𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

4 - O que aconteceu?

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By aPandora02

"Te atingiria como veneno

Se você soubesse o que eu sei

Você ficaria com raiva também"

(Angry Too – Lola Blanc)

Sua mente fritava com o que quer que Stark tenha dito ou mostrado sobre ela a Steve, mas não conseguia evitar de se manter atenta e na defensiva com relação a todo mundo agora. Naquele momento, até mesmo naquela sala de vidro que agora estavam apenas ela, Sharon, Sam e Rogers após a saída de Stark, todo mundo era uma possível ameaça e ela iria revidar. O Capitão não demonstrou mais nenhum sinal que pudesse denunciá-lo ou que a fizesse ter uma pista do que esperar do futuro, como um conflito ou uma discussão, mas não conseguiu encontrar nada e aquilo era frustrante.

Sharon ligou o som da tv pendurada no canto da sala para que pudessem ouvir o questionário que faziam a James em algum lugar daquele prédio que a cada segundo parecia se fechar ao seu redor, dando uma sensação de sufoco. Daiana queria ir embora e levar James consigo, de preferência. Gostem os outros, ou não.

Com os punhos contra a mesa, Daiana ainda encarava a imagem impressa do rosto de James que fora divulgado pela imprensa como o suspeito do ataque terrorista. Era o seu rosto alí, mas algo simplesmente não se encaixava.

"— Não fui eu"

"— Eu não estava em Vienna."

Continuava repetindo aquelas frases das quais foram ditas com aparente sinceridade, por mais que fosse difícil acreditar com as provas de uma mentira bem diante de seus olhos. Sentindo uma pontada em sua cabeça com tanto estresse, negou levemente.

— Por que a força tarefa divulgaria essa foto? — Não ergueu o olhar, mas sabia que os dos demais estavam sobre ela.

— Para divulgar, envolver o máximo de testemunhas — Sharon respondeu o que achou ser o motivo mais óbvio.

— Certo... — Mas Daiana não estava convencida. — Boa forma de tirar alguém do esconderijo. Foi bem inteligente, eu confesso, mas longe de ser perfeito se queria enganar a nós — agora os outros prestavam mais atenção, tentando acompanhar o raciocínio dela. — Detonar uma bomba — ela bufou com desdém pelo nariz. — Acham mesmo que se realmente fosse o Barnes, ele teria deixado tirarem uma foto bem visível dele? Justo ele? O homem que esteve sendo procurado por décadas porque nunca deixou rastro algum... sete bilhões de pessoas procurando o Soldado Invernal — ergueu a cabeça, mas fitava a parede de vidro em sua frente sem um ponto fixo.

Um pequeno momento de silencio com as palavras se assentando para eles e ela lhes permitiu ter este momento sem mais interferir.

— Acha que alguém o incriminou para encontrá-lo? — Rogers franziu o cenho e Dai sorriu pequeno, satisfeita pelo amigo a estar acompanhando.

— Para mim, parece ser o mais óbvio comparado a tudo o que passamos nos últimos meses — ela endireitou sua postura.

— Procuramos o cara por dois anos e nada — Sam acrescentou entrelaçando as mãos sobre a mesa, passando a acreditar na teoria da ex-faxineira.

— Só que nós não explodimos a ONU, isso chama muita atenção — o loiro o respondeu.

Quem quer que o estivesse procurando, deixara claro que estava disposto a qualquer risco para encontrar James, e isso fez com que a determinação de se tornar um grande obstáculo no caminho deste sujeito, aumentasse em Daiana. Era a confirmação de que estavam prestes a se envolverem com alguém possivelmente poderoso, o que significava perigo.

— É, só que isso não garante que quem o incriminou chegaria até ele, mas que nós sim — então os olhos de Sharon se voltaram para a tela que transmitia a imagem da câmera de segurança de onde mantinham James preso e o silencio se apossou do ambiente com diversas teorias se formando.

Mas naquele exato momento, antes que alguém pudesse acrescentar algo à fala da loira, toda a energia elétrica do prédio foi cortada, deixando-os em um breu inquietante.

Perigo, a mente dela gritava.

