12. LIBERTADORES
EU NÃO FALO E NEM VEJO O GABRIEL DESDE TERÇA QUANDO A GENTE TRANSOU. Ele me levou à farmácia e me deixou no barzinho logo em seguida para eu pegar meu carro e ir para casa. Não trocamos telefone e nem mandamos mensagem pelo Instagram. Simplesmente fingimos que não houve sexo entre a gente e seguimos nossas vidas.
E eu estou seguindo a minha vida.
Claro que estou. Não é um jogador do Flamengo com ego nas alturas que vai confundir minha cabeça. Eu me recuso a aceitar isso. Eu disse que era só sexo. E é só sexo. Gabriel me entendeu e, por incrível que pareça, me respeitou. E também está seguindo a vida dele. Afinal ele deve estar acostumado com situações como essa. Pegar uma mulher aleatória e fingir que nada aconteceu depois. Somos adultos e temos maturidade para lidar com isso.
Vida que segue.
E a minha está seguindo maravilhosamente bem. Meu Instagram está bombando. Estou com quase 600 mil seguidores. Meus vídeos cantando estão repercutindo e muitos famosos estão comentando e compartilhando. Acho... só acho mesmo, que meu momento de fama está chegando. Será que ao caminhar na rua, as pessoas irão me conhecer?
Acho que estou sonhando demais. Porque, com fama ou não, eu ainda preciso me bancar e trabalhar feito uma condenada para pagar meu mar de dívidas.
Trabalhei todos os dias da semana, sendo obrigada a cuidar da minha voz toda madrugada ou eu não aguentaria seguir o mês. E ontem, sexta-feira, aconteceu algo bizarro pra caralho.
Comecei a sentir cólica e pensei que estava no meu período menstrual porque eu estava sangrando. Mas ao olhar no meu calendário no Flo, vi que ainda faltavam duas semanas para descer.
Achei estranho e já comecei a me preocupar.
Quando fui tomar banho, aconteceu algo pior ainda, senti alguma coisa deslizando pelo meio das minhas pernas e quando peguei no chão, entrei em choque em ver que era o meu DIU.
Meu corpo expulsou o DIU.
Porra, nem sabia que isso era possível.
Coloquei há pouco menos de dois meses e eu pensei que meu corpo tinha aceitado. Tive que marcar uma consulta com minha ginecologista e hoje, sábado, estou voltando para São Paulo para duas coisas em específico.
Primeira para passar com minha doutora e segundo para votar. Amanhã é dia 30 de outubro, o dia do segundo turno das eleições. Como eu não moro no Rio de Janeiro definitivamente, preciso voltar para minha cidade natal e fazer minha parte como cidadã desse país.
— Lu! — exclama uma mulher vindo até mim na calçada do aeroporto. — Senti tanto sua falta.
Abraço minha cunhada e me aconchego em seu carinho. Sarah está cheirosa e seu cabelo ondulado está úmido ainda.
— Também senti sua falta, Sarinha — digo com sinceridade e um sorriso no rosto. Arrastando minha mala até o porta-malas de seu carro e colocando lá. — Cadê o Gustavo?
— CT — ela informa, sentando no banco do motorista ao meu lado. — Mas ele vai pra casa na hora do jogo.
— Hoje é a final da Libertadores, né?
— Sim — Sarah me lança um sorrisinho malicioso antes de ligar o contato e dar partida. — Jogo do amor da sua vida contra os paranaenses.
— Para — peço, mas não consigo conter a risada. — Ele 'tá longe de ser o amor da minha vida.
— Não precisa mentir para mim, Lu. Não vou ficar no seu pé, sendo hipócrita em dizer com quem você deve ou não namorar.
— Mas eu realmente não estou e nem pretendo namorar com o Gabriel.
— Gabriel, hein? — Sarah sorri de novo. — Agora o chama assim? Parece que estão íntimos.
— Ele prefere que eu o chame de Gabriel do que Gabigol.
— Prefere? Para um caso de uma noite só, as preferências dele estão tendo importância para você agora?
Me calo, sem saber como responder e Sarah já começa a entender.
— Não foi um caso de uma noite só, né?
— Claro que foi — minto descaradamente. — Eu disse que não ficaria com ele de novo e não fiquei.
— Você está tentando me enganar? Ou enganar a si mesma?
— Não estou tentando enganar ninguém. É só que... tem coisas que eu preferia esquecer.
— Sua noite maravilhosa com ele? — Sarah ri, diminuindo a velocidade do carro ao passar por um obstáculo. — Me conta outra, Lu.
