Marriage of Convenience

By PetalaNegra0

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Constantine Hill, chefe da máfia italiana. Morgan Stanley, uma jovem metida em negociações de interesse. Os... More

𝐌𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 "𝐒𝐢𝐦"
𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐨𝐬
𝐌𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚
𝐔𝐦 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 (𝐢𝐧)𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳
𝐀𝐣𝐮𝐝𝐚 (𝐢𝐧)𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐚
𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬?
𝐏𝐫𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫
𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚
𝐏𝐨́𝐬 𝐟𝐞𝐬𝐭𝐚
𝐂𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐨𝐬.
Não é um capítulo. Mas é importante!
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨?
𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐬𝐮𝐦𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂?
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐦𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐞
𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐞
𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞́𝐧𝐬
𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐠𝐚 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫𝐞𝐬
Pergunta rápida! Não é capítulo!
𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.
𝐁𝐨𝐦 𝐝𝐢𝐚.
𝐏𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨.
𝐔𝐦 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨.
𝐆𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚𝐬?
𝐌𝐚𝐬𝐜𝐨𝐭𝐞
𝐈𝐦𝐩𝐥𝐨𝐫𝐞.
𝐃𝐞 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥
𝐇𝐚𝐣𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐭𝐚𝐥
𝐀𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐨𝐮 𝐚𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐚𝐭𝐨?
𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨
𝐀𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫
𝐀𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐞𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐫𝐭𝐨𝐬
𝐎 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚𝐝𝐨
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚?
𝐂𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞 𝐨 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐨
𝐀𝐭𝐞́ 𝐝𝐞𝐳
𝐃𝐞 𝐣𝐨𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞
𝐍𝐨́𝐬 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐢́𝐚𝐦𝐨𝐬
𝐋𝐞𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐦𝐞𝐚𝐜̧𝐚
𝐈𝐧𝐭𝐞́𝐫𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞
𝐄𝐩𝐢́𝐥𝐨𝐠𝐨
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𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨

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By PetalaNegra0

Morgan

   Desci e fui tomar café da manhã com todos, me despedi da tia Cindy e fui brincar com o Pietro.
   Hoje o dia parece estar bonito, perfeito para piscina.

Constantine

  Depois do café, fui direto pro escritório, terminar com o trabalho que comecei. Mas também fiquei pensando. Matutando, na verdade.
     Eu enxergo a vida como uma taça de vinho, ao longo da vida ele vai enchendo, enchendo... E quando ele extrapola, você morre. A taça do meu pai está extrapolando a anos, mas ninguém nunca teve coragem de dizer: olha, já chegou a hora dele, né?
    Mas eu tenho a coragem, só preciso achá-lo, e eu vou, hoje. Vou acabar com ele hoje.
    Caleb está escondido a dias num apartamento chique no centro da cidade, ele acha que não sei, mas sei. Ou talvez queira que eu saiba, estou pouco me fudendo para isso.
  Avisei ao John que hoje ele deveria ficar em casa, Mor já está descansada e com saudade da cozinha dela, ela mesma quem disse isso. Eu disse a Íris que também deveria fazer isso, porque se tudo der errado, essa casa vai virar um inferno - mas claro, não vai dar errado.
  Agora, a única pessoa que precisa ser avisada, é Morgan. Com ela precisa ser pessoalmente, pedi para que não saísse e que se eu não voltasse para casa ela pegasse o passaporte e fosse o mais longe que consegue ir em um curto período de tempo.

- O que vai fazer? - Está me olhando, assustada - E eu tenho passaporte?

- Vou atrás do meu pai e tem.

- Vai atrás do Caleb!? - Arregalou os olhos, não sei se pelo passaporte ou pelo meu pai.

- Vou. Já deveria ter ido.

- E se você não voltar eu vou precisar fugir até a barra ficar limpa e todos nós já sabemos essa história.

- Exatamente isso.

- Tome cuidado então - Me abraçou.

