria. Meu filho era completamente apaixonado por sua mãe, ao menos, detinham a cumplicidade que nunca pude ter em vida com minha própria esposa, tenho certeza que se depois da morte, eles podem nos ver, seu pai está satisfeito com a situação de sua mãe —Rei Legolas fez uma pausa, recordava-se de quando Deianyra Velaryon uniu-se em um matrimônio valiriano com Daemon e Rhaenyra Targaryen. — Sua mãe, Lady Velaryon não está sozinha, casou-se e possui uma família, conheço meu filho, é o que ele gostaria.

Seu pai. Ele respirou fundo, os ombros pesaram e seu avô percebeu.

— Irá trazer minha nora quando retornar? Se é permitido que eu me refira à ela dessa forma. Quando retornar, faremos uma comemoração de retorno ou um Casamento Élfico? — questionou o homem interessado, a mente de Príncipe Maegor pairou sobre Princesa Helaena, sua amada, o que o fez querer sorrir fraco.

Apenas confirmou, assentindo.

— Irei retornar com minha princesa — ele era convicto, o que fez Rei Legolas sorrir, poderia encontrar a mesma convicção que Príncipe Caspian exibia.

— Irá retornar com a Princesa Helaena? — Maegor quis rir com a fala de seu avô, todos possuíam certa expectativa. Pelo menos, os que não haviam presenciado os horrores daquela noite. Sua mãe, madrasta e padrasto nem mesmo tocavam no assunto e o Westerling fazia questão de que permanecesse assim.

— Não sei se isso será possível, mas retornarei com uma esposa digna — afirmou Príncipe Maegor.

Rei Legolas concordou, não se esquecendo de o alertar: — Deve amá-la e o mais importante, confiar em sua esposa, lealdade é o mais importante para nosso reino, é o que nos mantém unidos e seguros.

As palavras impregnam na mente do jovem Príncipe que concordou, reverenciando seu avô para que pudesse seguir ao Palácio Dourado aprontar-se para a viagem que seria feita — sabia que seus primos e irmãos estavam apressados e um tanto inquietos com o acontecimento.

Seria uma mentira dizer que Príncipe Maegor não estava ansioso e o principal motivo era justamente Princesa Helaena mas, ele esforçava-se para conter cada músculo de seu corpo. Sentindo-se novamente como aquele garoto que adentrava os portões da Fortaleza Vermelha para ser apresentado ao Rei Viserys.

Deixar as Terras Médias havia lhe deixado com a sensação amarga na boca. Se conectou tanto com o Reino que lhe era desconfortável o deixar. Sob a companhia de seu guarda juramentado, Sor Abraxas soube que deveriam encontrar no Porto um dos barcos com a bandeira Velaryon estendida para que pudessem buscar Baelon — o trigêmeo que não via há exatos cinco anos — e Baela. Além é claro, de visitar Rhaenys Targaryen, sua avó materna.

Para ele, Príncipe Maegor havia sido inquietante ao encontrar seu irmão Baelon. Era esquisito não ter uma relação próxima com o loiro — quando decidiu viver com sua avó parecia certo de que nunca mais teriam. Soube que seu irmão acompanhou Corlys Velaryon ao conflito da Triarquia — o pedaço não parecia nunca encerrar seus conflitos —, detalhe que deixou-o interessado à descobrir que tipo de homem seu irmão tornou-se.

Quando estavam cara-a-cara, antes que qualquer um dos mais novos pudessem se cumprimentar, eles trocaram um aperto de mão, mas Baelon puxou-o para um abraço apertado. Os dois não trocaram sequer uma única palavra mas, seus olhares diziam que certamente havia muito que ser dito, mesmo que não quisessem após anos e anos. Do seu lado, Daenerys Velaryon havia saído de dentro do barco acompanhada de seu irmão, Aragorn mas, ao deparar-se com o Westerling, seus olhos arregalaram-se e um belo sorriso cobriu-lhe a face.

— Bael! — ela exclamou, em euforia, jogando-se nos braços do Príncipe que a segurou para que não caíssem. — Você está tão belo, meu irmão! Seus cabelos estão dourados como o sol e está muito mais alto que antes.

O Westerling não deixou de sorrir com o quão atenciosa era sua irmã. Cumprimentando Aragorn e — deve ser adicionado — conhecendo pela primeira vez seu irmão, Aegon Targaryen e meio-irmão Viserys Targaryen. Diante toda a agitação, Príncipe Maegor pode observar o comportamento de Aragorn — especialmente a forma que ele olhou para Baela, a noiva de seu irmão mais velho. Atentou-se aos seus pais, à comoção que pareceu ser feita com sua chegada, uma comoção generalizada fez com que soubesse que era provável que Viserys tivesse tomado as rédeas sozinhas e os convidado sem que Otto Hightower soubesse.

— Da última vez que estive em Porto Real, não fedia tanto a mijo e merda — o comentário de Aragorn atraiu atenção de Baelon que riu soprado do irmão que caminhava ao lado de Lucerys, carregando orgulhosamente seu irmãozinho, Aegon nos braços. — Sei que é isso que todos estão pensando.

— Nem deve existir um motivo para permanecermos quietos, não é? — Daenerys arqueou a sobrancelha, trocando um breve olhar com Jacaerys, o Velaryon estava particularmente nervoso, certificando-se que estaria caminhando à poucos metros de sua mãe, Rhaenyra que tomava à frente por entre os corredores do grande Castelo o qual haviam acabado de adentrar.

