— Finalmente estamos em casa. — Ah-ri entra pela porta da sala seguida por Ethan. — Espero que Melissa e Jungoo estejam bem. — Observa o silêncio daquela manhã, ainda nem os funcionários estavam em seu horário habitual de trabalho.
— Claro que estão, meu amor. — Ethan deixa sua pasta sobre uma mesinha enquanto indica para seu motorista levar as bagagens para o quarto. — Não são mais crianças. Conversei com Melissa rapidamente ontem e tudo estava dentro do normal.
— Bem sendo assim, vou subir para ver como está Jungoo. — Retira seu fino casaco com a ajuda de Ethan.
— Pelo horário ainda deve estar dormindo, assim como Melissa. — Confere o horário em seu relógio de pulso. Eram pouco mais de seis da manhã, até o sol parecia preguiçoso em despontar no horizonte. — Vá querida, já estou indo.
Ah-ri sobe as escadas e retira os sapatos de salto para não fazer barulho enquanto caminha pelo extenso corredor. Passa pela porta de Melissa vendo que estava fechada, alguns passos mais adiante, depara com a porta de Jungkook escancarada e estranha o cômodo vazio e tudo arrumado como sequer tivesse dormido ali. Deveria ter ligado mais vezes para ele para saber se pretendia passar a noite fora, mas como filho responsável que era, a teria avisado caso o fizesse só para não a deixar preocupada.
Para em meio ao corredor quando Ethan vai ao seu encontro observando a expressão confusa que a esposa exibia.
— Algum problema, querida? — Questiona preocupado.
— Não... Quer dizer, sim! É que Kookie não está no quarto e parece que nem dormiu por lá. — Sussurra preocupada e seus olhos recaem sobre a porta de Melissa. — Talvez ela saiba onde ele está. — Encara Ethan apontando para o quarto ao lado.
— Bom... acho que não tem problema perguntarmos, afinal não conseguiremos descansar até saber onde está Jungkook. — Ele apalpa o celular em um dos bolsos e tem a ideia de ligar para o rapaz antes de entrarem no quarto. O som do toque ecoa pelo cômodo vazio e Ah-ri fica ainda mais preocupada pelo seu garoto não ter levado o aparelho.
— Acho melhor acordarmos Melissa. — Ah-ri conclui indo em direção a porta do quarto dela. Vagarosamente vira a maçaneta e abre aos poucos vislumbrando o cômodo escurecido. Apesar de estar quase em desespero, não podia invadir o quarto da garota de qualquer jeito a assustando. Ethan a acompanha enfiando a cabeça no vão da porta e ambos sorriem ao ver os dois dormindo juntos sobre a cama de Melissa.
A porta é fechada novamente e ambos sorriem aliviados.
— Pelo jeito ambos estão bem. — Ethan conclui com um extenso sorriso e Ah-ri suspira aliviada.
— Meu Deus, será que? — Ah-ri coloca a mão sobre a boca tecendo o que poderia ter acontecido enquanto estavam fora e para os dois estarem dormindo juntos, já imaginou que os planos deram certo e poderiam estar namorando, talvez?
— Calma querida! Não vamos precipitar as coisas. É muito bom que estejam assim juntos e antes que pense que algo a mais aconteceu, ambos estavam vestidos demais pra uma noite de romance.
— Eles poderiam ter se vestido, não é? — Ah-ri pensa melhor e continua: —Apesar que Jungoo não costuma dormir com roupas, então...
— Então nada querida, vamos tomar um banho e descansar. Depois do almoço preciso ir até a empresa e logo se levantarão para irem para o trabalho. Não diremos absolutamente nada sobre o ocorrido e para que Jungkook não suspeite, irei apagar a chamada que fiz para seu celular. — Vai até o quarto do jovem e assim o faz.
Jungkook tinha tanta confiança que nunca cogitou a possibilidade de colocar senha no aparelho, seus pais não mexeriam nele se não fosse extremamente necessário, como é o caso agora.
— Mas querido... — Insiste Ah-ri.
