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GUSTAVO ESTÁ SENTADO NO SOFÁ, OS BRAÇOS APOIADOS NOS JOELHOS ENQUANTO ESCUTA o sermão de Sarah sobre o ocorrido de ontem na minha casa que garantiu um olho roxo em Gabriel, um calo na minha testa e cortes nas mãos de Veiga, não tão fundos para precisar de pontos. Graças a Deus. Eu não aguentaria saber que ele se feriu nesse nível por causa de uma briga completamente desnecessária.
Por isso, nesse momento, eu nunca concordei tanto com Sarah quanto agora:
— Você não pode ficar invadindo a casa da sua irmã, porra! — ela bufa a meu irmão que se mantém em completo silêncio, ouvindo tudo sem responder porque ele sabe que está errado. — Olha o que isso causou! Sua irmã é livre para fazer o que quiser e com quem quiser.
— Eu sei — meu irmão concorda com a voz mansa e baixa. — Vacilei, amor. Não fazia ideia que ela estaria com o Gabigol. Nem sabia que os dois estavam juntos pra começo de conversa.
— Não estamos juntos — informo a ele. Estou sentada ao lado dele com um copo de Coca-Cola na mão porque se me oferecem essa bebida, eu, infelizmente, não consigo e nem posso recusar. — Só nos encontramos algumas vezes.
— Podia ter me informado — ele diz, me fazendo balançar a cabeça em negação, mas é Sarah que contrapõe por mim:
— Ela não tem que te informar nada, Gustavo — minha cunhada cruza os braços sobre o peito. — Você que tem que parar de ser intrometido.
— Ela é minha irmãzinha, Sarah — ele avisa como se justificasse alguma coisa. Abafo uma risada sem acreditar que está usando essa desculpa. — Preciso cuidar dela.
— Eu sei me cuidar, Gustavo — digo a ele, dando umas batidinhas em suas costas. — Não preciso de você me dizendo com quem eu devo ou não me relacionar, né?
— Precisa, sim — ele insiste.
— Não precisa, não — diz Sarah com impaciência.
— Não mesmo — completo em concordância a opinião dela.
Meu irmão não sabe ser saudável quando se mete na minha vida. Eu sei que ele sempre quer meu bem porque me ama e não quer que eu me machuque ou me arrependa no futuro. Mas ele é muito invasivo e estressadinho, e acaba prejudicando mais do que ajudando.
— Eu sempre fiz isso, esqueceu? — ele olha para mim ao seu lado. — 'Cê lembra daquele seu namorado traficante que morava do lado da biqueira?
— Ele não era traficante — aviso.
— Claro que era. Se eu não tivesse te dito sobre a história decepcionante dele, você nunca teria dado um pé na bunda dele.
— Não foi bem assim — tento me defender, mas nesse caso, só nesse apenas, ele tem razão. — Tiago era um bom aluno na minha sala, eu nunca iria suspeitar do que fazia fora da escola.
— Você é lesada. O moleque fedia a maconha.
— Você também fedia a maconha naquela época — informo.
— É diferente — ele desvia o olhar do meu, pensando num argumento bom para se defender. — Eu não vendia drogas.
— Mas comprava. Aliás, é por isso que você sabia o que o Tiago fazia, né? 'Cê comprava dele.
— Comprei só uma vez — ele diz, soprando o vento. — Era muito caro com ele.
— Você não vale um real e quer falar dos caras que eu pego.
— É por eu conhecer os caras que não quero que você fique com eles. E eu nunca gostei do Gabigol, mesmo sem conhecer direito. O povo só fala mal dele. Muito mal. O cara só se envolve em b.o., porra. Um atrás do outro.
— Foda-se o que ele fez. Não é como se eu fosse me casar com ele.
— Não? O cara 'tava na sua casa, Luanna.
— Não precisa se preocupar com meu rolo com o Gabriel — declaro tendo calma para falar desse assunto, principalmente por ser tão mal aceito por meu irmão. — Ele não é meu namorado eu não vou deixar que nada de ruim aconteça, relaxa.
— 'Cê sabe que ele só 'tá com você pra trepar, né?
