𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

3 - Suspeitos

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By aPandora02

"Foi pouco a pouco até que não havia mais nada

Cada momento nosso, começo a reviver

Mas tudo o que eu consigo pensar é em ver aquele olhar no seu rosto"

(Lewis Capaldi - Before You Go)


Bucareste, Romênia


Steve e Daiana, em silencio, invadiram sem muitas dificuldades o apartamento onde Barnes supostamente, segundo as informações passadas por Sharon, estaria escondido durante todo esse tempo em que sem sucesso estiveram procurando por ele. Esperavam que a agente estivesse certa.

O local era bem pequeno em um bairro pobre, estratégico para desviar atenções indesejadas. As tintas verdes das paredes estavam descascando, tão sujos, velhos e encardidos quanto os papeis de parede em sua maioria rasgados. Havia uma pilha de roupas amontoadas de mau jeito sobre um colchão desgastado com espuma saindo de alguns rasgos no chão, possivelmente mofado. A louça imunda na pia formava um monte de panelas e pratos, mas não desviava a atenção da grossa camada de poeira que se acumulava junto das teias de aranhas pelos cantos. Tudo estava uma bagunça, mas não era como se alguém que estivesse sendo procurado, como ele, fosse se preocupar com a estética do ambiente quando não espera a visita de alguém para agradar além das forças armadas. As janelas, por motivos óbvios, eram cobertas por jornais que impediam tanto os olhares de fora, quanto os raios de sol de entrarem, intensificando o cheiro de mofo e algo mais.

Seus passos eram silenciosos, pois não sabiam se Barnes estaria em casa apenas aguardando o momento certo para os atacar de surpresa. Fazia muito tempo desde a última vez que Daiana estivera em uma briga. Teve o cuidado de manter-se o mais longe possível de conflitos, pois sempre lhe causavam mal estar e remorso assim que a adrenalina deixava seu corpo e a névoa do momento dissipava em sua mente. Os treinos na academia fizeram bem ao seu corpo e foram uma boa distração, permitindo-a se aperfeiçoar em defesa pessoal.

O tempo longe do perigo, no entanto, foi bom para que também aprendesse a lutar melhor com o cabo de vassoura. O que a levou a conhecer o Jojutsu, uma técnica de luta japonesa com o uso de bastão. Então, ao invés de comprar a arma apropriada para a arte marcial, tornou o seu fiel cabo de vassoura em um bastão para a prática da luta. Com o tamanho agora menor por ter sido praticamente partido ao meio por Daiana para facilitar seu manuseio, o cabo de vassoura tinha as duas pontas finas o suficiente para se tornar ainda mais mortal aos seus adversários. Não queria matar alguém, nunca quis de verdade, mas estava pensando na sua própria segurança. Isso era errado? As vezes se questionava, seguido do pensamento de quão ruim pessoa ela se tornara. Se havia um Deus, ela certamente não era digna de entrar em seu paraíso. E pensar assim a fazia chorar por todas as noites.

Viu Steve caminhar cauteloso até a geladeira, pegando de cima dela algo que lhe chamou a atenção mesmo em meio a tanta bagunça. Uma agenda de capa preta com algumas marcações mal feitas em post-it colorido que saíam pelas laterais das folhas. Aproximou-se do amigo quando ele abriu uma das páginas marcadas, encontrando uma foto dele mesmo vestido com o uniforme de Capitão América, mas era seu uniforme antigo.

Isso tinha que significar algo, certo? Era a pontinha de esperança que crescia dentro deles e a qual eles dois se agarravam firmemente.

Virou a página para outra marcação e encontrou desta vez duas fotos entre as páginas.

Uma era bem antiga com seu tom amarelado e algumas marcas como se a foto tivesse sido dobrada algumas vezes, danificando-a, mas a imagem ainda era visível. Nela puderam ver o Sargento Barnes sorridente sentado ao lado de uma jovem moça.

