In another life • Harry Style...

By readpagess

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Os pais de Anna não aceitam que a princesa se envolva com o plebeu, quando tudo o que ela mais queria e preci... More

1 | Maybe in another life
2 | Have we met before?
3 | A good coffee
4 | Invitation
5 | Date
6 | Art gallery
7 | Culinary skills
8 | My girl
9 | First time
10 | Pre dating
11 | Beautiful breasts
12 | Peppers
13 | To thank
14 | What are we?
15 | His parents
16 | So...girlfriend
17 | It was not my fault
18 | Liam's girlfriend
19 | My policeman
20 | Threat
21 | He watts me death
22 | Cycle
23 | Bachelor party
24 | Married sister...
25 | Our goddaughter
26 | The boss
27 | Delegacy
28 | New apartment
29 | Oh, Anna
30 | Approval
31 | Nice couple
32 | Commitment
33 | Boat ride
34 | Motel
35 | My brother
36 | Wine
37 | War
38 | Idiot
39 | Night routine
40 | Red days
41 | Sand and hair
42 | Innovation
43 | I found you again
44 | My ex
45 | Insults
46 | Go away
47 | Reunion
48 | Torment
49 | Abandonment
50 | Eroda
51 | Scare
52 | Allergy
53 | Women know more
54 | My wife, according to myself
56 | How many others?
57 | Fear
58 | He was never my friend
59 | Regression
60 | Olá, inglês
61 | The end of the big show

55 | Treasure of 1750

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By readpagess

HARRY
1750

Eu não gostava exatamente do termo "tempos difíceis", porque eu tinha muita sorte, mesmo sendo alguém sozinho, ainda tinha tudo que me deixaram.

Mas também era um motivo de perseguição, não física, mental, as pessoas tinham raiva dos que conseguiam se manter de pé.

E só compravam de mim, porque era o único que vendia verduras realmente boas e por um bom preço.

Viajava com os soldados, diziam que eu tinha uma visão do futuro, além do que qualquer um. Tinha contato direto com dinheiro vivo, nunca viram tantas notas depois que me conheceram.

Mas a verdade precisava ser dita, o primeiro-ministro gostava de mim até o dia que eu falhasse, o que me fazia sentir a pressão sobre mim.

Todos os lugares de plantações do governo foram escolhidos por mim, com a promessa de ser uma das melhores terras, mas aquilo era só benefício para a família real.

Até o dia que descobriram que eu também poderia ser ótimo com vendas fora do país, não que eu fizesse a maior parte, mas foi eu quem descobriu que as pessoas poderiam ter interesse em comprar alimentos, ou produtos que usávamos para as plantações.

Eles mandavam a mercadoria para mim, era uma forma de me manter nos negócios, frutas e verduras sempre frescas, e depois, quarenta e cinco por cento do valor voltava.

Mas muitas pessoas sabiam um total de zero coisas sobre mim, só que eu morava em uma casa maior que as outras, viajava misteriosamente e vendia frutas e verduras.

Mas algo mudou na minha última viagem para a capital, encontrei uma coisa valiosa.

Não era um objeto, mas sabia que valia ouro.

Toquei na cintura dela e apertei levemente.

- Oi. - Sussurrei.

Soltou a vela e ficou imóvel, com os braços ao lado do corpo, e percebi a respiração mudar, franzi o cenho, e me afastei.

- O que está fazendo? - Sai de trás dela.

Me encostei no balcão, o sol caia e ela já tinha a casa toda iluminada por velas.

- Somente acendendo as velas, senhor. - Evitou me encarar.

- Anna... - Ri nasalmente. - Não sou senhor, sou o Harry. - Era óbvio, mas ela parecia não entender. - Já deve fazer uns três meses que venho dizendo que não te trouxe para trabalhar...

- Não vejo sentido em ficar aqui sem fazer nada. - Cruzou os braços, ainda me evitando.

- Você não sai, eu já disse que pode. - Ri baixo. - Na verdade, não sou eu quem diz o que pode e não pode.

- Desculpe. - Foi só o que disse.

Suspirei, a encarando, nitidamente desconfortável e talvez com medo, quem saberia? Ela nunca dizia, só ficava estranha toda vez que eu a tocava.

- O beijo ontem, eu pensei que...eu podia, desculpe. - Me referi ao toque. - Esqueço que não gosta que te toquem assim.

Ela me lançou um olhar pela primeira vez, e apenas saiu.