— E você acha que eu quero algo a mais? — pergunto a meu irmão, o deixando em silêncio e em choque pelas minhas palavras ousadas. — Só quero diversão, Gu. No momento não quero namorar com ninguém. Muito menos o Gabigol. Tenho ciência de suas atitudes.
— 'Tá falando que nem uma vagabunda — meu irmão balança a cabeça em negação, indignado com minha fala.
Dou uma breve risada, dando de ombros para sua opinião. Não nasci para casamento que nem ele. Meu irmão é todo família e pá. Não sou assim. Nunca fui pra começo de conversa. Talvez quando fiquei com o Veiga, eu tenha pensado no assunto. Ele tinha uns papos cabeça que me faziam gostar dele. Mas só também.
— Respeita sua irmã, Gustavo — Sarah o repreende com uma cara feia de repreensão e ainda de braços cruzados. — E segura essa língua.
— Olha como ela fala de si mesma, amor? Isso é papo agora?
— Por que você não começa a cuidar um pouco da sua vida e do seu filho na minha barriga? — ela pede se aproximando dele e estendendo uma mão na direção dele. — Agora me dá a chave do apartamento da Luanna que eu vou esconder pra você nunca usar.
Meu irmão assente, com os lábios pressionados, pegando a chave do bolso e entregando a Sarah.
— Muito bom — minha cunhada olha para mim e abre um sorriso. — Que horas é seu voo, Lu?
— Daqui a pouco — pego meu celular do bolso e verifico as horas. — Mas tenho que guardar algumas coisas na mala antes de ir.
Me coloco em pé.
— Gustavo vai te levar — Sarah diz e seu marido não discorda. — Você quer ajuda com suas coisas?
Aceito a ajuda de Sarah e uma hora depois meu irmão me leva até o aeroporto. Estou tirando a mala do porta-malas nesse exato momento e me preparando para voltar para o Rio de Janeiro.
— Me desculpa por ontem — ele diz a mim fechando o porta-malas e colocando minha mala na calçada. — Aquilo virou uma bagunça.
— Pois é — concordo com a cabeça. — Eu avisei pra não ficar invadindo meu apartamento. Ia dar errado uma hora ou outra.
— Me desculpa mesmo assim — ele insiste, tocando em meu ombro e me oferecendo um sorriso arrependido e de perdão. — Veiga e eu queríamos fazer uma surpresa ontem. Te alegrar, sabe? Não passou pela minha cabeça que você estaria com o Gabigol.
— Eu podia estar com qualquer pessoa, Gustavo. O fato de ser o Gabriel só motivou a agressão. — Meu irmão assente ao que eu digo. — Mas tudo bem. Esse assunto já está resolvido. Eu te desculpo. Na próxima vez me manda uma mensagem. Assim eu tenho tempo de esconder o macho antes de você chegar.
— Relaxa. Não vou mais invadir sua privacidade, Lu.
Arregalo os olhos, surpreendida com sua fala.
— Se tornou um novo homem?
— Claro! Você viu o sermão que a Sarah me deu? Ela é capaz de me matar se eu fizer a mesma coisa de novo.
Abafo uma risada, balançando a cabeça.
— Então isso é por causa de Sarah e não por mim?
— Por você também, Lu — ele tenta se redimir.
— Tudo bem. Vou fingir que é por mim só porque quero paz. Não quero ver briga nem tão cedo. Fiquei a noite toda limpando sangue e catando os cacos da confusão de ontem.
— O Veiga ficou louco, porra. Vou ter que conversar com ele. Nunca o vi daquele jeito.
— Por favor, faça isso. Converse com ele— peço, quase implorando. — Ele precisa entender que não vai ter nada comigo. Nem agora e nem nunca. Se ele sente ciúmes, não tem nada que eu possa fazer para mudar isso. Só terapia resolve.
— 'Tá maluco. Já pensou se toda vez que ele te vir com alguém ele surtar que nem ontem, você vai acabar com um braço quebrado.
— Pois é.
— Vou conversar com ele, Lu. Ele é como um irmão pra mim, mas ele te machucou. E ninguém machuca minha irmã, não, porra.
Assinto sorrindo e abro os braços para ele que entende de imediato e vem me abraçar.