Aquele era ele antes da guerra em muito possivelmente por volta de 1940 ou 1942, sentado ao lado de uma mulher que, também sentada meio de lado, permitia a ele usar parte das costas dela para se apoiar, como se tivesse se aproximado o máximo possível para que ambos saíssem juntos na fotografia. Barnes, fardado, sorria para a câmera.

Se ele ao menos soubesse o inferno que enfrentaria injustamente em pouco tempo, ainda sorriria daquela maneira?

A moça ao seu lado tinha o semblante sereno, num sorriso mais contido e usava um vestido da época. Os cabelos curtos acima dos ombros continham ondas bem feitas e seu rosto possuía traços delicados, como se moldada por um dos artista mais caprichosos. Steve franziu o cenho, pois não a conhecia e apesar de Bucky naquela época ser bastante mulherengo, fazia questão de que Rogers conhecesse todas as moças com quem saísse.

— Quem é? — Daiana, curiosa e tentando ignorar a maneira como dolorosamente seu coração batia mais forte e um nó ameaçava se formar em sua garganta, o cutucou com o cotovelo.

Como resposta recebeu apenas um leve sobe e desce de seus ombros largos e tensos.

Ao lado da foto misteriosa, se encontrava uma de Daiana, para a surpresa de ambos. Ele havia recortado o seu rosto do jornal, da época em que ela e Steve estavam sendo procurados pela falsa S.H.I.E.L.D. antes que fossem inocentados. Novamente surgiu aquela pergunta: Significava algo?

— Gente? — Ouviram a voz de Sam no comunicador enquanto ainda folheavam as páginas. — Forças Especiais Alemãs se aproximando pelo sul — informou o que via de sua posição estratégica no lado exterior do prédio.

— Entendido — o Capitão respondeu.

Desviando a atenção das páginas, Daiana franziu o cenho ao uma pressão estranha em sua nuca, forçando-a a olhar em volta para congelar assim que seus olhos pousaram nos azuis profundos e indecifráveis que, parado silenciosamente atrás deles no outro lado do apartamento — o que não era muito longe —, os observava há sabe-se lá quanto tempo.

Aquilo era inadmissível! Como era possível não terem notado sua aproximação? Um homem daquele tamanho não passaria despercebido e, se quisesse, poderia tê-los pego de surpresa. Mas não o fez.

Com a respiração trancada, Daiana não soube como reagir apesar de ter sonhado e imaginado aquele momento por diversas vezes. Um turbilhão de pensamentos a dominando de uma só vez desde que se lembrava exatamente de cada mínima parte do seu passado, e grande parte dele estava parado bem em sua frente com sua foto entre as páginas de uma agenda. Mas a sua foto do jornal não era a única alí...

Steve notou como o corpo de Daiana de repente tornou-se tenso ao seu lado, então virou-se para conferir o que lhe causara aquela reação, tendo quase a mesma resposta que ela, ainda que Barnes não esboçasse nenhuma além de indiferença. Diante da incredulidade de Daiana, quem tomou a frente foi o loiro.

— Você me conhece?

Barnes demorou alguns poucos segundos com seu semblante, apesar de sério, ainda contendo certa visível confusão. Daiana mal podia imaginar como deveria estar sua mente naquele momento e durante todo esse tempo quando esteve tanto preso, quanto livre da HYDRA.

— Você é o Steve — respondeu vagamente. — Eu... li sobre você no museu.

Aquela não era bem a resposta da qual eles estavam esperando. Significava que ainda não se lembrava dele e a decepção não passou despercebida da visão periférica de Daiana.

— E ela? — Tentando não demonstrar chateação, indicou-a atrás dele.

Os olhos de Barnes pousaram sobre a morena com um pequeno reconhecimento, mas muito pouco para ser suficientemente bom.

— Você é Daiana — disse a ela, mesmo que a pergunta tenha partido de Steve.

Doeu ouvi-lo dizer o seu nome como algo automático, sem mais o mesmo carinho do qual se recordava. De repente, saber exatamente quem você é parecia mais uma maldição quando quem ela gostaria que se lembrasse, não lembrava.

Respirou fundo.