— Deveria controlar sua língua, irmão — aconselhou Baelon. Arrumando de forma rápida suas vestes de cor escura à pedido de sua mãe. Aragorn franziu o cenho com o comentário.

— Olha, até que demorou para que você reprovasse algum de nós — Lucerys meteu-se, em defesa do melhor-amigo que sorriu de lado. — Parece que pouco mudou, meu primo.

Baelon não deixou de sorrir, sabia que não era exatamente um elogio pois quando mais jovem, ele conseguia ser particularmente o mais insuportável possível devido sua fixação por regras e ordem. Olhando para trás, nem mesmo conseguia entender como era tão próximo do filho do Rei Viserys, Aegon Targaryen agia de forma oposta ao que deveria.

Deianyra encarou seus filhos de relance, aproximou-se para tomar Aegon dos braços de Aragorn. Fitou o filho mais velho com um breve sorriso. A Velaryon sabia que era um momento inquietante mas, tudo ficaria bem.

— Se lembram de quando fomos apresentados quando crianças? Pensem que será três vezes pior, assim podemos tentar controlar os ânimos sabendo o que realmente está em jogo — Príncipe Maegor dissera, o suficiente para os fazer calar imediatamente.

Crianças...— Rhaenyra possuía a mania de chamá-los de tal forma. — Vamos, seremos anunciados.

Seus interiores alvoroçaram, estariam na sala do trono à serem apresentados. Príncipe Maegor reparou em cada detalhe ao percorrer os corredores da Fortaleza Vermelha — que em sua opinião poderia mudar o nome para Verde e ninguém perceberia —, reparando as insígnias sutis da Casa Hightower emaranhadas junto às Targaryen. Ademais, a coloração esverdeada manchava os corredores e paredes de forma que o incomodou.

As grandes portas do Salão do Trono abriram-se, o nome de Rhaenyra, Daemon e Deianyra havia sido anunciado. Com a Princesa Herdeira ao meio, enquanto caminhavam, os sussurros e comentários em torno do trio eram visíveis — a corte estava abismada ao ver com os próprios olhos que a relação entre os três era uma realidade — mas, a situação tornou-se mais intrigante quanto os filhos seguiram-se.

Os filhos do Rei Viserys e Rainha Alicent Hightower estavam tão crescidos quanto, seus olhos cravados nos dos primos e dos filhos de Deianyra Velaryon. Comentários surgiram quando os filhos do Fogo do Reino não curvaram-se diante Rei Viserys — para eles Rei Legolas era seu rei — e, quando Príncipe Maegor surgiu, grande forte e demonstrando a postura digna de um Príncipe Herdeiro, souberam que ele era o filho mais velho do tão amado e falecido Príncipe Caspian.

Um jantar estava sendo sediado, todos sentados à mesa, lado a lado. A surpresa da vinda dos membros havia tornado todos surpresos mas, era um jantar particular, reservado apenas aos membros mais próximos da família. Príncipe Maegor não conteve seus olhares à Princesa Helaena — vê-la havia sido uma sensação extasiante ao seu coração —, a jovem sentia seu coração acelerado, ansioso ao rever seu amigo, o que tinha a anos seu coração. 

Quando soube das notícias acerca do retorno do homem, sentiu as pernas bambas, nervosas e os boatos que pairavam acerca do homem que Maegor tornou-se havia deixado-a completamente curiosa.

Diziam que seu rosto assemelhava-se aos Deuses da Antiga Valíria.

Frente a ele, na mesa de jantar, poderia afirmar que estavam mais do que corretos. Cada ano que passou, havia se tornado mais charmoso.

Alicent Hightower, sua mãe, reparou em seu nervosismo, no quão avermelhadas as bochechas da filha se tornaram, não sendo o único, tendo em vista que Otto Hightower — a Mão do Rei — estava particularmente intrigada e deveras incomodada por seu neto mais velho, Aegon Targaryen não conter nem por um segundo seu olhar indiscreto à Princesa Daenerys Velaryon.

— Ver essas faces me enchem de satisfação, estarmos todos reunidos novamente, minha amada família que há muito tempo deveria estar sobre esse Castelo. Que os Deuses provenham momentos calorosos entre todos nós — Rei Viserys havia sido o primeiro a iniciar sua fala, instaurando silêncio, todos que prestavam atenção nas palavras do homem que visivelmente estava satisfeito com a presença de seus netos, sobrinhos e filhos reunidos.

Deianyra atreveu-se a levantar, com uma taça em mãos, brindando em nome de todos, mas sua postura atraiu atenção sobre a mulher.

— Agradeço ao generoso convite de Vossa Majestade acerca de meu retorno, é gratificante retornar ao local onde uma vez foi meu lar — A Velaryon passeou o olhar sobre Alicent e Otto. Foi quando Daemon soube que ela continuaria, com suas palavras. E, assim a mulher o fez: — Assumo ansiar o momento em retornar minhas atividades em disposição do Reino em conjunto com a Mão do Rei, Otto Hightower, um homem de exímio intelecto e é claro, uma antiga amiga, que tenho muito respeito, minha Rainha, Alicent Hightower.