— Obrigada — agradeço, principalmente por estar me entendendo finalmente, mesmo sem apoiar meu rolo com o Gabriel.
— Te amo, Luanna, caralho — ele me aperta mais forte, quase me deixando sem ar. — Vê se não se encontra muito com o Gabigol ou vai acabar em perfil de fofoca.
— 'Tá bom, Gu — me afasto dele e dou um beijo de carinho em sua bochecha. — Te amo, seu peste.
— Tchau, chatice. Se cuida, viu?
Ele me abraça mais uma vez antes de, enfim, entrar em seu carro e partir. Observo seu carro sumir de vista no meio dos outros e só então que sigo meu caminho, passeando pela calçada até chegar a porta principal do aeroporto.
Enquanto caminho até lá, minha mente viaja ao dia de ontem. A briga e o que aconteceu depois dela. Gabriel voltou pro Rio ontem a noite. Cuidei do olho dele até onde eu podia, mas o inchaço e o roxo vai permanecer por um tempo o que o obrigou a sair e pegar o avião de óculos escuros mesmo estando de noite.
Ele me ajudou a limpar a casa antes de ir embora. Foi atencioso e se mostrou estar preocupado com essa tal amizade entre Veiga e eu, vendo tudo que ele foi capaz de fazer em nome da "amizade", porém agindo apenas por ciúmes e dor de cotovelo.
Eu não sei o que pensar sobre Veiga ainda. Preciso deitar numa cama e refletir sobre suas atitudes com calma, mas não agora. Não estou com cabeça pra isso.
Estou quase chegando na porta quando escuto alguém me chama e quando olho para o lado um homem branco de boné sai de dentro do carro e se aproxima de mim, retirando os óculos escuros da cara.
— Lu, a gente pode conversar? — pergunta ninguém mais e ninguém menos que, ele mesmo, o diabo em pessoa. O responsável pelo caos do dia de ontem. Quem quebrou meu vaso favorito e me garantiu um hematoma na testa. Raphael Veiga.
Sinto meu sangue ferver de raiva e estou pronta para surtar e xingá-lo de todos os nomes possíveis por causa do que fez quando meus olhos caem em suas mãos enfaixadas.
— Se não quiser conversar, eu vou embora — ele se mantém afastado de mim. Sabendo que não pode se aproximar sem analisar o terreno primeiro.
Lembro da promessa que eu fiz ao Gabriel e minha vontade é deixar Veiga plantado com suas desculpas presas na garganta.
Eu podia muito bem dizer que não quero conversar e seguir com a minha vida. Mas odeio ficar mal resolvida com as pessoas por mais erradas que elas estejam e meu coração ainda é bom demais, ou burro demais, para deixá-lo falando sozinho. E eu prefiro a paz. Por isso, respiro fundo, abaixo os ombros e aguardo suas palavras.
— 'Tá — digo secamente. — Vai direto ao ponto.
— Ok — Veiga se aproxima mais um pouco, mas não o suficiente para estar cara a cara comigo. — Me perdoa, Lu. Eu fui um babaca sem noção ontem. Eu... eu não sei o que passou pela minha cabeça. Fiquei com tanta raiva daquele desgraçado que nem pensei em você ou no Scarpa. Cometi um erro em invadir sua casa e outro pior em bater em quem você está se relacionando. Me desculpa.
Assinto me mantendo passiva, porém minha língua está pronta para ser usada e falar tudo que eu queria ter dito ontem:
— Não se invade a casa das pessoas daquele jeito, Veiga. E, não importa o quanto você odeie o Gabriel, você não pode bater nele daquele jeito e colocar a culpa em mim. "Porque se preocupa comigo" — faço aspas com os dedos e Veiga assente a tudo que eu digo, me compreendendo. — Quando eu pedir a sua ajuda ou a sua raiva, você aparece para me socorrer. Caso contrário você fique bem quieto na sua.
— Eu sei, eu sei... eu errei, Lu. Reconheço isso.
— É, mas agora é meio tarde para se redimir, né? A cagada já foi feita. Olha pra suas mãos, porra. Você foi impulsivo e machucou não só a si mesmo como a mim e ao Gabriel.
