immaculate sin of the lovers...

By ohtommoyeah

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Nem mesmo nos mais tenebrosos pesadelos Harry e Louis imaginariam que, ao invés de renunciarem os próprios co... More

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ūndēvīgintī
vīgintī
vīgintī ūnus
vīgintī duo
vīgintī trēs
vīgintī quattuor
vīgintī quīnque
vīgintī sex
vīgintī septem
vīgintī octō

duo

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By ohtommoyeah

A semana pós sonho não foi nada fácil para Harry. Mas sua situação piora quando ele precisa encarar a escultura de Cristo crucificado acima da fonte de batismo na paróquia no domingo de manhã.

Estar diante do sofrimento do Salvador, que aceitou ser o mártir de todos os homens para livrá-los do pecado, no momento de sua penitência injusta é suficiente para entalar na garganta de Harry um emaranhado de vergonha. 

O seminarista recai o olhar para o próprio colo e assim passa boa parte do início da missa e da liturgia do livro de Êxodo - uma passagem tensa sobre a ira do Senhor e sua ameaça de extermínio ante o povo corrompido que acaba sendo dissuadida por Moisés. 

Ele mal presta atenção no sermão do Reverendo mais novo. Disfarça bocejos e perde-se no labirinto de seus pensamentos. E em todos os corredores que percorre, cheio de esperanças de encontrar liberdade, termina sempre dando de cara com um beco sem saída. Sua culpa é pichada grosseiramente em todas as paredes.

Deveria ter se confessado e se livrado desse tormento. 

Porém, por mais que entendesse o princípio da confissão, de que não estava confessando a um Reverendo, mas sim ao próprio Senhor, só de cogitar relatar o ocorrido pelava-se de receio e perturbação.

Harry tentou na quinta-feira. Todavia, nem alcançou o batente da porta do Diretor Espiritual. Chegou a hiperventilar, tamanho descontrole dos nervos. Uma reação exagerada, sim. No entanto, desde que iniciou o Seminário ele ainda não tinha se confessado. Ficou ansioso, temente ao que o Reverendo pensaria de si. 

O medo o deteve, o fez dar meia volta e o afastou dali. 

Harry buscou refúgio na biblioteca até o horário da aula de Direito Canônico.

Não tentou outra vez. Acabou convencendo a si mesmo de que não tinha cometido um pecado de fatp, apenas sonhado, portanto, não era tão grave a ponto de ter que confessá-lo, não é?!

A decisão deveria ter dado conforto ao seu espírito, entretanto, a paz ainda está distante dele.

Pois, afinal, se não era tão ruim assim, contar a alguém não deveria ter se tornado uma grande questão. 

O motivo de todo o alvoroço não era por ter tido apenas um sonho erótico. Harry teve um sonho erótico com Louis Tomlinson, seu colega de Seminário!

E justamente ele fora designado para ser o primeiro propedeuta a subir no altar para ler a próxima liturgia. Evidentemente a escolha não podia ter sido diferente; se algum deles tinha de ser o primeiro, este com certea tinha que ser Louis.

Harry torna a bocejar e a lagrimar de sono quando o Reverendo mais novo termina o sermão. Os seminaristas cantam. Em seguida, todos na igreja se ajoelham para reverenciar o Salmo Responsorial proclamado pelo Diretor.

O clamor por piedade e misericórdia, por purificação, por lavagem do pecado e pelo apagamento completo da culpa avassalam Harry. Uma maresia salina inunda as linhas d'água dos seus olhos. Ajoelhado e escondendo o rosto entre as mãos, sua voz embargada sussurra em uníssono com a do Diretor: - Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido.

No silêncio que se segue, o rapaz constata que não pode guardar aquele fardo consigo. Precisa livrar-se dele logo. Tem que se confessar o mais breve possível. 

Na verdade, deveria tê-lo feito antes da cerimônia. Agora é tarde demais; em poucos minutos a hóstia será dada, e como ele fará a comunhão estando do jeito que está? Não pode. Isso sim seria pecar.

Do banco comprido de madeira escura onde está, ele é o último a se sentar de novo. Os olhos avermelhados e a tentativa de secar o rosto disfarçadamente acabam chamando a atenção do colega ao lado, Isaac, que tem o cabelo ondulado e uma covinha funda no queixo. O seminarista abre um sorriso simpático que Harry imediatamente retribui. Depois ambos os olhares tornam-se para o altar.

