PARIS VERMELHA

By sylviarpellegrino

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O romance aborda o relacionamento de Gerald Champoudry e Hosana Stein. Esses dois personagens vão se amar lou... More

1º CAPÍTULO - GERALD CHAMPOUDRY
2º CAPÍTULO - ANNA ZANATA
3º CAPÍTULO - A FUGA
5. ENCONTRO COM ANNA ZANATA
6. REMINISCÊNCIAS
7º CAPÍTULO - A CAMPANHA
8. A DECEPÇÃO DE HOSANA
9. O PLANO DO SENADOR
10.Denis cancela a campanha
11. A JOGADA DE HOSANA
12. A POSSE DO GOVERNADOR
13. O PODER DA IMPRENSA
14. HOSANA NO JORNAL
15. A EMPRESÁRIA HOSANA

4. AJUDA DE CARLA ZATTEL

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By sylviarpellegrino

Na parte da tarde, Hosana sai em busca de um telefone público. Liga para Carla Zattel, solicitando ajuda. Ela já sabia que a amiga está com Gerald. O sumiço dela na mesma época do dele era prova cabal da situação.

— Por que não pensaram em falar comigo antes? Eu ajudaria com documentos, dinheiro e vocês não passariam por esse perrengue agora.

— Me desculpe Carla, mas ficamos muito assustados quando o mandado de prisão foi expedido. Não sabemos como Gerald se envolveu nisso.

— Não sabemos? Quem lhe garante que ele desconhece o que fez para criar essa confusão? Está com o nome sujo, sem dinheiro e os bens bloqueados, a mídia já noticiou tudo isso por aqui.

— Eu acredito nele... — sussurrou Hosana.

— Imagino — corta Carla com aquele seu jeito abrupto de falar. Ela sempre se dispunha a resolver os problemas, deixando qualquer supérfluo fora da conversa. — Vamos ser objetivas. Vocês precisam de novos documentos falsos para saírem daí. Por favor, pintem os cabelos de loiro e compre um par de lentes azuis para você. Ele coloca barba, enfim... Disfarce é o que não falta. Tirem fotos e enviem para meu celular, com endereço. Recebo, copio e apago em seguida, para não ser rastreada. Vou enviar dinheiro vivo e um jato da empresa de meu pai.

— Terá que pedir a ele... — Hosana fala, sabendo que a relação de Carla com o pai não é agradável. — Como fará isso?

— Não se preocupe. Farei. Vou desligar.

Hosana ouve o clac do telefone desligando e o apito no ouvido.

***

Ela caminha para o hotel com passadas cansadas, abatida. Agora sim, é uma fugitiva junto com Gerald. Mas é importante provar a inocência dele, para que possam voltar à vida normal. Será que ele é inocente? pergunta-se. Precisa de uma resposta.

***

Tardinha. O sol desaparece de mansinho. Resquícios dourados pintam o céu. Hosana apoia-se no gradil da sacada. Os pensamentos voam em busca de lembranças.

É como se ouvisse o vento assobiar. Fora uma longa viagem até Holbox, no México. Uma ilha banhada pelo mar caribenho, com praias desertas e águas calmas, onde vivem apenas pescadores locais. Uma das menores na parte norte do estado de Quintana Roo. As dimensões são de apenas 40 km de comprimento e cerca de 2 km de largura, mas abrange cenários fantásticos e maravilhosos.

A luz do sol naquela tarde cintila por dentre as folhagens. Hosana anda pela areia branca, quase imaculada. Pensa estar no paraíso com ele.

A primeira visão que têm, enquanto caminham do hotel para o mar, é de tirar o fôlego, e ambos ficam impressionados pelo tom verde-esmeralda das águas. Começam a rotina de caminhadas e explorações pela ilha.

E pensar que alguns dias atrás estavam em Lucerna, a porta de entrada da Suíça. Nenhum dos dois jamais visitara aquela cidade e puderam atestar que é onde se encontram os atributos geográficos e arquitetônicos do País. A cidade não é movida pelo turismo, mas recebe alguns estrangeiros, por isso fora escolhida por Carla.

Gerald e Hosana conheceram a cidade a pé. Em Lucerna, encontraram pontes cobertas, fontes e construções decoradas com pinturas, além de uma natureza exuberante.

Depois optaram por fazer um tour pelo Lago Lucerna. Hosana lembrou-se do passeio de cinquenta minutos até Vitznau e Weggis. Depois subiram o Monte Pilatus por teleférico. Ela não quis a viagem de trem. A inclinação a apavorava.

Ainda está envolta em suas doces lembranças, quando o céu toma cor cinza e tudo escurece. O vento enfurece-se de uma hora para outra.

Com a escuridão da noite iluminada, transformando-se no cinza da madrugada, Hosana abraça mais apertado os ombros de Gerald. Eles fazem amor até quase uma hora da manhã e ele dorme cansado e feliz.

— Por que você é tão exigente? — Hosana se castiga mentalmente. Sua respiração fica mais célere, fazendo por muito tempo sentir-se incomodada com a cama. Ela sai, rastejando como uma gata. Não quer acordá-lo do sono tranquilo.

