Meia-Noite Cinderela - (Vol.2)

By gatinhalbr

36.3K 4.2K 530

Segundo livro da duologia O Coração Gelado de Cinderela (Cinderela Outra Vez) Após ser sequestrada por Brand... More

Sejam Bem-Vindos de Volta
Epígrafe
Prólogo
2°| O Luzente é uma desilusão
3°| Sonhos e Ataques
4°|Nova Unidade
5°|Traídores Queimam
6°| Não Trago Boas Notícias, Garoto
7°|Está Perto, Pequena Assassina
8°|O Lado Sul de Cold Wheather
9°| A Biblioteca Real e o Outro Prisioneiro
10°| Monstro que Conta Histórias de Amor
11°| Planos e Promessas Arriscadas
12°| Grande Peixe à Vista!
13°|Ódio se Combate com Amor
14°| Querido Diário
BÔNUS| Querido Diário
15°| Um Monstro como Ela
16°| Tic Tac
17°| Sombras
18°|Terra de Prata e Marfim
19°| A Névoa
20°| Finalmente te Encontrei
21°| Honra ou Morte?
22°| De Quem é o Lugar?
23°| O Homem por trás do Pijama
24°| Insanidade
25°| Entrega
26°| Feitos e Refeitos

1° Convidado Especial

2.3K 272 14
By gatinhalbr

  _ Levanta a guarda! - grita o homem na minha frente e na mesma hora desce a espada na direção da minha barriga. Mal tenho tempo de pular pra direita e desviar do golpe. O olho feio, vendo-o sorrir - É uma dança, não se esqueça.

"Jogo de pés, Elle", penso comigo mesma. Arrisco avançar um passo, desferindo um golpe vertical com a minha espada. Ele bloqueia. As lâminas se chocam uma com a outra, causando o barulho agudo que tanto odeio.

_ Ainda está dormindo. - resmunga ele, me empurrando pra trás. Caio de costas no chão pétreo e arquejo de dor. Ao longe, a risada desdenhosa de Diana.

_ Acabou por hoje. - decreto, apoiando a mão no chão pra me levantar. O homem bufa e me olha irritado.

_ Não, não acabou. - replica - Eu sou seu treinador e a aula só acaba quando eu disser.

Sir.MacFarland é o guerreiro que Brand designou para me treinar, todas as manhãs. De acordo com ele, lutou na primeira guerra entre Ternes e Deesh. A pele é tão vermelha quanto os cabelos, não de um jeito bonito como Eyra, mas artificial. A única coisa que não mente, são os olhos, quase tão azuis quanto os meus. Ele também é um pouco mais alto e está sempre irritado e resmungando aos cantos. Embora o mau-humor, eu me apeguei a ele e uma parte de mim anseia estranhamente para que eu confie nele. No entanto, ele é da realeza vermelha, súdito de Brand, e qualquer um que esteja envolvido com ela, é meu inimigo.

_ MacFarland. - meu corpo estremece com a voz de Brand atrás de mim. O homem bufa nitidamente e joga a espada para o lado, caminhando em direção a mulher parada ao lado da porta da arena improvisada - um salão de festas vazio.

Sir.MacFarland e Brand saem conversando, deixando apenas eu e Diana. Os cabelos estão soltos, ondulando com o vento quente que entra pela janela, e o vestido é leve e curto, o decote revelando o vão entre os seios e descendo até o umbigo. De acordo com ela, decotes provocativos são indispensáveis. Jogo a minha espada pra perto da de MacFarland e me aproximo da mesa onde Diana está, agarrando o copo d'água e derramando o líquido garganta abaixo. Diana me olha com reprovação e torce o nariz.

_ Você está fedendo. - resmunga. Lhe mando um sorriso irônico, odiando sua presença ali.

Já se passaram um mês e três dias. Se eu tivesse um relógio, saberia dizer com precisão quanto tempo faz desde que Brand me raptou. Durante todo esse tempo, Diana adotou técnicas de perseguição e começou a me seguir para todos os lados, forçando uma amizade que ambas sabemos que não existe e nunca existirá. É estranho como ela age, como se há sete meses não estivesse derramando vitamina nos meus cadernos, ou enfiando minha cabeça na privada do banheiro, ou ajudando as gêmeas arruinarem meu trabalho de artes. Qualquer que seja o motivo que a tornou tão amigável, faz parte do plano de Brand.