— Mas nada. — Interrompe a esposa. — Sua afobação poderá colocar tudo a perder, lembre-se que estamos lidando com Melissa Carter e ela não é fácil. — Conduz a mulher pelo corredor até a suíte principal. — Se queremos que esses dois fiquem juntos, temos que ter cuidado.
Na melhor das hipóteses eles estavam se dando bem. Ethan sabia que sua filha desde pequena nunca foi de dividir espaços pessoais a não ser que assim o quisesse. E pela forma arredia que lidava com Jungkook era um avanço e tanto.
...
O despertador escandaloso de Melissa reverbera pelo quarto e Jeon acorda assustado enquanto ela, ainda sonolenta e com os olhos fechados, tateia sobre a mesinha de cabeceira o aparelho celular desligando-o em seguida. Se espreguiça longamente sentindo cada vértebra estralar e boceja preguiçosamente abrindo os olhos e encarando a face de Jeon que mantinha os olhos arregalados e os cabelos bagunçados.
— Bom dia pirralho. — Sorri se sentando sobre a cama.
— Bom dia diaba. — Retruca rindo. Se ela o trataria com o apelido ruim que colocou nele, faria o mesmo, foda-se a maturidade.
Melissa dá um leve empurrão em Jeon pela forma como a chamara e ele se joga sobre a cama fazendo drama.
— Idiota. — Ela o xinga rindo. Pelo menos dessa vez não acordou com a mão dele enfiada sob sua blusa como na última vez em que dividiram a cama. Esse segredinho ela manteria bem guardado somente para si. — Precisa ir para o seu quarto, meu pai e sua mãe já devem estar chegando em casa, se nos encontrarem juntos aqui pode ser que sua mãe pense que levei o filhinho dela para um mau caminho.
— E por que seu pai não pensaria que levei sua filhinha para esse mau caminho? — Diz num tom desafiador.
— Ora bem óbvio isso, né? Quem é a diaba? — Ela afunda o indicador no peito esquerdo de Jeon simulando um ataque.
— Touché! — Ele segura a mão dela no mesmo lugar rindo.
Os dois se encaram por um tempo trocando sorrisos amistosos e em completo silêncio. Jeon ainda segurava a destra de Melissa que já se encontrava praticamente espalmada sobre o peito dele e os olhares triangulares começavam a ser trocados. Melissa se odiava internamente por ceder tão facilmente aos encantos de Jeon. Um garoto bobo, de sorriso fácil e olhos brilhantes. Ao mesmo tempo um homem gentil, respeitador e que se interessava em saber coisas inúteis sobre a pessoa com quem conviveria nos próximos meses.
Jeon por sua vez ficava encantado a cada toque e sorriso que conseguia extrair da diaba. Ela era linda quando se arrumava, mas era ainda mais ao acordar, mesmo com os olhos inchados e cabelos embaraçados. Nunca se permitiu ser tão próximo de alguém do sexo oposto quanto ela. O fazia se sentir à vontade, mesmo que às vezes ele recuasse alguns passos quando dava alguma resposta atravessada. Era só ter coragem e abrir a boca para conversar, que ela o aceitaria de bom grado. Aos poucos as muralhas instransponíveis iam sendo derrubadas ou superadas, era só uma questão de tempo e paciência.
O silêncio de reconfortante passou a ser constrangedor quando Melissa começa a olhar muito para os lábios de Jungkook e relembrar o beijo que deram. Não que isso não passasse pela mente dele, era algo frequente, mas agora parecia ser o de menos. Havia tanta coisa que o interessava nela, que se acontecesse de novo, provavelmente aproveitaria de outra forma, mais apaixonada.
Ela recolhe o toque que mantinha sobre o tronco de Jungkook e se prepara para levantar da cama. É lógico que se passa na mente dele em abraçá-la só para demonstrar o quão afetuoso poderia ser, mas não o faz. Respeitar o tempo e espaço de Melissa era o melhor a se fazer. Então só a observa espreguiçar um pouco mais e caminhar até o banheiro do quarto. Aquilo já dizia que era hora dele também seguir seu rumo e voltar para a realidade de uma segunda-feira.