Havia recebido palmas. Rhaenyra acabou por sorrir com a fala da Velaryon. Daenerys quis rir, contendo um risinho na garganta, ciente que sua mãe carregava um ligeiro deboche disfarçado com o cinismo. Tendo em vista a insatisfação que Alicent esforçava-se para engolir — a antiga amizade entre as duas mulheres transformou-se em ódio no dia do funeral da Senhora Laena Velaryon — mas, uma pessoa havia observado o ligeiro sorriso na face de Daenerys.

Príncipe Aemond.

Era intrigante o que se passava na mente do caolho, como debocharia Lucerys, tendo em vista que o Targaryen passara parte do tempo fitando sua madrinha, Deianyra Velaryon e a outra odiosamente direcionou à Daenerys flagrando um detalhe: sua amizade com o bastardo Jacaerys Velaryon. Decerto, era impossível julgar o que passava-se na mente do platinado mas, era correto afirmar que ele não era o único a ser intrigante sobre a mesa.

— Parece que os vi ontem mesmo, estão todos tão crescidos — Rei Viserys comentou, havia uma animação em sua voz, pareceu orgulhoso de sua filha, Rhaenyra que recebeu um sorriso caloroso e não demorou muito para que o governante colocasse seus olhos em seu nomeado sobrinho, Baelon. — Diga a nós, Baelon, como foi crescer distante, da última vez parecia não querer deixar Porto Real. Permaneceu em Derivamarca mas, escutei muito sobre suas viagens com Corlys, por que não conta um pouco sobre?

Aemond e Aegon sabiam muito bem que não eram tão benquistos pelo próprio pai. Quem sabe, Príncipe Daeron — o irmão mais novo deles que residia em Oldtown fosse — mas, parecia óbvio a preferência do homem por seus netos e inclusive, em torno do Príncipe Fantasma, Baelon Westerling. Otto não havia visto com os próprios olhos mas, compreendeu o incômodo da própria filha com aquilo.

E, vagarosamente parecia que todos trocavam palavras em conversas sutis, foi quando Aegon Targaryen notou como Jacaerys e Daenerys trocavam palavras e sussurros um no ouvido do outro — o deixando parcialmente interessado — mas, seu incômodo iniciou ao ver Príncipe Maegor, à quem não tinha nada além de ódio, trocando olhares e brandos sorrisos com sua irmã, Helaena.

Odiou aquilo. Não era como se sentisse ciúmes por sua irmã. Na realidade, Aegon não atribuia nenhum tipo de afeição romântica à sua irmã mais nova, ele apenas o abominava a ponto de fazer o que estava em seu alcance para o deixar completamente insatisfeito. 

Em tal situação, ele suspeitava que não seria mais capaz de casar com Daenerys Velaryon — Aegon era apaixonado pela garota ou assim achava desde a infância — mas, se Príncipe Maegor achava que teria uma chance de fazer Helaena sua própria esposa, o filho de Viserys faria questão de arruinar por completo seus planos.

— Então, Maegor...— Aegon começou a falar, deixando o copo de vinho ao lado, a fala arrancou o olhar sutil de alguns dos presentes ao ver que o Targaryen havia sido o primeiro entre os mais novos a trocarem palavras abertamente. — Por acaso, meu amigo finalmente domou um dragão?

Helaena franziu o cenho com a pergunta. Daemon atentou-se à cena, não sendo o único entre os mais velhos. Aemond encarava com interesse, ele era o único dos filhos de Deianyra à não portar um dragão. Embora o Príncipe Targaryen soubesse que era um ataque de seu irmão mais velho, o caolho nunca teve motivos para alimentar ódio ao Príncipe Herdeiro. Ao contrário de Aegon, Maegor costumava o defender das terríveis brincadeiras e humilhações que sofria por crescer sem um dragão.

— Ou suponho que ficou com a herança de seu pai, tendo em vista que Fúria da Noite é o mais dócil dos dragões a ser domado — Aegon havia desdenhado de sua capacidade de domar uma fera, ele soube daquilo. Alicent encarou o filho de forma reprovativa, um tanto incrédula.

No final das contas, Príncipe Maegor não era apenas filho de Deianyra Velaryon, ele era Príncipe Herdeiro de um Reino rico, farto com aliados tão valiosos que fariam qualquer reinado estremecer com o novíssimo reino.

— Não domei dragão algum — a fala fora dita com naturalidade, o que particularmente agradou Aegon mas, o complemento fez Príncipe Maegor rir ao adicionar: — Passo muito tempo ocupado com minhas responsabilidades como herdeiro de um trono, não acho que pode compreender ao certo o tamanho dessa responsabilidade mas, Fúria da Noite como mencionou estará a minha disposição caso queira, não é só de dragões que um Rei precisa.

Aemond quis sorrir, mesmo com o quão inapropriado e atroz havia sido aquilo. Ele não negaria, existia algo particularmente interessante em toda a confiança que Maegor exalava, ele não possuía um dragão mas continuava sendo o motivo pelo qual Aegon odiava tanto à si mesmo devido as comparações que fazia na infância — não à toa era seu principal adversário em tudo que faziam.

— E você, meu amigo? O que pretende fazer? — Príncipe Maegor havia sido astuto em sua fala. Ele pouco gostava de agir daquela forma mas, o humilhar frente à sua amada não seria algo que admitiria, jamais. — Continua a lutar para se tornar um cavaleiro no futuro reinado de sua irmã?

