Uma suposta facção de balé •...

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • colegial • jm!kitty gang & jk!bailarino Jungkook estava no último ano do ensino médio... More

00 | Avisos
01 | Tendu
02 | Plié
03 | Coupé
04 | Déboulés
#ikusweek2021 crossover | parte 1
05 | Cambré
06 | Relevé
07 | Fondu
08 | Cloche
09 | Chassé
10 | Allegro
11 | Arrondi
12 | Avant, En
13 | Piqué
14 | Tombée
15 | Brisé
16 | Emboité
17 | Chainés
18 | Penchée
19 | Balancé
20 | Pas de Deux
21 | Battement
22 | Entrechat
23 | Dessus
24 | Glissade
25 | Rond de jambe
26 | Pas de valse
27 | Devant
28 | Échappé
29 | Raccourci
30 | Arrière, en
31 | Effacé
32 | Pirouette
33 | Écarté
35 | Couru
36 | Dégagé
37 | Emboîté
38 | Tour
39 | Final | Changements
40 | Epílogo | Développé

34 | Passé

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By callmeikus

Oi, faccionáries!! Postagemzinha corrida pra variar com esse final de ano que não termina, mas fé que as coisas se ajeitam logo 💜 cês tão bem??

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

 Segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira passaram daquela forma: como meras segundas, terças, quartas, quintas e sextas-feiras. Qualquer coisa que evitasse Jungkook de pensar na proposta da mãe e na reunião cancelada com o pai era objeto máximo de sua atenção. Não foi difícil; o final de ano carregava todo seu ar de pressa, mudanças e preparação.

O Centro Cultural não só ocupava Jungkook com a coreografia da Morte da Fênix, mas também com a apresentação de fim de ano. O antes impossível Pas de Deux com a Momo tomava forma como os músculos de seus braços; mediante a vários ensaios extra, suor e incentivos animados das outras garotas da turma. Jungkook inclusive descobrira que a maioria das alunas gostaria de estar no Pas de Deux no lugar da Momo, fazendo sua torcida ainda mais nobre. Seria um sonho se mais garotos entrassem no balé.

O semestre letivo também ensaiava seu adeus. Quase toda semana terminava com um dia especial de simulados preparatórios para o ensino superior, além das provas de sempre. Quando a lista com os resultados saía e era colada na parede da sala, Jungkook sempre se surpreendia com o próprio nome entre as cinco melhores notas. E nunca se surpreendia, mas sempre ficava terrivelmente orgulhoso em ver Jimin coroar a lista. Era tanto um professor quanto um aluno exemplar.

Mas sua distração favorita mesmo era ajudar Jimin a gravar suas videoaulas. Era da opinião de que o namorado já deveria postar algo, mas ele queria ter vários vídeos prontos e editados antes de inaugurar o canal oficialmente. Ao menos tinha a honra de assistir aos bastidores e não sabia se ficava mais encantado com a beleza ou com a dedicação estudiosa dele. Talvez os dois, a dedicação o deixava mais bonito e a beleza ornava com sua dedicação.

Por sorte ou azar, Jungkook não deu de cara com seus pais ao voltar da loja de conveniências em nenhum dia da semana. Notou, porém, que na mesma cesta do seu rotineiro pão outras coisas surgiam, como frutas e cereais. Não ousou tocar nada, porque não sentia que aquela era sua casa, nem que aquilo poderia ser seu. Não sentia fome ao olhar a comida, apenas um nó na garganta.

Foi um alívio quando sábado chegou porque faria refeições que certamente eram para si. Ah, e dormiria com Jimin. Queria muito dormir com Jimin naquela cama espremida, de lençóis quentes e de conforto. Com o abraço do namorado, o colchão parecia mais macio e o sono melhor. Apesar do coração sempre martelar ao lado dele, os beijos doces oferecidos às suas bochechas, nariz e testa eram reconfortantes. Apesar de estranho e dúbio, tinha até uma rotina: observava Jimin pegar no sono em um passe de mágica e virar uma pedra — a pedra mais fofa! —; escapava da cama e buscava algum livro de aparência legal e poucas páginas na pequena estante aos pés da cama, apenas para coletar mais pedaços de amor; dormia entre as estrofes e o ressonar calmo do namorado.

Sábado também foi um sábado como qualquer outro. E isso era algo ótimo, porque sábado era o dia favorito de Jungkook. Comeu café da manhã com a família Park, foi ao Centro Cultural fazer os ensaios extras e, quando voltou, alongou-se com o namorado e recebeu uma massagem gostosa.

— Me ensina a fazer massagem assim? — Jungkook pediu, de repente. A grama abaixo de si pinicava; o Sol acima, aquecia; e as mãos de Jimin em si, relaxavam.

— Claro, gracinha! — Jimin sorriu. — Desde que a gente se conheceu, eu falo para você aprender e poder se fazer massagem. Durante o banho é um ótimo momento, inclusive.

— Eu queria aprender pra fazer em você! — Jungkook gargalhou, doce.

— Ah, é? — Jimin corava, mas deixou o tom provocativo mandar na discussão. — Está tentando dizer que pareço muito travado?