Sabiam que algo de ruim estava prestes a acontecer e que James seria afetado no processo. Sam, que era o único sentado, saltou da cadeira e todas as atenções se focaram em Sharon que imediatamente entendeu o que esperavam.

— Sub-nível 5, ala leste — informou e o trio não tardou em sair correndo daquela sala de vigia para o local indicado que não deveriam ter deixado que o levassem.

Assim que as luzes se apagaram, Bucky soube que algo estava errado e temeu pelo pior, pois acreditava que cortar a energia não fazia parte dos planos deles para interrogá-lo.

— O que está acontecendo? — Lentamente perguntou ao seu interrogador, e quem não havia gostado desde o segundo em que pôs os pés dentro daquela sala.

— Por que não falamos sobre a sua casa? — O de óculos ignorou sua pergunta. — Não na Romênia e certamente não a casa no Brooklyn. Uma que você conheceu há muito tempo.

James detestou como o fez lembrar do que gostaria de esquecer ou apenas deixar no passado, mas o sujeito parecia ter outros planos para ele. Então, de dentro da bolsa puxou lentamente um pequeno caderninho de capa vermelha envelhecida e uma única estrela preta no centro.

Seu corpo paralisou para que o sangue fervesse imediatamente.

Não, não, não. De novo, não. Por favor.

Implorava em pensamento, sentindo o pavor o dominar e inutilmente tentou livrar-se das barras de metal grosso que envolviam seus braços e o prendiam na cadeira.

A ausência das luzes era compensada pela vermelha de emergência, tornando a baixa luminosidade desconfortável aos olhos, mas era um detalhe insignificante para o trio quando desceram até a ala indicada por Sharon e logo no começo encontraram corpos caídos pelo corredor. Não tinham tempo para verificarem os sinais vitais, mas foi um aviso para que se tornassem ainda mais alertas e preparados para qualquer surpresa.

Completamente desarmados, Steve fazia a frente entrando com cautela em uma sala repleta de corpos homens e mulheres caídos. Uma contagem rápida e talvez fossem onze ou doze. Nenhum se movia. Sam vinha logo atrás do Capitão e Daiana fora deixada por último, não que ela fosse reclamar. Se preocupava com Bucky, mas era realista e reconhecia o perigo, tal como sua força inferior comparada as dos outros dois.

— Me ajude — uma voz falhada que logo afrente cortou o silencio ensurdecedor. — Socorro.

Reconhecendo o homem que momentos antes estava sozinho na sala com Bucky, lhe fazendo perguntas e de quem eles já desconfiavam, Steve avançou em passos duros em sua direção agarrando-o pela gola da camisa e o prendendo contra a parede.

— Quem é você?

Enquanto o interrogava, Daiana observou que a jaula onde enfiaram Bucky estava com a porta jogada no chão e o vidro rachado. O interior vazio e as faixas grossas e pesadas de metal que uma vez envolveram seus braços, estavam destroçados como se tivessem sido arrancadas com uma força e brutalidade anormal. Não era difícil imaginar quem fora capaz de fazer aquilo.

— O que quer? — Continuava a perguntar.

O interrogador fixou os olhos nos sérios de Steve, acabando com o teatro dramático de vítima ao perceber que era inútil e não surtiria efeito neles, para então com sua maior tranquilidade, responder em uma frase o que confirmou todas as suspeitas que formaram anteriormente:

— Ver a queda de um império.

Sam, que se afastara um pouco para verificar a área, provou ter ótimos reflexos ao atravessar uma porta e ser surpreendido pelo soco mortal do punho de metal que atingiu e destruiu parte da parede de concreto atrás dele por ter sido rápido o suficiente em desviar. Porém, não o suficiente para fugir do segundo que lhe atingiu em cheio o estômago, para em seguida ser arremessado ao outro lado da sala como se não pesasse nada.

Steve rapidamente soltou o suspeito e dedicou sua atenção a tentar parar Bucky que claramente não era mais o mesmo que eles viram no apartamento degradante, na rodovia e poucos minutos antes de o levarem, e sim o Soldado Invernal. Sentindo seu sangue ferver por vê-lo novamente naquele estado, Daiana assumiu a anterior posição de Steve, afundando os dedos no tecido da camisa do outro antes que ele tivesse a chance de aproveitar da distração para fugir.