— É sério. Gabriel é marrento demais. Não faz meu tipo. Você sabe disso. E, aliás, eu estou investindo na minha carreira. Trabalhei a semana toda.
— E você não o viu nenhum desses dias no Rio?
— Por que? — ela sabe. Claro que sabe. Sarah é esperta demais para não ver a verdade estampada na minha cara. — Como você sabe?
— Eu vi um story dele. E olha que eu nem o sigo.
— Que story? — meu coração está batendo muito rápido de nervoso.
— Ele postou um vídeo seu no barzinho, cantando. Marcou você. Veiga mostrou pro Gustavo e seu irmão ficou bem puto, mas eu soube acalmar a fera.
— Mas não teve nada demais naquele story. Ele só estava, coincidentemente, no mesmo lugar do que eu. Ele gravou pra divulgar, só isso.
— Só isso, Luanna? — Sarah para no sinal vermelho e olha para mim com suspeita. — Não teve nada... demais?
— 'Tá bom — eu não vou conseguir mentir mesmo. — A gente ficou de novo.
— Então é o começo de um relacionamento?
— Não — respondo de imediato. — Foi a última vez, não vai acontecer de novo.
— Você disse isso da primeira vez e olha só, aconteceu de novo.
— Mas, olha — ergo uma mão e começo a contar os dias nos dedos —, já faz exatamente quatro dias que eu não o vejo e nem tenho qualquer tipo de contato com ele mesmo morando no Rio. É uma evolução eu diria, não?
— Eu diria que ele está focado pro jogo de hoje e quando a adrenalina passar ele vai te procurar. E vai acontecer tudo — ela enfatiza as próximas palavras como se estivesse as enterrando em meu peito — de novo.
— Eu não vou deixar isso acontecer.
— Será?
— Sim, Sarah — respondo com firmeza. — Foi um completo erro.
— Então por que você ficou com ele de novo? A primeira vez não foi um erro?
Me calo de novo sem saber o que dizer, o que faz minha cunhada continuar.
— Ai que está a questão, Lu — ela dá seta e faz uma curva onde agora o sol não está mais batendo na minha cara. — Se toda vez que você vir o Gabigol, você ceder a ele, vão acabar gerando uma relação. E pelo que sei, não é isso que você quer. Não é?
Eu hesito para abrir a boca e Sarah já entende meu pensamento antes mesmo de eu dizer.
— É o que você quer — ela quase grita. — Não acredito que você quer mesmo namorar com o Gabigol.
— Eu não quero namorar com ele, Sarah — digo, mas minhas palavras nem parecem convincentes. Por isso, sou obrigada a me manter firme ou eu não teria credibilidade. — Mas gosto da ideia de transar com ele sem compromisso. Sou livre e ele também, a gente só se encontra pra fazer o que quer e acabou.
— Sabe como isso termina?
— Hum?
— Com filho pra criar.
Reviro os olhos com força.
— Qual é a neura de vocês com filho? Falam como se não existissem diversos métodos contraceptivos para evitar uma gravidez. Só tem filho quem quer, porra.
— E você quer?
— Claro que não — respondo com sinceridade. Minha voz também está elevada agora. — Um filho vai destruir a minha vida e a minha carreira que eu nem comecei a desenvolver direito. Então, não, sem chance que eu vou ter um filho.
— Falou com tanta convicção que eu vou até acreditar. — Sarah ri de mim e sou obrigada a rir também para aliviar a tensão.
— É, sério, Sarinha. Sou capaz de qualquer coisa pra não ter um bebê.
— Não fale assim — ela me repreende. — Filhos são dádivas do Senhor.
A mão livre de Sarah, a que não está no volante, está sobre sua própria barriga. Acariciando a casinha de meu sobrinho. Sinto uma pontada no peito por estar falando de filho dessa forma como se minha cunhada não estivesse esperando por um.
— Não tenho dúvidas disso — digo com a voz mais mansa. — Mas para aqueles que realmente desejam que nem você e meu irmão. Para mim vai ser completamente loucura. Primeiro que eu seria mãe solteira, Gabriel nunca que vai me assumir. Já viu a vida que ele leva?
— É, pensando por esse lado — ela dá seta para entrar numa rua e eu rapidamente a impeço.
— Vire à esquerda. Preciso passar no ginecologista primeiro.
— Consulta rotineira ou aconteceu alguma coisa?