— Você tá dizendo que pareço travado?

— Sim, sempre. — De joelhos na grama, Jimin apoiou as mãos na cintura. — Você é uma máquina de dançar! Se eu não te parar e cuidar de você, você sai dançando para cima de tudo, até seus músculos se desfazerem.

— Isso foi bem dramático... — Jungkook riu e engatinhou até Jimin.

— Você é bem dramático quando o assunto é dança... — Jimin sussurrou de volta e terminou de se inclinar na direção de Jungkook.

Beijaram-se. Era para ser só um selinho, mas resistir a mais e mais beijos se mostrou inviável. Jungkook puxou Jimin para seu colo e deixou sua mão subir das costas dele até a nuca e, enfim, nos ombros. Pressionou com cuidado.

— E aí? Vai me ensinar?

Jimin assentiu com a cabeça, mas não parou de beijá-lo; correspondia tão bem, suspirava tanto com as carícias em seus cabelos. Até afastou um pouco os lábios, mas abrir os olhos e encontrar Jungkook com os seus fechados, lábios úmidos, bochechas coradas e queixo erguido, entregue, fez com que ignorasse de novo a pergunta e o puxasse para um novo beijo.

Como a maioria das vezes, perderam a noção de quanto tempo ficaram daquela forma: testando o fôlego alheio, experimentando a maciez das bocas e línguas. Jungkook apoiou a cabeça no ombro do namorado, mais relaxado. Jimin deslizou as mãos pelas costas, largas, mas menos musculosas do que as pernas. Sem notar, foi desatando alguns nós que achava no caminho.

— E me ensinar?! — insistiu Jungkook.

— Para qual parte do corpo você quer aprender?

— Você que tem que me dizer! Qual sua parte favorita?

Jimin ia retrucar algo, mas o tom resoluto do namorado deixava claro que não ia desistir de seu posicionamento. Na verdade, sempre tinha aquele pequeno ímpeto de fugir de ter que falar, em palavras, as coisas que gostava. Era bobo, porque Jungkook amava saber as coisas, mas a timidez não ligava para isso.

— Hm... Acho que os pés. Amo minha plataforma, mas às vezes dói.

— Docinho... — Jungkook sussurrou. Jimin, sem entender o tom, levantou o olhar. — Por que você tem que ficar tão tímido só pra dizer que gosta de massagem no pé?

— Isso é um problema? — Jimin desviou o olhar de novo, apesar de não querer. Só foi automático.

— Pro meu coração só, parece que ele vai explodir de amor. — A resposta de Jungkook veio acompanhada de um beijo na bochecha. — Não que eu não fosse gostar se você ficasse mais confortável em me contar essas coisas, mas você é tão adorável.

— Você não está me ajudando a ficar menos tímido, sabia?

— Sim. E tô gostando demais disso. — Jungkook, para provar seu ponto, acomodou melhor o corpo entre seus braços para deixar mais e mais beijos na bochecha quente de vergonha.

— Eu criei mesmo um monstro... — Jimin resmungou, mas se acomodou melhor em Jungkook.

— Um monstro dançarino! — Jungkook riu. Deitou o namorado na grama com cuidado e apoiou os pés de unhas bem feitas (por si) no colo. — Então, como é?

— Eu também não sou profissional em massagem...

— Fofo. — Jungkook soltou mais uma risadinha. O olhar de Jimin entre os fios bagunçados e as bochechas rubras era um sonho. — Onde foi aquela sua confiança toda?

— Eu já tinha me gabado das massagens?

— Claro! Toda vez.

— Por que eu faço essas coisas comigo? — Jimin suspirou, dramático, e olhou para o céu, tanto para não dar mau jeito no pescoço quanto por estar tímido. — Hm... Eu em geral seguro seu pé com as duas mãos...

— Assim? — Jungkook fez como instruído. O pé de Jimin era tão pequeno... Uma graça. E bem mais macio que o seu, apesar de ter um calo ou outro.

— Uhum... — As bochechas de Jimin ficavam ainda mais quentes com o toque carinhoso. Era esquisito. Amava massagear o namorado, mas se sentia tão estranho em receber... Mas era estranho de um jeito bom, até. — Aí, vou usando os polegares para pressionar... Não tem tanto critério assim, gosto de massagear bem o arco do pé e o calcanhar.

Jungkook seguiu as orientações, atento às reações dele. Encorajado pelos suspiros de prazer, tímidos como Jimin todo, começou a usar um pouco mais de pressão, subindo e descendo com os polegares. Massageou também os dedos e os puxou de leve, como se lembrava de ter sentido Jimin fazer consigo. Encorajado pela falta de resmungos e pelas pálpebras fechadas do namorado, começou a acariciar o peito e as laterais do pé devagar, apoiando-o de volta em seu colo. Por último, alongou como fazia no balé: ponta, flex e movimentos circulares.

— E aí? Cadê meu relatório de avaliação como massageador de pés?

— Falta o outro! — Jimin respondeu, manhoso, apoiando o outro pé no colo do namorado. Suas bochechas continuavam queimando.