A verdade era que eu já estava apaixonado por ela desde o dia que a vi no bar, pensei que fosse um bom emprego, passei dias lá e sempre vi ela atrás do balcão, jamais sorrindo, mas me tratava com gentileza. Mas nunca pensei que ir ao bar a tarde era diferente da noite, foi quando eu soube o motivo de ser tão séria com homens.

Na noite em que apareci lá, presenciei muitas falas horríveis diante dela, mas eu não podia me meter, não sem uma arma, era abrir a boca e morrer, e não a encontrei depois que o bar fechou.

Sem mentir, tive pena dela, mesmo sabendo que o sentimento não deveria ser o maior e nem o melhor, mas tive. Fiquei determinado a ir vê-la na noite seguinte, mas não estava.

Fiquei confuso, me perguntando se havia sido despedida, ou até algo pior, lembro de suspirar, pegar o copo de conhaque e sair do bar, e logo em seguida escutar gritos, que foram sessados.

Deixei o copo na janela aberta e andei alguns metros, e aquela não era a melhor cena, nem de longe, tive vontade de vomitar, e então entendi o motivo de não estar mais gritando. A boca tapada e o tecido do vestido sendo levantado.

Por sorte, naquele dia eu tinha com o que me defender, e o pavor apareceu no rosto dela, quando me viu na escuridão, apagando o homem com um golpe na cabeça, e sim, poderia ser covardia atacar por trás, mas era melhor que nada.

- Vem logo, vamos sair daqui!

Lembro que foi aquilo que eu disse a ela, a primeira coisa que fizemos foi correr, e então conheci o lugar que chamava de casa, sozinha, criada pela vizinha, pelo que entendi, foi abandonada ainda bebê na porta dela.

Mas a mulher não era nem de longe uma mãe, fez por obrigação e para não ficar com remorso, e quando a viu entrando em casa comigo, eu soube que a vida da Anna não seria nem de perto melhor depois que eu saísse.

Mulheres solteiras não levavam homens solteiros e mais velhos para casa, era preciso que fossem mais que aquilo ou qualquer coisa seria motivo de vergonha para a família.

Por aquele motivo fiz a proposta a ela, iria embora comigo, e em troca, ela teria onde dormir, o que comer e só precisava sorrir e fazer comida toda vez que eu voltasse do trabalho.

Óbvio que eu não queria fazê-la de escrava, mas ela não iria se eu não dissesse aquilo, e então, aceitou, porque sabia que seria provavelmente expulsa de casa, e uma mulher sozinha na rua era motivo de muito perigo.

A vi pela janela, era manhã, as velas da casa apagadas e soltei uma risada nasal quando vi um prato na mesa, o meu café da manhã, mas não fiquei para comer, sai em direção a ela.

A árvore em que estava era distante, mas cinco minutos de caminhada me ajudavam, e ela me observou por cima do ombro, jamais se referindo ou olhando para mim.

- Bom dia. - Falei, torcendo para estar animada.

- Bom dia. - Disse séria.

Já tivemos conversas agradáveis, onde ela sorria e parecia se agradar do assunto, mas tudo ia por água abaixo quando eu a tocava de um modo que ela pensasse ser diferente, ficava uns três dias me evitando.

- Bonita, não é? O avô do meu pai plantou nessas terras. - Observei a árvore, realmente grande e fazia uma sombra excelente. - Você gosta do ar fresco? Porque eu também, sabe, não é como o ar da cidade.

- Eu gosto. - Disse baixinho. - É diferente de onde eu morava.

Me surpreendi com o tanto de palavras que usou para falar comigo, algo novo, ela geralmente evitava e voltava ao normal no meio da semana.

- Se você quiser visitar a capital, te levo. - Virou o rosto, me encarando.

- Não. - Virou novamente o rosto. - Eu não gosto da capital.

- Por quê? É tão bonito...

- Para um homem, pode ser, para uma mulher, é o pior lugar do mundo.

Fiquei quieto, realmente, às vezes não olhamos para os lados, eu tinha mesmo privilégios, saia sozinho, bebia em público, ia onde quiser sem dar satisfação a alguém, enquanto com ela, seria o contrário.

- Tem razão. - Falei por fim. - Mas aqui não é a capital, então, pode fazer o que quiser...

- Você diz isso agora. - Franzi o cenho, ela parecia brava, me observando novamente. - Me trouxe aqui para ser sua escrava, não é? Está esperando que eu ceda para mostrar quem é, vai me fazer ter filhos seus, vai me obrigar a me deitar com v...