- Vou tomar - Retrubui, foi um abraço apertado.

   Separamos o abraço depois de algum tempo, ela segurou meu rosto e me beijou. Foi rápido, algo como: volte para casa.
   Saímos juntos, mas ela não veio comigo, ficou na porta, dando tchau. Fui para o carro sozinho, sem motorista, sei o caminho e pretendo seguir só eu.
  Suspirei e coloquei o cinto, verifiquei se estava com tudo o que eu precisava antes de sair. Liguei o carro e saí rapidamente. O prédio fica no centro, distância suficiente para que eu pense no que fazer até lá.
   Pensei em todos os tipos de tortura possíveis, até deixar ele morrer sozinho. Só que nada parece ser suficiente ou útil, tudo parece tão... Pouco, muito pouco.
  Tomei alguns remédios para dor, e a vitamina que Íris sempre manda eu tomar. Não tive tanto tempo quanto pensei imaginar.
   Não demorei muito para chegar no prédio onde o Caleb está, sai do carro e ajeitei minha roupa.
   Comecei a caminhar para entrar, mas fui barrado por dois seguranças.

- Saiam, agora. - Olhei para eles, não precisei falar mais que isso.

   Voltei a entrar, passei direto pela recepção, indo até o elevador.
   Apertei o botão do último andar, na cobertura, ele está lá, eu sei que está. Não ia perder a chance se estar numa cobertura.
  Cantarolei uma música enquanto ia para lá, ainda cantava quando sai do elevador.
  Logo de cara, fui recebido com capangas vindo para cima de mim.
   Apenas saquei a arma no coldre e atirei neles, não matei, apenas deixei eles imóveis, tiros nas pernas. Suspirei, verificando o silenciador na ponta da arma, é novo, funciona como devido. A porta estava trancada, atirei nela duas vezes e empurrei com o pé.
  Entrei assobiando, olhando em volta, procurando o demônio que vim matar. Senti uma arma ser posta atrás da minha cabeça, sorri com isso.

- Olá, papai.

- Vá embora enquanto pode.

- Sabe que não posso ir embora - Virei de frente para ele, apontando a arma para sua cabeça também.

- Seu moleque...

- O moleque atira melhor que você. Eu sou melhor que você, na verdade.

- Estou te dando a chance de ir embora e sair do meu caminho.

- E eu estou te dando a chance de calar a porra da boca antes que eu cale com a bala. Mas antes me diz uma coisa.

    Ele suspirou, desgostoso.

- Por que me odeia tanto?

- Eu não te odiava antes, mas também não te amo, eu não sei.

- Gostava de mim antes.

- Nunca gostei de você, mas te suportar era fácil - Ele riu - Mas aí você foi crescendo, falando demais, perguntando demais, parecia com a sua mãe quando mais jovem, era irritante.

- Por que fez tudo isso? - Não é uma surpresa ele dizer isso.

- Porque eu senti vontade, tudo isso é apenas pelo meu ego. Quando Cota perdeu a liderança, fiquei com raiva. Como um pirralho está ganhando de mim? Te humilhar era a minha forma de fizer que ainda estou no comando.

- E por que a porra de um casamento?

- Scott só ligava pro dinheiro, então ofereceu a filha como se fosse um prato de comida.

- E a sua ideia era qual?

- Te por na linha, as formas eu não me importei, paguei caro por aquela puta e ela não me serviu de nada. Talvez se tivesse deixado você casar com aquela Sarah, tudo fosse mais fácil.

     Ele usa as palavras como armas, acha que pode me matar assim e depois só puxar o gatilho, não vai funcionar. Pode ter funcionado por anos com Celeste, mas eu não sou ela, não me pareço com ela.
     Segurei o braço dele que está apontando para mim e usei a minha arma para atirar na perna dele.
    Ele caiu no chão, gemendo pela dor, sua arma caiu do outro lado do quarto.