Veiga abaixa a cabeça, envergonhado de si mesmo e suas próximas palavras são mansas e calmas:
— Quando o vi na sua casa ontem, eu surtei, Lu. Não consegui... — Veiga pensa bem, piscando várias vezes ao achar as palavras certas para me dizer — Não consegui me conter. Me perdoa, Lu. Eu conheço a laia dele. E precisava ensinar uma lição. Ele não pode te tratar com desrespeito. Você é uma mulher de valor.
— Em que momento ele me tratou com desrespeito? — pergunto, mas não deixo que ele me responda. — Gabriel não fez nada. Você nem deixou que a gente se explicasse e já partiu pra agressão, porra.
— Eu sei quem ele é, Lu — ele diz com os olhos semicerrados. — Ele não presta, é mulherengo. Vai te fazer sofrer quem faz com todas as outras. Ele traiu a Rafaella. A ex dele, sabe? Irmã do Neymar — assinto, reconhecendo o nome. — Foi por isso que terminaram. Não aceite que ele faça o mesmo com você.
— Gabriel não é o meu namorado, Raphael — informo o óbvio. — Eu não ligo se ele me trair. Não estamos juntos. Só... só estamos nos divertindo, sem compromisso.
— Você merece alguém que te valorize e que queira estar de verdade com você.
— Quem? — pergunto com um sorrisinho cruel e de deboche. — Você?
Veiga se cala sem saber o que dizer, ficando sem jeito logo em seguida. Por isso continuo com minha fala:
— É. Talvez um cara que me trocou pela ex seja exatamente o que eu preciso — reviro os olhos, inconformada.
— Não estou pedindo pra gente voltar.
— É exatamente o que você faz desde o dia que levou um pé na bunda da Bruna e, então, se tocou que não devia ter me largado. Agora é tarde para mudar o que aconteceu, Raphael. Eu não vou te dar uma nova chance. Não quero nada com você. Coloque isso na porra da sua cabeça e, por favor — minha voz falha pelo desejo vindo direto da minha alma —, me deixa em paz.
Veiga demora, talvez processando e entendendo tudo que eu acabo de dizer, mas, enfim, concordando:
— 'Tá bom — sua voz é fraca e respeitosa. — Eu aceito sua vontade. Não vou ficar me intrometendo na sua vida que nem um namorado ciumento. A gente não tem nada e eu passei dos limites. Espero, do fundo do meu coração, que você possa me perdoar. E... quem sabe, ser minha amiga.
Ofereço um sorriso fraco e satisfeito por ele, finalmente, estar agindo como uma pessoa normal.
— É claro que eu te perdoo, porra. Não vou ficar mal resolvida com você por uma confusão desnecessária — ele sorri, aliviado. — E sobre ser sua amiga, eu posso pensar sobre.
— Leve o tempo que precisar, Lu. Contanto que não me olhe mais com raiva, eu já estarei feliz.
É assim que se deve agir, Raphael. Penso, orgulhosa dele estar sendo maduro como um adulto de verdade deve ser. Que sabe viver após um término. Que supera uma frustração amorosa.
— 'Tá — olho as horas no meu celular. — Agora eu preciso ir.
Veiga abre os braços e, sem querer ser uma escrota, me envolvo em seu braço e deixo que beije minha bochecha. Não posso negar que Veiga se preocupa comigo e gosta de mim. Mas agora eu realmente acredito que ele vai respeitar as minhas decisões e que está conformado com o fato de nós dois não termos nada.
— Boa viagem.
Sorrio pra ele antes de dar as costas e entrar no aeroporto.
Sinto uma sensação estranha no peito a viagem inteira, só não sei explicar e nem entender o real motivo.
Ê, Luanna, se vc soubesse a merda que acabou de fazer.
Quando eu disse que achava que todos estão errados é por causa das consequências que virão daqui pra frente as quais tem uma porção de culpa de cada um deles. Principalmente em questão de ciúmes. Às vezes a gente quer fazer as coisas no sigilo pq é mais gostoso e tem menos b.o., e esquece do coração. E é aí que a gente toma no cu.
Mas é isso, espero que vcs estejam gostando.
Batam a meta pra eu voltar ainda hoje com um bónus bem "fofoqueiro".