- Não. - Falei rápido. - Não vou fazer nada disso, sei que pode parecer mentira, mas não é. - Suspirei, sabendo que talvez nada que eu dissesse seria o suficiente. - O beijo, você não queria? - Virou o rosto. - Precisa me dizer se você se sentiu mal, ou não.

Engoli em seco, eu pedi para ela, e ela confirmou, pensei que não houvesse nenhum problema, eu estava explicando sobre as frutas, ela pareceu interessada, me disse algo sobre os meus olhos serem bonitos, então, pensei que tudo estivesse certo.

- Eu... - Suspirou, depois me encarou. - Eu gostei. - Ainda brava, e eu ri.

- Então qual o motivo de estar tão brava?

- Você...você é um chato, fica me perseguido, foi só um beijo. - Segurei o riso. - E...o senhor nem...você... - Se corrigiu. - Foi a primeira pessoa que me pediu, que não quis me forçar.

Tudo bem, eu podia perdoar ser chamado de chato, e se eu estava rindo, fiquei sério, então tive a esperança de que talvez estivéssemos indo a algum lugar.

Fui devagar até ela, a cabeça baixa e o olhar em direção a grama. Parei bem em frente, e apoiei meu dedo indicador no queixo, levantando rosto dela.

- Prometo que nunca vou te forçar a nada. - Era sincero, e ela apenas me observou com atenção. - Você gosta da feira. - Soltei o rosto dela. - Gostaria de trabalhar? - Não respondeu, mas o olhar era de desconfiança. - Não se preocupe, os homens daqui não são como os da capital, ninguém vai te atacar, e nem vão...

- Como sabe? - Suspirei.

- Porque, bom...se alguém perguntar quem é você e o que está fazendo vendendo na minha feira, vai dizer que é minha esposa. - Abriu a boca, prestes a protestar. - É mais seguro, juro que não quero me beneficiar, mas eles vão começar a dizer coisas ruins se souberem que uma mulher solteira está dormindo na minha casa, ainda mais uma jovem como você.

- E você por acaso já é um idoso? - Rolei os olhos.

- Não, mas doze anos de diferença me trazem certo direito de ser respeitado, então, me obedeça. - Falei em tom de brincadeira.

- Eu não te obedeço. - Cruzou os braços, a expressão séria novamente.

- Claro que não. - Murmurei. - Então, quer trabalhar lá?

- Então...se eu aceitar, vou ser sua esposa de mentirinha? - Sorri largo, percebi que queria aceitar.

- Bom, isso até se apaixonar por mim e aceitar ser a de verdade, não é? - Pisquei um dos olhos.

Ela obviamente não gostou do comentário, apenas me seguiu e escutou minhas explicações com atenção, me limitei a explicar e sair de lá.

Mas eu observava ela de longe, era simpática, aumentou as vendas, os moradores obviamente preferiam ela vendendo, e não eu, o que me causou certo ciúme, mas tudo bem.

Pelo menos ela sorria mais, falava mais comigo, ria, saia para caminhar no campo, e quando voltava, parecia realizada, talvez feliz por eu não ficar cuidando da vida dela.

E foi daquele jeito por longos quatro meses, havia beijado ela uma única vez, mas dava para sentir a tensão entre nós, como se ela quisesse algo, mas estivesse com medo de me pedir.

- Oi! - Disse assim que cheguei na porta. - Chegaram coisas novas para você. - Ela olhou para a rua, depois me encarou de novo. - Ninguém vem a esse horário, pode vir. - Fiz um gesto com a mão.

Toda vez que um novo carregamento chegava, eu deixava ela arrumar, porque ficou brava quando eu mesmo arrumei um dia, e descobri que ela gostava muito de fazer aquilo.

Sempre que eu ia até à cidade, levava algum presente para ela, sempre ficava com certo receio de aceitar, mas lá estava ela com o vestido azul que eu havia dado, usava os perfumes também, e a pulseira no dia a dia.

Era incrível, porque ela era linda de verdade, sem nenhum esforço ou recurso, era só ela, feliz por simplesmente ter tomates novos para vender.

- Foi lá na cidade? - Assenti. Ficou me observando por um tempo, arqueei a sobrancelha, pensando no que ela queria me dizer. - Você não trouxe nada para mim dessa vez? - A fala tinha um certo tom de tristeza.

Não me contive e ri, os planos eram dar o presente a ela só pela noite.

- Claro que trouxe, quer ver? - Sorriu e assentiu. - É simples, espero que goste.

Tirei um pacote do bolso e o virei contra a palma da minha não, mostrando a ela, um anel de ouro, liso, sem nada muito elegante, só um círculo dourado, mas era ouro de verdade.

