30 dias com você

By StefanieCabanelas

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Bianca Costal é uma jovem que seguiu a vida inteira a fórmula do que a sociedade impõe como sucesso e prosper... More

Ano Sabático
Retiro Espiritual
O Luau
Kim Taehyung
Coisas Extraordinárias Podem Acontecer
Experiência Silenciosa
O poder da Concentração
O Universo é meu Melhor Amigo
Um Lugar Mágico
O Momento Certo
O Momento Certo - Parte II
Festival das Lanternas
A Chuva
Fim de Um Ciclo
Byron Bay
Há 365 dias
Seoul
A Festa de Boas-vindas
Desculpa e obrigada, Hoseok.
Eu? Ansiosa? Imagina!
Para sempre, você.
Epílogo
• Fim de um ciclo, início de outro •

Um Luau Inesquecível

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By StefanieCabanelas

Eu estava no meu chalé, colocando o último acessório do meu outfit na minha cabeça. Era uma tiara de testa, que tinha um lindo pingente de lua no centro e pequenas estrelas ao lado, proporcionando o charme perfeito para meus longos cabelos acobreados.

Me afastei do espelho para poder ver meu corpo completo e sorri com o resultado. Pude ver minha cintura descoberta por conta do cropped de tricô e da longa saia branca que cobria o meu umbigo. Nos meus pés calçava minha velha guerreira de viagem: o chinelo retrô branco das Havaianas com bandeirinha do Brasil.

Por fim, coloquei um pouco de maquiagem, deixando um aspecto bem natural no meu rosto e, quando senti que estava pronta, abri a porta do meu chalé em busca da minha noite dos sonhos. Daquela vez, o luau não poderia dar errado. Eu não iria beber, não importa o quanto Taehyung implorasse. Ficarei sóbria e minha noite será incrível do mesmo jeito. Pelo menos era isso que eu tentava repetir sem parar na minha cabeça.

Quando cheguei à área da piscina, meu coração passou a bater mais forte e a cada passo que dava sentia o cheiro da maresia invadir minhas narinas. Quando desci as escadas que dava acesso a praia, pude ver uma grande fogueira e lâmpadas presas em uma grande corda. Algumas pessoas estavam sentadas conversando, enquanto outras dançavam ao som de uma música eletrônica próximo da fogueira.

Não consegui encontrar Taehyung. Talvez ele não tivesse chegado ainda. Porém, quando me aproximei da fogueira, pude vê-lo sentado atrás de um toco de madeira. Meu coração acelerou de uma forma tão descompassada que fiquei um pouco assustada. Então para disfarçar minha empolgação, comecei a me abanar e rir sem parar.

Taehyung franziu a testa sem entender o motivo do meu riso, mas ele era tão simpático que começou a rir junto. Eu cessei a gargalhada e ele ficou apenas me olhando, com aquele sorriso quadrado no rosto. Então ele se levantou e pegou em minha mão.

— Você está linda, Bianca!

— Obrigada! — Respondi envergonhada, sentindo meu rosto queimar.

— Está incomodada por ter vindo a outro luau?

— Não, mas não vou beber nada hoje.

— Ah, não, Bi! — Eu arregalo os olhos ao ver ele me chamar pelo meu apelido. Ele pegou tão fácil meu nome, que era até engraçado ver um coreano sabendo o apelido de um nome em português. Eu estava me contorcendo por dentro de felicidade, mas algo na minha expressão deve ter dado a entender outra coisa. Porque Taehyung ficou envergonhado. — Me desculpe, te incomoda que eu te chame de Bi?

— Claro que não. Está tudo bem. Inclusive, eu gosto. — Dei de ombros e ele pareceu mais relaxado.

— Então, Bi, você não vai beber absolutamente nada hoje? — Ele puxou um ice do cooler e esticou seu braço para me entregar, mas balancei a cabeça negativamente.

— Não! Não quero.

— Tem certeza? — Ele encostou a garrafa no rosto, fazendo um bico dengoso. — Vai dizer não a essa carinha?

— Vou! — Eu ri, pegando a bebida da mão dele e colocando de volta no cooler com gelo.

— Quer andar pela praia então?

— Sim!

Então ele esticou a mão para eu ir na frente e pediu só um minuto para ir ao banheiro. Enquanto esperava, fui até a beira da água e senti o vento do oceano empurrar com força meus cabelos para trás. Era tão bom estar na natureza.

