HOTEL CARO โ” gabigol

By ellimaac

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By ellimaac

MEU PAI É MALUCO, EU ACHO. ELE ESTÁ A QUASE MEIA HORA falando sobre o quanto o meu irmão merecia ser convocado para essa Copa. O velho não para de falar nunca.

E não vou tirar o mérito do meu irmão, ele realmente merecia. Esse ano ele foi sensacional dentro de campo. Tão bom quanto o Everton Ribeiro que foi convocado. Acredito, sim, que o Scarpa devia estar na seleção.

Mas... eu não tenho argumentos necessários para debater sobre. Não como meu pai que até fez uma listinha em sua mini agenda e está me falando tudo, item por item.

Mesmo concordando com toda a sua opinião, ele não para de falar:

— Meu filho foi o que mais fez assistências nos jogos comparados com todos os outros times brasileiros, se não for considerado o melhor jogador de 2022. O Tite é um corintiano do caralho que não sabe escolher um time — meu pai guarda sua mini agenda no bolso, pois, acredite, ela cabe perfeitamente ali. — Onde já se viu chamar aquele idoso do Daniel Alves?

— Calma, pai — peço a ele. — Não adianta discutir, a decisão já foi feita.

— Esquece o hexa esse ano, Luanna. Esquece! O time não é forte o suficiente. 'Tô te avisando.

— O time é forte, sim, pai — diz Gustavo. Pela primeira vez abrindo a boca para dizer alguma coisa. Ele se manteve em silêncio desde o momento em que Lucas trouxe o assunto da Copa a roda. — A gente tem Lucas Paquetá e Casemiro no meio campo. E no ataque vamos ter o Richarlison, Vini Jr, Raphinha e Neymar, sem contar os que estarão de reserva. Time 'tá bom pra porra.

— Mas você merecia estar lá, meu filho — meu pai diz com a voz sentida. — Seu talento tem que ser reconhecido.

— Eu concordo com o pai, Gu — diz Lucas, balançando a cabeça em concordância ao olhar para nosso irmão sentado na poltrona ao lado da dele. — Eles levaram o Everton Ribeiro, pô. Por que não você?

— Everton Ribeiro já jogou pra Seleção em 15 partidas e tem três gols vestindo a camisa do Brasil. O cara é bom. Eu ainda não tive nenhum contato com a Seleção. Não conheço o time. Era muito improvável que me chamassem.

— Mas depois do ano que você teve, filho. Porra, era o mínimo!

— Não funciona assim, pai.

— Ele teria que ser testado primeiro — informo, me encostando no sofá e me sentindo meio cansada. Não sei se da conversa ou se estou sobrecarregada. — O erro do Tite foi esse. Esse ano ele teve a oportunidade de levar alguns dos jogadores do Palmeiras. Mas decidiu não fazer isso. E agora não teremos um dos melhores meio campistas na Seleção.

Gustavo sorri para mim com seu olhar de surpresa por eu estar o elogiando. Essas coisas não costumam acontecer com frequência. Mas meu irmão tem talento e deve ser reconhecido.

— Não é atoa que o Nottingham 'tá doido por ele — informa Lucas.

— Até os europeus reconhecem meu filho e o pau no cu do Tite não.

— Calma, pai — peço antes que o velho caia duro no chão de tanto ódio e decepção.

— Mas meu marido não vai pra Europa, seu Zezo — informa Sarinha vindo da cozinha para sala e sentando-se no braço do sofá onde meu irmão mais velho está. — Já disse que não quero sair do Brasil por enquanto.

— É meu sonho morar lá fora — lembra Gustavo, acariciando a perna de sua esposa. — Mas eu amo o Palmeiras e quero que minha mulher se sinta bem.

— A verdade é que quem manda de verdade é a Sarah — digo com um sorriso. — Gustavo não tem poder de falar algum.

— Tenho que concordar — diz Lucas, rindo.

— Não sou cachorrinho de ninguém — diz Gustavo e é só um puxão de cabelo que Sarah lhe dá para ele mudar de opinião. — Aí. Aí. 'Tá. Minha mulher manda em mim.

— Muito bom, meu amor.

— Café quentinho — informa minha mãe, aparecendo na sala e nos chamando para cozinha. — Venham, agora.

Nos levantamos e caminhamos até a cozinha, onde logo todos estão enchendo os copos com café. Minha mãe faz o melhor café do mundo. Na verdade, tudo que ela faz é perfeito.

Estou no segundo copo quando ela se aproxima de mim.

— Sonhei com você noite passada — ela informa do nada, molhando o pão no café e comendo. — Na verdade, 'tá mais pra pesadelo.