- Uau, Harry, mas isso não é simples. - Ri mais uma vez. - É mesmo para mim?

- Claro, minha linda. - Ela corou com o elogio. - Por que não testa? Aposto que vai ficar lindo em você.

Ela estava desconfiada, mas pegou o anel, o posicionando no penúltimo dedo, do mesmo lado onde usava a pulseira.

Sorriu em seguida, me observando, fiquei satisfeito com a reação.

- Obrigada. - Se aproximou. - Eu gostei, mas não precisa gastar tudo isso de dinheiro.

- Não se preocupe, sei até onde posso ir.

A tranquilizei, sempre sorrindo para se manter calma e segura.

Ficou me observando, atenta, e eu aproveitava para observá-la naquele vestido, claro que eu não falava, mas imaginava que o corpo fosse tão lindo tanto com ou sem o vestido, e por fim o rosto corado.

Suspirou, como se estivesse criando coragem, e então avançou e deixou um beijo na minha bochecha, era a primeira vez que me agradecia daquela forma, e constatei que aquele podia ser um momento propício.

Avancei um passo, e levei minha mão delicadamente ao rosto dela, de novo, não recuou, ficou me encarando.

- Eu posso te beijar?

Minha voz saiu baixa, torci para que me deixasse, e então assentiu, e eu sorri, vitorioso, tocando os lábios dela com os meus da forma mais pura possível.

Daquela vez, não foi como a primeira, quando só toquei o lábio dela por breves momentos e ficamos estranhos.

Foi melhor, não nos afastamos de imediato, continuei beijando ela, e me deixou tocar a cintura, o único movimento que fiz, enquanto sentia as mãos leves nos meus ombros, talvez fosse a melhor sensação do mundo.

Quando nos afastamos, sorrimos um ao outro, ela parecia se sentir segura pela primeira vez, então tomei como um sinal positivo.

- Me ajude a arrumar, ou as vendas vão atrasar. - Pegou minha mão e puxou.

Sorri ao perceber que nada entre nós precisava ser estranho, e a ajudei a levar as caixas para a rua, apenas para preenchemos os cestos vazios.

- Pensei que não gostasse do jeito que eu arrumo.

- Não gosto, fica horrível. - Suspirei, ela riu. - Mas posso te ajudar a tentar fazer ficar bonito.

Ri baixo, e a ajudei da melhor maneira, ou pelo menos tentei, fui xingado duas vezes porque segundo ela, eu não estava colocando as frutas nas posições certas que ela ensinou.

Depois daquele dia, as coisas começaram a ficar melhores entre nós, e quando digo melhores, quero dizer que abraços e beijos eram liberados, porém, nada além daquilo, eu percebia que ela ficava nervosa quando fazia aquilo pela noite, então entendi que talvez nunca tivesse feito nada, na verdade, ela mesma disse que fui o primeiro a pedir algo, então, suspeitei que fossem as primeiras vezes dela em muitas coisas.

Mas tive certeza em um certo dia, era noite, estava chovendo forte, desci até a cozinha para beber água e aproveitar para verificar a rua, sem luz nenhuma, mas algo poderia estar fora do lugar, poderia haver fogo pelos raios, mas não, tudo estava certo.

Quando voltei, percebi a porta dela entreaberta, não sabia bem se já estava quando desci, mas não pude evitar, queria saber se estava bem, e lá estava ela, sentada na frente da janela, eu via a silhueta pela luz fraca da noite.

- Anna?

Se assustou, levantando rapidamente, olhando para mim como se fosse um fantasma.

- Tudo bem? Por que não está dormindo?

- Não consigo com essas luzes. - Falou baixo.

Os trovões e relâmpagos a assustavam, tive certeza, tanto que olhou para trás quando o clarão do céu apareceu, e depois me encarou.

Fiquei me perguntando por quantas noites chuvosas, de tempestade, se levantou e ficou daquela maneira.

Dei passos leves até ela, a vela na minha mão nos iluminava, deixei na mesa bem próximo a nós dois, e segurei a mão gelada, a senti tremer e então a abracei.

- Tudo bem. - Sussurrei. - Tem medo de tempestades?

- É. - Murmurou, sem jeito pelo abraço.

- Tudo bem se eu te abraçar desse jeito? - Sem respostas, apenas a respiração pesada. - Não vou te machucar, sabe disso, só quero que fique tranquila para dormir.

