#ODuqueVampiro
Adri andava de um lado para o outro da biblioteca.
- Esses livros são tão velhos.. tinha um museu em Kiremiti.
Jimin estava sentado à mesa, com as costas na parede e um grande livro no colo.
- O que sabe sobre o "gelo ardente"?
Adri se vira.
- Vocês querem achar os núcleos dos mundos elficos?
- Ethan precisa deles pra abrir o portal, deles e de mais algumas coisas.. mas ele irá atrás deles primeiro.
Adri abaixa a orelha e se aproxima de Jimin, subindo na mesa e sentando à sua frente com as pernas cruzadas.
- Minha mãe falava muito sobre isso, ela dizia que era o que mantinha nosso reino gelado, o que mantinha ele inteiro.
Jungkook se aproxima da porta.
- Sua mãe disse onde encontra-se? - Adri nega, Adri pega o livro das mãos de Jimin - não acho que a resposta estará nesses mapas velhos de Kiremiti.
- É melhor do que nada.
- Desculpa interromper - Jungkook se aproxima, Jimin e Adri lhe encaram.
Jimin muda a posição, seus músculos se tornam mais tensos. Jungkook se aproxima da mesa e pega o livro.
- Seokjin tem uma ideia de onde pode estar - o Duque diz, e seu olhar se encontra com a do Visconde.
- Que bom. - Responde desviando o contato visual.
Jungkook então encara Adri.
- Adri não é? - ele dá um sorriso lateral pequeno - como consegue suportar ele?
- Eu me esforço.
Jimin revira os olhos e Adri dá uma risadinha.
- Posso falar com Jimin a sós? - Adri assentiu, ela se retira da sala rapidamente. - Trata ela como um bebê.
- Se ela parasse de congelar as coisas e não ficasse subindo nos móveis para assustar os soldados do rei, eu não teria que repreendê-la. - Jimin se levanta, caminhando para uma das prateleiras de livros.
- Tem apego a ela?
Jimin se vira.
- Soube que lobos costumam adotar filhotes.
- Talvez Fenrar tenha adotado ela.
- Fenrar?
- É o nome do meu lobo. - Jimin fecha o livro fazendo um grande barulho.
- Você está mudado, não parece o mesmo Jimin de antes.
- É, eu viajei vários dias pelos reinos, acho que o frio congelou parte dos meus neurônios de bom humor.
- Só se for direcionado a mim - Jimin encara os olhos dourados - por que com o resto de nós você parece bem humorado.
- Não tenho exclusividade, Jungkook, odeio todos igualmente.
- Deve ter seus preferidos.
- Mesmo se tivesse você não entraria na lista de pessoas que odeio porque mal me importo o suficiente você.
Jungkook ergueu a cabeça.
- O que você viu lá? O que te assustou?
Jimin virou-se novamente para os livros, Jungkook se aproximou devagar.
- Um desastre monumental? Ethan abrindo os portões do inferno? Ou foi.. a gente?
Jimin se virou como um cão furioso, seus olhos se encontraram, seus rostos próximos. Jungkook estava sério, o Duque vampiro sempre tinha um total de duas expressões faciais a qual fazia sempre, a de levantar a sobrancelha e a de não fazer nada. Era irritante, principalmente para saber qual emoção ele expressava.
- Vi várias coisas, mas essa foi a que menos me assustou.
Jungkook fez uma expressão diferente.
Sacarmos.
Ele virou a cabeça e deu um olhar divertido e sorridente sem mostrar os dentes.
- Você é um péssimo mentiroso, posso não ler seus pensamentos mas ainda sinto seus batimentos cardíacos.
Jimin nada disse, ele passou por seu corpo na intenção de chegar à mesa onde seus livros estavam. Mas Jungkook segurou seu braço.
- Como conseguiu passar pelas tropas?
Jimin se virou.
- O que?
- Disse que a cidade estava cheia de vampiros, como conseguiu passar por eles sem que os vissem?
Jimin deu um sorriso, ele se soltou do braço de Jungkook e parou a sua frente.
- Sabe - Murmura o Visconde, Jimin assume a aparência de Jungkook - você não é o único que tem truques na manga, vossa graça.
Jimin deu um sorriso, e sua aparência voltou ao que era antes. Jungkook ficou estático.
Jimin volta mexer nos livros, ficando de costas para o Duque.
- O que foi Jungkook? O lobo comeu sua língua? - Jimin se vira, sentando-se na mesa.