— Hm... Quer dizer que foi gostoso, é? — Jungkook perguntou, provocador, mas enlaçou o pé oferecido, alegre.

Jimin soltou mais um resmungo, seguido de um gemido por causa da massagem. Jungkook gargalhou de novo. Adorável, adorável e adorável. Amava o Jimin forte e confiante, mas o Jimin tímido e vulnerável conseguia qualquer coisa dele. Faria de tudo para beijar seu rosto todo.

No fim, virou uma competição de fazer massagens. Terminados os pés, Jimin insistiu em relaxar as costas e o pescoço de Jungkook. Depois, foi convencido pelo namorado a ensinar técnicas para aqueles músculos também. Talvez, uma hora, tenha até faltado pedaço de corpo para massagear. Finalizaram deitados na grama, nos braços um do outro, ambos nos braços do Sol.

Jungkook enfim suspirou relaxado, não só de seu corpo, mas da sua cabeça também. Talvez a tensão do seu dia e das escolhas houvessem se escondido entre seus músculos e sido desatados de uma vez.

E, mesmo que por um instante, permitiu-se apreciar aqueles longos minutos em silêncio.

-💋-

Ir à casa de Hoseok era sempre um evento alegre, e não foi diferente daquela vez. Os gnomos de jardim continuavam espalhados pela grama de forma caótica e perfeita, do jeito que fazia Jungkook morrer de rir. Porém, ao ter a grama do quintal de trás sob seus pés a fim de mostrar sua coreografia a Hoseok, começou a ficar nervoso.

Era claro que qualquer tipo de crítica, fosse positiva ou negativa, geraria bons frutos; a positiva daria uma confiança extra em seus passos, e a negativa permitiria que ele melhorasse. Mesmo assim, o coração martelava.

Respirou fundo e olhou para Jimin, que tinha em mãos o celular conectado em uma caixa de som. Ele, então, apertou o play. As harmonias baixas e delicadas da música soaram e, como sempre acontecia, o corpo de Jungkook acompanhou a coreografia sozinho. Naquele instante, não havia preocupações, só entrega. E foi bom.

Ao contrário de suas aulas extras, não havia um espelho para que pudesse observar e corrigir seus movimentos para aperfeiçoar a técnica. Então, dedicou-se a sentir a música e deixar que os movimentos ocupassem todo o espaço de cada acorde. Era tão rápido. A música tomava sua cabeça e, quando notava, já estava no chão, finalizando sua morte de fênix.

— Ah, é aquela música e coreografia do aniversário do Minnie, né?! — Hoseok disse, empolgado, no final.

— Sim! Mas minha professora ajudou a melhorar — Jungkook respondeu entre arfares pelo esforço físico, já de pé e perto dos amigos.

— E a gente adicionou uma parte de interpretação também... Ainda não está pronto para Jungkook ensaiar usando, mas eu e o Danny Phantom selvagem estamos criando roupa e maquiagem para encaixar melhor no conceito de "Morte da Fênix" — Jimin completou.

— É uma ideia ótima! Caracterização conta muito pra articidade, todo mundo tem uma roupa específica pra apresentação. Eu detesto essa parte porque as roupas de hip hop não costumam ter tanto impacto visual quanto os figurinos de balé... Ainda não entendo por que eles não dividem em categorias de dança, sabe? A maioria dos lugares olha em separado: balé de repertório, danças urbanas, danças de salão... Enfim, acho chatinho, acho que algumas se destacam naturalmente em alguns quesitos de avaliação.

— Talvez seja porque o prêmio da bolsa de estudos é pruma Escola de Dança. Geral, sem segmentar em categorias... — sugeriu Yoongi, sentado na grama de um jeito preguiçoso, as costas escoradas na parede da casa. Passeou a língua por dentro da bochecha, cutucando alguns de seus piercings. — Aliás... como cês mudaram o conceito da Morte do Cisne pra Morte da Fênix, eu posso fazer uma releitura do concerto do Camille Saint-Saens pra combinar melhor. Nada demais, mudar a escala, alguns instrumentos do arranjo...

— Olha aí o favoritismo do balé dando as caras de novo! — resmungou Hoseok, com um tom de humor. Jungkook, ao fazer um exercício de empatia, admirou-o, pois ficaria chateado na situação.

— Para de drama! Não sou bom com hip hop, mas descolei o Namjoon pra rearranjar e produzir sua música! — Yoongi resmungou e o fez mais ainda quando, rindo, Hoseok se jogou em seu colo em busca de um selinho.

— Namjoon? — Jungkook perguntou, morto de curiosidade.

— É um cara do mesmo instituto de artes que a gente vai. Tá lá há bastante tempo, que nem eu, mas mexe mais com produção musical, acho? Não sei se vocês chegaram a falar com ele, mas ele é cliente do meu irmão também. Acho que ele tava de próximo daquele dia que a florzinha furou as orelhas.

— Ah, não lembro... — Jungkook fez um biquinho. — Que pena, ele parece legal.