Foi quando lembrei que estar com o tronco nu poderia ser o motivo para estar assustada, em todo aquele tempo, nenhum de nós realmente se viu sem alguma parte das roupas, e ela estava usando um tecido fico, sentia os seios contra meu peitoral, levemente esmagados pelo meu abraço.

- Tudo bem. - Me abraçou de volta, finalmente.

Suspirei em alívio, e fiquei ali com ela por um bom tempo, observando o quarto enquanto a abraçava, a cama nitidamente menor que a minha, mas ela havia arrumado do jeito dela, o quarto inteiro, tinha até alguns arranjos de flor nele.

- Por que não vem dormir comigo? - Se afastou levemente, sabia que diria não. - Somente dormir, não precisa ficar desse jeito...

- Mas... - Suspirou. - Eu não quero. - Um passo para trás.

Fiquei com medo da nossa relação regredir, mas não era hora de forçar, sabia que ainda tinha medo.

- Tudo bem, então não irá. - Peguei a vela novamente. - Se tiver problemas, pode me chamar, vou adorar te ajudar.

Sorri leve, e virei as costas, só para ela saber que não ia ser forçada a fazer o que não queria.

No meio do meu caminho até a porta, o quarto todo se iluminou e o estrondo foi audível, em seguida, escutei os passos apressados dela, estava correndo, e então se agarrou ao meu braço.

- Eu...eu quero ir com você, sim. - Ri baixo, segurando a mão que me segurava com força.

- Tudo bem, olha. - Virei para ela, ainda segurando uma das mãos. - Se não quer ir lá, posso dormir com você no seu quarto. - A tranquilizei.

- Você é grande demais para a minha cama. - Ri da maneira que falou. - Vou ficar sem espaço.

- Então vamos lá. - Fiz um sinal com a cabeça.

A guiei até meu quarto, não era grande coisa, porém, maior que o dela, a cama era maior e um pouco melhor, e ela pareceu um tanto impressionada.

Tentei não demonstrar nervosismo, deixei a vela na mesa, e deitei, observando ela sentada na ponta da cama.

- Sabia que quando as pessoas dormem, elas deitam? - Ela riu, me observando em seguida.

- Eu posso deitar? - Ri nasalmente.

- É claro que pode.

Era engraçado o jeito que sempre pedia algo, e eu sempre respondia como se fosse óbvio.

Deitou ao meu lado, puxando os tecidos que eu usava como cobertores, ficamos imóveis um ao lado do outro, apenas escutando as respirações.

- Por que sua cama é tão grande?

- Para quando você decidisse vir dormir comigo.

Não pude perder a oportunidade, escutei a risada nasal dela assim que falei aquilo.

- Isso não é verdade, já era assim quando cheguei. - Bela observação, já que ela insistia em limpar meu quarto.

- A casa era dos meus pais, seu quarto era o meu, o outro da minha irmã, e esse dos meus pais. - Contei a verdade.

- E para aonde eles foram? - Perguntou baixinho.

- Moram na capital, mas só viajo para lá a negócios, o governo paga a minha ida e volta, é complicado de ver eles sem uma carruagem que seja minha. - Ri nasalmente.

- Que legal, você tem uma família. - A vi virar o rosto, e então olhei, sorria na minha direção.

- Pode ir comigo da próxima vez, te apresento para eles. - Sorri, e ela não deixou de fazer o mesmo.

- Mas o que vai dizer a eles? - Franziu o cenho. - Não posso ir lá, não é certo o que fazemos.

- O que não é certo?

- Você sabe.

Ela morar comigo sem ser minha esposa de verdade não era certo, se alguém descobrisse, o falatório não seria sobre mim, mas sobre ela, e as pessoas não costumavam ser gentis.

- Ninguém precisa saber, temos o nosso próprio relacionamento, e...bom. - Ainda olhando para ela. - Gosto do que temos, você não?

- Gosto de você. - Sorri largo, claro.

- Eu também gosto de você.

- Mas...quando você sai. - Não estava sorrindo. - Com quantas mulheres você faz isso? - Franzi o cenho, sem entender. - Você vai lá para a cidade sozinho, e não sou nada sua, é um homem livre, mas eu... - Parou de repente. - Não quero que seja um homem livre, quero que seja só meu.

Apesar de ela ter ficado nitidamente preocupada com o fato de eu frequentar certos lugares ou não, a confissão ainda me agradou.

Levantei o tronco, apoiando um braço na cama, ficando de frente para ela, que olhava para o meu rosto com atenção.