É o momento de Louis. Ele já está no altar, sentado próximo aos Reverendos e ao lado de três coroinhas, então para chegar ao átrio de mármore cinza-escuro só precisa de alguns passos curtos. Ao capturar o microfone, anuncia que lerá a Primeira Carta de São Paulo a Timóteo. 

Harry é incapaz de encará-lo sem sentir o escrúpulo lhe acertar da mesma maneira que a tempestade se lança contra o solo naquela época do ano, num ricocheteio forte. 

No entanto, ele não abaixa o olhar tampouco fita Tomlinson diretamente. Os olhos se atêm ao mármore fosco, permitindo-lhe observar o colega pela visão periférica.

Harry torce para que a leitura seja breve. Ela não o é. Cada versículo é recitado com lentidão, de forma arrastada, como se Louis estivesse degustando cada palavra e aproveitando cada segundo do momento. 

Somente depois do que, para Harry, pareceu uma leitura de cabo a rabo do Velho Testamento, o jovem enfim conclui com: - Palavra do Senhor.

- Graças a Deus - replica a Igreja, Harry com mais ênfase do que todos os outros devotos. 

Louis devolve o microfone e volta para o seu lugar.

Em seguida, é o Diretor quem se ergue da poltrona sacerdotal e caminha para a mesa no centro, também de mármore onde prepara a hóstia enquanto roga bênçãos em língua latina.

Harry vislumbra o ritual com o canto dos olhos. O foco do olhar seguiu para outra pessoa. Já a mente divaga sobre o que fará naquele momento. 

Não deve consumir a hóstia. Mas o que os outros pensarão se não for?  Vão saber que ele pecou e, pior, que não se confessou.

A preocupação debanda dos pensamentos quando Louis flagra Harry o encarando. 

A limpidez habitual do seu rosto se quebra em um sorrisinho semelhante ao que Isaac curvou momentos atrás.  Porém, a agitação que Harry sente no fundo do estômago domina a reação nervosa que o força a desviar o olhar. 

Uma repentina vontade de correr para longe paira no pensamento.

Ele pode fazer isso. É só comentar que não está se sentindo bem e pedir licença para sair. Não seria mentira. Ele poderia ir para a casa atrás da igreja, tomar um chá e tentar ter um minuto de sossego.

Mas e quando a missa terminasse e todos fossem para lá? Iriam querer saber o que tinha, o que estava sentindo. Aí Harry teria que mentir, falar que está ruim do estômago ou que teve uma queda de pressão ou algo do tipo. 

Melhor não.

O Diretor desce do altar e se posiciona no início do corredor entre as filheiras de bancos. Grande parte dos fiéis presentes - que já não eram muitos - levantam e vão até o líder religioso que segura um pote dourado que guarda as hóstias. Os propedeutas fazem o mesmo. 

Harry não deveria se levantar nem seguir o fluxo de pessoas. Não podia, era errado! E ele estava determinado a permanecer sentado em seu lugar. Mesmo. Mas aí Isaac, de pé, lançou-lhe um olhar, não pedindo por passagem, mas esperando que ele se levantasse e fosse à sua frente. 

E num ímpeto, Harry o faz. 

E é simplesmente desgosto.

O dissolver da hóstia insípida nunca antes foi tão amargo.

Quase com a mesma agonia de noites passadas, logo que regressa para seu lugar, o seminarista se ajoelha e pede por perdão.

[...]

Harry está murcho como orquídea no inverno.

Pode tentar não chamar a atenção, esconder o desprazer dentro do peito, sustentar sorrisos e um semblante tranquilo, bater papos descontraídos. No entanto, uma coisa ou outra é percebida pelos outros. 

- Não gostou? - questiona Beth, se referindo a torta de peixe. 

Entre o fim da missa das dez horas - a segunda missa de domingo - e o horário de almoço, ela tradicionalmente traz algo para os Reverendos e seminaristas comerem. Por seu marido ser caminhoneiro e passar mais dias na estrada do que em casa e por o casal nunca ter tido filhos, ela despende manhãs e tardes em função deles.

Ela justifica a preocupação: - É que você é sempre um dos primeiros a acabar...

Todos já terminaram, a maioria já deixou a mesa e foi para a sala de estar. No entanto, o prato dele ainda está pela metade. 

Harry não fala que está se esforçando, lutando contra a falta de fome e que cada garfada enfiada à força goela abaixo ameaça voltar. Beth já está decepcionada o bastante, ele não irá magoá-la ainda mais.

- Gostei, sim. Está ótimo, como sempre! Eu só acordei sem apetite hoje. Nada demais.