— Ele é mesmo, mas acho que o Hobi deveria agradecer ao meu irmão por ter seduzido o Namjoon. Nada como o desejo de beijar pra fazer um trouxa trabalhar de graça pros outros — Yoongi fofocou, parecendo muito entretido. Hoseok o censurou com o olhar por três segundos e caiu no riso logo depois.

— Ih, tem que dar uma sacudida no Taehyung! — Jungkook cochichou para Jimin, muito sério. — O irmão do Yoongi tá disputado demais!

— Aliás... Acho que a gente pode chamar ele pra cá... — Jimin cruzou os braços, pensativo. — Hobi, posso convidar o Danny Phantom selvagem? Ele também tá doido pra beijar seu irmão e sabe personalizar roupas.

— Credo! Cês são interesseiros demais! — Hoseok gargalhou e se levantou do colo de Yoongi, aproximando-se dos convidados. — Mas claro, ele é sempre bem-vindo. Ainda mais que meus pais tão viajando, detesto ficar sozinho em casa. Mas aqui, Jungkook, voltando pra sua apresentação...

— Ah, claro... — Trocou o peso entre os pés, nervoso de novo.

— Eu não posso avaliar técnica direito porque não sei muito de balé, você sabe... Mas a articidade dos movimentos tá muito boa mesmo, representa bem a história que vocês criaram pra Morte da Fênix. Só... não acho que as expressões do rosto acompanham tão bem. Tipo, não tá incoerente, sabe? Não é como se você estivesse dando um sorrisão, mas dá pra melhorar.

— Ah... É, nunca parei pra notar as expressões do meu rosto — concordou Jungkook e mordeu os lábios, pensativo. Mas, como fazia quando na presença dos amigos, logo disparou: — E como eu faço pra treinar?

— Devem ter outros jeitos, não sei, mas eu tipo que coreografo a expressão também? — Hoseok respondeu, meio perguntado e bagunçado, mas riu de si e passou o braço nos ombros de Jungkook. — Não era uma pergunta, era uma uma confirmação. Eu ouço a música, penso nos movimentos que tô fazendo e penso que expressão representaria melhor. Não precisa ser muito complicado, porque na maior parte das músicas você pode manter o mesmo sentimento na expressão, só trocar em um ponto ou outro. Mas se sua coreografia tem um movimento principal, uma mudança de expressão deixa mais dramático. Enfim, depois que penso quais expressões quero fazer, fico treinando no espelho, porque tenho que entender como meu rosto funciona, né? Imagina se eu faço cara de bravo, mas parece só que eu tô prendendo um pum?

— Isso é verídico, inclusive — comentou, de longe, Yoongi. — Hobi é geneticamente incapaz de ficar bravo, mas peida e sabe fazer expressão de peido que é uma beleza.

— Vai lá compor a música do seu amiguinho, Yoon! — Hoseok retrucou e revirou os olhos. Depois, deu outro suspiro e voltou à meada. — Ah, é, aí você treina no espelho. Depois, treina na coreografia inteira. Aí cê pede pro Minnie gravar pra você poder analisar melhor, porque querendo ou não, ficar checando a expressão pelo espelho da sala de aula às vezes atrapalha a completude dos passos.

— Bem, sua vez de apresentar pra nós avaliarmos como jurados — Yoongi disse e até mesmo se levantou para deixar um beijo na bochecha de Hoseok e empurrá-lo para o meio do quintal. Depois, mexeu no celular para conectá-lo à caixa de som.

Hoseok se posicionou no meio da grama, alongando-se com tranquilidade e naturalidade. Jungkook o admirou de novo, porque transpirava experiência em cada um dos poros. Para seu espanto, não foi uma admiração que o amedrontou, e sim deixou-lhe honrado de receber dicas. Suspirou, aliviado. Era esse tipo de emoção que gostava de sentir, mas os últimos dias estavam sendo tão estranhos...

Um barulho característico se fez ouvir, uma marcação para Hoseok saber quando a música havia começado. De súbito, sua expressão ficou fechada, raivosa e selvagem até. Poucos segundos depois uma batida forte, marcante e seca começou a tocar e Hoseok acompanhou cada uma delas com maestria. Seus movimentos eram fortes, secos e raivosos como a expressão, muito rápidos. Às vezes curtos, às vezes abrangentes. Jungkook não saberia explicar os movimentos, ou o que acontecia, mas saberia dizer que era uma das coisas mais impressionantes que já vira.

— Esse é o Krump ou Krumping. — Yoongi, percebendo a confusão de Jungkook, aproximou-se para explicar. — É um estilo de Street Dance, só que é mais usado pra expressar umas emoções mais intensas, principalmente raiva.

Yoongi mal terminou sua explicação quando houve uma virada na música — com uma transição muito bem remixada, Jungkook notou —, e uma virada de expressão no rosto de Hoseok também: incrivelmente neutra, como se fosse uma estátua. Os movimentos ficaram mais fluidos e delicados, mas a posição final era sempre angulosa, geométrica — e, óbvio, na batida. Yoongi riu quando viu o olhar de Jungkook se erguer em sua direção e explicou:

— Esse é o Tutting. A história da origem do nome é maneirinha até. Seria fazer as poses que nem as das pinturas do Faraó Tut, do Egito. A intenção é ser bem anguloso. Ah... Volta a olhar pro Hobi, agora tem uma sequência de Finger Tutting.