— 'Tá me deixando com medo, mãe.

— É bom ficar.

— Então, fale logo, mulher.

— Eu não lembro de tudo porque os sonhos são confusos e incoerentes. Mas lembro de uma parte em específico. Foi assim. — Ela respira fundo e intercala o olhar entre mim e o armário ao meu lado enquanto se lembra do que precisa dizer. — Eu fui te visitar no Rio. Você tinha uma filha. Isabella, eu acho que era o nome. Era uma recém-nascida. Linda, moreninha e o cabelo bem escuro.

Franzo o cenho e levo a mão à barriga.

— 'Tá repreendido em nome de Jesus. Nada de filhos agora.

— Sua filha era linda, Luanna. Para de graça. Que Deus possa te presentear com um filho tão lindo quanto. Mas a grande parte aterrorizante da história nem foi essa.

— Meu Deus, ter um filho não foi a pior parte do seu sonho!? Estou realmente com medo.

— É que, não sei, mas você estava estranha no sonho. Machucada. Hematomas pelo corpo todo.

— Credo, mãe. Que horror.

— Sim — ela assente com os olhos semicerrados. — E quem te batia era o homem que morava com você.

— Tipo um marido?

— Acho que sim, não deu para ter certeza. Você só me disse que era um homem e que estava na sua casa. Você estava apavorada. Com medo de ele fazer alguma coisa com sua bebê.

— E eu não fiz nada para me proteger e para sair de lá?

— Você não conseguia. É como se estivesse presa. Ele manipulava tudo ao seu redor para conseguir o que queria. Sabe quando um sequestrador escolhe sua vítima e ela tem os dias contados? Era exatamente isso.

— Nossa — sinto os pelos dos meus braços se erguerem e meu coração se apertar em meu peito. — 'Tô toda arrepiada. Não gosto dessas coisas. A senhora sabe o significado?

— Não faço ideia. Mas toma cuidado com quem você leva pra sua casa.

— Eu não levo ninguém pra lá. A casa nem é minha.

— Então tome cuidado com essa menina que mora com você — franzo a testa, tentando entender. — Ela costuma levar homens pra lá?

— Ela namora.

— E o namorado mora com vocês?

— Mais ou menos. Ele vive lá. Mas é um idiota.

— Fica esperta, minha filha — minha mãe me avisa, segurando minha mão. — Se precisar de dinheiro pra sair de lá, seu pai e eu damos um jeito de fazer um empréstimo.

— Eu vou me cuidar, mamãe. Não se preocupa.

— 'Tá bom, mas qualquer coisa fora do eixo, me liga.

— Bora! — chama Gustavo, me impedindo de falar mais palavras de conforto e segurança a minha mãe. — Preciso chegar no Allianz antes do jogo para me aquecer.

Hoje é o dia em que o meu time recebe a taça por ter ganhado o Brasileirão. Vai ter um jogo e depois a cerimônia. E a minha família palmeirense vai em peso pro Allianz.

oii, preta
cheguei agora do CT
17:33

chegou mais tarde que ontem
17:34

teve uma reunião pra
falar do Trio de domingo
mas já tô em casa
morto
17:35

como sempre né
17:35

eu nunca tô morto, Luanna
mentirosa
17:36

ata e eu sou flamenguista
17:36

até printei
vou jogar na sua cara
pra sempre
17:37

AH NÃO GABRIEL
eu não disse nesse sentido
17:38

já era. vou te presentear
com o manto do Mengão
no Natal agora
17:39

vou usar de pano de chão
17:39

respeita o manto, porra.
17:40

AQUI É PALMEIRAS PORRA
17:40

(encaminho uma foto minha no estádio)

consegue ser gata até com
essa blusinha feia do Palmeiras
me liga quando acabar o jogo
tô com saudade dessa sua voz
de taquara rachada
17:42

você não fala assim da minha
voz quando está me fodendo
17:42

Luanna?
que safadeza é essa?
eu sendo fofo e vc toda atirada
17:43

eu sou assim
17:44

eu sei
te comi no dia que te conheci
não resistiu aos encantos do Lil Gabi
17:44

pqp, merece ser bloqueado
17:45

HAHAHAHHAHA
aproveita o jogo aí e vê se
volta logo pro Rio.
17:46

só vou voltar pq tb to com saudade
17:47

é claro que tá
vc tá ficando comigo, quem não
teria saudade de mim?
17:47

🙄🙄
tchau, tenho um jogo pra assistir
17:47

(ele encaminhou uma foto com biquinho)

beijos, preto
17:48

beijos, preta
17:48

Largo o celular e me sento no banco da arquibancada, me sentindo extremamente cansada. O jogo está chegando ao fim. Eu já gritei e comemorei demais depois que a gente empatou o jogo com um pênalti do Scarpa. E gritei mais ainda depois de mais um gol de cabeça do Murillo.