— E você é o James — sua voz saiu mais fraca do que gostaria. — Você queria me matar, e poderia ter feito isso — precisava fazer a pergunta que martelava sua cabeça desde que acordara naquelas margens geladas. — Ao invés disso você me salvou de uma grande queda. Eu cheguei a pensar que só fez aquilo porque queria me finalizar com as próprias mãos, mas se colocou na minha frente para impedir que eu fosse esmagada. Poderia ter me deixado afogar, mas também não deixou. Por que? — Havia, e reconheceu, certo tom de desespero em sua própria voz, mas não se importava desde que tivesse sua resposta.

Steve, que sabia sobre a estranha atitude do melhor amigo para com a faxineira, também aguardava aquele esclarecimento. Barnes engoliu em seco sem desviar o olhar do dela.

— Eu não sei — sua resposta curta, porém não sincera, frustrava até mesmo a ele.

Todos os três sabiam que não era verdade.

— Estabeleceram um perímetro — Sam informou, fazendo uma inquietação dominar os dois, reação essa que não passou despercebido aos olhos atentos de Barnes.

Steve fitou brevemente o jornal sobre a cama próxima de Barnes, e este seguiu o seu olhar tornando o semblante mais duro. Na primeira capa estava seu rosto, alguém se passando por ele, como o principal suspeito do ataque ao prédio da ONU.

— Sei que está nervoso — começou o Capitão deixando a agenda sobre a mesa e avançando outro pequeno passo — e tem muitas razões para estar.

— Não fui eu — acreditava que os dois estavam alí por um motivo: capturá-lo.

— Está mentindo — rebateu mantendo a voz lenta e cautelosa.

Era seu melhor amigo, afinal. Não queria lutar contra ele, queria lutar com ele, mas não sabia o quanto podia confiar no Soldado naquele momento. Infernos! O rosto dele estava estampado para o mundo todo, como poderia acreditar no contrário?

— Eu não estava em Vienna — firmou sua voz em cada palavra lentamente pronunciada, querendo que aquela informação entrasse na mente dos dois e que acreditassem em sua palavra. — Não faço mais aquilo.

— Estão entrando no prédio — alarmado, Wilson os avisou e Daiana dirigiu seu olhar para a janela, intercalando com a porta atrás de James.

— As pessoas que acham que você fez estão chegando agora — Steve o avisou não querendo perder mais tempo. Precisavam que Bucky fosse com eles agora. — E não estão pensando em levar você com vida.

— Bem pensado — andou dois lentos passos para o lado. — Boa estratégia.

Daiana franziu o cenho. Ele pensa que estamos contra ele?

Não pôde pôr seus pensamentos em palavras ditas, pois os passos pesados e apressados no andar de cima atraiu a atenção do trio, deixando-os alertas e apreensivos a cada segundo.

— Não tem que terminar em uma luta, Bucky — tentou outra vez, mas seu amigo não parecia disposto a colaborar.

Soltou um suspiro cansado, cansaço visível em todo o seu ser. Partia o coração dos outros dois ao imaginarem o que James deve ter sido obrigado a suportar durante todo esse tempo. Todas as possibilidades que pensavam tornava a morte, ela de qualquer forma, misericordiosa.

— 5 segundos — avisou Sam fazendo crescer a tensão dos dois que o ouviam.

Daiana tinha seu meio-cabo-de-vassoura erguido firmemente em suas mãos, pronta para defender-se e revidar qualquer ataque que poderia vir de literalmente qualquer lugar a qualquer momento. James retirou sua luva que escondia a mão de vibranium.

— Do que você se lembra? — Daiana apressou-se em perguntar no tempo que lhes restava quando no comunicador o homem no lado de fora contava os últimos três segundos.

Bucky, no entanto, utilizou deste tempo para apenas lançar-lhe um olhar que, se fora bem interpretado por ela, significava muito e isso poderia querer dizer que ele se lembrava do suficiente. Talvez mais do que dizia. Se havia alguma intenção de o do braço de metal dizer-lhe algo, logo foi despachada quando três bombas quebraram as janelas e os homens se livraram delas abafando a explosão com o material mais forte da terra.