Ele havia sido um desgraçado. Alicent pode sentir um gosto amargo em sua boca. Rei Viserys apenas enxergou como uma fala amigável, tendo em vista a calmaria que Maegor exibia, tão tranquilo quanto eu falecido pai.

— Ou, é dotado da arte da diplomacia como meu irmão? — Aragorn havia sorrido com o comentário, não deixando de direcionar um sorriso à Aegon, em puro deboche. O Príncipe Herdeiro continuou, passeando o olhar sobre o vinho que ali estava ao lado do Targaryen: — Acredito que seja o caso. é preciso muito para tomar cinco copos de bebida e permanecer sóbrio, diria que admirável.

Aegon forçou uma risada, mesmo que quisesse arrancar a língua alheia. Daemon sorriu satisfeito com a cena mas, quem sorriu de lado foi Jacaerys — havia uma razão para que todos eles admirassem Maegor —, o Velaryon trocou um olhar sutil com Daenerys que cochicharam baixinho sobre o ocorrido.

— É a idade que me prega peças ou vejo mesmo que meu neto, Jacaerys e Daenerys parecem próximos? — Viserys indagou, fazendo com que os dois parassem de murmurar entre si, fitando o mais velho. Aemond reparou naquilo, prestando atenção. — Antes nem mesmo poderiam estar na presença um do outro, deixavam todos os servos de cabelos em pé, os guardas atordoados.

Jacaerys e Daenerys entreolharam-se, existia um sorrisinho no rosto de ambos. Ele sentiu o toque sutil das mãos macias sobre as suas, embaixo da mesa. O Velaryon quis sorrir mais ainda porém, teve de se conter, ele gostava daquilo: da afeição, da forma que ela pouco importava-se e tomava iniciativa ao seu redor.

— É verdade mas, parece que finalmente entenderam-se, após tantos anos — Deianyra sorriu brandamente mas, por reflexo, acabou por observar seu sobrinho, Aemond. Ele parecia atento mas, quando seu olhar cruzou com o de sua madrinha, uma sensação inquietante pairou em seu interior.

Os dois não sabiam ao certo como reagir sob a situação, era visível que os olhos amorosos da mulher ainda direcionavam-se ao platinado que continuava a ter respeito pela mulher mas, existia um senso de traição no interior do domador de Vhagar, independente dos últimos acontecimentos em suas infâncias de ser trocado — especialmente por Daenerys.

— Antes, havia muita preocupação sobre isso, mas eventualmente, tudo melhorou — Rhaenyra sorriu para seu pai, não deixando de perceber no olhar atento de Alicent à morena. A Targaryen sabia que a mulher nunca mais teria a audácia de propor um matrimônio, pelo menos esperava mas, sabia que incomodava a possibilidade de Daenerys Velaryon, que havia se tornado um forte partido, casar-se com Jacaerys, o tornaria mais palpável aos olhos de toda corte e resto de casas em Westeros.

— Segui o conselho de Príncipe Aemond — Daenerys falou pela primeira vez, após anos, o próprio pode escutar sua voz, a harmoniosa que ressoava mais atraente que ele gostaria. Ela detinha os olhos de safira que ele tanto apreciava à mesma medida que o dilacerava.

Ela havia sido maldosa, o atacado, diretamente.

— Um conselho de Aemond? Que curioso. Fico contente, parece ter gerado frutos maravilhosos — Rei Viserys acabou por rir, em agrado, um tanto impressionado.

Alicent conhecia o próprio filho, seus olhos encaravam Daenerys como se fosse a epítome de todo o mal na existência. Ele estava remoendo-se em amargura e incredulidade: a Velaryon realmente havia se juntado ao maldito bastardo que tanto abominava. A Hightower pode vê-lo comprimindo os lábios, não era exclusivamente ódio — a própria Rainha não sabia o que havia ocorrido entre os dois e seu filho nunca a contou.

Querido...— ela sussurrou, chamando o filho mas, Aemond forçou um sorriso, notoriamente irritado.

Eles realmente tornaram-se estranhos.

— Parece ter o seguido com excelência, Dany — o Targaryen utilizou o apelido para desdenhar de si, ela soube. Não era o carinhoso 'Nerys' que apenas ele e seus irmãos atreviam-se a usar. Aemond sabia que o único a chamá-la de tal forma era Jacaerys. O próprio reparou no detalhe. Nem por um segundo Daenerys desviou o olhar e Aemond adicionou, com um sorriso de lado: — Presumo que tenha sido muito agradável se familiarizar em sua terra natal, realmente parece tipicamente uma élfica.

Pareceu uma ofensa, era uma ofensa discreta — apenas os dois sabiam. A Mão do Rei estava prestes a intervir, antes que os dois pudessem deslizar demais e ressoar suspeitos aos ouvidos de Viserys.

— Escutei muito sobre as Terras Médias. Da última vez, não tive chance de ir mas, me lembro do quanto pareceu ter gostado — de forma surpreendente, quem havia se intrometido foi Aegon Targaryen. Um sorriso cobriu o rosto de Daenerys, um tanto surpresa que os olhinhos azulados ainda enchiam-se de brilho ao falar consigo, o que lhe cedeu um sabor agridoce de vitória. — Fizeram uma viagem agradável?

