Camellia

By Hunterina

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🏆 VENCEDOR DO WATTYS 2023! 🏆 O Madre Cordélia era o internato dos sonhos, mas havia se transformado em um p... More

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By Hunterina

ei, esse tempo já passou

e quando eu ouço essa canção

ela me leva de volta

(seventeen)




Quando ouviu a campainha do apartamento dos pais tocar, Bianca deu um pulo e, se tivesse orelhas de cachorro, elas provavelmente estariam de pé — iguais às de Bruce.

O (novo) cachorro da família começou a latir e imediatamente foi respondido pelo estridente Sugar, do outro lado da porta. A gata se assustou e saiu correndo, quase derrubando Sônia no processo e, antes mesmo de Natalie entrar no apartamento, ele já tinha se transformado num circo.

Bianca correu para atender a porta. Para seu desconsolo, encontrou apenas a irmã esperando com duas malas gigantescas. Até esticou o pescoço para tentar encontrar a cunhada, mas ela não estava ali.

— Ah não! Cadê a Esther?!

— Oi pra você também, lixo. — Natalie revirou os olhos e empurrou duas malas enormes para dentro com dificuldade, quase deixando cair o Lulu da Pomerânia que trazia no colo e que não parava de latir. Então colocou o cachorrinho no chão e ainda virou para trás para pegar uma última bolsa estufada. — A Esther também tem família, foi para a Itália com a mãe e a irmã.

— Filha! — Sônia saiu da cozinha, enxugando as mãos no avental, e envolveu a filha mais velha em seu tradicional abraço de urso. Apesar de ter acordado cedíssimo para buscar Bianca no internato com o marido, não havia saído da cozinha desde então, focada em terminar o bolo preferido de Natalie, a sobremesa que Bianca adorava e a carne de panela que era a comida preferida das duas. Absolutamente nenhuma delas tinha pedido por nada disso. — Meu Deus, eu nem acredito que vocês duas estão aqui!

André saiu da sacada, onde estava cuidando das diversas suculentas que se transformaram no seu hobbie nas últimas semanas. Puxou a filha mais velha para um abraço e fez o mesmo com Bianca, antes que ela conseguisse escapar.

— Natalie, que saudades! — Deu um beijo na testa de cada uma. Apesar de sempre ser carinhoso, nunca foi tanto de enchê-las de beijos ou abraços. O estranho comportamento evidenciava a saudades que sentia delas. — Como é bom ter vocês duas aqui de novo.

— Ai pai, meu cabelo! — Bianca manhou, desvencilhando-se da sessão de abraços (apenas para manter a postura de difícil).

Ain pai, meu cabelo! — Natalie debochou numa voz exageradamente fina e agarrou a irmã mais nova, no que poderia ser tanto um abraço, quanto uma tentativa de sufocamento. — Vem cá, seu bichinho do mato! — Então afagou sua cabeça, propositalmente bagunçando os cabelos curtinhos da irmã.

— Socorro! Me solta, sua maluca! MÃE! — Bianca esperneou, tentando fugir do abraço que ficava cada vez mais apertado. Quando finalmente se soltou, um Sugar desesperado estava correndo e latindo em volta delas.

— Mãe, olha a Bianca! Eu tô morrendo de saudades e ela fica de grosseria! — Natalie dramatizou e puxou o avental da mãe como quem diz "olha ela!".

— Parem as duas! — Sônia repreendeu, mas sequer estava prestando atenção no que acontecia porque conhecia as próprias filhas bem o suficiente para saber que estavam apenas matando a saudades de se aporrinhar.

— Eu nem fiz nada! — Bianca reclamou e Natalie mostrou a língua pra ela.

— Eu retiro o que disse, já podem ir embora! — André entrou na brincadeira, abrindo um sorrisão. — Mas Natalie, me explica uma coisa: sua mãe está fazendo carne de panela, mas você não tinha começado com esse negócio de "vegana"?