Tudo aconteceu muito rápido.

O espaço era muito pequeno e quando Daiana se deu conta, a mesa da cozinha estava presa entre duas paredes estreitas e impedindo que os homens no corredor arrombassem a porta principal. Em outro segundo, três sujeitos vestidos totalmente de preto invadiram o apartamento através das janelas quebradas e cada um lutava com um.

Por um descuido, culpa do pouco espaço, o homem de preto conseguiu torcer o braço de Daiana para trás de suas costas fazendo uma dor explodir por todo ele, ignorando totalmente os tiros disparados ao seu redor. Gritou de dor e quase soltou seu cabo de vassoura. Por cima do ombro viu Steve ser arremessado, por alguém longe do seu alcance de visão, para a sacada e no segundo seguinte o homem que a prendia violentamente contra a parede fora arrancado de perto dela com uma força ainda mais bruta que a utilizada em Steve, sendo arremessado do décimo primeiro andar sem a mesma sorte que o Capitão América. Simplesmente despencou os andares e obviamente não sobrevivera quando alcançou o chão.

Um resmungo sofrido escapou de seus lábios e virou-se a tempo de ver que quem fizera aquilo por ela fora Bucky, por motivos que ela sabia, e ele passava a desconfiar, apesar de tudo nele querer lutar contra o que sentia. Um outro soldado que estava caído no chão se pôs em pé apontando a arma para eles, mas não foi rápido o suficiente para atirar. Num piscar de olhos, James agarrou um grosso tijolo de concreto e arremessou contra o sujeito sem dificuldade alguma, fazendo-o bater as costas contra a porta do banheiro que partiu-se em pedaços.

— Fica aqui — mandou com a voz grossa ao mesmo tempo que arrancou a mesa da frente da porta.

Aquilo não soou como um pedido e antes que Daiana pudesse rebater, Bucky estava socando todos os soldados que apareciam em seu caminho no corredor.

Fica aqui — desdenhou lembrando-se que Sam também costumava irritantemente lhe dar ordens.

Tentou ir atrás dele, mas uma dor profunda explodiu em seu ombro. Alguém lhe acertou um tiro. Gritou outra vez e se abaixou como reflexo, escondendo-se atrás de um armário caído. Olhando em volta, encontrou o homem no banheiro segurando uma arma.

Como ele não morreu depois daquilo? Um bloco de concreto foi literalmente jogado na cabeça dele!

Continuou seus disparos e Daiana permaneceu agachada. Quando cessaram, cautelosamente se pôs em pé e o viu resmungando algo enquanto mexia nervosamente na arma. Aparentemente as balas acabaram, então aproveitou aquele momento para se aproximar dele podendo ver o pavor estampado em seus olhos, única parte do rosto que não era coberto pela máscara preta.

— Deveria comprar um desse aqui — mesmo sabendo que não entendia sua língua, ela ergueu o cabo de vassoura e sorriu pequeno. — Não precisa recarregar — num único golpe, o qual não fazia há muito tempo e que não fora nada agradável repetir, acertou o ponto certo da nuca do homem com força suficiente para que ele apenas apagasse.

Ofegante e resmungando de dor, deu uma conferida na gravidade de seu ferimento. Não deveria movimentar o braço daquele jeito. Inferno! Com as pontas dos dedos trêmulos, afastou o tecido ensanguentado de sua blusa, para o seu alívio percebendo que provavelmente foi um tiro de raspão. Ainda assim sangrava e doía muito.

Do corredor só se ouviam resmungos sofridos e quando se apoiou no corrimão para se curvar sobre e espiar os andares de baixo, viu o rastro de corpos que James havia deixado no caminho. Era assustador que um único homem pudesse fazer aquilo.

— Que grande merda — resmungou descendo rapidamente as escadas.

De uma sacada, viu que Bucky lutava contra um sujeito estranho vestido totalmente de preto. Mas ele era diferente dos soldados que enfrentaram há pouco, aquele era muito mais habilidoso e parecia ter o controle da situação, tal como o traje era notoriamente diferente. Isso era impressionante. Daiana levou a mão ao comunicador:

— Quem é esse cara?