...
Ambos ficaram surpresos ao se sentarem para tomar café e saberem que seus pais já estavam em casa, isso a empregada revelou enquanto os servia. Quando a funcionária se retira Melissa não perde a oportunidade de perguntar a Jeon:
— Será que nos viram juntos? — A preocupação era visível. Não pelo fato de dormirem juntos em si e sim no que poderiam pensar a respeito, já que Ethan disse que viriam no meio da manhã e não tão cedo assim.
O rapaz dá de ombros despreocupadamente.
— Acho que não, a porta do meu quarto estava fechada quando saí do seu e no meu celular não havia chamada ou qualquer mensagem, minha mãe não costuma entrar no meu quarto e nem mexer nas minhas coisas. Creio que pensaram que estávamos dormindo cada um no seu quarto. — Verbaliza tranquilamente. E que mal poderia ter caso dois adultos dormissem juntos?
— Hm... Espero que assim seja. Imagino sua mãe falando um monte de asneiras sem sentido por desvirtuar o santinho dela. — Somente ela e Jungkook eram adultos que dividiam a cama sem alguma conjunção carnal e certamente os mais velhos não acreditariam que apenas fizeram isso; dormir.
— Só você sabe que eu nunca... é... Ah! Você sabe a que me refiro! — Sussurra.
— Sério que sua mãe não sabe que é virgem? — A voz de Melissa sai um pouco alterada. A relação de Ah-ri e Jeon era bem estreita e esse fato realmente a surpreendeu.
— Shiii... Não, não sabe. — Jeon a repreende. Ninguém além dela precisava saber sobre esse detalhe de sua vida íntima.
— Meu Deus. — Melissa exprime revirando os olhos e volta a comer.
— Garanto que nem seu pai sabe tudo a seu respeito. — Aponta o par de Cheot-garak em direção a Melissa.
Definitivamente Jeon estava certo. Ethan não sabia quando tinha sido sua primeira vez e muito menos sobre sua sexualidade. Nunca pensou em contar a respeito já que não pretendia ampliar o contato restrito que tinham antes.
Eles tinham muito mais coisas em comum do que parecia, pelo menos quando se tratava dos pais. Pois ao contrário, Jungkook era o filho exemplar, que nunca causava problemas e era a perfeita estampa do garotinho da mamãe admirável. Enquanto ela era o total oposto, mas com significativas qualidades.
Ambos tinham muito o que aprender um com o outro, entretanto a vida tinha algumas maneiras bem inusitadas de aplicar as lições.
...
— Nossa! Estou exausto. — Bufa. — Achei que papai viria logo para a empresa, você está me atolando de trabalho e ainda nem é meio-dia. — O rapaz se alonga sentado na cadeira depois de passar horas trabalhando sob o comando de Melissa, ela não facilitaria a vida do jovem aprendiz.
— Você reclama demais Jeon Jungkook. — Verbaliza soltando mais um pesado maço de papéis sobre a mesa do rapaz que encara com desgosto aquele monte. — Esses já estão conferidos é só lançar nas pastas certas, estão marcados com postites coloridinhos para facilitar sua vida, olha como sou boazinha. — Sorri com desdém.
— Você é cruel... — Faz uma careta franzindo o nariz e crispando os lábios separando o primeiro lote.
Nisso Ethan adentra a sala e é recepcionado de maneira contida pela filha, já que estavam em ambiente de trabalho. Jeon o cumprimenta logo em seguida um pouco mais animado que ela. Ethan conversa rapidamente com os dois e fica sabendo em como estão as coisas entre eles, pelo menos dentro da empresa. Melissa é pontual e direta em revelar os pontos positivos de Jungkook e apenas menciona alguns que ainda precisam de aprimoramento.
Ethan pede para que Jeon saia por um instante para que possa conversar a sós com Melissa. O rapaz não impõe qualquer objeção e dá de graças a Deus por não ter que concluir aquele trabalho chato, mas que segundo Melissa ele precisava saber fazer para não depender de qualquer ajuda de outro funcionário.