— Como assim não pode mais usar DIU? — Sarah pergunta assim que entramos em seu apartamento, deixando as bolsas em cima do balcão, minha mala num canto e seguindo até a sala. — Isso não faz sentido.
— A doutora me disse que se meu corpo expulsou o DIU uma vez, ele pode fazer isso de novo. Sugeriu que eu trocasse o método contraceptivo, me passou até o nome da pílula.
— Eu nunca vi isso antes. Eu usava DIU e sempre funcionou comigo.
— Ela me disse que meu caso é de Nuliparidade, que é pacientes que não têm filhos, e que estou propícia a ter o DIU expulso uma segunda vez. Só isso. Acho que vou ter que tomar anticoncepcional de novo mesmo. Ou injeção. Sei lá. Vou dar um jeito.
— Que coisa louca — Sarah se joga no sofá e ergue a camisa para deixar "a barriga respirar" como ela gosta de dizer. Está redondinha e inchada, mas não grande para que seja perceptível. Dependendo da roupa, sim. — Já pensou em trocar de gineco?
— Eu gosto da minha doutora.
— Mas pode ter sido um erro dela e ela não quis te dizer. Há quanto tempo você usa o DIU? Usava, no caso.
— Coloquei faz pouco mais de um mês.
— Deve ser isso então. Ela posicionou errado dentro de você. 'Cê me disse que sangrou, né?
— É — respondo, respirando fundo ao aconchegar minha cabeça no sofá. — Ontem eu senti cólica e tive sangramento, até pensei que era minha menstruação adiantada. Mas a minha doutora já me tranquilizou referente a isso. O sangue é normal quando o corpo está expulsando o "corpo estranho" dentro do útero — informo fazendo aspas com os dedos.
— Eu não 'tô achando isso nada normal. Melhor você ir em outra ginecologista só por precaução.
— Me passa o nome da sua, ela atende convênio?
— Só alguns, qual é o seu?
— Amil, mas se não atender, eu pago particular mesmo. Sem problemas.
— Ok, vou mandar uma mensagem a ela — Sarah pega o celular da cintura e começa a digitar uma mensagem.
Nesse momento, a porta do apartamento se abre e ele aparece. Ninguém mais e ninguém menos que o meu amado irmão, Gustavo Scarpa. Usando o uniforme do time e uma caixa de donuts na mão.
— Ai, amor! — Sarah abre um sorriso feliz. — Você leu a minha mente?
— Você 'tava com desejo ontem — ele traz a caixa e a coloca no colo de sua esposa —, não pode deixar uma grávida com vontade. Já pensou meu filho nasce com cara de donut?
Meu irmão se senta entre Sarah e eu e ao se virar para mim, ele leva sua mão suja ao meu cabelo muito bem limpo e cuidado e o esfrega até que esteja totalmente bagunçado.
— Porra, Gustavo! — bufo me afastando. — Dá pra parar.
Ele para, rachando o bico.
— Como 'cê 'tá, coisa feia?
— Péssima — minto, ajeitando meu cabelo que ele fez o favor de bagunçar. — Se tivesse trazido comida para mim, eu estaria bem feliz.
— Toma! — ele pega um dos doces da caixa e me estende. — Não passe vontade. Mas a pizza 'tá chegando daqui a pouco junto com meu grande amigo Raphael Veiga.
— Ah não! — paro de mastigar assim que escuto o nome do Veiga. Só podem estar brincando comigo. — Você não 'tava com ele até agora?
— Mais ou menos. O treino dele é separado por causa da lesão, esqueceu?
— Ai, por favor, não faz ele vir — imploro quase me jogando de joelhos no chão.
Gustavo e Sarah começam a rir de mim até minha cunhada bater no braço de meu irmão e ele soltar o verbo:
— 'Tô brincando — nem posso dizer o alívio que foi ouvir aquelas palavras. Solto um suspiro e até volto a saborear o donut azul com granulado colorido na minha mão. — Ele vai assistir o jogo com os pais hoje.
— Graças a Deus! — exclamo realmente aliviada. — Se ele estivesse aqui, eu ia achar que vocês o adotaram.
— Não duvido que Gustavo vá fazer isso uma hora ou outra — diz Sarah com a boca cheia.
— Não sou nem doido — diz meu irmão pegando o controle da televisão de cima da mesinha de centro. — Visita boa é aquela que sabe a hora de ir embora.
— Concordo — digo.
— Mas — meu irmão decide mudar o assunto —, hoje, vamos assistir o namorado da Luanna perder feio.
Meu irmão coloca no canal do jogo.