Poucas eram as vezes que Otto Hightower vira seu neto agindo de tal forma mas, Daenerys utilizava cada oportunidade à seu favor, era ardilosa — mais do que sua mãe poderia imaginar. Sua abordagem doce em torno do filho mais velho de Viserys era abertamente observada. Aemond notou que Jacaerys nem mesmo havia encarado de forma incômoda, ele parecia mais admirado que qualquer outra coisa.

Quase como se ele soubesse o que estava prestes a ocorrer. Isso é claro, porque ele sabia.

— Certamente, uma viagem muito longa mas gratificante ao pisar os pés em Porto Real, estava sentindo saudades do conforto do meu primeiro lar — Rhaenyra e Daemon quiseram gargalhar, ela era quem menos quis retornar à cidade. Ela era terrível e, a forma que fitou a Rainha como se fosse a mulher mais bela do mundo era intrigante. — Um dia, poderia nos acompanhar, seria majestoso tê-lo em nosso Palácio, acredito que meu avô adoraria conhecê-lo e as festividades estão sempre dispostas a agradar os que se atrevem a as conhecer.

Rei Viserys sorriu ao vê-los conversar, parecia que finalmente uma conversa agradável havia se formado. Embora sentisse seu corpo mais cansado do que os últimos anos, sua família reunida concedia-lhe conforto e satisfação, melhorando ainda mais quando Príncipe Baelon atreveu-se a aproximar-se à própria cadeira ao Rei, atrevendo-se a ficar ao lado de Rhaenyra — que de bom agrado cedeu seu lugar —, fazendo com que o mais velho escutasse interessado as palavras do loiro, ele não deixou de recordar-se de sua falecida esposa, Aemma quando o jovem estava ao redor, o distraindo por segundos.

E, em meio a conversas, risadas e bebidas em meio à uma farta mesa, Daenerys Velaryon fitou seu irmão mais velho, Maegor com a mesma preocupação no reflexo de seus olhos: Aragorn. O mais novo dos irmãos não havia nem mesmo tocado em sua refeição, imerso em sua própria mente. Eles souberam que a mera presença da Rainha Alicent o deixava daquela forma, mais distraído que o normal — apenas sua irmã sabia a fúria que entrava suas veias e quis ajudar seu irmão de alguma forma.

Lucerys cessou sua conversa baixa com Rhaena e fitou o melhor-amigo. Seus olhos preocupados, ele sabia que Aragorn não agia daquele modo — pelo menos não quando estava confortável — e, mesmo que os dois estivessem incomodados em estar na Fortaleza Vermelha, o Velaryon sabia que não era comum.

— Agora ele está parecendo um pirata — o Velaryon disse para Aragorn, virando-se com um sorriso de lado.

— Quem? — um tanto disperso, saindo de sua mente, o Príncipe Westerling perguntou.

— Quem você acha que só tem um olho? — a pergunta de Lucerys fez Aragorn soltar uma risadinha que atraiu atenção de Helaena e Aemond. Então, o próprio virou-se, discretamente apenas para o amigo que balançou a cabeça. — Não ri muito alto, é melhor evitar olhar pra ele.

— Se ele fosse um pirata, teria arrancado o próprio cabelo para vender — declarou Aragorn em um risinho cruel. Lucerys olhou discretamente, pode ver que o Targaryen fitava os talheres pratas e aproveitou a oportunidade. — Qual é? Ele deve cuidar mais do cabelo do que minha irmã.

— Ninguém é mais vaidoso que sua irmã — retrucou Lucerys mas, deu de ombros, pensativo. Cedendo à fala de Aragorn que fitou Aemond discretamente: — Se bem que ele pode tentar se ajeitar.

O Príncipe Aragorn riu soprado, o que havia deixado Daenerys mais aliviada ao ver que Lucerys estava conversando com seu irmão. Trocando um cochicho com Jacaerys e Baelon sorriu em meio à sua conversa com Rei Viserys — seja lá o que estava acontecendo com o mais novo pode ver que sua irmãzinha cuidava dele.

— Baela ficou muito bonita, você não acha? — Príncipe Velaryon atreveu-se a perguntar, vendo a direção que o melhor-amigo encarava.

— O que está insinuando? — O Westerling se fez de desentendido mesmo que, possuísse um olhar semicerrado. Preferia não ter bebido no dia anterior, durante as festividades do Eclipse Dourado, quem sabe assim, não tivesse deixado escapar que estava um tanto interessado em ver Baela Targaryen e voar ao seu lado.

— Nada, apenas comentei — Lucerys se fez de cínico mas, com um sorrisinho de lado, continuou: — Não acha?

— A noiva do meu irmão é tão bela quanto a sua — era notável a irritação ao deixar claro o detalhe. Mas, quando Aragorn passeou o olhar sobre a princesa, fitou-a com mais cuidado: — Baela sempre foi mais do sua beleza, mesmo que ela seja admirável.

Hm...era o que eu achava — Lucerys não escondeu o tom insinuativo. Aragorn arqueou a sobrancelha. — O que é? Só' tô falando só.

— Sei bem...— Aragorn deixou uma risada escapar, finalmente distraindo-se o suficiente com Lucerys e Rhaena para que pudesse comer.