— Eu já vou descobrir — Steve a respondeu e logo depois ela o viu saltar de alguns andares acima para o outro prédio, pousando com graça e sem muitas dificuldades.

— Exibido — revirou os olhos e não obteve respostas por motivos que ela podia assistir de onde estava.

Não fazia ideia de como faria para chegar até lá, optando então por terminar de descer as escadas como uma pessoa normal e de habilidades limitadas. De volta para as ruas repletas de civis assustados com o tiroteio, Daiana apressou seus passos ao perceber que o trio não mais estava sobre o prédio, e sim haviam saltado para o meio da estrada.

— Dá licença — empurrou um homem de cima de sua moto, ignorando os xingamentos em uma língua ela não entendia, portanto facilmente ignorou.

Subiu na moto prendendo o cabo de vassoura em baixo da perna e acelerou na direção que os viu correr, mas precisou fazer toda uma volta quando saltaram de uma rodovia para a de baixo, tornando impossível para ela segui-los. O caminho, por conta do trânsito, demorou mais do que esperava e quando finamente alcançou o local, as luzes das sirenes da polícia atingiram seus olhos que estavam fixos nos quatro homens rendidos.

Vagou o olhar de um para o outro, até que Steve arregalou os seus ao notar que a mulher estava alí e que estava ferida.

— Daiana, sai daqui — ouviu sua voz através do comunicador.

Ao se virar para seguir a ordem, seus pulsos foram fortemente agarrados e ela não teve reação ao ter seu corpo jogado contra o chão. Alguém a algemava enquanto mantinha o joelho em suas costas e toda aquela brutalidade fazia seus olhos lacrimejarem por seu ombro.

— Quietinha — uma voz masculina mandou e tudo o que ela sentiu então foi raiva, capaz de superar sua dor física.

O homem que a tinha presa, tal como os demais, certamente a via como a menos preocupante alí. Foi posta de pé outra vez e esperou o momento certo para jogara cabeça para trás e acertar com a nuca no nariz do sujeito, virando-se para ele rápido o suficiente para acertar um chute na parte de trás de sua coxa, que o fez se curvar. Aproveitando disso, ergueu alto o joelho acertando a boca do sujeito, que caiu no chão antes que pudesse raciocinar o que estava acontecendo. Armas foram armadas e apontadas para ela.

Braços fortes a envolveram por trás, deixando impossível que conseguisse se soltar. Os pulsos presos nas costas não a ajudavam nem um pouco e agora não sentia o chão sob seus pés.

O golpe de jogar a cabeça para trás não funcionou, então dobrou os joelhos na altura do peito jogando um pouco de seu peso contra o homem forte e alto que a prendia contra seu tronco e, quando atingiu a altura que queria, jogou todo o seu corpo e peso para frente conseguindo arrancar o equilíbrio dele. Seus pés voltaram a tocar o chão e se firmaram para que o corpo pesado do sujeito fosse arremessado por cima das costas dela, agora curvada para frente. O viu cair e rolar resmungando em seus pés e a tensão ao seu redor pareceu aumentar.

Teria rebatido mais alguns se não fosse inteligente o suficiente para conhecer limites quando o cano frio de uma arma tocou sua nuca, fazendo-a paralisar.

— Já chega! — Outro alguém mandou e ela não reagiu dessa vez quando não apenas um, mas dois fortes homens agarraram seus braços com bem mais força e atenção do que antes, a forçando a se aproximar de Steve, James, Sam e o homem do traje misterioso, que agora sem a máscara, revelava-se o atual rei de Wakanda, T'Challa, para a surpresa de todos.

