Duas semanas inteiras haviam passado. Desde o dia que ficamos presos no elevador privativo e o Sebastian surtara com a claustrofobia, seguido de um delicioso almoço com o Todo Poderoso Sr. Koogi - que meus futuros amigos faziam questão de sempre comentar - que passou a ser rotina todos afirmarem categoricamente que algo de muito suspeito acontecia entre mim e o patrão. Era comum os cochichos, as olhadas quando a gente tinha que estar no mesmo lugar, ou mesmo quando o Sebastian insistia em me chamar pro almoço. O louco de tudo era muito deles, pra não dizer os 100%, jurarem de pés juntos e mãos postas que eu era protegido não apenas pelo nosso Chefe Imediato - Faisal Malik - como também pelo dono da coisa ( PORRA ) toda, Sebastian Koogi... E nenhum argumento meu os fez demover dessa absurda ideia. Ora se o patrão ia ter tempo pra mim, ou mesmo me querer.
Aí, amigos, nada como o tempo pra provar que as coisas nem sempre eram como muitos de nós - no caso meus amigos - imaginávamos que eram, e sim que o que nos fazia crescer era tão somente ser determinado e focado, ouvir mais que falar, imitar os bons exemplos e ter a máxima seriedade e respeito para com nossos público alvo e claro... Os nossos Superiores.
Terminamos o treinamento e recebemos nossas fardas. Cada kit continha 03 uniformes, sapatos, meias, até cuecas e material de higiene. Quando estava de saída, por volta das 17h50...
_ Guilherme...
Olhei - e todos os meus amigos olharam também na mesma direção - de imediato pra direita, local onde ficava o elevador privativo, e o Sebastian caminhou em nossa direção com passos largos, um olhar meio avaliador e uma cara tão séria que logo pensei...
" DEU MERDA. COM CERTEZA VEM BRONCA POR Aí "
Como não tinha nada pra fazer a não ser esperar pelo jogar da bomba...
_ Boa tarde, senhor. Foi o que disse assim que ele parou diante de todos nós.
_ Boa tarde a todos.
_ Boa tarde, Sr. Koogi. Disseram os meus amigos.
_ Acabei de saber pelo Faisal que terminaram o treinamento e pelos pacotes em suas mãos, acho que já receberam o fardamento completo. Parabéns.
_ Obrigado, senhor. Dissemos em coro.
Ele cravou seu olhar em mim e disse:
_ Será que você tem um tempinho livre, Guilherme?
Os demais me olharam em expectativa...
_ Claro, Senhor. Turma a gente se vê no quiosque domingo. Tchau pra todo mundo.
_ Será que tu vai mesmo, Guilherme? Um amigo perguntou só pra ver o que eu diria.
_ Claro que vou. esqueceu que já dei a cota pro almoço lá na praia? Perder dinheiro não é comigo não, Augusto. Agora tenho que falar com o Sr. Koogi.
_ Tchau, senhor e um ótimo final de semana. Todos falaram e seguiram direto pras portas de saída no amplo saguão do shopping.
Assim que ficamos a sós...
_ Então já planejaram uma pequena comemoração pelo final do treinamento, Guilherme?
_ O Augusto bolou isso ontem. Alguns de nós nunca morou aqui na Capital e ver o mar depois de muito tempo vai ser muito bom. Pelo menos pra mim. O que o senhor...
_ já estamos sozinhos, Guilherme. Você, ok?
_ Tudo bem, Sebastian. O que você quer? Houve alguma coisa?
_ Pelo que o Faisal me disser, você foi o melhor de todos durante o treinamento e quis apenas te parabenizar, e saber se você pode me ajudar numa coisa aí. Assim que o vi coçando a cabeça, sorri. Ele percebeu e disse:
_ Que foi? Posso saber a razão desse sorriso, rapaz?
_ Você, Sebastian.
_ Eu? Como assim? Dá pra explicar, Guilherme?
_ Sempre que fica nervoso ou tenso, você coça a cabeça e olha rapidamente pros lados. Me diz no que devo te ajudar e se der... Considere feito.
_ Rsrsrsrs... Pelo visto você é mesmo muito observador. Então vamos lá... Meus dois parceiros de treino não vão poder ir hoje na academia. Aí, como sou um excelente observador, vi que você deve puxar uns ferros vez por outra. Tá afim não de treinar? Ir sozinho é meio sem graça.
Mais ou menos 16 segundos foi o tempo em que Guilherme pensou na proposta do patrão. Ele adorava trainar e como nunca mais havia entrado numa academia, depois que sua vida mudara tanto, disse:
_ Vontade de treinar tenho até de sobra e poder lhe ajudar a puxar uns ferros seria maneiro, só que... Eu moro longe a beça e não trouxe roupa adequada.
_ Então não ter a roupa seria seu maior empecilho?
_ Treinar de calça jeans e sapatênis não é lá a vestimenta ideal pra tal fim.