— O que você fez? — Perguntou lenta e furiosamente num sussurro com o rosto muito próximo ao dele. — O que você fez? — Repetiu logo em seguida, dessa vez em um grito angustiado.

Odiou a forma com que ele a olhou, como se ela fosse inferior. Odiou ainda mais o sorriso alinhado e convencido que esbanjava, querendo ela no momento quebrar todos aqueles dentes perfeitamente brancos.

— A HYDRA fez um belo trabalho com você, senhorita Daiana Stewart — o sotaque era forte e ela sentiu uma pontinha de ameaça tanto na fala, quanto na maneira com que a olhava, pronunciando seu nome com zombaria. — Se me permite dizer, parece até mais bonita.

— Não fale comigo como se me conhecesse — o pressionou com mais força contra a parede, agora levando o antebraço contra sua garganta.

Ele riu debochado apesar do desconforto.

— O tanto que eu li a seu respeito naqueles relatórios — o sangue de Daiana gelou — poderia dizer justamente o contrário. Agora eu entendo todo o seu envolvimento com o Sargento James Barnes — sorriu maldoso, os olhos ameaçadores. — Toda preocupadinha, disposta a fazer qualquer coisa para que ele fique seguro. É a sua forma de reconciliação consigo mesma, ou está querendo que ele substitua alguém? — Semicerrou os olhos insinuantes para Daiana que sentia o ar lhe fugir dos pulmões ao mesmo tempo que, em contraste, seu sangue fervia. — Como será que Barnes ficaria se ele descobrisse sobre a...

Sua fala foi cortada e completada por um resmungo de dor quando Daiana acertou-lhe um golpe em sua garganta, fazendo-o perder o ar. Outros dois socos foram direcionados a sua face e quando ele se curvou com dor, Daiana ergueu o joelho, golpeando seu estômago. O viu cair, mas não tardou um segundo em virar seu corpo para que ela pudesse sentar sobre sua barriga de forma que as pernas dobradas imobilizassem seus braços para que não pudesse reagir. Cega pelo ódio que a fazia enxergar apenas em vermelho após ter lhe trazido de volta o passado para a memória.

— Nunca mais — as mãos feridas e manchadas de vermelho, tanto pelo seu próprio sangue quanto pelo dele que tingia o rosto ferido, eram trêmulas mas firmes quando agarram novamente a gola da camisa para puxá-lo um pouco mais perto do rosto dela sem mais portar aquele ar debochado e convencido de antes —, nunca mais ouse mencionar o que aconteceu. Eu não te devo satisfação alguma, mas eu juro que vou te matar da próxima vez que mencionar esses nomes em tom de ameaça para mim de novo. E se o fizer, desse prédio inteiro eu serei a única com quem você desejará não ter esbarrado.

Ergueu o punho para acertar outro soco no homem, mas seu ombro foi agarrado e em um piscar de olhos ela estava sendo arremessada sem nenhuma dificuldade até o outro lado da sala, cuja parede lhe tirou o fôlego no impacto e fez dor se espalhar por suas costas antes de cair no chão. Resmungou um pouco tentando assimilar o que havia acontecido em segundos, apesar de saber bem. Ergueu a cabeça a tempo de ver Sam levantando-se um pouco cambaleante e correndo atrás do sujeito que ela antes despejava toda a sua raiva despertada e acumulada.

— Steve? — Ela conseguiu gritar ao se ver sozinha alí, apoiando-se na parede para que pudesse ficar em pé.

— Aqui em baixo — o ouviu responder.

Seguiu sua voz até o elevador, no fim do corredor, que tinha as portas amassadas e espiou pelo vão entre elas, vendo-o escalar pelos grossos cabos.

— Perdi o James, Sam foi atrás do outro — informou.

— Vai atrás deles — mandou imediatamente.

— De quem? — Olhou em volta não vendo ninguém além de corpos que ela sequer sabia se ainda respiravam.