_ O que está olhando? - questiona franzindo a testa - Estou com o rosto sujo? - ela começa a passar a mão em torno do rosto. Solto um riso zombeteiro.

_ Só uma cara mal lavada mesmo. - implico, ignorando o olhar de raiva que me manda - Não sou a única que precisa de um banho.

Coloco o copo de volta na mesa e caminho pra fora do salão, deixando-a pra trás. Chego ao meu quarto em dois passos, arrancando a roupa do meu corpo e enchendo a banheira com água fria (que em Ternes, é equivalente ao morno). Tento esfriar a água com meus poderes, mas tudo o que consigo são mãos latejantes. Sinto uma dor aguda no coração e junto com ela, preocupação. A cada dia que se passa, meus poderes estão desaparecendo. Culpo o clima terrivelmente quente, mas sei que não é apenas isso. Faz um mês que passo minhas tardes enfurnada na biblioteca abandonada do castelo, procurando por respostas. É dececionante quando vejo que a maioria dos livros está em Deesh antigo - mesmo que eu tenha aprendido 75%, com as aulas de diplomacia que Brand também me força a fazer.

Eyra e a Outra surgem no pé da banheira através da nuvem de fumaça. Afundo meu corpo na água, tentando o esconder com as bolhas. Três meses e ainda não me acostumei com a falta de privacidade. Eyra riu e pegou a toalha, estendendo-a pra mim. Outra permaneceu inexpressiva e com a postura perfeitamente ereta.

_ O almoço será servido mais cedo hoje - anuncia Eyra. Pego a toalha de sua mão e me enrolo.

_ Aconteceu algo? - pergunto preocupada. Brand é excessivamente pontual, nem um segundo atrasada ou adiantada.

_ Não podemos responder, Alteza. - Outra se apressa em dizer. Diferente de Eyra, seguia as regras Brand e estava sempre reprimindo a amiga por falar demais.

As duas me conduzem pra fora do banheiro. Outra anda até o guarda-roupa, procurando uma roupa adequada. Por fim, ela escolhe um vestido lilás, com pedras roxas espalhadas pelo corpete em forma de flores. O tecido brilhoso me confirma que temos visita.

_ Quem vem hoje? - pergunto enquanto Eyra aperta o espartilho.

_ Um Luzente de Hellige. - sussurra em meu ouvido e ri cúmplice. Outra bufa.

Luzentes, eu havia lido sobre eles. São os primeiros seres que habitaram estas terras, anunciando profecias desde os primórdios. Possuem a sabedoria de séculos. Vivem isolados em Hellige, a Terra Sagrada, e dificilmente visitam os reinos. Não pude evitar a curiosidade.

_ O que fazem aqui?

Novamente, Eyra respondeu antes que Outra a repreendesse.

_ Eu estava na cozinha e lá dentro é o coração de fofocas do castelo, então eu ouvi de Freya, que escutou de Rauli, que recebeu uma carta da própria Brand para ser enviada para Hellige, pois parece que ela quer descobrir um jeito de adiantar a realização da profecia.

_ Eu vou buscar alfinetes. - Outra declara, correndo pra fora do quarto. Eyra revira os olhos e bufa no momento em que escuta o bater da porta.

_ Ela é tão medrosa. - expressa irritada. Ela mexe no tecido em volta da minha cintura, procurando formas para apertar. - Tem medo de confiar em você, mas eu já falei que você não é como Brand ou como os outros ternianos. É bobagem e, talvez, muita ousadia de minha parte, mas sinto que somos amigas.

Sorri sentindo o coração aquecer. Eyra estava certa, possuímos um tipo de amizade cordial. Mas talvez amizade ainda seja um nome muito forte, afinal ela continua sendo uma Vermelha, continua sendo de Brand. Eu não arriscaria contar meus segredos para ela, mas era divertido ter sua companhia.

_ Qual o nome dela? - pergunto em um resmungo - Estou cansada de ter que me refeirir a ela como Outra, parece grosseiro.

Eyra dá uma espiada na porta fechada, antes de responder:

_ Lila.

Olho-a supresa: - Uau, não imaginei que o nome dela fosse Lila! É tão delicado e ela é tão...

_ Bruta? - Eyra ri e eu a acompanho. Quando dou por mim, estamos gargalhando e fazendo comentários engraçados sobre tudo enquanto ela me arruma.