Estou rouca, com minhas pernas fracas de tanto pular e meio zonza. Talvez eu tenha exagerado na hora de comemorar.

— O que foi? — pergunta Sarah se sentando ao meu lado. — Você 'tá meio pálida.

— 'Tô? — pergunto, surpresa, pegando o celular e colocando na câmera para verificar a situação do meu rosto.

— 'Tá se sentindo mal?

— Não — respondo, olhando para minha cunhada. — Um pouco cansada. Acho que exagerei na hora de gritar.

— Não sei, não. Comemorei tanto quanto você e não estou cansada. E olha que eu 'tô grávida.

— Ah, sei lá — reflito sobre o assunto brevemente. Provavelmente não é nada sério. — Desde aquele dia que eu dei pt, minha resistência anda péssima.

— Acho que você precisa ir ao médico.

— Não tenho tempo para isso agora. Vou voltar para o Rio essa madrugada e já vou trabalhar. Minha semana vai ser corrida.

— Lu — Sarah pega em minhas mãos, com seu olhar preocupado. — Sua saúde em primeiro lugar sempre.

— Eu sei. Mas é que realmente vou estar muito ocupada essa semana. Leticia me deu mó sermão na segunda-feira que não trabalhei porque estava mal na casa do Gabriel.

Contei a Sarah sobre o ocorrido na boate. Não contei ao Gustavo porque sei que ele vai me julgar por eu estar com o Gabriel Barbosa. Mas minha cunhada é minha melhor amiga, então é bom desabafar com ela. Sarah me ouviu, me aconselhou e se preocupou com minha saúde do mesmo jeito que está fazendo agora.

— Vou ter que cobrir essas horas — completo minha fala.

— Você 'tá se matando de trabalhar, Lu. 'Tá se alimentando direito?

— 'Tô — minto descaradamente e Sarah não deixa de reparar. Por isso tento me corrigir. — Bom, mais ou menos.

— O que você comeu hoje?

Ai, merda.

— Comi umas torradas antes de pegar o voo.

— E não comeu nada quando chegou. Por que não almoçou antes de vir?

— Não tive tempo — essa frase está sendo a pior e única desculpa que eu posso dar. — Eu cheguei muito tarde do barzinho em casa. Eu só dormi, acordei e vim para São Paulo.

— Ah não! — Sarah se coloca em pé e me puxa para fazer o mesmo. — Você vai comer agora mesmo.

— Agora? E o jogo?

— 'Tá acabando. Eles vão montar as coisas para receber a taça, então temos tempo de alimentar seu bucho antes de voltar.

Não vou conseguir fugir dela mesmo, por isso concordo e a sigo para dentro do estádio, onde me leva até uma lanchonete e me obriga a comer um lanche e tomar um suco de laranja. Confesso que foi a melhor coisa que eu podia ter feito hoje. Estou tão acostumada a pular refeições que nem sei mais quando estou faminta. Eu claramente estava agora pois comi dois lanches seguidos sem nem perceber.

— Como se sente? — Sarah pergunta, aproveitando do resto de seu milk-shake depois que eu me encostei na cadeira com a barriga estufada de comida. — Melhor?

— Muito melhor — esclareço. — Eu estava fraca, foi isso.

— Vou ter que te ligar todos os dias pra saber se você está se alimentando direito, dona Luanna?

— Não precisa — garanto a ela. Seria bom ter alguém no meu pé em relação a minha saúde. Essa era uma função da minha mãe quando eu morava na casa dela e eu sempre criticava. Olha quem eu me tornei hoje, estou ficando doente por não me alimentar. — Eu vou tentar organizar minhas refeições com essa nova rotina no trabalho.

— Passa numa nutricionista. Conheço uma que atende o seu convênio.

— Me passa o contato, mas não garanto se vou conseguir marcar um horário. Como eu disse, minha vida está uma loucura.

— Eu não sei o que é pior — olho para Sarah esperando suas próximas palavras —, você empregada ou desempregada.

— Desempregada eu não tinha a melhor das refeições.

— Mas pelo menos se alimentava. É muito melhor do que simplesmente abandonar a comida.

— Eu não abandonei a comida. Eu só... — não sei o que dizer. Não tem como explicar a falta de comida na minha vida sem concordar com a fala de Sarah. Por isso, não tenho muita saída a não ser assentir e dizer: — é, eu abandonei.

— Vou ter que falar com o Gabigol para ele cuidar de você.

— Você não 'tá nem doida.