_ Problema resolvido. Vem comigo.
Ele nem me deixou dizer mais nada, virou e começou a andar na direção do elevador privativo. Corri e o alcancei. minutos depois estávamos no terceiro piso da loja e seguimos direto pra sessão esportiva. Sebastian começou a tirar camisetas e calções das araras, bem como tênis esportivos e meiões. Quando voltou a me ver eu estava quase soterrado com tantas peças de roupas...
_ Os provadores são ali, Guilherme.
_ Mas, Sebastian, eu não...
_ Se você não se apressar a gente só vai chegar lá perto das 22h00 da noite. O trânsito no final do expediente é uma loucura. Agora vai lá e vê o que fica bom em você.
Uma outra coisa acabara de aprender sobre meu patrão... O cara era o exagero em forma de gente. Me virei e segui na direção que ele apontara. Acho que não demorei nem 10 minutos e saí vestindo um calção e camiseta nas cores que mais gostava na vida e um boné cinza virado pra trás. Quando fui procura-lo...
... Parei diante dele realmente surpreso. Ele estava sem as roupas do trabalho e além de estar vestido quase igual a mim, pois sua camiseta era super cavada e seus músculos ficavam bem a mostra, ele tinha sobre a cabeça um boné igual ao meu só que a aba estava pra frente.
Ele deu uma boa olhada em mim como se procurasse por algo. Alisei a roupa no corpo e me virei pra olhar se tinha alguma etiqueta dependurada. Antes de dizer algo...
_ Onde estão as roupas que te dei, Guilherme?
_ Deixei lá. Eu disse pro Leandro que só ia levar essa. Eu tô com as etiquetas aqui e vou pagar.
_ Como pode um cara tão esperto, ser tão lento, garoto? Eu te dei as roupas. E se eu te dei todas aquelas peças de roupa é porque eu quero que você leve tudo. E sem pagar... De preferência. Na minha mente a gente tinha um acordo...Você tá me ajudando, esqueceu? Eu tinha que te recompensar de alguma forma.
_ Eu não posso aceitar, Sebastian. Sinto muito. Eu... É... Se você não achar ruim... Eu só vou levar essa que eu tô vestindo. Obrigado. Agora vamos ou só vamos chegar lá meia-noite.
_ Eu falei às 22h00.
_ KKKKKK... Eu aumentei duas horas a mais porque se a gente ficar discutindo perderemos mais tempo. Vamos?
_ Guilherme, Guilherme... Sei não, viu...
Sorrimos e saímos da loja sob os olhares dos demais funcionários.
O treino foi muito bom. Em alguns aparelhos peguei leve e em outros o mais pesado que pude. Até porque tinha que acompanhar o patrão e lhe ajudar o mais que pudesse com cada carga adicional que ele fazia questão de colocar. O meu erro foi não lembrar que estava parado a um bom tempo e que no dia seguinte nem conseguiria me levantar da cama.
Saímos da Musculo em Ação por volta das 21h00 e seguimos direto pra praça de alimentação que ficava no terceiro piso da própria Academia. Falamos sobre o treino de um mofo geral, dos suplementos que ajudavam a manter a força e a força. Do quanto foi bom ter treinado de novo, e no caso do Sebastian, com um novo amigo de treino e por fim ele me levou pra casa - apesar de protestar...
_ Não me custa nada te levar, garoto.
_ Depois não reclama se o tanque do teu carro ficar na reserva.
Olhamos direto pro indicador do combustível e o mesmo já estava quase na reserva...
_ Valeu, Guilherme. Se você não tivesse comentado sobre isso a gente ia ficar no meio do caminho. Agora vamos abastecer e seguir pra tua casa.
De carro levou menos de 40 minutos, e quando o Sebastian parou diante da pensão...
_ É aqui mesmo, Guilherme?
_ É. Bem que te disse que era longe a beça.
_ Por mim dirigiria até o outro lado do mundo. Você foi um parceirão, garoto. Obrigado. Agora antes de você ir...
Ele se virou e pegou uma sacola no banco de detrás. De imediato reconheci algumas peças de roupa que levara ao provador...
_ ... Isso é seu. E não vai adiantar reclamar de jeito nenhum. Agora você já pode ir descansar. Amanhã é folga, domingo tem o almoço com sua turma... Então até segunda.
_ O que eu vou fazer com você, Sebastian? Como que isso veio parar aqui, se...
_ Celular, um pedido, uma pronta entrega e tcharammmm... Tchau, Guilherme.
Sorri, peguei a sacola e quando me virei...
_ Sobre sua pergunta... Quando eu tiver uma resposta terei imenso prazer em te dizer.
O final de semana foi quase igual ao que ele disse que seria. A nota dissonante foi ele aparecer na praia do nada e fazer questão de ficar na mesa ao lado da nossa no quiosque.
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Um grande abraço e meu muito obrigado pela paciência de cada um. Sejam felizem hj e sempre. DaviHomem