- Tirou tudo de mim para dizer que não deveria ter feito nada? - Segurei o cabelo dele para me olhar - Você é um demônio, um dos piores.

- Vai me torturar?

- Não vou perder meu tempo com isso. Por que te torturar se posso só te matar? Não quero vingança, apenas acabar com um pesadelo.

    É a primeira vez que vejo Caleb assustado, ele preferia ser torturado e ter mais tempo de vida do que morrer como inútil. É assim que um narcisista deveria agir? Com medo de morrer?
   Apontei a arma para ele, coloquei o dedo no gatilho e suspirei.
   Nunca imaginei que isso iria acabar, que um dia chegaria ao fim.

- Você me humilhou, torturou, tirou tudo de mim, mas mesmo fazendo isso, só se tornou mais patético.

     Ele tentou usar a arma dele mais uma vez, levou um tiro no braço, a soltou de imediato. Não é como se ele fosse lutar, num corpo a corpo perderia, já está entregue ao seu fim. E eu me conformei com o fim dele.

- Sempre que tentou me acabar, só me deu mais motivos para não ter pena de você, Caleb - Ele riu, está nervoso.

- Você é uma praga, Constantine, um bastardo indesejado. Que a sua vida seja infeliz.

- Che il diavolo ti prenda - Atirei de uma vez, uma única bala.

     Mirei no peito, mas atirei de novo na cabeça, depois no peito de novo, na cabeça de novo... Até as balas acabarem.
   Soltei a arma e caminhei para trás, respirando fundo, finalmente podendo relaxar uma única vez. Me perguntando porque não fiz isso a anos, me pouparia sofrimento, me pouparia a dor... Agora acabou e eu não sei o que sentir, o que eu deveria sentir? Ficar feliz? Comemorar? Chorar de arrependimento por tudo? Não sei o que fazer. Fiquei sentado na cama, observando o corpo a minha frente, sentindo meu corpo quente de euforia, me sentindo vingado.
  Sei que preciso de apenas uma ligação.

- Tine? - É a voz do John.

- Acabou. - Gargalhei um pouco.

     É estranho pensar que acabou tão rápido.

- Está tudo acabado, John - Posso ouvir ele comemorar - Cuide da sua família e não se preocupe.

      Eu não precisei pedir duas vezes, ele até desligou sem perceber.
      E quando eu percebi, meus olhos estavam molhados, lágrimas desceram enquanto eu gargalhava.
   Voltei pro carro sorrindo, depois de mandar fazerem algo com o corpo, percebendo o quão bonito o dia está. Dirigi para casa feliz, sabendo que posso respirar de novo, respirar normalmente, viver, ser normal. Dirigi observando as árvores, as pessoas, os sons, tudo parece mais claro, mais vivo, é como se agora eu pudesse sentir tudo, sentir felicidade genuína. Dei boa tarde para várias pessoas na rua, no trânsito também, eles não entenderam, mas responderam de volta.
   Nunca me senti assim, todos os momentos felizes da minha vida tinham prazo de validade e geralmente era bem curto, curto demais.

◇◇◇◇

   Não demorei para chegar, saí cantarolando e rindo, sorrindo para qualquer coisa.

- Graças a Deus você voltou! - Íris está me olhando, se levantou do sofá.

- Acabou Íris, acabou. - Abracei ela.

- Acabou? Quer dizer que...

- Caleb está morto - A olhei sorrindo - Acabou.

- Oh meu Deus... - Ela sorriu - Isso é ótimo.

     Nos sentimos aliviados juntos, pudemos respirar juntos, meus 17 anos de vida foram vividos por ela também, ela sentiu tudo, o alívio também vem para ela.

- Onde está Morgan?

- No quarto, a pressão dela está desregulada.

- Desregulada?

- É, talvez preocupação, já tomou os remédios.