Após o grandioso jantar, cada um direcionou-se aos seus cômodos. Ou, assim deveria ter sido, devido ao horário, ainda havia tempo o suficiente para que caminhassem pelos corredores mas, devido ao cansaço da viagem, era óbvio que a cama espaçosa e confortável unida à uma lareira quente fosse a opção mais plausível. 

Príncipe Maegor preferiu andar sobre os corredores — desacompanhado —, quis passear no local onde antigamente era o campo de treinamento, quando era garoto e costumava enfrentar Aegon, treinando com Sor Abraxas e esporadicamente vendo Sor Criston e Sor Harwin com o resto dos príncipes.

Caminhando por entre os espaços, cruzaria uma dos corredores quando uma serva esbarrou em si, era visível que antes ela estava correndo, um tanto atrapalhada, acabou por derramar vinho em suas vestes. Seus olhos arregalaram-se, em puro pânico. Sabia muito bem que estava diante do Príncipe Herdeiro, esse que havia chegado naquele dia — escutou pelos boatos dos servos que ele era um verdadeiro mistério.

— M-Mil perdões, Vossa Alteza! — a serva detinha a voz quebrada, desesperada, não deveria ser muito mais velha que ele. Na verdade, o Príncipe Maegor achava que deveria ter no máximo sua idade. Ela estava prestes a ajoelhar-se, para que pudesse ser agraciada por perdão.— Por favor, perdoe-me.

Ele não mentiria, assustou-se levemente com o desespero. Algo lhe dizia que não era meramente ter derramado vinho em sua roupa, ele pode ver as mãos trêmulas seguravam sobre a próprio barra das vestes brancas, puídas devido o trabalho braçal feito pela jovem serviçal.

Príncipe Maegor sorriu, gentil. Abaixando-se para tomar as mãos da garota, com cuidado, o que lhe surpreendeu à princípio mas devido à forma respeitosa, não sentiu medo.

— Venha, levante-se. Não deve se ajoelhar para mim, foi um mero acidente — ajudou-a a levantar-se. Deve ser dito que a jovem ficou um tanto atônita mas, só pode admirar o jovem Príncipe que detinha olhos preocupados. — Você está bem?

O-O que...— ela gaguejou, parecia genuinamente nervosa. — Não irá me punir?

Príncipe Maegor pensou ter ouvido errado.

Céus, foi apenas um acidente. Por que eu iria lhe punir? — acabou rindo do comentário. Tomando do chão a garrafa já vazia. — Precisa de ajuda? Não parece muito bem.

— Eu...eu acho que devo retornar, não podemos falar com a família real — deve ser dito que, a jovem estava surpresa, aliviada e confusa em ser tratada com tanto respeito. — Agradeço sua gentileza, Vossa Alteza.

— Irá negar sua presença a um príncipe? Presumo que será um insulto se o fizer — Príncipe Maegor estava realmente curioso.

— Não, eu não...— ela gaguejou, não poderia negar.

— Ótimo. Sendo assim, poderia saber o motivo de estar correndo com pressa? Parecia preocupada — Príncipe Maegor reparou na expressão quase desesperada dela. — Ou, poderia me deixar acompanhar até onde deve ir, é perigoso que uma jovem ande essas horas desacompanhada.

— Não acho que seria adequado, Vossa Majestade — a fala o fez erguer a sobrancelha, fazendo-a explicar-se. — Saber a razão pela qual eu estava às pressas.

— Poderia saber seu nome? — percorrendo os corredores, ele poderia ver alguns guardas, poucos servos que cruzavam não deixavam de o observar mas, Maegor cedia um sorriso discreto.

— Diana — revelou o próprio nome. E, Maegor soube que era realmente uma camponesa.

— Da próxima vez, tome cuidado, se esbarrasse com a pessoa errada, seria um problema — disse Maegor por fim, ao vê-la adentrar a cozinha, fazendo uma breve referência à genuína gratidão.

Embora Diana tenha oferecido-se para lavar sua cara camisa, ele negou. Não achava justo a sobrecarregar por um acidente. Príncipe Maegor não sabia no entanto que, uma mera atitude como aquela, ao cruzar o caminho como uma serva, poderia mudar — e muito — alterar a rota de suas futuras atitudes e inclusive, o fariam tomar atitudes impensáveis em nome da justiça.

Após ir aos seus aposentos e tomar um dos livros que haviam sido trazidos de seu reino em mãos, decidiu ir em seu lugar predileto, o qual despertava muitas memórias, o Jardim grandioso da Fortaleza Vermelha. Um sorriso cobriu-lhe a face ao recordar-se de todas as vezes que visitava para que pudesse ver sua querida princesa, Helaena Targaryen — ele ainda poderia lembrar da sensação gloriosa que era ter o sorriso doce direcionado à si ou as pouquíssimas vezes que suas mãos chocaram-se em meio ao pôr do sol.

— Maegor? — a voz suave atraiu-lhe a atenção. Ele reconheceu ao virar-se, deparando-se com sua princesa, Helaena. A Targaryen sentiu o coração acelerar sobre seu peito mais forte que nunca ao fitá-lo tão perto após tantos anos. Seu interior acendeu-se, como fazia todas as vezes que seus olhos encontraram com o do Príncipe. — O que está fazendo por aqui?