Jungkook se recompõe, ele leva as mãos atrás das costas, Jimin lhe observa.
- Iremos atrás do núcleo de Midriri, Seokjin e seu primo GDragon vão para Kiremiti e Hoseok, Namjoon e Yoongi para Isati.
Jimin confirmou em silêncio. Jungkook ergue a cabeça para lhe encarar.
- Esteja pronto em alguns minutos, iremos partir. - Disse o Duque se direcionando para a porta.
- Jungkook - O Visconde chama.
Jungkook se vira, Jimin se virou para olhá-lo.
- Você tem razão, vi nos dois naquelas pinturas, mas o pior de tudo, eu vi um Jimin que lutei muitos anos para matar.
- Não tem como matar quem você é, Jimin, apenas se esconder, mas não dá pra se esconder pra sempre.
Jimin dá uma risada fraca.
- Acho que ninguém pode me impedir de tentar.
Jungkook dá uma olhada para baixo e volta a encarar Jimin.
- Você é responsável pela sua própria felicidade.
- Engraçado vindo de alguém que casou-se quando não era o que desejava.
- A vida não se resume em ter o que queremos na hora que queremos, se resume em achar brechas para sermos livres mesmo que estejamos presos numa gaiola dourada.
Jimin baixa o olhar.
- Encontre uma venda na gaiola Jimin, voe, mesmo que por alguns minutos, seja livre.
Jungkook diz, antes de se retirar e deixá-lo ali, pensativo.
Seu quarto estava arrumado, a Espada-demônio sob o suporte em cima da mesa, brilhava com as chamas do candelabro.
A porta foi aberta, Hoseok entrou.
- Seus visitantes parecem legais - disse sorridente, levemente embriagado, talvez alguma droga forte o bastante para deixar um vampiro dopado. - Principalmente aquele tal de Namjoon, ele parecia conhecer bem o Jimin.
Jungkook virou-se.
- Está drogado?
- Nah - disse se encostando nas paredes - é só uma coisinha, adoro esse reino pela diversidade das plantas.
- Você terá que partir ao amanhecer.
- Não precisa me lembrar disso.
Hoseok levou a mão à cabeça.
- O que sabe sobre Namjoon?
- Por que está me indagando isso? - Murmura Hoseok - foi você quem os deixou entrar.
- Ele é ex-general de exército, e você é um capitão, deve ter ouvido histórias.
- Ah, pode crer, muitas.. lá fora eles o chamam como vulto branco.
Jungkook ergue a sobrancelha.
- Por que vulto branco?
- Porque quando se dão conta, a única coisa que vêem são os borrões brancos antes de morrer. - Hoseok ri - dizem que o lobo dele tem pelos tão brancos.. que pode cegá-lo se olhar diretamente.
- Disse sobre a proximidade dele com Jimin.
Hoseok lhe encarou, sorridente.
- Interessado? - Hoseok se aproximou cambaleando - sabia, consigo farejar seu ciúmes de longe.
- Não é ciúmes.
- Não, é uma posse, transou com ele, não foi? Com o Jimin, por acaso bebeu o sangue dele?
- O sangue dele é venenoso.
- Ele é sua chama gêmea, sabe muito bem que não iria te matar, pode beber litros dele se quiser! - grita erguendo o copo de vinho - mas os outros, uma gota já é o bastante, mas para o grande vampiro de olhos dourados não.. - Hoseok sorriu - ele sabe que nasceu destinado para você? Sabe que se beber o sangue dele..
- Não preciso ouvir mais nada.
- Estarão ligados - disse mesmo assim - estarão ligados, e depois que você for embora Jimin morrerá de desgosto pelo lobo, eles são assim, um par para vida toda, você não quer isso, quer? Deixá-lo preso a você? Sei que odeia o que eles fizeram com você, com sua
Hoseok foi pressionado contra a parede, os olhos dourados do Duque lhe mirava com sanha
- Já está na hora de você ir. - Disse, bruscamente, soltando-o.
Hoseok soltou o ar dos pulmões, sentiu o sangue escorrer de seu nariz e sua cabeça apitar num som agudo, ele se retirou.
Jungkook foi à janela, soltou um suspiro e encarou a grande lua no céu.
Perda.
Era o sentimento que mais odiava sentir, podia sentir várias coisas, se lembrar de várias coisas. Mas odiava saber que serem imortais para o tempo não significava estar a salvo de serem mortos.
A porta foi aberta, Jungkook se vira.