Eu e Diana somos as únicas na sala se jantar. Ela mexe irritada a cada dois minutos no decote comportado, é a primera vez que eu a vejo com uma roupa que mostre tão pouca pele ou que não marca tanto o corpo. O tecido é amarelado e fosco, com bordados vermelho no corpete e na barra da saia, as mangas são bufantes e a gola chega na metade do pescoço. Ela parece puritana demais. Ou um bolo de casamento.

Não consigo segurar o riso. Suas mãos abandonam a gola e ela me encara furiosa.

_ O que foi? - questiona entre dentes.

_ Deve estar sentindo bastante calor com tanto tecido. - dou de ombros, a gargalhada foi embora, mas um sorriso ainda assombra meus lábios. - Pensei que decotes provocativos fossem indispensáveis!

_ Muito engraçado, Elle. - ironizou rolando os olhos. As mãos puxaram novamente a gola - Só estou usando isso porque Brand foi pessoalmente em meu quarto dizer que a visita é muito importante e eu devo parecer respeitável. - bufa, mas mágoa marca presença rápida em seus olhos escuros. De fato, soa bem ofensivo.

Empatia vibra dentro de mim. As lembranças de todas as vezes que Catrina me tratou daquela forma, abusando psicologicamente de uma órfã, destruindo qualquer estima que a criança podia ter consigo mesma. Hoje em dia, carrego as consequências disso e não posso olhar para um espelho sem pensar: sou um defeito. Diana se aparenta cada vez mais com as gêmeas de Sussex, buscando desesperada pela aprovação da figura materna. Meu estômago embrulha só de lembrar que é essa a estranha e enigmática relação que Diana e Brand possuem, mãe e filha. E embora Diana não seja sua filha de verdade, Brand é uma terrível mãe, de qualquer forma.

_ É engraçado ela pensar assim, já que vocês se vestem da mesma forma.

Ela oscila um sorriso. As portas se abrem abruptamente eu me sobrassalto assustada. A figura de Brand faz meus músculos tensionarem, mas o homem ao seu lado me aguça a curiosidade. Até mesmo minha raptora está menos vulgar, embora o vestido longo carmesim ainda faça um bom trabalho em delinear as curvas do quadril, o corte nas laterais não ultrapassam o joelho e o decote contorna sua clavícula. O homem parece ser a única peça que não se encaixa, parado ao lado dela com roupas casuais e uma barba cinzenta que parece ir em todas as direções, grande e bagunçada demais. Os olhos dele caem direto em mim, são esbugalhados e lhe confere um ar de louco.

_ Finalmente nos conhecemos, Lor Anihí. - a voz é calma e controlada - Vejo que Peter ainda não te salvou.

_ Você o conhece? - senti uma pontada no coração. O vazio que eu ainda sentia gritou em meus ossos.

_ Não seja boba - Brand desdenhou- Luzentes não falam com qualquer um...

_ No entanto, aqui está ele falando contigo. - vocifero.

Um sorriso venenoso dança em seus lábios pintados de vermelho escuro. Suas garras invisíveis surgem em torno do meu coração, me avisando pra ter cuidado com as palavras. O homem estranho não tira os olhos de mim, como se pudesse ver as presas ocultas de Brand brincando perigosamente. Com aqueles olhos loucos, eu não duvido que ele realmente consiga.


O que achou do capítulo? Não se esqueça de votar e comentar.

VOCÊ É ÍNCRIVEL!

Continue Reading

You'll Also Like

38.8K 3.4K 60
Filha de Anfitrite e Poseidon, criada como uma mera humana adotada por pais ricos. Maya sempre se sentiu diferente, tinha de tudo porém a vida que l...
15.6K 1.4K 14
「𝘚𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘳𝘦𝘦𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘢」 Ivy Dorothea O'Brien, abandonada aos doze anos de idade por sua mãe, Morgana O'Brien, e filha perdida de Aro Volturi...
4.8K 689 31
Jacaerys Velaryon era o primeiro filho da Princesa Herdeira, Rhaenyra Targaryen, e seu marido, Laenor Velaryon. Embora, segundo muitos, se parecesse...
11.4K 744 41
"Depois de muito relutar, de muito brigar e de muito desdenhar, me vejo aqui, completamente entregue à loucura que é amar ele."