- Então não coma, querido. Vou separar outro pedaço pra você comer quando estiver com vontade, tá bom?... Posso? - Harry concorda, com uma expressão de desculpas, e Beth tira o prato - Quer tomar um chá, um café?

- Não, obrigado. 

- Algum de vocês quer? - todos negam e agradecem.

O restante da torta é jogado no lixo e o prato vai para a pia. Harry não tem vontade de levantar e sair da cozinha, mesmo que Louis esteja à mesa. 

Honestamente, a única coisa que deseja é deitar-se para dormir. Está cansado. Nas últimas noites, horas de sono foram roubadas pela tensão. Seu corpo protestava contra a privação. Ele disfarça outro bocejo e seca os olhos.

Deveria ter aceitado uma dose de café.

Enquanto lava as louças, Beth conta histórias de sua família, principalmente da mãe que, em suas palavras, era a católica mais ferrenha e mais caridosa do mundo e que por pouco não foi canonizada como santa. O ponto fraco dela eram suas boas doses de cerveja preta.

Em certo momento, o Padre mais velho aparece na porta e pergunta se sobrou algum pedaço da torta. A mulher confirma. Em vez de entrar para comer, ele chama Louis. No batente da porta, a conversa entre eles é baixa e breve. Os outros ficam em silêncio, meio que tentando entreouvir. Descobrem do que trata dois minutos depois, quando Louis vai até Harry.

- O Reverendo pediu pra eu ir ver como a sra Dahlia está. Quer ir junto?

Involuntariamente a linguagem corporal de Harry evidencia seu espanto.

- Eu? 

O outro concorda com um aceno cauteloso, um tanto incerto pela reação do outro. 

- Ele acha melhor que eu vá com companhia, porque ela não mora muito perto daqui. E caso precise, um de nós poderia voltar pra dar algum recado - explica e então pontua: - Achei que você gostaria de ir.

Não gostaria. Naquele momento Harry gostaria apenas de se jogar numa cama fofinha, não se afastar de todos para ir a qualquer lugar com Tomlinson. Sobretudo sozinhos!

Aliás, por que Louis convidou justamente ele? Harry não entende. Há tantos outros garotos a lhe fazer companhia, tipo Tate. Os dois claramente ultrapassaram as mais altas barreiras afetivas e, de tão próximos que se tornaram, são quase inseparáveis. 

Desviando um rápido olhar para ele, Harry percebe que o jovem também ficou curioso com a atitude do amigo. 

Não faz sentido nenhum.

A desconfiança o atravessa quando relembra a conversa que tivera com ele no sonho.

Você sabe. Consigo ver no seu rosto todos os pecados que marcam sua alma.

Será que Harry está mesmo sendo indiscreto? Será que, de alguma maneira, Louis notou que há algo de errado com ele? Será que suspeita o que é?

Não. Harry trata de calar as suposições estapafúrdias, expulsa-as da mente. Claro que tudo não passa de um lance de sorte. Ou melhor, nem sorte nem azar, é castigo divino por não ter se confessado e, mesmo assim, ter consumido a hóstia.

Isso é uma lição para que Harry reflita seus atos e aprenda a jamais repeti-los de novo.

Ele compreende que merece isso, portanto não  lhe resta outra alternativa senão  aceitar com resignação.

Antes de saírem, o Padre dá as coordenadas do caminho que devem trilhar, diz para que não tenham pressa mas que tentem convencê-la a vir à missa das seis da noite. Também entrega capas amarelas para protegerem os jovens seminaristas da chuva que despenca do lado de fora.

Todavia, as capas não são capazes de manter seus sapatos e meias enxutas.  Na metade do trajeto, Harry sente que está levando uma poça de água debaixo dos pés. Deveriam estar usando botas. Agora passarão o resto do dia com os pés ensopados. 

Há quatro quadras de distância do destino final, Louis rompe com o silêncio.

- Está com saudades de casa?

Por um instante, Harry estranha a pergunta surgida tão de repente. Mas então percebe que Louis presume ser esse o problema que está enfrentando.

Sente-se aliviado por isso.

Harry faz que não com a cabeça.

No instante seguinte, entretanto, percebe que não está sendo totalmente sincero... nem consigo mesmo. 

Fato é que o seminarista vem tentado não pensar demais na família e isso o fez acreditar que lidou excepcionalmente bem com a mudança. 