Hoseok lhe encara, seus olhos furiosos, Jungkook franze o cenho.
- Mandei você
O Duque parou, ele não conseguia ler os pensamentos de Hoseok.
Não era Hoseok.
Antes que pudesse chamar sua espada, algo lhe bloqueou, Jungkook foi acertado no abdômen por uma adaga. A ferida sangrou, muito, Jungkook sentiu suas forças indo embora.
Hoseok, o vampiro que ocupava a imagem dele, correu, com um punhal. Jungkook teve forças para acertar em sua perna, derrubar, o punhal cai longe e o vampiro tenta pegar.
Ambos entram numa luta corpo a corpo, com o Duque não tendo muitos resultados. O que estava acontecendo? Indagava ele em sua própria mente, não consigo usar meus poderes.
Jungkook não tinha mais forças, o vampiro sobe em cima de seu corpo, era isso. Iria morrer.
Iria morrer vendo a imagem de um vampiro que copiou a imagem de seu melhor amigo.
A vida era uma puta cruel.
E então, o vampiro sangrou, sua boca escorria o líquido, quando Jungkook o derrubou para o lado, viu Jimin, Jimin empunhava a Espada-demônio.
- A princesa precisa de ajuda?
- Eu tinha tudo sob controle.
- Tô vendo.
Jimin o ajuda a levantar, Jungkook olha para a espada na mão do alfa.
- Não precisava ter mexido nela..
- Veja pelo lado bom, agora você tem ele como seu guerreiro. - Jimin sorri. Jungkook revira os olhos. o Visconde deixa Jungkook em sua cama, sentado - isso é prata valeriana.
Jungkook ergue o olhar.
- Não existe mais prata valeriana.
- Fala isso pro punhal que lhe acertou. - Disse sarcástico - se os vampiros estão com isso, então significa..
- Bruxos, Argh..
Jimin se aproxima.
- Verbena, ou algum outro tipo de veneno - ele encara Jungkook - você precisa de um médico.
- Eu estou bem.
- A prata valeriana vai lhe matar aos poucos, sugar sua energia até não restar mais nada, além de estar encantada, então não, se não tirarmos o veneno você morre.
Jungkook dá uma risadinha, Jimin estreita os olhos.
- Parece tão preocupado, quase acreditei que se importava.
Jimin se levantou, o olhar dourado lhe acompanhou.
- Pare de falar idiotices, vamos, irei tirá-lo daqui.
- De fato, é prata valeriana. - O velho diz. A França possuía monges, bem, não poderiam dizer que eram monges como nós templos budistas ou coisa do gênero, era uma forma para se referir aos curandeiros idosos. Que utilizavam a magia e a fé para curar feridos, Edgar, o velho curandeiro do rei estava analisando preocupadamente a ferida do Duque, seus lábios contorcem num resmungo baixo, de tal forma que fizeram suas rugas da sobrancelha arquearem, seus olhos azuis lhe perfuravam. - Tenho um remédio, mas não sei se irá funcionar, tal encantamento é antigo.
- Obrigado por nada.
- Jungkook - resmunga Jimin - Edgar, alguém mais se machucou? Não pude dar uma olhada do lado de fora.
- Temo que sim, Milorde.
- Edgar - disse Seokjin chegando na sala - meu pai está ferido.
- Temos sua resposta aí - Murmura Jungkook.
Acontecia duas coisas quando um rei se machuca, a primeira, o pânico. Todos, inclusive os próprios do ciclo do rei, começam a programar os preparativos para o próximo herdeiro, para as alianças e as possíveis revoltas. Quando se é rei de um reino grande, sempre terá alguém de olho no trono.
- Jimin, fique aqui. - Jungkook pede - viu algo antes do vampiro invadir?
- Não, estava tudo silencioso.
- Como soube que ele estava no meu quarto?
Jimin se virou.
- Senti um cheiro diferente.. decidi investigar.
- Qual cheiro?
- Não consigo buscar em minha mente o que me remete ao cheiro, então não sei dizer.- Jimin vira o rosto e cruza os braços - acha que um dos príncipes dos sete reinos está envolvido nisso? - Jungkook lhe encara.
- Sabe, Jimin, uma coisa que aprendi sendo quem sou, e que quanto maior o palco, mais gente estará olhando. - Ele dá um sorriso, Jungkook estava com o corpo nú e uma faixa envolta do tórax, Jimin tentou não olhar quando Jungkook se levantou. - Não acho que seja coincidência um vampiro ter entrado num forte de Drákon sem que alguém tenha deixado-o entrar, e certamente não fui o objetivo dele.