— Qual foi? Você não 'tá torcendo pro Flamengo? — pergunto surpresa. — Pensei que estivesse.
— Ficou maluca? — meu irmão arregala os olhos com uma careta. — Eles são rivais.
— Os dois times são, né?
— Mas se o Flamengo ganhar, vai ser tri que nem a gente. Então, nem fodendo, que vou torcer pra eles. Quero que seu amado tome bem no cu hoje. Uma goleada mesmo. Qual placar você chuta, amor? — ele vira na direção de Sarah que está comendo para seu terceiro donut. Ela realmente estava com desejo. Eu comi só um e já quero parar. É tão doce que dói a cabeça.
— 3x0 pro Athletico.
— Ótimo, vamos fazer um bolão. 50 conto. Quem ganhar leva tudo. Eu chuto 3x1. Athletico, óbvio — ele acrescenta com um sorrisinho. — Você, Lu?
Dou um sorrisinho. Porque eu claramente vou ser a única a torcer para o time rival. Não tenho qualquer tipo de afeição pelo Athletico. E bom, Gabriel é do Flamengo. Vou torcer por ele por mais que eu não deva.
— 1x0 — digo.
— Beleza — meu irmão anota no bloco de notas do celular.
O problema é que eu não terminei de falar:
— Pro Flamengo — acrescento, fazendo os dois me encarem chocados demais.
— 'Tá doidona? — meu irmão pergunta com as sobrancelhas arqueadas. — Nem a pau que você vai torcer pro Flamengo só por causa do Gabigol.
— Vou torcer, sim — digo com um sorrisinho, fazendo Sarah rir com a mão na boca para não cuspir donut pra todo lado. — E ele vai fazer o gol da vitória. Anota e assiste.
— Você — ele aponta para mim com cara de raiva — é uma desgraçada. O que ele fez com a sua cabeça? Não me fala que vocês estão mesmo juntos.
— Eu ainda não 'tô louca, Gustavo — reviro os olhos, me obrigando a não sorrir ou acabaria me denunciando, e longe de mim fazer isso. — Não tenho nada com ele. Nada mesmo. Só vou torcer pro Flamengo porque tenho noção da força dos caras.
— O Athletico 'tá melhor que eles, pô. Vai torcer pro Flamengo porque o Lil Gabi mexeu com sua cabeça. 'Cê 'tá enfeitiçada.
— Êhh — faço uma careta. — 'Cê 'tá lendo muita fantasia, viu? Não estamos em Hogwarts. Sossega.
— Ai — meu irmão aumenta o volume da tv enquanto leva uma mão ao peito. — Minha irmãzinha está contaminada.
— Eu ainda sou palmeirense.
— Sua única qualidade, Luanna.
— Cala boca vocês dois — ordena Sarah e nós dois obedecemos na mesma hora. — O jogo já vai começar.
E quando os times entram em campo, eu só consigo olhar para ele. Tento não fazer isso. Digo a mim mesma que estou sendo emocionada em sequer admirá-lo, afinal ele 'tá com aquele maldito cabelo solto e eu sou apaixonada por isso, e me obrigo a não pensar sobre. Gabriel não me procurou depois de terça porque o combinado foi ser apenas sexo.
Foi só sexo. E acabou.
Então não é errado assisti-lo da forma que estou assistindo, é?
Ele é uma figura pública. Tenho todo o direito de observá-lo.
Mas não de desejá-lo. Porque, porra... eu estou desejando-o demais.
Nunca havia reparado no modo como ele é no campo. Eu nunca nem assisti um jogo do Flamengo torcendo para eles, essa é a primeira vez. Todos os jogos que eu vi foram contra o Palmeiras, e eu, claro, torci para o meu Verdão.
E hoje, podendo reparar de verdade, estou ainda mais admirada por esse filho da puta. Ele joga muito, que ódio. E tem uma mania irritante, mas que evidencia as tatuagens e isso me rouba um sorrisinho, de erguer aquele shorts e mostrar as coxas desenhadas.
— O Athletico 'tá jogando melhor — avisa Gustavo quando o primeiro tempo está acabando, colocando a pizza em cima da mesinha e pegando um pedaço para Sarah. — O primeiro gol vai sair logo logo.
Mas o inesperado acontece. Um jogador do Athletico é expulso e isso desestabiliza totalmente o time, o que deixa o Flamengo mais forte. Vejo quando a torcida começa a provocar o Gabigol e eu não consigo deixar de comentar:
— 'Tá provocando, vai tomar.