Jungkook obedeceu e o queixo caiu. Não achava que mãos poderiam fazer grandes coisas — no balé, a posição era só uma: curvada, delicada, com polegar meio escondido e apenas o indicador erguido —, mas enganou-se. Cada dedo de Hoseok parecia ter vida própria enquanto interagiam entre si e formavam posições angulosas. O pulso, também, parecia só se mover em ângulos de noventa graus. De tão hipnotizado, até tomou um susto quando outra transição veio.

Dessa vez, a música era mais animada, daquelas que faziam Jungkook querer dançar também. Hoseok, por sua vez, vestia um sorrisão no rosto, adornando perfeitamente os passos ritmados. Jungkook até pensou ser possível acompanhar aquela parte da coreografia, para o lado e para o outro, mas Hoseok deu um mortal para trás com uma das mãos apoiadas no chão antes de se deitar nele e rodopiar. Jungkook, chocado, olhou para Yoongi de novo e ele resmungou:

Dougie e Break.

— Não vai explicar mais?

— Pesquisa na internet, preguiçoso.

— Aposto que você não sabe, então!

— Como não vou saber se o Hobi me inferniza com todas as variantes de Street Dance do mundo?

Depois de rodopiar como um peão e fazer outros movimentos inconcebíveis para Jungkook, Hoseok pulou para ficar de pé e, no momento que a sola de seus sapatos foram ao chão, veio uma nova batida. De novo seca, bem marcada. A expressão do dançarino era confiante, desafiadora, até, enquanto ele se movia e fazia o corpo estalar nas batidas.

— Como ele faz isso?

— Relaxando e contraindo músculos — Yoongi explicou apesar de fazer cara de bravo. Jungkook parou para pensar que ele lembrava bastante Taehyung. Talvez até um pouco Jimin. Pessoal estranho. — Esse estilo se chama popping, como se você "estalasse" com as batidas. Não é exatamente difícil de fazer, o Hoseok me ensinou, o difícil é fazer direito, de um jeito que não dê pra notar todo o movimento por trás.

Yoongi esticou um dos seus braços e fez um popping. De fato, nada próximo ao do dançarino, parecia que o braço dele relaxava e depois contraía em câmera lenta. Não tinha nem a mesma força. Jungkook voltou a olhar Hoseok e continuou achando que eram movimentos diferentes.

A música finalizou em uma batida que ecoava pelo quintal — imagine em um teatro! —, e Hoseok a acompanhou com um "estalo" forte em uma pose cheia de personalidade. Jungkook aplaudia como doido; Hoseok era incrível mesmo.

Recebeu um sorriso de volta enquanto o dançarino da vez se aproximava, limpando o suor abundante da testa. Yoongi, apesar da cara fechada, adiantou-se para entregar uma toalha a ele e deixar um selinho tímido.

— Eu nem sei o que falar! — Jungkook disparou, empolgado, esforçando-se para não sair saltitando pelo quintal. — Foi tão incrível, nossa! Juro que tô tentando pensar em algum ponto pra melhorar, mas não consigo! Deu pra entender certinho a importância das expressões também, sabe?

— Ah, obrigado! — Hoseok disse, feliz, mas sem jeito.

— E o seu figurino, qual vai ser? — Jimin aproximou-se. Jungkook, é claro, não resistiu e o puxou para um abraço, mesmo suado.

— Ah, uma roupa colorida qualquer. Amarela, aliás. E depois enfiar uns acessórios hip hop — Hoseok respondeu, dando de ombros. — Como disse, essa parte de caracterização de danças urbanas é um pouco menos chamativa que o ballet, apesar de amplamente apropriada pela moda brancona.

— Nos seus sonhos! — Jimin retrucou em um tom bravinho, e Jungkook apenas afundou o nariz ainda mais no pescoço dele para deixar um beijo. Amava demais aquele jeitinho marrento. — Tive uma ideia. Vou desenhar, mas mostro depois que eu perguntar para o Danny Phantom selvagem, que ele tem um olho bom para isso. Ele deve chegar em uns dez minutos!

Jungkook e Hoseok voltaram a ensaiar. Hoseok explicou algumas de suas manias ruins na dança para Jungkook ajudar a identificar, enchendo o bailarino de alegria; amava tanto poder retribuir. Sábado até tinha sido um dia bom apesar da tristeza o perseguir em cada ação; mas aquele domingo? Era quase um sonho.

Yoongi entrou na casa para esboçar as modificações na música da Morte da Fênix por um teclado virtual, só para ver se Jungkook gostaria antes de regravar. Jimin, por sua vez, foi ao jardim da frente esperar Taehyung ao lado de seu fiel companheiro Chucky, com umas folhas de papel e um lápis surrupiados do quarto de Hoseok. Fez alguns desenhos de sugestão para o figurino dele, mas, mesmo depois de pronto, aceitável e até melhor do que a roupa existente, Jimin sentia que precisava de um toque de Taehyung para ficar perfeito.