     Sorri e beijei o rosto dela mais uma vez, segui para o andar de cima, para ver Morgan.
    Minha esposa estava deitada na cama, respirando fundo e abanando o rosto. Fui até ela, estou eufórico, segurei seu rosto, sorrindo.
    Morgan gritou assustada quando me viu de repente.

- Merda! Que susto!

- Desculpa!

- O que é? - Sorri contente.

- Ele está morto. Caleb está morto.

- Sério!? Mesmo?! - Aceno que sim.

- Os dois estão mortos, Caleb e Scott estão mortos! - Ela começou a sorrir, se levantou e veio comemorar comigo, mesmo estando com a pressão ruim.

     A peguei no colo, pulamos e dançamos até cansar. Ela acabou caindo no meio disso, está respirando fundo e chorando.

- Estamos bem agora, mi amor. Tudo acabou.

- Ai meu Deus - Ela enxugou as lágrimas.

    Encostei minha testa na dela, respirando fundo, tentando ficar calmo.
  Nos abraçamos, aconcheguei ela enquanto chorava. É inimaginavelmente inimaginável, felicidade para nós dura pouco, precisamos aproveitar.

- Uma festa, precisamos de uma festa.

- Uma festa?

- Uma festa.

- Não! Um jantar.

- Quem viria jantar aqui?

- Tia Cindy, John, Íris, Celeste eu acho...

- Hum...

- O que acha? Ou só nós dois!

- Eu não sei, podemos fazer o jantar.

- Ótimo! Um jantar!

- Tá bom, um jantar.

   Ela saiu correndo do quarto, indo avisar a Íris, acabou que todos nessa casa ficamos animados e decidimos jantar juntos, até Celeste apareceu para conversar conosco. Foi uma noite feliz na maior parte do tempo, Celeste ficou sim arrasada pela morte do marido, mas parecia tão aliviada também, a casa é dela então...Não está desamparada, eu não queria que ficasse, não é uma boa mãe, porém não é má pessoa, sofreu tanto quanto eu, eram anos com ele. Tivemos uma conversa franca, foi dolorosa e eu gostaria de esquecer metade das coisas que ouvi, ninguém gostaria de ouvir que foi rejeitado pela mãe porque ela preferia o marido, manter o casamento por não ter para onde voltar. Meu ressentimento não aumentou, porém não senti vontade de perdoar Celeste, não é algo que preciso, a figura materna que tive foi Íris, não preciso de uma mãe agora, quando me conformei em não ter uma, meu irmão teve mesmo sendo um merda, mas eu não, isso dói e pesa na conta.
     No final da noite ela agradeceu e foi embora, Cindy dormiu aqui com a filha, John levou Mor embora cedo, ela e Pietro capotaram, e Íris, minha amada Íris só foi embora no final de tudo, quis arrumar a cozinha e guardar a louça ela mesma. Conversamos na cozinha, ela perguntou como eu me sentia, estava ótimo, feliz e ótimo.

◇◇◇◇

     O funeral de Caleb foi um dia depois da sua morte, tudo se passou como um acidente, seu corpo foi quase inteiro queimado num incêndio no quarto de hotel, então não teve perícia...Scott foi enterrado como indigente alguns dias antes, mas não pude fazer com que acontecesse o mesmo com Caleb, ele foi enterrado na cripta da família. Bom, foi mais digno do que ele merecia.

◇◇◇◇

Morgan

- Por que ele tem que gostar de bolo de coco?

     Estou resmungando enquanto levo café da manhã na cama para o Tine. Não é sempre que se faz 18 anos e ele fez um bom dia para mim no meu aniversário, quero deixá-lo, no mínimo, feliz hoje.
  Coloquei bolo de coco, café puro, frutas e torradas, tem até achocolatado.
  Entrei no quarto devagar, indo até ele, me sentei na cama e apoiei a bandeja no meu colo.

- Tine... - Balancei ele devagar - Acorde.