Até aquele momento não achou que podia se sentir triste pela distância da vida que levava longe dali. Sinceramente, estava tão ocupado com a adaptação à nova rotina, preocupado em se encaixar no grupo e em não ficar para trás na formação que mal refletiu que, a cada dia que acordava, mais afastado ficava dos pais, da irmã e da avó.

Como será que eles estão naquele exato momento? Será que sentiam falta dele? Se perguntavam como estava? Conversavam sobre ele? E o que falavam?

Seu coração encolhe ao imaginar a avó acompanhada pela solidão enquanto faz crochê ou vai à feira sem o neto.

- Um pouco - admite.

Louis diz que o entende com um mero sorriso.

- E dos seus amigos?

Harry não tinha uma longa fila de amigos que fizeram uma despedida dramática no seu último dia em Holmes Chapel. O único que importava era Niall; o amigo não se conformara com sua decisão de virar padre e deixou claro que iria sentir sua falta. Mas agora Niall está em Chester se graduando em medicina-veterinária então talvez nem sinta tanto sua ausência. Deve ter feito novos amigos, arranjado outra namorada e está curtindo muitas festas. Pode ser que, até o fim do Seminário, já o tenha esquecido.

Já os outros amigos, que ele pode contar nos dedos de uma mão, devem tê-lo esquecido assim que foi embora.

Harry dá de ombros brandamente, não revelando nada.

- Me sinto mal em admitir que sinto um pouco mais de saudades dos meus amigos do que da minha família - confessa Louis, novamente pegando Harry de surpresa - Não me entenda mal. Claro que amo minha mãe, irmãs e avós mais do que amo qualquer outra pessoa na Terra - assegura - Mas é o que é. 

- Acho que não é justo se sentir mal por isso - Harry murmura - Amigos também não fazem parte da família? Da família  que nós mesmos construímos!?

Louis parece gostar do que ouve.

- Exatamente! Tem razão - ele fica em silêncio por um tempo - Não é errado sentir saudades. Ora, se passamos a vida toda cercado por eles, tendo-os por perto, estranho seria ficar indiferente com a mudança... Mas nós temos que ter em mente que eles estão bem, felizes por estarmos aqui e que sempre estarão lá para nos receber de volta. Não dá pra deixar a saudade nos abalar. Há um propósito maior para estarmos aqui.

Harry concorda sorrindo e encerrando o contato visual.

Chegando na casa, não precisam esperar muito até que a senhora abra a porta. A indagação estampada em seu rosto enrugado se transforma em entusiasmo após Louis declarar que a ausência dela na missa fora notada e eles vieram vê-la.

Enquanto entram e se livram das capas de chuva pingando, a idosa se desculpa pela bagunça da casa. Não está apenas sendo modesta. A sala está uma zona de poeira, de copos e pratos sujos na mesa se jantar, de peças de roupas amontoadas no sofá - que ela transfere para a poltrona para que os visitante tenham espaço para sentar - e do fedor que o beagle, tão idoso quanto a tutora, exala ao se aproximar para reconhecê-los e os cumprimentar.

Agora Harry entende a preocupação do Reverendo pela senhora recém-viúva. 

A última vez que viram-na foi há duas semanas, justamente na missa de sétimo dia de falecimento do marido. Na ocasião, ela já não estava na melhor das condições, mas nada que se compare ao estado atual.

O cabelo grisalho despenteado parece ter sido arrumado às pressas, a pele oleosa destoava do clima pré-invernal e a roupa que usa debaixo do cardigan está amarrotada e impregnada de sujeira.

-  Trouxemos uma fatia de torta - Harry oferece a vasilha rosa - Não sabíamos se já tinha almoçado. De qualquer forma, não seria educado virmos aqui de mãos abanando.

Ele tenta soar descontraído, mas não consegue. Felizmente a sra Dahlia, se percebeu, não se importa e aceita o pote de bom grado, não havia preparado nada para comer mesmo, comenta enquanto vai à cozinha pegar louças para comer com o mínimo de decência. 

Enquanto ela ainda está no cômodo ao lado, Louis e Harry trocam um olhar tenso e cúmplice. Está claro que perder o companheiro de longa data empurrou a senhora para uma fase difícil. 

Como Harry ainda não teve que enfrentar a morte de um ente próximo, não tinha noção do quão devastador o luto poderia ser. Nunca imaginou que poderia se tornar tangível através de bagunça e de sujeira.

O estômago de Harry revira. É difícil compreender que alguém tão madura como ela se permitiu chegar a esse ponto. E que, aparentemente, ninguém se preocupou em vim checá-la. Se veio, não lhe concedeu qualquer ajuda.