A mais velha encolheu os ombros e deu um sorriso sem graça:

— Na verdade, quem começou com isso foi a Esther. Ela chegou um dia dizendo que a gente devia parar de comer essas coisas, porque os porquinhos e as vaquinhas e não sei mais o que... — Falou, gesticulando com as mãos. As três mulheres da família sempre faziam isso ao falar. — E ela tava tão fofinha fazendo esse discurso que eu aceitei! Só que eu achei que ia ser, sei lá, coisa de uma semana... Pai, eu não aguento mais! Eu amo os porquinhos e as vaquinhas, mas eu não tenho culpa que eles são tão gostosos! Por favor, é só essa semana, não contem pra Esther...

Bianca imediatamente tirou o celular do bolso para fingir digitar:

— Esther, eu preciso te contar uma coisa... — Recitou alto a mensagem de mentirinha.

— Você é uma ridícula! — Natalie deu uma cotovelada na irmã, mas não conteve o riso. — Espera só pra ver se eu também não vou te expor.

Apesar de não conseguirem ficar mais de dois minutos sem soltar uma provocação ou ofensa gratuita, as duas sabiam que era só brincadeira. A verdade é que sequer conseguiam dizer qual delas estava mais feliz em ver a outra. E, apesar de Bianca não admitir aquilo nem sob pena capital, era até legal que Esther não tivesse vindo e ela tivesse a irmã mais velha só pra ela, pra variar.

— Aliás, vem cá, irmãzinha querida — Natalie chamou, quando desistiu de organizar suas bagagens no antigo quarto depois de exatos um minuto e meio de esforço. Bianca ergueu uma sobrancelha pra ela. — Faz literalmente séculos que eu não vejo nenhuma série! Eu tô com uma lista imensa pra botar em dia, mas sempre tenho trabalho, prova... Você vai ser minha companheira de série nas próximas semanas! E eu estou te informando. Isso não é um convite.

— Como você passou na faculdade sem saber usar "literalmente"? E tá, eu vejo, mas só se você jogar LOL comigo nessas semanas! — Bianca ofereceu, como se realmente precisasse ser convencida a maratonar séries com a irmã. — Eu queria muito fazer umas lives tipo "Até onde eu consigo carregar minha irmã que não joga LOL". Tipo, eu sei que você já jogou, mas é só pra chamar atenção, sabe?

— Hmm — Natalie colocou as mãos na cintura e estreitou os olhos, fingindo ponderar. — Pode ser. Mas a gente tem que pensar em um nome melhor do que esse.

As garotas foram interrompidas por um latido fino, seguido de um ganido alto e um rosnado felino. Encararam-se por dois segundos com os olhos arregalados antes de correr para a sala.

— O Sugar mordeu o Bruce! — André lamentou, pegando o cachorro que tinha quase o triplo do tamanho da bola de pelo branca no colo. Um pouco preocupadas, as meninas procuraram por algum machucado, mas não parecia ter sido nada sério. — Ô amigão, o que esse monstro te fez?!

— Sugar, que feio! — Natalie repreendeu seu Lulu. — Pai, não chama ele de monstro!

— É, pai! Monstra é a dona — Bianca pontuou.

— Almoço! — Sônia gritou, da cozinha.

Bruce estava se fingindo de pobre coitado no colo de André, mas deu um pulo e saltitou tranquilamente até a cozinha ao chamado. Até Olga, que se abrigou na sacada com toda a confusão, reapareceu para a hora do almoço. Passou por Sugar e se limitou a dar uma bela rosnada, que fez o Lulu correr apavorado para os pés da dona.

— Esse cachorro nasceu para essa família mesmo... — Natalie murmurou, encarando Bruce. — Dramático como todos vocês.

— Ah não, eu devo ter enlouquecido pra ouvir você falando isso.

Natalie respondeu da maneira mais madura possível: mostrando a língua de novo, mas Bianca nem viu, porque estava acompanhando o pai para a cozinha e tentando consolá-lo reafirmando que Bruce já até havia esquecido o "ataque".