- Eu não fiz nada errado para me acordar cedo hoje... - Como é bom estar de aparelhos e ouvir ele falar.

- Não te acordei por maldade, idiota.

- O que é então? Está morrendo?...

- Eu estou tentando ser boa e trazer café da manhã!

- Por que tão cedo?

- Porque é a sua única manhã completando 18 anos!

- Quem se importa... - Está voltando a dormir.

- Espero que morra dormindo! - Me levantei, indo para a sacada.

- Eu não gosto de aniversários, eu fico velho e menos bonito.

- Quem se importa! - Gritei.

    Me sentei e coloquei a bandeja na mesa, tomando o café que era para ele. Em um minuto, ele estava do meu lado sem camisa e ainda abrindo os olhos.
  Olhei para ele, emburrada. Ele tinha ido dormir tarde na noite anterior, acredito que bem depois da meia noite.

- Desculpa - Ele sentou ao meu lado - Eu adorei o café. E essa torrada é minha.

- Então come e não reclama - Coloquei a torrada na boca dele.

- Eu não reclamei - Falou com a boca cheia e me abraçou.

      Retribui e beijei a bochecha dele, rindo.

- Eu posso usar o meu réu primário, isso é demais.

- Que bom - Não sei o que, nem quero saber.

- Quer que eu seja preso?

- É ruim? - Olhei para ele.

- Uau, quer que eu seja preso.

- Eu não quero, só não sei o que é réu primário.

- Não queira saber, meu bem.

- Está bem, não quero saber - Ele sorriu.

- Obrigado pelo café.

- De nada.

- Só o café? Tô decepcionado.

- O que? Queria mais o que?

- Nada. Nem gosto de aniversários mesmo.

- Para de reclamar! - Ele parou de falar e pegou a fatia de bolo para comer.

   Fiquei quieta, olhando o céu, está um dia bonito, ensolarado e calmo.

- Sabe, finalmente vamos poder ser normais.

- Não tanto, a máfia ainda é minha.

- Mas ainda sim podemos viver a vida do jeito que queremos, e posso pedir divórcio.

- Vai pedir divórcio?

- Não sei, quem sabe.

- As vezes eu acho que você finge que me ama para não morrer.

- Será que é isso mesmo? - Ri da careta dele.

- Para de graça, eu realmente te amo, se não me ama, finge até eu morrer.

- Não estou fingindo, eu te amo, Tine.

- É reconfortante saber.

- De nada - Rimos juntos.

  Assim que ele terminou o café, foi tomar banho, eu fui para a cozinha, hoje Íris e John não vieram, só vão vir a tarde para parabenizar o Tine.
   Não sei o que vamos fazer, não planejei nada, mas pelo que ele disse não tem porque fazer algo, talvez só um bolo está bom. Ficaria chateado se eu não fizesse nada?
   Acabei me rendendo e comecei a fazer um bolo sozinha, também enrolei docinhos que aprendi na Internet. Eu poderia contratar alguém para fazer isso, mas qual a graça? Nenhuma!

- O que é isso?

     Demorei o resto da manhã e começo da tarde para fazer tudo o que planejei, foi pouco, mas para quem não queria nada, foi muito.

- Docinhos, Íris e John vão vir. - Ele roubou um, dei um tapa na mão dele.

- Não eram para mim?

- Não agora, mas eu deixo pegar um.

- Não tem como tirar da minha boca, por isso deixou.

- Come logo vai - Piscou para mim e roubou mais um.

   Antes que eu reclamasse, me deu um selinho e saiu da cozinha. Fiquei lá enrolando docinhos por um tempo, o bolo ficou pronto e me dediquei em decorá-lo.
   Fiz cobertura, coloquei confetes... Bolo de festa tradicional e familiar, tá na cara que nunca tivemos um desse.
   Coloquei tudo na mesa, com os docinhos, fiz suco e até tentei fazer uma lasanha. Não sei se devo chamar os amigos dele, não sei mesmo, acho que não.
   Talvez só as pessoas mais próximos, as de casa.

