Três dias depois - Casamento
Layla Nabih
Meus nervos estão à flor da pele e os 3 dias que antecederam a festa de casamento passaram voando. Nesses dias, fui submetida a um verdadeiro tratamento de beleza, várias sessões de massagem e uma sessão de tortura chamada depilação. As mulheres daqui, definitivamente, não sabem o que é privacidade, pois tinha sempre um exército feminino à minha disposição. Meus cabelos receberam uma hidratação especial com óleo de mirra e, agora, estão lisos, brilhantes e perfumados sobre os meus ombros. E minha pele está tão macia quanto a seda.
Uma assistente foi designada para me atender e estava sempre à minha disposição. Eu me senti como uma verdadeira princesa. Em uma manhã recebi várias sacolas do sheik repletas de roupas e uma variedade de sandálias. Ele me entregou também a linda coroa que vi naquele dia, em seu quarto, e disse que eu deveria usá-la no terceiro dia do nosso casamento. Não quis aceitar, mas ele foi inflexível. Até a prova do vestido de noiva, eu já fiz.
No primeiro dia de casamento, minha mãe ainda tentou me demover da ideia de me casar. Ela disse que se eu não quisesse, não precisaria me sacrificar, e que ela estaria disposta a enfrentar as consequências dos seus atos. Eu tive que a convencer de que estava de acordo com o casamento, e disse que já tinha uma queda pelo sheik desde a primeira vez que o vi. Também falei que estava realmente disposta a cumprir o compromisso firmado pelo meu avô e meu pai há muitos anos.
Quando chegamos ao local de casamento, eu pude ver um homem muito parecido com meu pai, e logo constatei que era o meu avô. Ele tinha uns 60 anos, cabelos um pouco grisalhos e olhos esverdeados. A minha mãe ficou mais branca do que a neve ao ver o senhor Said, que nos encarava duramente. Depois pude observar meu noivo, que estava trajando um terno preto, uma camisa branca e um keffiyeh. Apesar de tudo, não nego que sua imponente figura é bastante atrativa. Assim que nos viu, ele se aproximou de mim e informou:
— Está belíssima, amira. E não precisa se preocupar, porque seu avô não fará nada contra nenhuma das duas. Contudo, faz-se necessário a presença dele aqui, já que será seu wali, ou seja, representante legal.
E assim se seguiu o primeiro dia de casamento. Eu não entrei em conversa com o meu avô, que também nem se aproximou da minha mãe. Somente tive contato com ele na hora que o oficial que realizaria a cerimônia pelas leis islâmicas falou comigo separadamente para saber se eu consentia com o casamento. Antes de responder, observei que o Zyan estava com os punhos cerrados, como se temesse que minha resposta fosse negativa. Porém, eu não tinha outra alternativa, porque se me negasse, certamente eu e minha mãe ficaríamos à cargo do meu avô. E tenho certeza que ele não hesitaria em mandar executá-la. Tremo só de pensar nessa possibilidade. Assim, confirmei ao oficial que a união seria de livre vontade por minha parte. Então observei que a expressão de Zyan se suavizou. Depois o homem foi até ele e confirmou também a sua resposta.
Em seguida, o sheik foi até o meu avô e pediu autorização a ele para se casar comigo. O que lhe foi concedido. Nesse dia aconteceu a troca de alianças e o contrato de casamento em si, tornando-nos oficialmente casados. Depois disso, ele me apresentou à sua família: seu pai, sua irmã e sua primeira esposa, que se trajava de forma extremamente elegante. Ela é muito bonita; uma morena de olhos verdes e corpo escultural. Pergunto-me o que ele viu em mim. Todos me receberam de braços abertos e o resto do dia foi comemorado com sharbat.
No segundo dia, várias mulheres solteiras entraram no aposento destinado a mim no palácio e fizeram muitas tatuagens nas minhas mãos e nos meus pés. Nesse dia, a festa foi realizada em ambientes distintos de homens e mulheres. Assim pude conhecer melhor a Jade e a irmã do sheik. A esposa de Zyan me pareceu uma pessoa acolhedora e simpática. Pelo que deu a entender, não se importava em dividir o marido com outra esposa. Ela me contou com orgulho do herdeiro que deu a ele e disse que isso a tornará para sempre a primeira esposa. Ainda falou que eu deveria reconhecer isso para nos darmos bem e que me acolheria como uma verdadeira irmã.
Conversei um pouco com a irmã do sheik, a Aisha, que também me pareceu uma pessoa muito alegre e simpática, apesar de se mostrar, ao mesmo tempo, um pouco retraída. Mas ela logo se retirou.
Em seguida, minha mãe se aproximou de mim e me alertou:
* * *
FLASHBACK
— Ela não é confiável.
— Quem?
— A primeira esposa do sheik. Nota-se que ela não está satisfeita com esse casamento.