— É a única pessoa que eu sei que se preocuparia com você a esse ponto.

Franzo o cenho, surpresa de sua fala.

— Por que acha que ele se preocuparia comigo assim? A Yasmin seria a opção ideal, ela mora comigo.

— Mas foi o Gabigol que cuidou de ti na segunda, não foi? — Sua pergunta me deixa sem resposta já que a resposta é clara. — Ele gosta de você, Luanna.

— Acho que não. Ele gosta do que a gente tem e não de mim.

— Você 'tá sendo cega — ela diz com uma careta. — É quase óbvio. E olha que eu nem convivo com vocês, muito menos vi como ele é com você.

— Eu não acho que ele goste de mim, Sarah. Não da forma como você acha. Ele ainda deu em cima da Nathalia aquela vez e quis pegar.

— Você não me disse que ele não pegou?

— Disse.

— Então?

— Ah, não sei. Estou confusa.

— Luanna, ele falou que não conseguiu pegar a Nathalia. Sabe o que isso significa?

Nego com a cabeça, sem fazer ideia.

— Que ele provavelmente não consegue te tirar da cabeça.

— Para — peço, quase implorando. — Não quero me iludir. Não de novo. Eu acabei de superar uma decepção amorosa.

— Com o Veiga foi diferente. Ele te usou como tampa buraco e eu te avisei desde o começo pra você não abrir seu coração.

— Ele me tratou bem, foi gentil.

— Luanna, isso é o mínimo, porra.

Me calo mais uma vez, porque Sarah tem toda a razão.

Ele foi gentil, isso foi o mínimo. Mas eu estava carente e a espera de um amor, que acabei aceitando uma coisa simples como se fosse o melhor e a coisa mais grandiosa que podia me oferecer.

— E se o Gabriel estiver fazendo a mesma coisa? — pergunto com suspeita e medo de estar sendo iludida.

— Não acho isso. E você devia saber quando a ação é verdadeira. Ele te manda mensagem todo dia?

— Depois do que aconteceu na segunda, sim. Quer saber se estou bem.

— E como você se sente com as mensagens? Acha que ele está sendo falso ou forçando as coisas entre vocês?

— Não — respondo com sinceridade. — A conversa é natural. Eu estou sendo sincera, espero que ele também.

— Você gosta dele?

— Não sei — é o que consigo dizer. Mas meu coração acelera só de pensar no assunto. Então sim, eu gosto dele. Eu só não gosto de admitir e nem sei se teria essa coragem de falar pra ele. — Eu acho...

Paro de falar quando somos surpreendidas por uma falação seguida de um homem de skate e uniformizado. Ele está cercado de seguranças e está vindo até a gente. Uma par de pessoas da imprensa o seguindo.

— Gustavo? — Sarah se coloca de pé quando meu irmão fica de frente para nós.

Faço o mesmo, analisando meu irmão que está com uma medalha de ouro no pescoço e uma juliet no rosto. Ele está muito engraçado assim.

— 'Tá fazendo o que aqui? — pergunto, chocada. Ele nem devia sair do gramado agora.

— Vim buscar minha esposa e minha irmã. Vamos levantar a taça agora.

— Você é doido? — Sarah pergunta, rindo.

— Um pouco.

Seguimos meu irmão de volta para o gramado onde agora o estádio está piscando as luzes dando um efeito especial para o lugar enquanto o time se posiciona no pódio. O hino do Palmeiras estrondando no Allianz junto com o grito da torcida. Todos felizes em comemoração pelo título do nosso time.

Afasto o pensamento sobre Gabriel nesse exato momento, mesmo que pensar sobre sentimentos confunda minha cabeça. Pensar nele e no que sente por mim ainda é complexo demais. Não quero me iludir.

Agora eu só quero sentir essa maravilhosa sensação de orgulho em ver meu time, entre eles, meu irmão, levantando a taça de um título importante e gritando em completa felicidade.

Meu irmão e Gomez erguem a taça pro céu e o estádio explode em luzes, fogos de artifício e gritos. Me deixando extremamente realizada e feliz por ser palmeirense.

Luanna reconhecendo que gosta do Gabriel, só não quer falar.

Daqui dois capítulos, vamos ter o trio e o spoiler que eu vou dar é: Luanna vai estar lá. No trio, provavelmente não. Mas lá nas ruas.

Assunto sério aqui, Luanna tem problemas sérios em se alimentar e espero saber trabalhar nisso nos próximos capítulos.

Espero que estejam gostando, gente.

Até o próximo, acredito que não vá demorar muito para ser postado, mas estou sempre avisando no insta antes. Me sigam lá.

Beijos.

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