- O que é tudo isso? - Íris parou na porta da cozinha.

- Pro Tine! - Ela riu.

- Está tudo muito lindo, querida - Sorri.

- Ele vai gostar?

- Vai, ele gosta dos docinhos. Dos beijinhos, em específico.

- Eu fiz eles! Também tem lasanha.

- Uh, se dedicou nisso em.

- É exagero? - Ela negou.

   Sorri e voltei a arrumar tudo, só consegui ouvir agora Tine e Íris conversarem no andar de cima. Ele dizendo: Já chega, já chega. Certeza que está ganhando um milhão de beijos.
   Em poucos minutos, John e Morgana chegaram, acompanhados de John, e tia Cindy também, junto com a Olivia. Não sei se ele vai gostar disso, mas espero que sim, deu trabalho fazer!
   Deixei tudo pronto e fui até a sala, onde todos estavam, coloquei potes com biscoitos salgados e frios em cima da mesa, também trouxe suco, refrigerante e álcool. Tine desceu com Íris o arrastando até a mesa, esperei sorridente.
   Ele me olhou e olhou a mesa, também olhou as pessoas. Sorriu mesmo que disfarçadamente.

- O que achou?

- Gostei. Mas não precisava.

- É claro que precisava! - Ele sorriu e piscou para mim.

   Todos começamos a conversar e comer, as crianças estão correndo pela casa com os cachorros, roubam doces junto do aniversariante e depois se escondem, antes do bolo, a mesa estava sem metade dos doces.

- Certo, acho melhor cantarmos parabéns antes que roubem o bolo.

- Cantar?

- É! - acho que estou mais animada que o aniversariante.

   Puxei ele para ficar atrás da mesa, acendi as velas, e me afastei.
  Comecei a cantar, animada, as crianças foram para ficar com ele, Tine pegou as duas no colo e começou a cantar, fazendo graça. Cantamos a música inteira e pulamos o: com quem será. Tine cortou o bolo e dedicou o primeiro pedaço para a Íris, obviamente.
   Enquanto ele fazia isso, eu fui dar petisco pros cachorros, eles também merecem.

- O segundo pedaço vai para Morgan, mas ela parece estar se sentindo melhor com os cachorros.

- Já vou! - Eu nem gosto de coco! Mas como eu poderia fazer o aniversário dele e o bolo não ser de coco?

  Fui até ele e peguei o pedaço de bolo, ganhei um beijo na bochecha.

- Obrigada... - Sorri forçada.

- Come, é o seu favorito, Morgan - Ele está fazendo de propósito.

- Vou comer depois, Tine.

    Ele riu e cortou mais pedaços para os outros. Considero todos psicopatas por comerem bolo de coco.
  O meu bolo foi para a geladeira, deixei lá até que alguém decidisse comer. O que me chamou atenção foi o doce de chocolate, que eu fiz para mim. Peguei ele e voltei para a sala de estar, me sentei junto com os outros enquanto eles conversam. Estão contando coisas de infância, tia Cindy está falando de quando Olivia nasceu e Morgana sobre o Pietro, John e Tine estão ouvindo atentos, eu estou viajando no meu mundo. Nunca achei que ia ter homens que gostam de crianças por perto, mas esses gostam, na verdade, eles amam crianças, Tine não para de falar sobre crianças agora, sempre que pode, está dizendo sobre como gêmeos são bonitos ou escadinha de idade. Ele me faz querer ter filhos, não por agora, mas um dia.

- Tia, vem brincar! - O Pietro está me puxando.

- Eu já vou! - Me levantei, seguindo ele.

    Fomos para a área externa, tem uma base espacial lá.
  Olivia está esperando com os cachorros.

- Vamos para o espaço!

- O espaço? Por que o espaço?

- Porque é bonito!