Não foi difícil notar a aproximação de Taehyung. A figura de cabeça descolorida e roupas pretas era tão fácil de ser reconhecida, caminhando no fim da rua, que Jimin não conseguiu conter um sorriso.

— Tá rindo que nem besta por quê, Bratz purpurinada? — Taehyung resmungou ao chegar mais perto. Quando viu o amigo sentar mais para o lado e abrir espaço, acomodou-se.

— Nada do seu interesse, gado de macho.

— Sério que cê vai lançar essa? — Taehyung riu com escárnio e deu uma ombrada em Jimin. — Você é o mais gado de todos, pelo amor dos deuses do metal! Você gadou por dois machos. É você, o bunda mole, o Yoongi e o Hoseok que tão aqui, né? 50% de aproveitamento de gadice. Ou 75% até, porque cê é vaidoso pra porra.

— Verdade! — Jimin riu, mas começou a pensar. — Tinha até esquecido de que já fui apaixonado pelo Hobi. — Avaliou o semblante do Taehyung, provocativo. — Não sei qual calúnia você está preparando contra mim, mas nem ouse!

— Tá bom então... — Taehyung suspirou. — Mas real, cê esqueceu o Hobi fácil, será que ele supera?

— Acho que o Yoongi dá um jeito... — Jimin deu de ombros. — Sei lá... Talvez o dia em que me declarei pro Hobi, eu ainda o amasse muito. Ele, minhas lembranças dele e a sensação de ter sido apaixonado por ele...

— Agora vem o "mas", né?

— Mas acho que eu já tinha começado a me apaixonar pelo Jungkook.

Jimin ficou quieto, digerindo suas próprias palavras. Com tanta coisa acontecendo na época, não notara, contudo, cheio daquela clareza de quem já havia vivido, a verdade se oferecia a ele. E nem acreditava não ter notado antes. Taehyung meneou a cabeça ao ouvir, pensativo. Não tinha nada a julgar sobre o assunto e, com isso, a única coisa capaz de sair de sua boca foi:

— Credo, que viadagem!

— Claro, porque você, muito hétero, veio aqui fazer coisas heterossexuais, para conquistar seu partidão super-hétero!

— O Seokjin nem tá aqui, ou tá?

— Não, mas veio conseguir pontinhos com o cunhado, não?

— Ver tua fuça chata e purpurinada que não foi.

Entre provocações e revirares de olhos, Taehyung roubou os rabiscos de Jimin e os incrementou em um passe de mágica. E a melhor parte era: seria bem mais fácil de fazer do que o figurino de Jungkook, cujo o collant até estava pronto, mas faltava personalizar o fusô e as sapatilhas também.

Como os dançarinos pareciam muito entretidos com os ensaios, subiram as escadas até o quarto do Hoseok em busca de Yoongi, muito esquisito com sua pele clara e cabelos cinzas naquela cacofonia de cores do quarto do namorado. Pitaquearam sobre as tarefas do outro — Yoongi avaliou com cautela o figurino, apesar de pouco se interessar por roupas; e Taehyung e Jimin ouviram de cabo a rabo a música original e a modificada para entender a mudança de tom para encaixar no conceito da Fênix. Depois, ficaram de bobeira, trocando conversa fora até o anoitecer — Jungkook estava certo: aqueles três tinham muito em comum —, sendo que em uma delas Taehyung colheu várias dicas de como conquistar Seokjin, apesar de ter torcido o nariz para todas.

A conversa despretensiosa e tranquila foi interrompida por Jungkook, que entrou no quarto como um furacão, mas se distraiu rapidamente com as paredes coloridas e móveis chamativos. Quando Hoseok apareceu logo atrás dele, chamando para comerem alguma coisa, o foco do bailarino voltou.

Antes de descerem, Yoongi mostrou as mudanças feitas na música para ver se Jungkook achava combinar bem com o que queria passar na coreografia. Este não sabia se chorava ou se explodia de empolgação, porque estava perfeita.

— Perfeita ainda não! — Yoongi retrucou, convencido. Jungkook o engoliu em um abraço de urso. — Isso é um esboço. Vou regravar o piano no instituto de música e dar um jeito no violino e aí sim você vai ver!

— Você é tipo o deus da música! — Jungkook continuou, ainda agarrado ao pescoço de Yoongi, a voz trêmula de emoção. — Só isso explica! Muito obrigado, mesmo. Eu... eu vou me esforçar pra dançar à altura desse arranjo.

Jungkook desatou a chorar, de verdade. Espantado e um tanto tocado, Yoongi retribuiu o abraço. Taehyung resmungou algo como "bunda mole emocionado" e Jimin, que sorria ao observar Jungkook, riu ao notar os olhos do gótico marejados. Hoseok tratou de abraçar o abraço de Yoongi e Jungkook.

Jimin gostou da proposta e seguiu o melhor amigo de infância. Olhou sugestivamente para Taehyung que, depois de um pouco de manha e de dar de ombros, também fez parte do abraço.

— Isso porque vocês ainda não viram o figurino que eu e o Danny Phantom selvagem pensamos para o Hobi!