- Sou só seu desde o dia que chegou aqui. - Falei baixo, mantendo contato visual. - O que tenho com você, é só com você. - Peguei a mão dela e apoiei no meu peito esquerdo. - Pode confiar em mim, não vou te machucar nunca, nem física e muito menos emocionalmente, só quero te proteger.

Era raro alguém dizer aquilo a uma mulher, homens geralmente não as respeitavam das maneiras corretas, mas tudo que eu fazia, aprendi com meu pai.

Beijei ela, e meu corpo não estava realmente preparado para beijá-la ali, na cama, abaixo do meu copo, mas a única coisa que fiz foi aquilo, respeitei qualquer limite.

Naquele dia, soube que não conseguiria dormir sem ela de novo, estava completamente entregue, queria ela, a abracei durante a noite inteira.

Depois daquilo, nosso relacionamento evoluiu muito, após meses, vivíamos realmente como um casal.

Não só me apaixonei, passei a amar aquela mulher com tudo que eu tinha.

Dava para perceber certa admiração por mim também, depois que expliquei meu trabalho, não cansava de me dizer que eu era inteligente, mas ela também, e muito.

Aprendeu a ler e escrever sozinha, sabia dar o troco sempre certo quando se tratava das vendas, as pessoas a admiravam porque era muito simpática com todos, e eu não cansava de sorrir quando a observava.

Sempre tratando todos muito bem, conversando comigo entre risos.

Às vezes eu a observava na água do lago, simplesmente molhando o cabelo e eu só pensava: eu quero ser seu, eu quero ser seu.

Até que dois anos depois, finalmente nos casamos de verdade, tive ela por inteiro pela primeira vez, me disse que fui o primeiro a mostrar amor para ela, eu me orgulhava muito daquilo, de fazê-la se sentir bem.

Um ano e meio depois do nosso casamento, simples, com meus pais de testemunhas, tivemos nosso primeiro bebê, e até achei que demorou um pouco, os recém-casados geralmente tinham os filhos pouco tempo depois de um casamento.

Era quente como o inferno, os dias de verão ficaram diferentes naquele ano, Hope tinha oito meses, quase nove, e então, tivemos a brilhante ideia de ir até o lago perto de casa.

Quando parei para observar as duas na água, percebendo Anna molhar o cabelo dela delicadamente, comecei a olhar para o passado.

Nunca imaginei ter uma família, mas desde a primeira vez, no bar, despertou algo muito curioso em mim, e depois descobri o que era amar de verdade.

- Ela gosta da água. - Falou baixinho.

Obviamente gostava, mantinha os braços e pernas agitados, sorriso banguela, e a risada dela era considerado o melhor som que já escutei.

- Gosta da água filha? - Toquei o cabelo molhado. - Você gosta? É boa, não é?

Falei com uma voz fininha, Anna sempre sorria quando me escutava falar daquela maneira, mas o que eu podia fazer se ela era a coisinha mais linda do mundo?

- Quer pegar? - Levantou a bebê levemente.

- Claro, eu sempre quero a minha bebê. - Falei sorrindo, sem tirar os olhos de Hope.

A água poderia deixar tudo mais escorregadio, mas consegui pegá-la sem o menor problema, apoiando o corpo pequeno no meu peitoral, cabeça praticamente apoiada no ombro.

Fiquei observando Anna passar a água pelo corpo, cabelo molhado, toda vez que se inclinava eu podia ver parte dos seios, e eles não eram grandes só pela amamentação, sempre foram uma perdição.

- Para com isso. - Riu baixo. - Nunca me viu tomar banho?

- Já vi, acaba comigo toda vez, você sabe. - Ela sorriu, chegando perto.

Subiu na pedra, nunca conseguia segurar, estava sempre de olho na nossa bebê, não importava onde estivesse.

- Ela é igual a você, é injusto, quase não sobrevivi ao parto. - Riu baixo.

- Não vamos lembrar disso. - A olhei sério.

- Tudo bem, H, já passou, estou aqui. - Sorriu grande.

Perdeu sangue demais, as parteiras me disseram para não esperar o melhor, lembro de segurar a bebê e ficar ao lado dela, observando as mulheres tentando acordá-la de todas as formas.

Fechei os olhos, fazendo uma oração enquanto a Hope chorava, claro que queria a mãe naquele momento.

E então ela acordou, o corpo mole, mas acordada, ficou quase um mês de cama, sem forças, mas se recuperou, e eu não poderia agradecer mais por ter voltado para mim.

- Filha, sua mãe te acha linda, porque você é igual a mim! - Falei animado, vendo o sorriso da pequena.