- Muitos estão se aliando a Ethan, pelo visto a proposta dele é tentadora, não vejo como ainda não foi pra lado dele.
Jungkook deu um sorrisinho.
- Não gosto de travar guerras, gosto de vencê-las.
- Se você vencesse, seria o imperador do mundo.
Jungkook se aproxima.
- Você gostaria que eu fosse o imperador do mundo, Jimin?
Jungkook possuía um ar intimidador e agressivo, seu corpo era grande e largo, como um triângulo invertido, corpos musculosos como de lutadores profissionais. Mas seu rosto era delicado, fino, lábios e olhos eram singelos, ele exercia medo mas seu rosto aparentemente ingênuo não deixava que seus inimigos soubessem de seus planos e pensamentos, Jungkook era como uma caixinha de presente c explosivos por dentro, uma decoração bonita por fora, e venenoso por dentro.
Jimin olha para seus lábios e depois para seus olhos.
- Quem? - Indaga Jimin - Lorde Ravin de Ámmos? Ramon das montanhas? Quem acha que é o traidor? - Jimin pergunta se afastando de seu corpo. Jungkook possuía muitas cicatrizes em suas costas, Jimin fixou seus olhos ali.
Jungkook dá uma risadinha baixa e se vira.
- Acho fofo quando desconversa sempre que fica minimamente excitado - Jungkook cruza os braços e inclina a cabeça - seu cheiro não é nada discreto.
- Estamos aqui para falar dos traidores não do meu cheiro, Jungkook.
- Calma - ele sorri - eles sabem que posso ler a mente deles, não seriam idiotas com isso, seriam mais cautelosos.
Jimin fica pensativo.
- Acha que.. alguém está usando magia de amnésia temporária?
- Vamos descobrir isso - disse o Duque - conheço o emblema naquele punhal.
- Talvez nós envie para a casa de um dos lordes - Jimin diz caminhando ao redor da sala de poções - talvez o culpado nos mantenha junto. - Jimin se vira - acho que estará junto.
- Por que acha?
- Todos eles têm escudeiros, não é? E todo escudeiro é imune aos encantos dos vampiros, os encantos psíquicos pelo menos - Jimin se encosta na mesa - acho que tem haver com eles.. não terem toda a alma, isso é cruel.
- Seja direito, Jimin.
- Seja lá quem seja o culpado, iria desejar que estejamos próximos, não é? - Jimin se levanta e se aproxima - mantenha seus amigos próximos e seus inimigos mais próximos ainda, Jungkook-ssi.
Jungkook ficou em silêncio lhe encarando, então ele se aproximou. Próximo o suficiente para Jimin sentir o hálito ácido do vampiro, os olhos dourados pareciam mais cintilantes e sombrios, Jungkook possuía uma cicatriz na bochecha e uma pintinha em baixo do lábio, achou aquilo interessante. Jimin desviou o olhar.
- Sabe que quanto mais se afastar mais irá se aproximar, não é? - Murmura o Duque se aproximando, Jimin recua para trás até encostar na parede de tijolos. - Você não quer repetir? - indaga se aproximando do ouvido do Visconde - sentir o que sentiu naquela tenda quanto nossos corpos se juntaram?
Jimin sentiu sua respiração ofegante, seu tórax em chamas e sua ansiedade estourado na veia. As batidas do coração do Visconde eram música para o Duque.
- Posso lhe dar muito mais prazer do que aquela noite - se aproxima dos lábios de Jimin - Você quer?
Jimin não conseguiu dizer nada.
- Sabe - Jungkook sorriu, aquele sorriso, o sorriso de um cafajeste, o sorriso de um homem que sabia que poderia acabar com sua vida que quisesse, Jimin odiava aquele sorriso. - Não posso tocar em você se não der permissão, as casas não são as únicas propriedades.
- Se eu fosse sua propriedade não precisaria da minha permissão.
Jungkook dá um sorriso.
- Se quiser que eu te force é só falar - ele diz - gosta disso? De ser forçado?
- Gosto da sensação - responde Jimin - de agir como se não quisesse mas querendo.
- E agora, você quer?
- Hm. - Jimin faz uma expressão pensativa olhando para o teto e inflando as bochechas e sorri abaixando a cabeça - boa noite, vossa graça.
Jimin sorri, passando por seu corpo e saindo da sala.