— Ai, por favor, podemos comer primeiro? Se eu fico empolgado demais, eu perco o apetite todo e não consigo comer.

— E acorda no meio da madrugada com a pressão baixa e vai atacar a geladeira — Yoongi revelou. — Nosso primeiro beijo foi logo antes da janta... Carrego certos arrependimentos.

— E eu não carrego nenhum! — Hoseok bufou e interrompeu o abraço para olhar feio para o namorado. Enlaçou os ombros de Yoongi e Jungkook antes de puxá-los para fora de seu quarto, bem sério quanto a comerem primeiro.

Restaram, então, Jimin e Taehyung, que trocaram um sorriso cúmplice e apoiaram o desenho do figurino do Hoseok em um canto. A proposta era o blusão amarelo ter, em seu centro, um grande smile estilizado que trocaria de expressão de acordo com a música.

— Ei... — Taehyung chamou, baixinho.

— Oi? — Jimin virou-se na direção do gótico.

Taehyung olhava para todos os cantos possíveis, menos para Jimin, mas recebeu paciência do outro lado da comunicação. Afinal, das características compartilhadas entre eles, a dificuldade com conversas sinceras era uma das mais marcantes.

— Só... obrigado — Taehyung disse, por fim.

— Tudo bem, mas... nem sei o que você teria a agradecer.

— Por ter me convidado, tá sendo divertido até...

— Mas nós quem deveríamos te agradecer por ter vindo! Sério!

— É só que... Sei lá. Daquela conversa de antes, sabe? Sei que ninguém pode cuidar de mim. Mas é real maneiro saber que pelo menos alguém se preocupa.

— Ah... — Jimin aproximou-se alguns passos, erguendo sua mão para apoiá-la no ombro alheio. Observou a reação de Taehyung com o prelúdio do toque e, como parecia boa, apertou seu ombro. — Nem agradeça... É coisa demais para você se preocupar sozinho.

— É, talvez isso seja verdade.

— Ninguém na sua casa se preocupa mesmo? — Jimin perguntou, assistindo ao Taehyung acenar em negativa com a cabeça. — Quais seus planos?

— Nem sei, só... Sou um dos filhos do meio, né? Sei que a responsabilidade na verdade era e é dos meus pais, mas quando meus irmãos mais velhos, que cuidavam de mim, foram embora pra resolver a própria vida, me senti muito abandonado. Só não queria que meus irmãos mais novos aguentassem essa mesma barra, sabe? Nem ouse falar porra nenhuma, é só pra cê ouvir.

— Tudo bem.

— E boto fé no que cê disse. Eu me preocupar sozinho com isso é demais. Talvez até me preocupar, sem ser sozinho, seja demais, porque não é minha responsabilidade. Mas eu sei que meus pais não vão fazer porra nenhuma pra ninguém, aí fico me prendendo nisso. Porque mesmo não sendo minha culpa, se eu for fazer outras coisas, meus irmãos vão ficar abandonados na moral.

— Estou ouvindo...

— Enfim. Só valeu por se preocupar comigo. Acho que ninguém faz isso desde que meus irmãos mais velhos vazaram.

— Não precisa agradecer... — Jimin aumentou o aperto no ombro de Taehyung. — Obrigado por dar abertura.

— Nada. Acho que gosto de tá aqui. É como se eu finalmente fizesse algumas das minhas próprias vontades. Desenhar, fazer porra nenhuma. Até você ter pensado na possibilidade de eu ser designer de roupas, por mim, mesmo parecendo impossível, dá uma sensação estranha de que talvez eu possa ser algo além de um irmão mais velho.

— Mas você já é mais que um irmão mais velho! — Jimin retrucou, empinando o nariz.

— Ah, é?! O quê?! — Taehyung resmungou no mesmo tom provocador.

— Nosso Danny Phantom selvagem!

-💋-

Antes mesmo de pegar as chaves de casa no bolso, Jungkook foi tomado por um mau presságio. Como se uma corrente de vento gelado perambulasse entre seus órgãos internos. Quis fugir, assim como fizera a semana inteira, mas respirou fundo. Ele precisava tentar. O quê, exatamente, não sabia. Mas pousar a mão na maçaneta e virá-la era o passo inicial da descoberta.

O saguão de entrada estava com as luzes apagadas. Jungkook não fez questão de iluminá-lo enquanto tirava os tênis. Nunca gostou de mexer nas coisas daquela casa de bonecas, projetada para distância e indiferença. Talvez, se mudasse as coisas de lugar e de iluminação, o dono daquele brinquedo apareceria para intervir e tirar de si até mesmo o desconforto — não considerava a casa um lar, mas, naquele momento, até seu não-lar era ameaçado.

As luzes da cozinha eram cortadas pelo batente de entrada, projetando na escuridão um caminho até o cômodo. Jungkook, sem saber explicar o porquê, acompanhou o carpete de luz até a cozinha de forma obediente, quase resignada. Mais uma vez, um misto de emoções. Queria fugir, queria gritar, queria subir direto até seu quarto. Mesmo assim, um pedaço de si atravessou a porta e encontrou a mãe sentada à mesa, sozinha.