Ethan ocupa a mesa central e indica para que Melissa ocupe a cadeira à sua frente, a encara por um tempo admirando sua obra prima, uma mulher inteligente, esperta, mas que precisaria de algum direcionamento se quisesse manter o império dos Carter.
— Fico feliz em saber o quanto está se dando bem com Jungkook, minha filha. — Exprime contente relaxando no encosto da cadeira.
— Bem, foi para isso que vim, não é? — O senhor Carter concorda sorridente. — Por que pediu para que saísse já que pelo jeito o assunto é ele? — O tom apreensivo de Melissa faz Ethan ficar um pouco sério, mas não o desestimula a continuar.
— Sabe que aprecio muito bem suas qualidades minha filha. Jungkook é um rapaz aplicado, mas precisa de orientação constante e nem sempre poderei estar aqui para fazer isso. — Ela assente concordando com suas falas já que não era a primeira vez que ouvira isso. — Pois bem, tenho uma proposta a lhe fazer e serei direto quanto ao que eu quero. — As mãos de Melissa ficam inquietas e começam a suar. É agora que tomaria conhecimento dos planos de seu pai?
— Sweetie se aceitar minha proposta, poderá presidir a empresa e administrá-la como quiser, confio plenamente em sua capacidade, entretanto sabe que o legado dos Carter é antigo...
— E bem ultrapassado. — Ela não resiste em alfinetar, já que conhecia muito bem o império machista que dominava sua família há gerações.
— Retomando... — O homem suspira sério. — O legado dos Carter sempre foi de manter os negócios sob o comando de um homem. Acreditamos piamente que mulheres não impõe a seriedade e firmeza necessária ao presidir negócios tão arriscados como o mundo das pedras preciosas. É um mercado voraz e muitos de nossos acionistas internacionais são homens com convicções inalteráveis e que facilmente desistiriam de investir na corporação só por esse motivo. — Melissa massageia as têmporas tentando deixar o pai concluir a proposta que já viu ser descabida. — Sei que para você isso é um absurdo e não é diferente para mim, como também foi ruim para seu avô e nas gerações anteriores. Sempre tivemos mulheres competentes na família, mas ao menor sinal de mudança na presidência, os acionistas majoritários se mostraram irredutíveis e ameaçaram vender as ações por muito menos do que valiam, e isso nos levaria à falência em poucas semanas. — Ethan explica pacientemente. Era um assunto delicado a se tratar e esperava que ela o entendesse, não era algo que gostaria de fazer, mas era preciso ser feito.
— Entendo, mas ainda não sei onde me encaixo na possibilidade de administrar a corporação se não terei plenos direitos a ela. Concorda que isso não faz sentido papai? — Melissa por sua vez tenta manter o timbre de voz suave para conseguir extrair qualquer informação que seu pai possa dar. Explodir não era uma opção por mais absurdo que seja o que ouviu. Considerando a sociedade machista que imperava no capitalismo, não podia se esperar menos de acionistas tão poderosos.
— Aí é que meu plano entra. — O homem pondera por alguns instantes e tenta decifrar o olhar enigmático da filha. O olhar apático não o ajudava muito nessa questão. — Se você se casar com um homem respeitável nesse meio empresarial, você seria a mente brilhante por detrás dele. Faria as modificações necessárias para alavancar ainda mais os negócios e confesso que preciso modernizar algumas coisas, mas isso exige mentes jovens e visionárias como a sua.
— Seus elogios foram varridos para longe quando mencionou a possibilidade de eu brilhar através de outra pessoa. Eu faço todo o trabalho, mas quem leva os créditos é um homem e ainda por cima um suposto marido. — Um sorriso sarcástico lhe escapa. — Alguma vez já passou em sua cabeça que talvez eu não queira me casar?
— Já, por isso tenho o Jungkook como segunda opção. — O homem responde rápido.
Melissa e Ethan eram parecidos até nisso. Qualquer conversa poderia se transformar num duelo de egos em que se disputaria quem tem mais razão. Os Carter não chegaram aonde estão se não soubessem se impor nesse mundo canibal.