Ela indagou mas, ao perceber o livro que estava sob as mãos do Westerling, seu interior aqueceu-se. Helaena recordava de todas as vezes em que o Príncipe Herdeiro e ela encontravam-se para conversar sobre livros e sonhos sobre o grandioso jardim e ele, de forma zelosa, a observava cuidar de suas flores ou insetos.

— Quis rever meu lugar predileto, minha Princesa — ele continua a chamá-la de tal forma. O interior da Princesa Targaryen sentiu-se repleto de borboletas, com um sorrisinho pequeno sobre a face. — Devo mencionar que está tão bela quanto há cinco anos atrás, se não é atrevimento, está ainda mais.

— Continua tão gentil quanto antes, mesmo que negue — Helaena observou, envergonhada mas, não pode sustentar contato visual, era muito difícil, desviando o olhar as flores. — Como estão as Terras Médias? Não está incomodado em retornar e deixar seu lar?

Ela continuava a ler seu coração. Príncipe Maegor quis sorrir com aquilo. Faltava você, minha querida. Pensou o Westerling fitando-a discretamente, ele precisava conter-se para não admirá-la por muito tempo. Para ele, Helaena era a pessoa mais única e boa que cruzou o caminho, seu coração, ações e atitudes o atraíam de forma que nunca soube explicar — vê-la sofrer pelas ações dos que estavam ao seu redor lhe deixava possesso.

— Em breve, irei retornar mas, você poderia ver com seus próprios olhos — ela corou completamente com as últimas palavras, as orelhas tornaram-se vermelhas. Maegor reparou, tentando não sorrir com o quão agradável foi para ele, reparando que também possuía algum efeito na jovem depois de tanto tempo.

— Sobre o que é o livro? — perguntou, querendo fugir do assunto.

Ah sim...— Maegor sorriu, oferecendo o livro. — Trouxe para você, quando o li, imaginei que gostaria de tê-lo.

— Para mim? — ele assentiu, vendo-a tomar com um sorriso sincero. — Muito obrigada.

— Se chama Romeu e Julieta, é uma transcrição de uma das histórias dos primeiros que habitavam as Terras Médias, de acordo com as lendas.. — explicou Príncipe Maegor e o interesse de Helaena cresceu mais do que imaginava, com a partida do Westerling, ela se atreveu a ler sobre cada lenda envolvendo o majestoso reino.

— Um élfico — Princesa Helaena completou, fazendo-o assentir, fitando a platinada fitando com atenção sobre a capa vermelha: — Parece ser valioso, esse é o nome dos protagonistas pelo que vejo.

— É sobre um amor proibido entre duas famílias que se odeiam — iniciou Príncipe Maegor, atraindo de imediato os olhos de Helaena sobre os seus. Seu interior fora atiçado, mais do que deveria ao ver-se sobre a situação, projetando-se de forma inconsciente. — Seus filhos são inocentes dos pecados de seus pais, apaixonaram-se, eles descobrem a verdade mas é tarde demais para voltar atrás.

— O que acontece? Eles ficam juntos? Ou, eles...— Helaena acabou por não controlar a própria língua, um tanto intrigada mas, ao deparar-se com o sorriso ladino de Príncipe Maegor, engoliu em seco, corrigindo-se a sua postura, ela baixava a guarda com facilidade perto dele. — Quero dizer, agradeço. Estou ansiosa para ler.

Ele sorriu, assentindo dessa vez a fitar as flores que ela antes parecia admirar, achando curioso serem rosas azuladas — a última vez que havia visto uma era carregada pelas mãos de Daenerys e ela cortou-e — mas, Helaena seguiu seus olhos, a princesa queria estar perto dele, mesmo sem a mínima ideia de como poderia falar com o Príncipe ou como agiria perto dele, sentia-se calma mas, fervorosa — em uma contradição em que apenas os olhos de Maegor sobre os seus poderiam acalmar seu pobre coração e o preencher de felicidade.

— Foi feliz vivendo por lá? — sua voz quase trêmula ao perguntar a ele. Não negaria, ela pensava no rapaz todas as vezes em que seus pensamentos se organizavam e retornava a tempestade de sensações.

— Solitário — assumiu Maegor, o que fez Helaena sentir seu coração latejar. — Quanto minha princesa?

— O mesmo — Helaena retribui. Eles souberam que, de fato, eram a melhor companhia um para o outro. Mas, ela sorriu pequeno. — Sabe.. eu ainda tenho sonhos de dragão.

Maegor não conteve o sorriso em seu rosto. Recordava-se de todas as vezes que escutava os sonhos, visões e até mesmo prazerosamente escutava os pensamentos e ideias de Helaena — sentia como se estivesse viajando mesmo com os pés sobre a terra —, era como voar aos céus sem nem mesmo domar um dragão.

Era mais do que especial — era extraordinário.

— Gostaria de ter escutado cada um deles — confessou Maegor.

— Você retornou — Helaena disse, mesmo que o deixasse confuso, referia-se de forma discreta que, dali em diante, poderia dizer tudo que ele gostaria, tudo que poderia ouvir.

Desde a partida de seu príncipe, não havia mais o pôr do sol generoso, as risadinhas alheias perfuravam sua pele, os personagens de livros travavam jornadas que não poderia compartilhar e Dreamfyre era sua única parceira, ela não poderia mais voar com seu coração mas, o fazia sobre sua bela dragão.