- Pensando melhor, ela é um pouco mais parecida comigo. - Cerrei os olhos, enquanto ela ria. - Eu te amo, sabia? - Praticamente sussurrou.

- Eu também te amo. - Sorri largo, sentindo a bebê balançar as pernas, o que me fez rir.

- Nunca vai ser suficiente. - A observei com atenção. - Nunca vou conseguir te agradecer por me tirar daquele lugar, você me salvou, sabe disso...

- Me deu uma família, adoro sua forma de me agradecer. - Sorri para ela. - Está vendo essa coisinha agitada? É o nosso amor. - Rimos baixo.

- Papa...

Nos calamos de repente, nos encaramos, sérios, eu tinha os olhos mais abertos, Hope estava agitando as pernas sem parar, então olhei para ela.

- Oi, filha, você me chamou? - Sorri grande para ela, depois olhei para Anna.

Hope respondeu da melhor forma possível, gritando, sim, era a única coisa que sabia fazer, e então começou a balançar os braços também, o gritinho fininho.

Franzi o cenho, ela parecia irritada, então a coloquei na água, segurando debaixo dos braços, e então, do nada, começou a rir, balançando os braços.

- Ela estava...me xingando?

- Sim. - Anna riu alto. - Ela estava querendo a água.

- Filha, não foi assim que te ensinei, é para ser com amor! - Falei como se estivesse ofendido, mas estava imensamente feliz. - Ela quis dizer "papai", não é?

- Claro. - Sorriu grande, se movendo devagar até parar atrás da pequena. - Ela quis te chamar, foi tão lindo. - Beijou a cabeça dela. - Eu amo ela, que linda...

- Ela é maravilhosa.

Ela era, sempre foi, desde o primeiro dia, e com oito meses, ela já tinha muita personalidade, dava um jeito de se comunicar, se queria algo, gritava, se não queria, gritava, se estava se divertindo, gritava e agitava o corpo, e se estava irritada, gritava.

Gritos, que lindo.

Fomos para casa depois, e ela chorava porque não queria sair da água, mas pela tarde era perigoso, a noite era escura demais para todos, sem luzes, apenas em casa, com as nossas inúmeras velas, e foi pela noite que lembrei sobre precisar comprar mais delas na cidade.

Tínhamos um pouco de sorte com a pequena, ela só acordava quando queria comer, ou seja, leite, depois dormia, o único problema era que ela fazia aquilo umas duas ou três vezes durante a noite, e não dava para ter exatamente um sono equilibrado.

Não vi ela levantar durante a noite, talvez naquele dia, a água tenha me deixado cansado demais, mas lembro de abrir os olhos e vê-la andar de um lado para o outro, e então me dei conta do choro alto.

Levantei e fui até elas, Anna nitidamente preocupada, e a bebê não parava de chorar, nem por um minuto.

- O que aconteceu?

- Ela não quer leite, não quer nada...está quente. - A voz preocupada me apavorou um pouco. - Estou preocupada, H, tem algo errado!

- Ei, calma. - Pedi, mesmo que eu mesmo não estivesse tão calmo. - Deve ser por causa da água gelada, ela veio para casa, tomou um banho quente, deve ser isso, eu mesmo estou me sentindo estranho.

- Você jura?

- Juro.

Olhei sério para ela, talvez a primeira vez que menti, mas em minha defesa, ela precisava ficar calma.

Um bebê era mais sensível, poderia ser sim por causa do choque térmico que sofreu, a água quente poderia ter causado algo.

Desci as escadas, as pressas, deixei a água esquentando, tentando me manter calmo, porém, por dentro estava apavorado, uma febre era uma febre, não tínhamos médicos por perto, então, se algo desse errado, provavelmente o pior aconteceria.

Ervas, eu tinha muitas delas, chás de todo tipo, antigamente meu pai sempre fazia chá quando eu ficava doente, a Hope não beberia, mas talvez entrasse na água.

Anna não estava me vendo, por sorte, e eu também insisti em comprar uma bacia maior para a bebê, enfim teria utilidade naquele momento.

A peguei do colo dela, já sem nenhuma roupa, e era óbvio que a mãe preocupada me seguiria pela casa, eu não a julgava, mas não disse nada, só ficou me observando dar banho na criança que não parava um minuto de chorar, quase como se estivesse sendo torturada.

- Quando eu era pequeno, meu pai fazia isso. - Olhei pare ela, mas o rosto não me trazia tranquilidade. - Vai funcionar, você vai ver.

- E se não funcionar?

- Vai funcionar. - Falei firme. - Pegue algo para secar ela, e roupas limpas, eu me viro.