— De qualquer um, Daiana. Estamos perdendo tempo — continuava a escalar, mas seu corpo doía, o que o tornava um pouco mais lento.

Sem responder nada mais, a mulher lhe deu as costas e seguiu pelo mesmo caminho de Sam, seguindo a sua intuição. Do lado de fora as pessoas corriam assustadas por suas vidas, querendo manter a maior distância possível do prédio e do conflito. Daiana foi esbarrada algumas vezes, mas não podia culpá-los. Seus olhos imediatamente pararam em Sam que olhava ao redor, parecendo perdido.

— Perdemos eles? — Ofegante, ela se aproximou e Sam lhe mostrou o casaco que encontrou jogado no chão.

O interrogador havia trocado o seu disfarce para dificultar o trabalho deles.

— Que droga — o homem resmungou furioso.

***

Daiana estava nos puros nervos assim que soube que Bucky tentara roubar um helicóptero, Steve tentou impedir e isso resultou no helicóptero partido ao meio com os dois debaixo da água. Com dificuldades conseguiram fugir carregando um Bucky desacordado, por ter batido a cabeça na queda, até uma fábrica abandonada. Foi um trabalho difícil devido ao seu grande tamanho e peso, temendo que a qualquer instante ele despertasse e os atacasse.

A mulher andava de um lado para o outro roendo as unhas e Sam, que a observava de longe porque ficara encarregado de estar por perto quando Bucky acordasse, estava quase indo em sua direção para jogá-la no ombro e amarrá-la em uma cadeira antes que fizesse um buraco no chão. Steve, alheio aos dois, espiava pelas frestas das paredes e portas velhas e enferrujadas, os helicópteros que sobrevoavam ao redor em busca deles.

Não poderiam ficar alí por muito tempo.

Precisavam ter certeza de que Bucky não seria uma ameaça quando acordasse, então Sam deu a ideia de prenderem o braço de metal dele em uma antiga, enferrujada e abandonada máquina de ferro que parecia ter servido como uma compressa enquanto funcionava. Visto que o do braço de metal não demonstrava nenhuma reação há alguns longos minutos e o Wilson tinha algumas dúvidas o perturbando, afastou-se por um momento para se aproximar de Daiana.

— Ei — chamou fazendo-a notar sua presença e cessar os passos.

— Ei — respondeu parando de roer as unhas e escondendo as mãos nos braços cruzados.

— Então... — Por cima do ombro ele deu uma espiada em Steve. — Sobre o que aquele cara falou antes... — ele não sabia como iniciar o assunto.

Daiana obviamente sabia ao que ele se referia, não era boba. Porém, era muito boa em se fingir de uma quando não queria tocar em um assunto especifico, sendo este um deles.

— Do que está falando? — Piscou algumas vezes e soltou uma fraca risada nasalada.

— Eu estou falando de quando ele mencionou a HYDRA, Daiana — utilizou um tom mais sério, com um resquício de acusação. — O seu envolvimento com ela.

— Eu não tenho nada a ver com a HYDRA — manteve-se relaxada, forçando o seu corpo a isso para não transparecer o caos em seu interior.

— Se não tivesse, não teria reagido daquela forma.

— Que forma? — Agora era ela quem o olhava como se dissesse absurdos. — Exaltada, furiosa e preocupada porque ele transformou o James no Soldado Invernal de novo? Porque ele pôs vidas em perigo, inclusive a nossa?

— Sabe que não é sobre isso que eu estou falando.

— Eu não faço ideia do que você está falando, Samuel — apontou para ele com um semblante cansado. — Eu não faço ideia do que ele sabia ou achava que sabia sobre mim. Eu não lembro de absolutamente nada desde a porra daquele acidente, o que mais você precisa para acreditar em mim?

— Tudo bem aí? — Steve percebeu a agitação não muito distante dele.

Os dois o fitaram e trocaram um rápido olhar antes do homem o responder.

— Nada, não — recuou um passo para voltar à sua posição anterior, mas não sem antes manter em Daiana um olhar que dizia "isso não acabou". — Só conversando.