— Qualquer local deve ser melhor do que esta cama. Aqui não consigo pensar. — Quase liga o ar-condicionado, mas tem medo de o barulho acordar Gerald.

Hosana volta os olhos para o corpo nu de Gerald. Aturdida por sua sensualidade crua e escancarada, ela se detém e solta suspiro baixinho de admiração. Talvez a sorte deles enfim mude. Ela bem que precisa de alguma coisa para se alegrar. Volta a se enfurecer consigo mesma e pensa como estão sendo maravilhosas aquelas férias que não são férias.

Observa Gerald de novo e percebe o homem notável, alto, vigoroso, eloquente, engraçado, cheio de energia e entusiasmo e encantador, que ele sempre foi. Afasta as dúvidas que acicatam sua mente. Sairão com certeza daquela confusão. Tudo se esclarecerá, até a ingenuidade dele no processo da compra do hotel em Saint Barth.

Com a inteligência de Gerald, será possível reconstruir aquela história que, ao mesmo tempo, pode ser dramática, divertida e psicologicamente verdadeira. Com o equipamento mental dele, serão esmiuçados os problemas e se farão os acertos necessários para levá-lo ao caminho correto. Isso será o auge de seu desempenho. Ela sorri feliz e tem certeza de sua ação naquela hora. Gerald precisa descansar a mente, para vir à tona as melhores junções entre conversas, fatos e pessoas.

Essas ferramentas nem sempre são eficazes. São mais velhas que as pirâmides, Stonehenge, ou as mais antigas pinturas em cavernas. Basta ela doar a Gerald o que ele mais deseja — a sua maçã do amor — o apelido carinhoso dado ao seu sexo, e o intelecto brilhante trabalhará com afinco e eficácia.

Levanta-se da cadeira e fica em pé diante do parapeito, sob o arco da janela. Encara o pequeno vilarejo, já cansada daquela paisagem bucólica. A melancolia toma conta de seu ser.

Durante alguns segundos permite-se retornar à memória aquele interrogatório interior. A passividade de Gerald a enerva, sua raiva reprimida parece eclodir. Precisa manter a sanidade mental para ajudá-lo. O olhar vazio de Hosana perde-se no horizonte.

— Obrigado por sua paciência e coragem — dizia ele, de modo corriqueiro. Ela já não suporta mais tanta exigência sem nada em troca. Nada fez e agora vive aquele pesadelo sem perspectiva de término.

Liga para Carla e suplica que a tire daquele lugar. Já está cansada de Holbox. Gerald não sabe o que fazer. Sua inteligência sempre tão aguçada agora esbate nas brumas da passividade.

— Hosana, você não deve me ligar e nem ficar pedindo para sair de um lugar para outro. Eles possivelmente estão me vigiando. Vou lhes enviar um modo de locomoção. — Carla, como sempre, bate o telefone, naquele seu modo brusco de ser.

***

Hosana entra, livro na mão, sorriso a bailar nos lábios, e o encontra no lugar de sempre.

— Poesias? – pergunta, espantado.

Esboçando leve sacudir de ombros, ela responde:

— Tento ler. Não foi isso que me sugeriu?

Seria um dia normal, de tréguas. Não uma trégua de discussões, porque nos últimos meses juntos não houve brigas. Talvez fosse mais um assentimento silencioso do que uma trégua naquele fim de semana. Gerald não pedirá mais que ela não o deixe, para não ficar deprimido.

— Acabo de saber que preciso voltar. Acha que será possível vir comigo?

Hosana, mergulhada em suas indecisões interiores, é pega de surpresa.

— Voltar? Como assim voltar? Por favor, explique-me o que está acontecendo.

Acho que não poderei. Quero dizer ...— Vou me entregar, Hosana. Assim, acabamos com esta vida de fugitivos que não tem nos levado a nada.

Imersa em suas memórias e sonhos, Hosana não atina para a dificuldade de comunicação com Gerald. Ele, por sua vez, ainda tenta salvar aquele relacionamento. Tanto amor tinha um pelo outro, pensava Gerald, mas a vida se tornou morna. Ambos se encolheram em seus cantos favoritos. O silêncio ficou mais alto.

Naquela tarde, Gerald, pensativo, passeia pela praia. Como objetivar seu plano, salvando Hosana daquela confusão? É sua prioridade. Jamais teve intenção de envolvê-la. Quer dar descanso à mente febril. Olha o mar azul, sem ver.

Onze anos antes, ele entrava numa prisão, por porte de cocaína, cuja quantidade daria para vender a milhares de pessoas. Anna Zanata o conhecia e chamou o pai dele, empresário de respeito na área das Joias Visage, marca famosa internacionalmente. Apanhou muito dos policiais federais e ficou bem machucado. O pai passou-lhe um sermão e contratou advogado para tirá-lo da prisão. Anna foi uma peça fundamental naquela época, negociando propina para os policiais.

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