Quando Taehyung voltou, encostou levemente sua mão gelada sobre meu ombro e deu um leve aperto. Sorri para ele e começamos a caminhar em silêncio. Quando nos afastamos o suficiente, olhei para o lado e ele admirava apaixonado o céu estrelado. Seus olhos pareciam vagar de uma constelação a outra e pelo sorriso que esboçou, deveria entender do assunto.

— Conhece algumas constelações?

— Não. Mas adoro admirar as estrelas, são tão bonitas e artísticas. Sou apaixonado por arte, sabia?

— Sei...— Admito involuntariamente, mas me calo logo em seguida com vergonha. Eu sabia tudo sobre ele e isso me deixava um tanto quanto constrangida. Imagina como deve ser sair com uma pessoa que era sua stalker? Acho que ninguém ia gostar disso. Mas o que veio em seguida me deixou boquiaberta. Porque Kim Taehyung não parecia ligar muito para este fato.

— Está tudo bem. Você é minha fã, não é? — Ele deu de ombros.

— Eu era, tá? Com o verbo conjugado no passado. — Tentei me explicar, mesmo que ele parecesse não ligar para o fato. — Tem muitos anos que não via mais nada de vocês... Enfim, me fale mais sobre sua relação com a arte. O que você mais gosta nela?

— Que ela é subjetiva. Posso pintar um quadro agora que terá um significado para mim. Mas a partir do momento que exponho ele para outras pessoas, compartilho da minha ideia para algo de interpretação diversa.

— Taehyung, não entendi muito bem...

- Perceba. O quadro sempre vai ter um significado x para mim, mas para você ele vai ter um significado y. Por exemplo, posso desenhar um coração vazado em um papel branco. Para mim pode significar um coração vazio, sem amor e esperança. Mas para você pode representar o amor só por ser um coração, sabe?

— Ah! Entendi agora que você falou como se fosse um cálculo. — Admiti rindo. Era mais fácil entender algo prático do que interpretativo. Literatura nunca foi meu forte. — Desculpe, sou de exatas. Me formei em Engenharia de Produção.

— Que legal! Você tem um emprego no Brasil?

— Tinha, mas larguei tudo e estou muito bem hoje. — Parei de andar e puxei uma ice da mão dele, que ele havia acabado de tirar do bolso.

— Sabia que você não ia resistir.

— Tá bom, acho que uma não vai fazer mal.

— Claro que não. — Ele concordou sorridente, abrindo uma para ele também. — Você gostava de atuar como engenheira?

— Não. — Eu ri pelo nariz. — Claro que tinha coisas que não detestava, mas a maioria não gostava de fazer. E você? Ainda ama ser um cantor até hoje?

Taehyung não respondeu e tomou mais um gole da sua bebida. Seria aquele o verdadeiro motivo de estar em um retiro espiritual? Era algo relacionado a sua carreira? Penso em uma forma de fazer ele desabafar sem precisar ser indelicada. Afinal, sua vida profissional era muito exposta. Mas como faria isso... então tive uma ideia.

— Você se sente pressionado para que seu trabalho sempre saia perfeito?

— Sim. Até demais. Acho que procuro tanto algo extraordinário que nunca consigo me satisfazer com o simples que faço.

— Mas, muitas vezes, é o simples que pode agradar a todos.

— Nada é capaz de agradar a todos.

— Verdade.

Continuamos a andar em silêncio, escutando apenas o som das ondas. Minha bebida já estava quase no fim e a dele também, até que ele tirou mais uma garrafa do bolso largo de sua bermuda.

— Como você conseguiu esconder isso tudo aí?

— Truque de mestre. — Ele piscou e me entregou a garrafa. — Primeiro as damas.

Peguei a garrafa, abri e tomei um gole, devolvendo o conteúdo para ele. Diferente de mim, ele parecia a representação perfeita do belo definido pela cultura da Grécia Antiga. Pude ver ele virar a garrafa devagar em sua boca e o líquido descer pela sua garganta de forma graciosa.

Ele me deu novamente a garrafa e bebi mais. Então ele fez um comentário que quase me fez engasgar.

— Você poderia fazer comercial de refrigerante.

— An?

— Você tem um maxilar bonito, seria ótima para publicidades.

— Do nada isso. — Comentei, tentando fingir plenitude. — Toma. Para mim já chega.

— Ah, mal de artista. Enxergo arte em tudo.

— Você é muito diferente do que imaginava, sabia?

— Para bom ou ruim?