Para o alivio de todos, principalmente de Daiana, todas as atenções foram roubadas por um movimento pequeno vindo do homem que permanecia desacordado até pouco antes daquele momento. Desta forma, ela deixaria de ser o foco dos assuntos e dedicariam-se totalmente a ele. Apressaram-se preocupados para verificar se Bucky estava bem, mas se obrigando a manterem uma distância segura, prontos para reagirem a qualquer atitude violenta que ele pudesse vir a ter, mas que não o prejudicasse. Pensar e agir daquela forma, esperar aquilo de James era triste e revoltante.

Steve sentir-se-ia ainda mais furioso se soubesse um quarto do que Daiana sabia do que seu melhor amigo já havia passado, e que a cena que presenciavam e presenciaram não chegava nem perto de ser cruel se comparado aos de alguns anos atrás.

— Steve? — A voz rouca, fraca e arrastada enquanto exausto tentava ajeitar-se naquela posição desconfortável, partiu o coração dos dois, exceto de Sam.

— Com qual Bucky eu 'tô falando? — Odiava ter de perguntar aquilo.

Jamais imaginaria que ele e o velho amigo estariam naquela situação. Bucky retomou o fôlego, pensando por alguns instantes. Os olhos perdidos no chão enquanto falava em voz fraca:

— O nome da sua mãe era Sara — emoção tomou o loiro ao ouvi-lo dizer aquilo. — Você colocava jornais nos calçados — a lembrança o fez rir fracamente, pois sempre se divertia vendo o amigo, agora tão diferente de como costumava ser, comprar sapatos maiores para que coubessem os jornais dobrados que lhe dariam alguns centímetros a mais de altura.

O Steve em sua frente, apesar de muito mudado na aparência, ainda tinha o mesmo coração daquele que Bucky precisava sempre salvar das brigas com valentões em vielas.

— Não leria isso num museu — comentou Steve, satisfeito e certo de que seu amigo estava de volta.

— E do nada deveríamos ficar tranquilos? — Sam intercalou o olhar incrédulo entre os três.

Não era possível que ele fosse o único a não se sentir confortável naquele momento ou em qualquer outro que em que o próprio Soldado Invernal, o homem perigoso e mais procurado por anos, cujo o qual teve sua mente alterada e manipulada incontáveis vezes pela HYDRA, estivesse presente. Não confiava nele, definitivamente.

Bucky, ainda um pouco perdido, finalmente ergueu um pouco mais a cabeça podendo visualizar melhor o local aonde estava e as pessoas diante dele. Uma em especial lhe prendeu a atenção e ele se viu incapaz de desviar o olhar dela. Aquele gesto não passou despercebido por Sam, que antes já vinha desconfiando de Daiana. Nada tirava da cabeça do homem que ela escondia algo grave e importante que envolvia o melhor amigo do Capitão, e também envolvia a HYDRA.

— Você é Daiana — disse com um pequeno sorriso se formando nos lábios secos, aquecendo o coração aflito da mulher. — Eu lembro de você.

Sua confissão a fez perder o ar e as mãos se tornaram trêmulas. Os Deuses sabem o peso daquelas palavras para ela.

Mas do quanto? Do quanto você se lembra?

— Do que você lembra? — Ficou satisfeita por sua voz não ter falhado como as batidas de seu coração descompassado.

Bucky piscou lentamente algumas vezes, tentando organizar seus pensamentos perturbadores.

— O bastante, eu acho — ainda parecia incerto. — Você odeia saltos — comentou com um pequeno brilho no olhar. — Seus cabelos presos te dão dor de cabeça e adora cupcakes.

Por um segundo em muito tempo, ela sentiu alivio como se o peso do mundo tivesse sido subitamente arrancado de seus ombros e nada mais importasse além do homem em sua frente. Nem mesmo Sam e Steve com seus olhares igualmente desconfiados. Quase podia ouvir suas mentes trabalhando e as milhares de perguntas se formando. Perguntas essas que ela teria de ouvir mais tarde, mas que não pretendia responder.

Mas aquele ar um pouco mais leve se dissipou tão rápido quanto surgiu quando preocupação se estampo na face de Bucky, intercalando o olhar entre os três.

— O que eu fiz? — Havia medo em sua voz.