- Tá bom então - Me puxaram para dentro da base deles.

    Entrei sem reclamar, estão rindo bobos. Nós fomos para o espaço várias vezes em um dia só.
    No fim, Tine me roubou deles. Me beijou na cozinha, onde ninguém estava vendo.

- Obrigado.

- O que? - Olhei para ele, rindo.

- Obrigado por hoje. Eu gostei de verdade.

- Bom... Pensei que não ia gostar.

- É que eu nunca comemoro assim.

- Agora comemora! - Ele sorriu e me abraçou.

   Retribui, suspirando.
   Ficamos quietos por um bom tempo, só se abraçando.

- Obrigado por me fazer feliz.

- Para de besteira!

- Não é besteira.

- É sim.

- Gosto de dizer o quanto você me fez feliz.

- Tá bom.

- O que acha de subir comigo agora?

- E os outros? Vão embora agora?

- Vão jaja.

- Certo, vamos então.

   Segurou minha mão, indo para o andar de cima, pegou a garrafa de bebida em cima da mesa também.
  Fui junto com ele, quieta. Nos despedimos de todos, tia Cindy me abraçou, Íris também, esperamos no pé da escada até todos saírem, talvez imaginem o que vamos fazer no andar de cima.
   Depois que saíram, fomos direto pro quarto, ele estava correndo atrás de mim.
    Por incrível que pareça, não transamos de cara, fumamos maconha e bebemos pra cacete, Tine estava chapado quando queria nadar pelado e pular da sacada dentro da piscina, agarrou Asterin, beijando o focinho dele, dizendo que amava o filho, fez o mesmo com Stella, os cachorros lamberam a cara dele toda, mas não pareceu se importar. Eu só consegui rir, o mundo está colorido e brilhante, bonito, muito bonito.

- Eu preciso dormir... - Resmunguei.

- Você vai dormir com o mundo taaaão bonito - Ele está deitado no chão da sacada, rindo.

   Me levantei, indo deitar na cama.

- Vai me abandonar? Hoje é meu aniversário.

- Eu quero deitar...

- Deita comigo!

- Vem pra cá!

- Aí tá quente! - Suspirei e levantei.

    Voltei até ele e me deitei no chão, abracei ele e fechei os olhos.

- Constantine, para de morder a minha cara.

- É fofinha.

- Mas eu não sou um pão de ló.

- Mas parece com um.

- Chega, me deixa dormir...

- Morgan - Segurou meu rosto.

- O que foi agora?

- Eu te amo.

- Eu sei disso, também te amo.

- Não, não sabe. Eu te amo, amo a sua beleza, amo o seu jeito, amo que vai ser a única mulher da minha vida e amo que vai me dar uma família.

- Uma família?

- Seu presente para mim vai ser esse.

- Está bem, seu presente é uma família - Ri baixo.

- Por favor, não vá embora - Me abraçou mais forte - Preciso de você para ter um bom psicológico.

- É muita pressão ser o motivo da sua felicidade.

- Você aguenta o tranco.

- Bom... Perfeito... - Rimos juntos e voltamos a conversar.

    Nunca pensei que no final de tudo, ganharia algo desse tipo, uma pessoa que cuidaria de mim, um carinho paternal e outro carinho maternal - mesmo que não sejam de sangue - Mas, parece que tudo está melhor agora, que tudo virou algo normal, parece que não precisamos mais temer por algo ou alguém, talvez também não precisamos mais ter medo de morrer por culpa do ego de alguém...
   Uma das melhores coisas que Scott fez, foi ter me obrigado a casar com esse homem, que é um chefe de máfia, rico e babão.
  Acabou que nós dois dormimos no chão da sacada, com os cachorros em volta, nós dois nos abraçamos, tentando nos esquentar.
  O sono veio de forma perfeita pro momento, nos fazendo descansar sem o pensamento de morrer... Agora, o pensamento é de ter uma família.

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