— Ah, ótimo. Virei um mero descarte. — Melissa não hesita em revirar os olhos em puro amargor pela resposta inflexível do pai.
— Melissa estamos conversando de maneira sincera. Expus o porquê preciso fazer isso e imaginava que entenderia. — O homem teme em perder o controle da situação, mas nada o preparara para o que viria a seguir.
— E entendo! — Encara profundamente os olhos de seu pai. — Mas saiba querido pai, que sua filha pode se apaixonar por outra mulher!
Ethan a olha embasbacado. Por essa ele não esperava, sua filha era gay?
— O que? Não me diga que...
— É meu caro Ethan Carter, sua filha pertence ao vale. — Vendo que o pai não entendeu, continua: — Trocando em miúdos sou bissexual e gosto tanto de homens quanto de mulheres. Então existe a possibilidade de eu não querer um homem.
Ethan se sente um pouco perdido. Não, que não aceite a orientação sexual da filha, mas pela situação que pretendia, não contava com essa variável que sequer cogitava.
— Isso muda um pouco as circunstâncias das coisas, se assim o fizer considere minha proposta descartada. — Assegura.
— Já era descartada antes mesmo de se tornar algo possível. — Dá de ombros. — Eu não me submeteria a um casamento de fachada somente para tomar posse do que me pertence. Se quiser ofertar esse absurdo a Jungkook, fique à vontade.
As pretensões de Ethan foram por água abaixo. Estava animado por ver que até a cama dividiram essa noite e sabe-se lá o que aconteceu entre eles nos últimos dias enquanto estavam fora. Através do pequeno flagrante de mais cedo, jurou que ambos poderiam não estar apaixonados, mas ao menos se dando bem o suficiente para firmar uma união em prol da presidência. Precisaria pressioná-la de outra forma, ou perderia para sempre a oportunidade de expandir os negócios e deixar um futuro promissor para Jungkook e Melissa.
— Está dizendo isso de maneira impensada. Deveria avaliar melhor a situação e buscar alguém que pudesse lhe proporcionar isso sem maiores problemas, mas não... quer dificultar tudo... — Ethan estava visivelmente abalado. Talvez se fosse mais incisivo ela cederia.
— Isso não está mais em discussão. — Melissa é categórica e Ethan bufa pela teimosia exagerada da filha. — Não me chamou até aqui para treinar seu pupilo? Estou fazendo minha parte. E sabe o que é pior? Na minha mais ingênua convicção achei mesmo que reconheceria meu potencial, mas se não é assim, prefiro trabalhar em um concorrente qualquer ou até mesmo em alguma empresa sem ligação com o precioso mundo das gemas.
Finalmente depois de ouvir disparates e desaforos opta por encerrar aquele assunto. Já não era mais questão de querer ou não a aprovação do pai, já estava envolvendo sua honra. Se levanta e vai até a porta da sala, por onde pretendia sair e quem sabe nunca mais voltar.
— Onde pensa que vai mocinha? — Ethan chama a atenção de Melissa o que a deixa ainda mais enfurecida, como se estivesse falando com uma criança que tentava escapar da bronca. — Ainda tem trabalho a fazer. E sugiro que pense bem sobre a proposta, sua vida profissional poderá ser bem difícil fora da Carter Corp.
Com essa ameaça clara de seu pai Melissa sai pisando firme da sala e busca refúgio na copa onde se tranca e nem percebe no amplo espaço, escondidinho num canto, Jungkook enchendo a boca com um último pedaço de sanduíche. Ela chuta a porta e esbraveja palavras que ele não entende e nota o rosto da mulher vermelho, as veias do pescoço saltavam por conter os gritos que claramente estavam presos na garganta. Ele se aproxima vagarosamente da mulher enquanto ela se apoia na porta chorando. Deus o que papai disse para ela ficar assim?