A cozinha do apartamento da família Conceição já não era muito grande, mas agora parecia ainda menor com dois cachorros e uma gata gorda, cada um em um canto para comerem suas rações sem arranjar briga.

Quando chegaram, encontraram a mesa cuidadosamente arrumada e decorada com flores e algumas das suculentas de André — "Então foi aí que elas foram parar!". A mãe havia escolhido a toalha festiva e os pratos fumegantes e super apetitosos estavam apresentados de maneira quase profissional.

— Minha nossa, mãe! Que mesa mais linda, mas não precisava de tudo isso. — Bianca falou, de olhos arregalados. Seu estômago chegou a roncar.

Natalie e seu pai seguiram com os cumprimentos e, quando ninguém ouviu resposta, finalmente repararam numa Sônia tentando esconder o rosto com o avental para disfarçar as pequenas fungadas. Ela tentou falar uma, duas vezes, mas só na terceira conseguiu, afastando o avental para revelar o rosto que já estava avermelhado de choro:

— E-eu só... Estou muito f-feliz que todos vocês estejam aqui.

— Mãe, não precisa chorar!

Bianca tentou, mas as irmãs sabiam que a única real solução seria mais um abraço em grupo. De canto de olho, Natalie percebeu que até André estava com os olhos meio avermelhados.

Depois de quase cinco minutos de Sônia dizendo o quanto sentia falta das filhas, citando todas as qualidades de cada uma e os infindáveis motivos pelos quais se orgulhava delas (e dois copos de água), conseguiram se sentar para comer.

— Mas meu amor, a mesa está maravilhosa mesmo. Conta para as meninas onde você aprendeu. — André incentivou, puxando assunto enquanto se servia de tanta carne de panela que passaria o resto da tarde baleado no sofá, fazendo digestão.

— Ah, não foi nada de mais... — A mulher fez um pouco de cena, mesmo que tivesse passado quase quarenta minutos apenas nos empratamentos. — Sabem como é, comecei a maratonar Masterchef e fiquei um pouco inspirada.

— Eu provo todas as comidas dela! — André acrescentou, muito orgulhoso de seu importantíssimo papel. — E são todas maravilhosas, meu bem.

— Aliás, meninas, quando a Elisa vem passar um tempo aqui? Estou com saudades dela! — Sônia pediu.

— Ah, acho que na semana que vem. No mesmo dia que o namorado da Bianca. — Natalie afirmou, dando um sorriso inocente.

André quase cuspiu seu suco:

— O que?!

Natalie?! — Bianca soltou, estridente.

— Como assim?! Eu quero ver uma foto dele já! — Sônia exigiu.

Orgulhosa por plantar a bomba mais gratuita do mundo inteiro, Natalie apenas observou Bianca tentando convencer a gritos os pais que a irmã só estava brincando. Comeu sua carne de panela com um enorme sorriso, porque todo aquele caos lhe fazia muita falta no dia a dia.



Daniel só queria que as coisas fossem diferentes.

Que seu coração não batesse tanto após sair do carro e pisar na calçada de casa. Que não estivesse mal desde a semana anterior pelas coisas que ouviu da sua mãe... mas, principalmente, que não precisasse ver ninguém da sua família pelas próximas duas semanas que estaria preso naquele inferno.

Carregando a bolsa de viagem que organizou de última hora, abriu a porta com cuidado, como se não quisesse perturbar nenhum possível leão que estivesse ali. A casa espaçosa e minimalista parecia completamente vazia. Daniel ouviu uma música calma vindo da direção do jardim de inverno e presumiu que a mãe estivesse fazendo yoga e seu pai, para variar, trancado no escritório. O cheiro gostoso vindo da cozinha indicava que Mara, a cozinheira da família, já estava quase terminando o almoço.