Tentaria me virar, e ela não conseguiu se conter, correu até o andar de cima.

- Hope, você está nos deixando muito preocupados, eu te perdoei por me xingar hoje cedo, não me castigue assim. - Falei como se entendesse algo. - Se você não ficar bem, eu também não fico, e você não vai querer nos ver assim, não é? - Pensei que a minha risada baixa poderia causar algo bom, mas não.

Anna voltou e ela ainda estava chorando, nos deixando preocupados, o tempo todo, até que prestei atenção na boca teoricamente sem nenhum dente.

- Dentes! - Falei alto, assustando mais ainda as duas. - São só dentes!

- O quê? - Me observou sem entender.

- Os dentes estão nascendo, por isso a febre, deve estar com dor. - Ela observou então. - Oh, graças a Deus... - Suspirei.

- Não, ela ainda tem febre e pode ser grave...

- Anna...

- De esse banho nela logo!

Preferi obedecer, ela não ia sossegar enquanto a bebê não parasse de chorar.

Demorou, porém, ela parecia cansada de gritar e o estoque de lágrimas acabou, então, só restaram resmungos e soluços pelo choro tão histérico e desesperado.

Secamos e vestimos ela, ainda parecia triste, mas não tanto quanto antes, a peguei no colo e levei para cima, poderíamos arrumar tudo no outro dia, e então colocamos ela no meio da nossa cama.

Anna até tentou, mas estava tão cansada, que foi a primeira a dormir, com a mão apoiada na perna da bebê.

Hope estava bem acordada, mas quietinha, me encarando com aqueles olhos grandes e verdes escuros, fiquei encarando também, ela segurava meu dedo com tanta força que até me surpreendia.

Levantei as sobrancelhas repetidas vezes, e ela abriu um sorriso ainda sem dentes, mas eu podia ver a ponta deles pela sombra da mínima luz.

- Agora você está rindo, não é? - Sussurrei. - Você me fez entrar em completo desespero, não faça isso de novo, sua...maluquinha.

Ela gritou e riu alto, olhei para Anna, ainda dormindo.

- Não ria alto desse jeito, sua mamãe está dormindo...

- Mamamamama... - Braços levantados e um grito alto no fim.

- Isso mesmo. - Sorri grande. - E ela não está acordada para saber que a sua segunda palavra foi tentando chamar ela, viu o que fez? Não deixou ela ver...

Ela parecia muito disposta a brincar a noite inteira, e eu sabia que alguém precisava ficar acordado para vigiar.

- Você não me deixar dormir te faz ser uma chata, sabia? - E ela continuava sorrindo. - E se a sua mãe me escuta te dizendo isso, ela pega aquela vela, e queima o meu cabelo...

Ela riu baixinho, me observando, era quase sempre daquele jeito, ela ficava me encarando, sorrindo enquanto me observava, e eu me sentia um grande exemplo para ela.

Era como se ela me admirasse, fazia aquilo com a mamãe também, o tempo todo. Era tão esperta, que sabia também quando estava na hora de dormir, mas insistia em ficar com os olhos bem abertos.

A peguei, e a deitei em cima de mim, cabeça apoiada no meu peito e bracinhos nos meu ombros, ainda era pequena, cabia direitinho ali.

Ficou quietinha, sabia que era hora de fechar os olhos, mesmo que não quisesse.

E a melhor parte de tudo aquilo, mesmo que tivesse nos assustado, era que no outro dia, eu teria tudo aquilo de novo, uma família para cuidar, era como um passatempo para mim, que nunca me cansava.

Nunca pensei que eu pudesse amar tanto aquelas duas, era quase surreal, tanto que eu estava pensando em mudar para a cidade só para a segurança delas, caso tivesse alguma emergência, e nunca pensei em ir embora dali.

- Eu amo vocês. - Suspirei, e deixei um beijinho nos cabelos da pequena. E de novo, ela riu. - Tudo para você é engraçado, não é?

Sim, tudo para ela era motivo de rir, até quando eu deixava algo cair, parecia até estar debochando de mim, e talvez estivesse mesmo.

De qualquer modo, a Anna sendo irritada às vezes, e a nossa filha nos deixando dormir ou não, dependia do que ela decidisse, eu ainda ia amar todos os dias.

Talvez não só naquele lugar, mas em todos os outros possíveis.

Eu soube quando a vi, que havia encontrado algo precioso.

____________________________

Completamente sem palavras para esse...

Tenham uma ótima quarta-feira, beijo para vocês. M 💖💖

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