- É seu filho? - Louis questiona quando sra Dahlia retorna, apontando para um retrato numa das prateleiras. Ela concorda - Imaginei. Ele herdou seus traços. É um rapaz de sorte. Onde está? Não o vi no funeral, nem no sepultamento.

O semblante da senhora se ilumina. Um sorriso lisonjeado nasce em sua boca enrugada. Robert, o filho, está na América, tem uma pequena empresa de papelaria em Seattle, se não lhe falha a memória. Não veio porque há poucos meses teve a segunda filha, a senhora mostra-lhes emotiva a foto da bebê gordinha, enviada por carta. 

Harry não acha que aquilo é motivo plausível para o filho não ter vindo dar apoio à mãe, principalmente por ele ser filho único, mas não disse nada. 

Em vez disso, assim que a idosa fica confortável com a presença dos propedeutas e se distrai com a conversa que Louis conduz, Harry tira as louças sujas da mesa e vai à cozinha, que está igualmente caótica.

Vencendo o embrulho no estômago e o nojo, ele bota a luva de plástico pendurada em cima da pia e lava a pilha de louças.

A idosa só percebe o que ele está fazendo quando termina de comer. Ela vai até ele e afirma que não precisa fazer isso, que ela irá fazer aquilo depois, mas Harry estampa um largo sorriso e retruca que aquilo não é nada demais. 

-  Vocês dois são rapazes tão bonzinhos - ela diz, a voz oscilando pela emoção - Enfrentaram uma chuvada pra vir aqui e estão sendo tão gentis.

- Só ficamos preocupados, queríamos ter certeza que a senhora que estava bem.

- Obrigada. Eu estou. É só que... depois que o John se foi... - ela não consegue concluir. Logo desata em choro.

- Tá tudo bem - Harry a abraça, evitando tocá-la com a luva molhada. Ela o aperta fraco.

Ele acha que seria uma tremenda insensibilidade confortá-la dizendo que um dia ela reencontrará o marido e jamais iriam se separar novamente pelo fato dela ela ser cristã, sabe disso. 

Mas Dahlia está sofrendo com o agora. Por ter perdido o companheiro. Por estar sozinha naquela casa. Por não ter o filho por perto.

Então ele se limita a dizer: - Não consigo mensurar o quão difícil isso seja pra senhora. Sinto muito.

Louis está perto deles. Harry vê que ele está comovido com a cena. O olhar dele faz seu estômago se agitar outra vez. Ele rapidamente fixa o olhar no chão até a senhora desfazer o abraço e limpar o rosto.

Assim que ele termina de lavar a louça, os seminaristas começam a limpar os cômodos da casa.  Tentam impedir que a idosa os ajude, mas ela não aceita ficar parada enquanto eles trabalham. 

Passam um bom tempo ocupados e, quando se dão conta da hora, só faltam quinze minutos para as seis. Ao menos concluíram quase toda a tarefa e a casa tinha voltado a se parecer como outra qualquer. 

Quando saem, a chuva havia cessado. Sra Dahlia os acompanha até a paróquia. 

Pelo cansaço, o sono de Harry duplica de grau e ele passa boa parte da missa disfarçando bocejos atrás e bocejos. 

Finalmente quando regressam a Congregação, para não dormir com o estômago vazio, ele toma uma pequena porção de sopa. Assim que chega ao quarto, desaba na cama num sono pesado e sem sonhos.

[...]

Harry está subindo a escada quando Tomlinson e o orientador mais velho surgem no topo dela.

- Estamos indo ver a sra Dahlia.

- Você vem? Vamos ver se conseguimos o número do filho dela pra tentar falar com ele. Explicar a situação toda.

Aquela era a desculpa perfeita para adiar o compromisso para onde se dirigia.

- Desculpa - Harry diz com pesar - Eu adoraria, mas não posso. Tenho que conversar com o Diretor.

Não uma conversa qualquer, mas a confissão. Mas lógico que ele não irá anunciar isso aos quatro ventos.

- Ah, tudo bem.

- Louis... Abraça ela por mim.

- Ok. Depois te conto como foi - Harry assente. 

A dupla desce e leva consigo a sua leveza e a graciosidade. A tensão volta a empedrar nos músculos Harry.

Ele sobe os degraus e caminha até a sala do Líder com o andar arrastado e sem entusiasmo, algo que lembrava tanto o de uma criança indo por obrigação ao dentista quanto o de um condenado caminhando pelo corredor da morte de uma penitenciária.

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