Pensou em cumprimentá-la, mas, sinceramente, preferia deixar para mais tarde e tentar apenas se esgueirar até o seu quarto para não encontrar com nenhum dos pais. Sabia que Emily havia chegado alguns dias antes porque, diferente dele, terminou o semestre sem nenhuma recuperação e tudo o que não queria era ouvir mais algum comentário sobre o quão patético ele era.

Acelerou o passo, sentindo-se mais sozinho do que nunca naqueles cômodos desnecessariamente compridos e sem vida. Era sua própria casa, mas as paredes brancas mais o faziam se sentir caminhando por uma ala hospitalar abandonada ou um manicômio do século passado. Ouviu os passos ecoarem pela escadaria até serem silenciados pelo tapete felpudo do corredor.

Lembrou-se de quando era criança, das vezes em que parava em frente à porta dos pais após um pesadelo, morrendo de medo e sem saber o que fazer.

Tinha a impressão de que naquela época eles eram mais legais. Ainda assim, de uma hora para a outra, algum deles ficava estressado e todo o clima da casa desandava, seja pela gritaria do pai ou pelos comentários cruéis da mãe. Quando pequeno, Daniel nunca foi muito bom em ler o ambiente e perceber quando as coisas estavam bem ou não — diferente de Leonora e Emily — e sempre era quem quebrava algo ou desobedecia na pior hora possível.

Então, mesmo quando as coisas estavam bem, vivia com medo. Sempre sentiu como se estivesse a um passo de estragar tudo.

Esperava que pelo menos tivesse conseguido cumprir o papel de irmão mais velho legal com Emily. A verdade é que ele sempre foi tão cagão quanto ela, mas sempre ignorou as palpitações no coração e suor nas mãos para provar pra ela que não tinha nenhum monstro dentro do armário dele (graças a Deus!) e que ela podia dormir tranquila no quarto dele quando estivesse com medo.

Deu um sorrisinho ao passar pela porta do quarto da irmã, lembrando do dia em que assistiram o filme com Bianca. Então sentiu o impulso de fazer algo que não fazia há muito tempo.

O problema é que desde que se afastaram, sempre parecia haver um bloqueio para falar com ela. Só de se imaginar batendo na porta do quarto da irmã ou tentando puxar um assunto, sentia o estômago contorcer de nervosismo. Como se subitamente não falassem mais a mesma língua. Daniel não gostava dessa possibilidade, então pensava que, evitando falar com ela, era como se ele nunca precisasse confrontar o fato de que ele e a irmãzinha que amava simplesmente estavam muito quebrados para serem os amigos que costumavam ser.

Por isso, lembrar do quanto conversaram e até brincaram um com o outro naquela noite o deixava tão feliz. A forma cheia de carinho como Emily contava das tardes que passaram jogando juntos para Bianca, como se sentisse tanta falta quanto ele... Meio que o fez perceber que, apesar dos tempos (e eles próprios) terem mudado, talvez ainda falassem a mesma língua, afinal.

E mesmo se não, estava disposto a aprender o que quer que precisasse para se reconectar com ela. Foi com essa mentalidade que deu dois toques na porta vizinha da sua, que, apesar da proximidade, sempre pareceu tão distante.

— Oi? — A voz de Emily chegou baixinha enquanto a porta se abria, mas seus olhos se iluminaram quando encontraram o irmão. — Dani!

Ele abriu um sorriso:

— E aí?

— Eu achei que você não vinha mais!

Daniel deu de ombros e abriu um sorriso sem jeito:

— Atrasei por causa das recuperações. Fiquei em Biologia e Química... por meio ponto!

— Que droga. — Emily falou, brincando com a maçaneta da porta. Então parou, com medo que ele achasse que ela quisesse que ele fosse embora ou coisa parecida. — E foi bem nas provas?

— Ah, fui sim. Foi tranquilo.

A irmã mais nova deu um sorriso sincero e os dois ficaram alguns segundos em silêncio, cada um esperando que o outro falasse, mas nenhum querendo ir embora.