— Hela? — foram interrompidos por uma presença alheia, entre as sombras e nuances de luzes, estava Príncipe Aemond Targaryen, à busca de sua irmã mais velha. Ao ver a presença de Príncipe Maegor, trocou um olhar respeitoso, com um leve assentir.

Apesar de tudo, inclusive da situação em que suas famílias encontravam-se, cresceram parte da infância juntos e acima disso, Maegor defendeu Aemond diversas vezes diante das humilhações de seu próprio irmão, Aegon. Havia uma espécie de respeito mútuo tendo em vista que Maegor compreendia os motivos que haviam levado o Targaryen a afastar-se — ele sabia muito bem o motivo de seu falecido pai ter sido a única figura paterna que Aemond uma vez pode ter.

— Agradeço pelo presente — Helaena agradeceu, para seguir seu irmão, ciente de que já era tarde e, provavelmente à pedido de sua mãe, deveria retirar-se.

Maegor assentiu e, antes que os dois pudessem deixar o local, foram interrompidos.

— Devemos lutar juntos, Aemond — O Príncipe detinha seu tom agradável. Aemond fitou-o, querendo entender qual eram suas intenções mas, ele pode ver a familiaridade naquele tom, como o de um irmão mais velho. — Soube que se tornou muito habilidoso, quero ver com meus próprios olhos.

Aemond quase sorriu, apenas cedeu um riso soprado.

— Seu oponente está à disposição a qualquer momento — Helaena agradou-se com a resposta de seu irmão antes que pudesse retirar-se.

Deve ser dito que Aemond estava ligeiramente preocupado, incomodado e — mesmo que não assumisse — satisfeito de uma só vez com aquilo. Poderia ser caolho mas não cego, reparou na reação afobada de sua irmã, Helaena com a vinda deles, mesmo com o surto de sua mãe, completamente desavisada como toda a Fortaleza Vermelha do retorno do resto da família — que agora parecia maior ainda.

Aemond Targaryen não era tão diferente de nenhum deles, ele não poderia mentir a sensação irritante que formou-se sobre o estômago, as memórias que invadiram seu peito e as palavras que escutou no dia em que seu olho fora arrancado.

Quando à Maegor, o Príncipe soltou o ar, aliviado ao virar-se mas, seus olhos arregalaram-se com a presença de Sor Abraxas — seu guarda juramentado — que havia surgido de forma tão repentina a ponto de o assustar.

Pelos Sete! — ele pôs a mão sobre o peito, Maegor respirou fundo.

— Nem o senhor meu príncipe acredita neles, falar dessa forma é blasfêmia — o guarda juramentado semicerrou o olhar. — Deveria usar outros deuses, não será jogado na fogueira, a menos que eles queiram guerra.

— De onde surgiu? Eu pensei que estava de guarda de meu irmão Aragorn — Maegor questionou, enquanto os dois seguiam para dentro do Castelo.

— Fui e voltei — curto e direto, Abraxas retrucou. Príncipe Maegor riu ao balançar a cabeça em negação. — Fiquei o suficiente para reparar no que o senhor estava fazendo.

Maegor arqueou a sobrancelha para o escudo juramentado. Ele havia sido praticamente sido criado em parte pelo homem, a criação de um Príncipe não era fácil — especialmente de um rei — e, por isso, mesmo que fosse subordinado ao rapaz, Abraxas detinha coragem o suficiente para agir de tal forma, até porque, o Príncipe o respeitava, principalmente sua sabedoria e experiência de vida.

— Qual sua recomendação? — perguntou Maegor, já ciente que Abraxas possuía o que falar.

— Seja cuidadoso, estamos distantes das suas terras, aqui é a Casa dos Dragões — advertiu Sor Abraxas.

Príncipe Maegor assentiu, mesmo que estivesse muito ciente daquele detalhe, escutar novamente o fez encarar os arredores, não eram apenas dragões que ali habitavam — víboras e outros animais peçonhentos aguardavam às sombras e fraquezas para que pudessem atacar de uma vez só. Entretanto, ele sabia o que fazer.

Quando pôs seus olhos novamente em sua bela princesa, Helaena Targaryen soube o que deveria fazer: ela não ficaria sozinha, de forma alguma, enquanto ele vivesse, ela seria feliz, a mais feliz na existência. Nem que para isso, tivesse de a arrancar da Casa dos Dragões ou — pior — tivesse que apagar o fogo que ali habitava.

E ele conseguiria, não era uma possibilidade, era um Sonho de Dragão.

✧˚ · ↳ ❝ [𝐍𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀] ¡! ❞✧˚ ·

[01] — Espero que tenham gostado, como podem ter percebido, esse capítulo foi muito mais focado no Príncipe Maegor. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre, se gostariam de capítulos como esse (focados em cada um dos irmãos: Maegor e Daenerys que são o foco do ato um) ou se preferem que eu misture os dois em um capítulo só. 

[02] — O que acharam desse reencontro? Parece que temos uma energia completamente diferente do encontro do Maegor e Helaena do que Daenerys e Aemond, não?

obs: para aqueles que não notaram, essa diana é sim a serva que o aegon abusa s3xualmente durante a primeira temporada de house of the dragon. 

✧・゚: *✧・゚:*

Data de Postagem: 31/01/2023

Contagem de Palavras: 7.800 Palavras.

Previsão de Atualização: 06/02/2023 (meu aniversário ui)

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