— O suficiente — Steve o respondeu após um longo suspiro cansado.

Ver a decepção, tristeza e culpa em James, era de partir o coração. Apesar das mãos estarem há décadas manchadas de sangue, ele nunca foi o autor das atrocidades. Nunca esteve no controle e jamais faria tal coisa por vontade própria ou por interesses pessoais. Diante deles estava um homem bom que teve sua alma cruelmente corrompida de maneira que jamais poderia ser reparada.

James Barnes era um homem quebrado.

— Eu sabia que iria acontecer — suspirou pesadamente, abaixando a cabeça envergonhado. — Tudo o que a HYDRA colocou dentro de mim ainda está aqui. Ele só precisava dizer aquela palavras — malditas palavras.

Malditas palavras que Daiana, de tanto horrivelmente ouvi-las serem pronunciadas sem que ninguém a notasse à espreita nas salas, decorara cada uma delas. Era torturante assisti-lo transformar-se drasticamente todas as vezes, e sempre que acontecia ela sabia que mais tarde teria que se esgueirar pelos corredores para apresentar-se outra vez, conquistando sua confiança perdida novamente.

— Quem era ele? — Steve fez a pergunta que os outros dois almejavam saber.

— Eu não sei — Bucky estava tão confuso e perdido quanto eles, mas tinha a certeza de que nunca vira aquele homem antes.

— Pessoas morreram — o Capitão pressionou e Daiana passou a não gostar da forma como a insistência de Steve o deixava desconfortável, lançando-o um olhar de aviso que fora prontamente ignorado. Afinal, ele era o Capitão América e ela não mais que uma faxineira que sabia usar uma vassoura para além de apenas varrer o chão. — A bomba, a armação. O médico fez aquilo para passar dez minutos com você. Eu quero uma resposta melhor do que "eu não sei".

Um breve momento de um silencio ensurdecedor antes de Bucky, com o cenho franzido e piscando algumas vezes, erguer novamente a cabeça, mas o olhos estavam perdidos em qualquer ponto que não fosse eles.

— Ele queria saber sobre a Sibéria.

Sua resposta fez a mulher congelar. O coração tornou a acelerar e tornou-se tensa no mesmo instante.

Porra.

A mera menção da província da Rússia a fez ter aquela reação, porque ela sabia exatamente o que havia na Sibéria. E as lembranças que possuía do lugar eram nada menos que perturbadoras, sendo as únicas boas as que Bucky estava presente, e ainda assim eram bem poucas.

— Onde eu ficava — ele continuou, então seus olhos pousaram em Daiana, quieta demais.

Não, ele se corrigiu mentalmente. Onde nós ficávamos. Ela quase podia ler aquelas palavras em seu olhar.

— Queria saber exatamente aonde era — já não mais respondia Steve, suas informações eram passadas para Daiana e ambos, apenas eles, sabiam o quanto o interesse daquele sujeito naquele lugar especifico que eles, infelizmente, tão bem conheciam, era extremamente preocupante.

Nada de bom poderia vir de lá, era óbvio.

Eles precisavam apenas se olharem no espelho para terem uma lembrança disso.

— Por que ele queria saber isso? — Steve não pareceu notar a troca de olhares entre os dois.

— Porque eu não sou o único Soldado Invernal.

• Oiee :)

Antes de tudo, gostaria de desejar um feliz ano novo a todos ♥♥ Que o 2023 de vocês seja repleto de felicidade, sucesso e saúde

Sinto que esse capítulo foi um pouquinho corrido, mas as coisas estão corridas em casa também kkkkk

Estamos começando aos pouquinhos desvendar alguns mistérios da dona Daiana 🤭

Acham que eles vão para a Sibéria? O que de ruim poderia acontecer? hihihi

Sam... Sam... tô de olho em ti também 🤨🤨

Tá, mas o Bucky... ele lembrou dela. Tem um olho no meu cisco 🥺🥺

• Ele sabendo que ela detesta salto, cabelo preso, mas adora cupcake 🦋

Steve e seus jornais nos sapatos kkkkk

•  ✨ Me desculpem qualquer erro ✨

• ♥ Espero que tenham gostado ♥

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