— Mel? — Já bem próximo a chama com voz baixa buscando encontrar seu olhar com o dela, e quando finalmente isso acontece, Melissa o encara com orbes amedrontadores e raivosos. Os olhos vermelhos com maquiagem borrada davam a ela um ar ainda mais temeroso. — O que acontec...
— Você.... — Vocifera e aponta para o rosto do rapaz avançando sobre ele. — Sabe de tudo não é mesmo? — O rapaz a olha sem entender absolutamente nada, mas afastando alguns passos porque na sua frente estava uma Melissa irreconhecível. — Por isso esses joguinhos de gentileza... Ser prestativo e atencioso fazia parte do jogo, não é? — Cospe as palavras entre dentes.
— Do que está falando? — Pergunta ingenuamente se afastando cada vez em que ela se aproximava.
— Pergunte ao seu pai. — Ela para no lugar e enxuga as lágrimas do rosto aprumando a postura. — Mas saiba que jamais entrarei nesse jogo de gatos e rata. Não vou cair nessa armadilha baixa e inescrupulosa. Você não me engana mais pirralho.
Melissa sai da copa em passos rápidos e deixando para trás um Jungkook confuso. Ele não sabia o que fazer. Até há poucos minutos tudo estava bem entre eles e agora ela fazia acusações sem qualquer cabimento. Ele tinha culpa em que afinal? O que ele sabia, ou melhor, deveria saber? Do que ela o acusava? Somente seu pai poderia sanar essas dúvidas. Todo progresso na relação deles veio abaixo quando aconteceu a conversa entre os dois naquela sala. E ao invés de ir atrás de Melissa ele volta até a sala principal onde encontra seu pai com os cotovelos apoiados sobre a mesa e o rosto entre as mãos, pelo jeito a conversa nada amistosa afetou aos dois de maneiras diferentes, mas igualmente devastadoras.
— Pai? — O homem encara o enteado com os olhos avermelhados pelo choro contido. — O que houve entre você e Melissa?
— Onde ela está? — Ethan questiona Jeon preocupado. Apesar da conversa tensa e no resultado inesperado que tomou, ficou apreensivo com a reação e as revelações que Melissa fez. Teria alguma chance de ter estragado tudo?
— Não sei, ela saiu brava, me falou um monte de coisas que não entendi nada, de alguma forma o que conversaram aqui... ela ficou com raiva de mim. — O jovem verbaliza exasperado.
Seus temores foram confirmados quando o enteado revelou que Melissa o encontrara e descontou sua raiva na pessoa que não tinha a menor culpa. Entretanto Ethan estava confiante o suficiente só por causa do que houve mais cedo. Ele se precipitou, deveria ter esperado algum tempo a mais para propor algo a Melissa.
— Se acalme meu filho. Ela só precisa pensar um pouco mais no que propus a ela. No momento seria bom o quanto menos souber melhor, a respeito do assunto que conversamos aqui. Essa raiva dela irá passar. — Tenta tranquilizar o filho já que tudo poderia estar perdido.
— Pai ela saiu muito transtornada e pode acontecer algo a ela... — Jungkook também expressava sua preocupação com Melissa.
— Vou colocar meu assessor ao encalço dela para que nada aconteça. Quanto a isso pode ficar tranquilo. — Ethan liga para seu assessor que já estava a postos seguindo Melissa pelas ruas de Miami. O homem a viu assim que saiu da empresa com o carro cantando pneu no estacionamento, então já se prontificou a segui-la.
Jungkook não questionaria mais seu pai sobre Melissa ou o que conversaram dentro daquela sala. De nada adiantaria ele o fazer já que conhecia muito bem Ethan para saber que quando ele não explicasse algo, era pra se contentar com as meias verdades que estava disposto a dar. Talvez a noite ele conseguiria tirar algo de Melissa, mesmo que tivesse que implorar para isso. Ele gostava verdadeiramente da diaba, mas algo lhe dizia que aquele apreço todo poderia ser unilateral.
IIiiiiihhhh... Essa relação é uma dancinha bem ingrata hein?! Um passinho pra frente e dois para trás.
Postei e saí correndo! 🏃♀️
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See you later guys! XOXO