— Então, ahn... — Daniel começou, passando a mão pelo cabelo platinado que precisava retocar. Ainda estava com a bolsa de viagem na mão. — Eu queria saber se você gostaria de jogar alguma coisa mais tarde. Não precisa ser LOL, a gente pode, sei lá, jogar alguma coisa no meu play.

Daniel já tinha combinado de jogar com os amigos naquela tarde, mas se Emily aceitasse, daria bolo neles com prazer. Infelizmente, Bianca estaria ocupada naquela tarde, pois iria ao shopping com a mãe e irmã.

Já Emily, por sua vez, tinha o leilão de uma boneca que esperava desde o começo do ano naquela tarde, mas não podia estar menos preocupada com ele naquele momento.

— Claro! Podemos jogar LOL, eu fiquei com vontade depois de ouvir a Bianca falando tanto sobre...

— Sério?! Digo, ótimo! Então, depois do-

EMILY, ALMOÇO! — A voz grave do pai ecoou pelos corredores desde o andar debaixo, interrompendo e causando um arrepio nos dois.

Os irmãos trocaram um olhar pesaroso, como se tivessem sido chamados para a forca.

— Hm, vou lá deixar minhas coisas no quarto antes de descer. — Daniel apontou na direção do seu quarto com a cabeça. — Mas então, joga...

Mas Emily se empertigou em sua direção, interrompendo-o:

— Ei, eles te viram chegando?

— Ahn... Acho que não. — Daniel franziu o cenho. — Por que?

A segundanista deu um passo para frente e abaixou o tom de voz dramaticamente, como se estivesse prestes a dividir um segredo de estado, e Daniel quis sorrir com o quão fofinha ela ficava fazendo aquilo.

— Por que você não vai pro seu quarto e fica lá escondido, depois você fala pra mãe que chegou muito cansado e queria dormir um pouco... E eu digo que tô com cólica agora. Aí nós dois almoçamos juntos mais tarde? — Ela abriu um sorriso. — Leonora e a família dela chegam hoje a noite, então já vamos ter um jantar difícil... podemos pelo menos tentar fugir agora!

Merda. Daniel tinha esquecido que a família de Leonora passaria as férias de julho com eles. Droga, era muito babaca ter essa reação ao pensar na irmã que não via há mais de um ano? Quer dizer, Leonora era legal... longe da mãe. E, definitivamente, longe do marido coxinha que tentava até demais agradar o sogro. Aquelas férias seriam um inferno.

Ele suspirou com a lembrança, mas abriu um sorriso cúmplice.

— Tá, eu gostei da ideia.

— Emily?! — Ouviram o pai chamando de novo, dessa vez se aproximando. Seus passos ecoavam na escada.

— Rápido, se esconde no quarto! — Emily sussurrou, segurando o riso e o empurrando em direção ao quarto vizinho.

— Tá bom, tá bom! — Daniel entrou correndo no seu quarto, mas para o desespero da irmã, recolocou a cabeça para fora: — Ei, Emy?

— O que?!

— Fiquei com saudades de você.

— Ai meu Deus, eu também! — Ela revirou os olhos de brincadeira antes de fechar a porta. — Agora anda!

Daniel sorriu enquanto fechava a porta (bem na hora em que seu pai virou a curva da escada). Talvez aquelas férias fossem mesmo um inferno, mas pelo menos teria companhia para suportá-lo. 




Nota da autora: 

Qualquer possibilidade de colocar a família caótica da Natalie/Bianca: a 

Eu: VAMOS FAZER UM CAPÍTULO INTEIRO DISSO 🛐

Não dá, cara, eu amo muito eles 😭 E amo tanto o Dani e a Emily... meu Deus todos esses personagens merecem somente felicidade, infelizmente sou eu que escrevo 😔

Hoje vamos de pouco papo porque preciso correr para me arrumar!

Espero que estejam gostando da história e não esqueçam de deixar a estrelinha e comentar 💜

Amo vocês tanto quanto a Bianca e a Natalie se amam (com amor e violência).

Um beijão e até sexta-feira que vem! 

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