— Não sei. Acho que não cheguei a uma conclusão ainda. — Dei de ombros, tentando provocar ele. Porque na realidade, estava achando Kim Taehyung incrível. — Você é um homem neutro para mim.

— Que bom! Melhor do que ser um homem ruim...

— Você acredita que existem pessoas ruins?

— Acredito.

— Eu também.

— Na verdade, creio que todos nós já fomos ruins em algum momento. Também penso que temos diversas personalidade. Por exemplo, o artista V é completamente diferente de Kim Taehyung.

— Como assim?

— O V é confiante, galanteador, charmoso e sabe o que quer. Mas o Kim Taehyung é apenas um menino do interior que caiu de paraquedas no mundo da fama e às vezes se assusta com ele. O Kim Taehyung tem medo, é inseguro e não é nada assertivo.

— Você é complexo. — Dou um leve empurrão no braço dele, fazendo com que cambaleie para trás e deite-se na areia.

— Vem cá! — Ele pediu, esticando o braço para que eu repousasse minha cabeça ali.

— Ah, odeio deitar na areia! — Revelo envergonhada. Não queria negar o pedido, mas estava relutante em colocar meu cabelo recém-lavado na terra.

— Você é a viajante mais fresca que conheço. — Ele riu. — Bianca, você está em um retiro espiritual e todos os dias busca conexão com a natureza e está com nojo da areia?

Fico séria e sinto um pouco de vergonha de mim mesma. Depois de quase 365 dias viajando o mundo, continuo com os mesmos costumes antipáticos que gostaria de me livrar. É incrível que nada em nossas vidas vai acontecer se não nos esforçarmos para isso. No fim, não adiantava viajar pelo mundo, conhecer milhares de pessoas e culturas diferentes. Porque as mudanças no meu comportamento não iriam acontecer como chuva. Só aconteceriam se eu me permitisse a isso.

Dou de ombros e me agacho na areia, repousando minha mão na coxa dele.

— Me desculpe!

— Não precisa se desculpar. Não quero que se sinta desconfortável.

— Não estou. — Deito na areia e coloco minha cabeça em cima do braço dele.

— Na verdade, conheço um pouco de astronomia.

— Sério?

— Aquela é a Ursa Maior. — Ele apontou. — Acho que é esse o nome.

— Eu não conheço muito. Então o que você disser, vou acreditar.

— Adoro aquela constelação que parece um cabide.

— Sério? Aquela é a única que conheço. Porque representa o meu signo no zodíaco ocidental.

— Qual é?

— Leão.

— Sempre foi a constelação que achei mais bonita.

— Mas, como você mesmo disse, ela parece um cabide.

— É justamente por isso que gosto. Ela é única, igual você.

Fiquei envergonhada e no momento de constrangimento, estiquei meu braço para cobrir meu rosto. Mas o movimento fez com que meu acessório da testa caísse atrás do braço dele. Automaticamente, me virei para pegá-lo. Mas Taehyung também se virou e ficamos a centímetros de distância do rosto um do outro. Ele me encarava com tanta perseverança que fiquei hipnotizada, como se ele fosse a própria medusa.

Seu olhar era profundo e repleto de significados que apenas a alma era capaz de entender. Deve ser por isso que o ditado "os olhos são as janelas da alma" se popularizou tanto. Porque ali, vendo aqueles lindos olhos escuros, pude sentir todo o íntimo daquele homem.

Em um movimento natural, ele sorriu com os lábios cerrados e colocou sua mão na minha nuca, encostando seus lábios junto aos meus. Então, sem relutância, cedi seu doce e molhado beijo como uma criança que aceita de bom-grado um pirulito de morango após tirar sangue.

Sua boca era tão macia e ele era tão cuidadoso ao tocar os meus lábios. De repente, sinto o toque suave da sua língua e me sinto segura para tocar em seus lindos e sedosos cabelos ondulados. Rapidamente, entendi o ritmo romântico e lento dele e assim ficamos por um bom tempo.

Quando ele se afastou, continuou a me olhar nos olhos. Mas, dessa vez, eu não estava mais com vergonha. Então repousei minha cabeça em seu peito e senti ele aninhar seu corpo junto ao meu, para que ambos ficassem em uma posição cômoda.

Ficamos em silêncio, observando as estrelas e percebi que nunca tinha me sentido tão segura em toda minha vida. Era confortável estar ali, como se aquele fosse meu novo lar.

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