Jungkook deixou o olhar pousar nela e, a princípio, não teve muitas reações. Sua mãe parecia uma decoração; talvez tivesse puxado dela a predisposição em ser o Sofá D. Talvez, qualquer um naquela casa de bonecas distante e gelada estivesse fadado a ser só um pedaço de plástico extra.

Um silêncio pairou entre eles. Jungkook olhou a mãe de cima a baixo, e ela fez o mesmo consigo. Continuavam os mesmos. Ela com os cabelos pretos longos e lisos sem um fio fora do lugar, sem uma olheira aparente abaixo da maquiagem, sem uma mancha desastrada de café ou de comida na blusa social, sem emoções claras e carinhosas na expressão para direcionar a Jungkook. Ele, com aquele olhar perdido de quem não sabe o que está fazendo ali.

— Boa noite, filho — ela murmurou. Porém, como era tudo muito vazio e quieto, sua voz pareceu alta. Jungkook fez força para não se encolher. — Você está em pé faz tempo... Não quer sentar?

Jungkook não queria, mas se sentou na cadeira do lado oposto ao da mãe, como se a mesa pudesse servir de escudo. Ela pressionou os lábios antes de perguntar:

— Já tomou uma decisão?

Jungkook negou com a cabeça e encarou o tampo da mesa. Não conseguia levantar o olhar. Não conseguia reagir. Aquela mesma garganta que vertia tantas palavras, alegres, que amava tanto dar caminho a sentimentos bobos agia como se estivesse sendo estrangulada.

— Quer comer algo, filho?

Jungkook apenas repetiu o movimento de negação. Mal se sentia capaz de respirar. Quanto mais entendia o quanto se sentia enjaulado e amedrontado lá, quanto mais ansioso ficava, menos sabia como se livrar da situação. Talvez Jungkook, com sua personalidade honesta e pura saberia o que fazer, mas se tinha uma coisa que não era naquele lugar, era aquele Jungkook.

— Eu... vi que você comia de noite e pedi para comprarem umas coisas a mais... — ela continuou e apontou a cesta intocada, cheia de lanches saudáveis. — Você não gosta dessas coisas?

— Só... — As palavras de Jungkook vinham difíceis. — Só... não tava com fome mesmo.

— Tem certeza de que anda se alimentando bem?

Jungkook acenou com a cabeça positivamente. Era honesto na resposta, mas detestava a pergunta. Por quê? Por que se preocupar só naquele momento?

— Filho... Por que você passa tanto tempo fora?

— Vocês também passam.

Mais um silêncio enquanto ambos digeriam a verdade. O medo dentro de Jungkook ameaçava a engolir toda sua existência. Acreditava que seus pais nunca soubessem o tanto de tempo passado fora por nunca estarem em casa também; ou soubessem, mas não se importassem. Esse súbito interesse na sua rotina era mais assustador do que amigável. Poderia usar a carta de estar na casa de Hoseok mais vezes?

— Sim, mas... aqui não tem as coisas que você precisa? — As perguntas dela eram sem força. Talvez nem ela soubesse o que buscava de Jungkook. — Quer que eu te arranje algo?

— Não. Tem tudo que eu preciso aqui.

Menos família. Menos carinho. Contudo, nenhum desses itens poderia ser comprado; ou seja, sua mãe não os arranjaria.

— Então... por que você passa tanto tempo fora? — ela repetiu.

Jungkook, pela primeira vez, ergueu a cabeça. Olhou no fundo dos olhos da mãe por longos momentos, mas não soube o que interpretar, por não saber nada sobre ela além do penteado, das roupas e da profissão.

— Porque não me sinto bem aqui — respondeu, por fim. Um pouco mais ríspido, acrescentou: — Era isso que queria tirar de mim?

— Eu...

— Desculpa, acho que não consigo continuar essa conversa — Jungkook pediu, no último instante antes da sua garganta ser ocupada por choro. Fungou, prendeu a respiração e se levantou, afoito. Sua mãe nada disse.

Então, em silêncio como chegou, subiu as escadas até seu quarto. Até outro cômodo daquela casa de bonecas.

»»🩰««

E o casos de família dos Jeon continua. Ai, ai, haja terapia pro nosso JK, tadinho

Ah, não se esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi sua cena favorita? Apesar de muitas cenas fofas e de alegria, eu gosto da narração do encontro do Jungkook com a mãe dele, sabe-se lá por que kkkkkkkkkkk enfim, né, a maluca.

Muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e dá tanto carinho pra minha bebê!! Amo vocês demais demais!

Beijinhos de luz e até 31/12 às 19:00! É a última postagem do ano real oficial! Ah, e já avisando, vou tirar o mês de janeiro de férias de postagens não só pra aproveitar minha família e namorada (eu mereço, né? só trabalho, estudo e posto o ano inteiro. e é a primeira vez em mais de um ano que eu vou ter férias da faculdade e do trabalho sincronizadas) quanto porque sempre que eu volto pra cidade natal, eu simplesmente me perco na rotina e atraso postagens kkkkkkkkkkkk Enfim, amo vocês!

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