Mordo outro pedaço da pizza de queijo e meu irmão bufa irritado:
— Vira essa boca pra lá, porra.
E em questão de segundos, já nos acréscimos, bem no finalzinho, Gabigol está posicionado perfeitamente dentro da área e quando a bola chega nele, ele mira exatamente no gol e faz um puta golaço.
Dou uma risada alta demais para quem nem devia estar torcendo por eles e fico com os olhos fixos no desgraçado quando ele corre até a câmera e começa a comemorar, batendo no peito e fazendo a pose de fortão, clássica do Gabigol.
Ele está muito gostoso. Puta que pariu. Eu faria de tudo pra beijar essa boca de novo só por causa desse gol, que ódio! Que ódio de mim e que ódio desse filho da puta lindo e gostoso! Se eu pudesse e estivesse lá agora, eu correria até ele e o beijaria, sem nem me importar com as câmeras ou minha reputação. Só me preocuparia em estar no braços dele e todo o resto que se foda.
— Mano, a Luanna é zikada demais, não é possível — meu irmão se levanta e fica no quarto até começar o segundo tempo, irritadinho.
Rio de sua reação, principalmente por se conformar com a vitória do Flamengo mesmo tendo mais 45 minutos de jogo.
O segundo tempo dá mais Flamengo do que Athletico e até penso que eles vão fazer mais um, mas fica por isso mesmo. Quando o jogo finalmente se encerra, com o placar de 1x0, Gustavo está com a cabeça no ombro de sua esposa, uma mão sobre a barriga dela e a cara de cu por eu ter ganhado o bolão.
— Quero o pix na minha conta — aviso com um sorrisinho, virando o resto de Coca-Cola na garganta.
— Eu devia te dar um soco — meu irmão tenta se levantar, mas Sarah o mantém em seu ombro.
— Fica aqui, amor — ela pede com a voz mansa, deixando meu irmão calminho na dele. — Flamengo ganhando ou perdendo, não daria o título pro Palmeiras. De qualquer jeito, iriamos lamentar.
— Seria lindo se o Palmeiras ganhasse o terceiro ano seguido.
— A semifinal foi roubada pra caralho — bufa Gustavo ainda nervoso, mas não tanto quanto no começo. — Era pra gente estar na final.
— Bom — me coloco em pé —, só sei que eu ganhei o bolão e vou estar com mais cem reais na minha conta até o fim do dia.
Fico na casa do meu irmão até depois da entrega da taça e de assistir mais um filme só para apaziguar o ambiente, e volto, quando já está de madrugada, para meu apartamento com a imagem do Gabriel fresca na minha mente. Estou sorrindo feito uma idiota apaixonada ao deitar em minha cama e pegar meu celular, pensando no quanto ele ficou bonito com o ar vitorioso de ganhar uma Libertadores.
Rapidamente desfaço o sorriso e dou uns tapinhas na minha cabeça para voltar a realidade.
Porra, seria mais fácil superar esse desgraçado se ele fosse feio e menos arrogante. Parece que sua arrogância em especial me excita. Eu só posso ter uns parafusos a menos.
Volto a atenção ao meu celular, com o objetivo de esquecer Flamengo e, consequentemente, Gabigol, quando vejo a notificação de mensagem do Instagram e levo um susto de imediato.
Ou a vida gosta de me pregar peças malucas.
Ou a Lei da Atração é realmente real.
Porque a mensagem não é de nada mais e nada menos que dele.
Isso mesmo.
Gabriel Barbosa.
LUANNA EU PRECISO TE VER
me passa seu número
Não sei exatamente como reagir a essa mensagem e nem se devo responder. Mas algo dentro de mim, algo impuro e safado demais, digita o número do meu WhatsApp e aguarda uma resposta.
Pois a carne é fraca, minha gente, e eu também quero ver esse desgraçado.
É nesse papo de carne fraca que as coisas dão errado. Mas não vou julgar, sou eu que estou escrevendo o caos então kkkk
Gente, nessa fanfic o Scarpa não vai sair do Palmeiras. Eu me recuso a escrever uma história que ele não jogue no meu time. Sei que ele vai jogar bem em qualquer time e desejo tudo de melhor. Mas na minha fanfic, ele faz o que eu quero.
'Tô pensando se comento sobre algo do tipo e dou um motivo para ele ficar ou finjo que isso nem existe.
E o capítulo anterior que vcs comentaram sobre gravidez, vou me abster de comentários no momento. Estou postando coisas sobre isso no insta. Beijos, amanhã talvez sai dois capítulos.