— Bem... Eu também, se estivesse no lugar dela, não estaria. Mas, minha mãe, a senhora sabe que eu não tive opção. Além do mais, o sheik me prometeu um tempo. Nesse período, pode ser que ele enjoe de mim e me mande embora.
— Filha, creio que isso não vai acontecer. Pude observar a determinação no olhar dele. Ele não irá permitir que retornemos ao Brasil. — Suspira antes de prosseguir. — Você, agora, está sob o domínio do sheik.
Estremeço com isso.
Logo Aisha vem até mim e me puxa para dançar.
— Vamos, cunhada! Nem parece que é o seu casamento. Hoje é dia de festa. É tão raro ter um dia assim. Quero muito dançar. — Puxa-me para o meio do salão.
Dançamos com várias outras convidadas. A música é contagiante. Logo depois são servidas várias comidas típicas e chás.
* * *
Hoje, no terceiro dia, estou ainda mais apreensiva, pois já é o último dia de casamento. Estou completamente arrumada em meu aposento, só esperando o momento de ir ao encontro dos convidados e meu noivo no salão. Coloquei um lindo vestido branco, rendado e com delicadas pérolas. E a maquiagem já foi feita, assim como meus cabelos, que foram arrumados. Estou com a coroa que Zyan fez questão que eu usasse hoje.
Quando a porta é aberta, eu penso que é minha mãe, mas logo vejo que é a Jade. Ela traz uma xícara nas mãos. Parece ser chá.
— Layla, querida, eu trouxe um pouco de chá. Sei que você deve estar nervosa. E não é para menos, afinal, os convidados que estão aí fora, no salão, são pessoas da mais alta elite dos Emirados. Muitos lhe olharam torto por ser apenas uma plebeia. — foi compreensiva.
Entretanto, eu não me importo com o que eles pensam.
Assim que Jade se aproxima de mim, vejo quando ela dá um passo em falso, desequilibra-se e derruba o chá quente sobre meu vestido. Por sorte, não queima a minha pele. Todavia, agora há uma mancha enorme e escura na minha vestimenta.
— Oh! Que horror, Layla! Eu sinto muito. Não era minha intenção. — Pega uma toalha em cima de uma cesta e vem ao meu encontro para tentar limpar o vestido.
— Tudo bem. Não se preocupe! Eu sei que foi um acidente.
Nesta hora a minha mãe entra no quarto acompanhada de Aisha. Quando vê minha situação, indaga:
— Oh, Layla! O que é isso, meu amor? O que aconteceu?
— Um pequeno incidente, mamãe. Nada demais. — Vejo gratidão nos olhos de Jade.
— Como “nada demais”? E agora, filha? O seu vestido está todo manchado.
— Eu vou ter que retornar ao salão. Os convidados já devem estar chegando. — Jade deixa o cômodo.
— E agora, filha? O que iremos fazer? Já está tudo organizado lá fora e os convidados estão vindo. — Leva uma mão à boca.
— Eu tive uma ideia. — Aisha sai do cômodo e retorna com um embrulho. — Veja, Layla! Você pode usar o vestido que foi da minha mãe. Ele está intacto e bem preservado.
O vestido é muito lindo, elegante e digno de uma verdadeira rainha. É da cor marfim, tem uma saia ampla, rodada, e alguns detalhes de ouro incrustados.
— Eu não posso aceitá-lo, Aisha. Esse vestido é lindo. Com certeza, seu pai e o sheik não irão gostar de me ver em uma roupa que pertenceu a alguém tão especial.
— Layla, acredite: você é especial. Posso ver isso nos olhos do meu irmão quando ele a olha. Confia em mim?
Faço um gesto positivo com a cabeça.
Então, minha mãe e Aisha me ajudam na troca do vestido. Depois sou direcionada ao local onde está sendo realizada a cerimônia de casamento. Minha assistente já me explicou os detalhes da tradição da festa.
Quando adentro o amplo local do salão, vários sons de aclamações dos convidados invadem meus ouvidos. Imediatamente, Zyan vem em minha direção e, novamente, acontece uma troca de alianças.
No decorrer da festa há muitas danças e músicas entre as tradições e juras feitas. Além disso, ganho muitos presentes do meu marido.
Após um longo tempo, várias mulheres me direcionam a outro aposento do palácio. Eu dou graças a Deus, porque só quero que essa noite termine logo para que eu possa me esquecer do que aconteceu.
Mais um capítulo postado 🥰
Será que terá noite de núpcias? Ou o sheik vai ter que recorrer a um banho frio ou dormir com a cobra da primeira esposa?🐍🤡
Estou gostando da interação 🥰 continuem assim e animem a autora 😁
Bjs das autoras: Mad e Lady ❤️❤️
Volto na quarta 😁😁