***

Berlim, Alemanha


Foi uma longa viagem até chegarem ao prédio de segurança, mas ao menos eles permitiram que o ferimento de Daiana fosse limpo, cuidado e enfaixado durante este tempo. Do corredor, que agora caminhavam, podiam avistar Tony Stark não muito paciente falando ao telefone na sala para a qual estavam indo. Era a primeira vez que Daiana o conheceria pessoalmente. Deveria estar ansiosa como por vezes imaginou que ficaria, mas no momento tudo o que ocupava a sua mente era James preso num tipo de gaiola, totalmente amarrado como um animal perigoso em uma cadeira que a lembrava muito das salas de experimentos da HYDRA, onde ela costumava encontrá-lo.

— Não acredito que envolveu a faxineira nisso de novo — ouviu Natasha resmungar para Steve e, assim como ele, a morena a ignorou.

— Consequências? — Dizia Stark levantando-se da cadeira giratória ao notar a aproximação do grupo. — Pode apostar que haverá consequências. — Avançou lentamente na direção do trio que permaneceu parado a porta quando Natasha, T'Challa e os demais homens continuaram andando para a outra sala. – É óbvio que pode contar que fui eu quem disse, porque eu acabei de dizer. Mais alguma coisa? — Não esperou respostas. — Obrigado.

A chamada foi encerrada e ele suspirou parando na frente deles.

— Consequências? — Steve ergueu uma sobrancelha.

— O secretário Ross quer processar vocês — apontou para os dois e então se demorou em Daiana — e prender você, srta. Stewart.

— Vai ser divertido assistir eles tentarem — Sam cruzou os braços e soltou uma fraca risada convencida.

Apesar da diversão do amigo, Daiana apenas pensava em como poderia se livrar daquilo e estava apavorada. Não tinha dinheiro para um advogado.

— Aliás eu estava ansioso para conhecê-la — ignorou a fala do outro.

Daiana ergueu uma sobrancelha, deixando aquelas preocupações financeiras para mais tarde.

— Me conhecer?

— É claro — fez um gesto para que o seguissem. — Não é todo dia que encontramos por aí uma mulher que derruba e mata homens com um cabo de vassoura.

Daiana mexeu-se desconfortável e desviou o olhar. Não era como se Stark ou qualquer um soubesse que as olheiras que possuía, eram das noites mal dormidas causadas pelos constantes pesadelos em que ela revivia cada morte de cada vida que ela tirou. Não deixava de pensar que, apesar de serem pessoas ruins, tirou de alguma família um filho, um irmão, um pai, um marido... Aquilo a destruía. Não havia satisfação alguma em ferir outra pessoa. Em matar alguém.

— Nunca quis matar ninguém.

— A gente nunca quer — ele ergueu os braços com as palmas viradas para cima e logo os abaixou —, mas as circunstâncias as vezes nos forçam. Eu não estou aqui para julgá-la sobre isso. Sabíamos de sua existência, mas não era um problema até que você se meteu no nosso caminho, srta. Stewart.

— Eu não vou ter o meu escudo de volta, não é? — Já conformado, Rogers queria apenas confirmar assim que adentraram a sala que os outros seguiram antes.

Daiana lhe agradeceu mentalmente pelo amigo ter notado seu desconforto, então tratando de desviar o assunto.

— Tecnicamente o escudo e as asas são propriedades do governo — informou Natasha virando-se para eles. — A vassoura também — aquilo foi dito olhando diretamente para a morena.

Daiana revirou os olhos. Aquilo era ridículo.

Eles realmente acreditavam que ela se garantia apenas com a sua vassoura? Discretamente observou a sala, sua mente automaticamente traçando rotas de fuga, objetos que poderia utilizar para se defender e imaginando diversos cenários diferentes. Do prédio inteiro, confiava apenas em Steve e Sam.

Tony pediu para ter uma conversa particular com Steve, deixando Sam e ela do lado de fora da sala com paredes de vidro aprova de som. Desconfortável com toda a situação, Daiana frequentemente lançava olhares para os dois, a curiosidade a consumindo.

— Se continuar encarando, eles vão te colocar algemas de novo — ouviu o amigo murmurar em seu ouvido.

Desviou a atenção para Sam, percebendo então que as pessoas que vagavam próximos a eles haviam notado que Daiana encarava demais a conversa particular de Stark e Rogers, passando a lançar olhares desconfiados a ela. Aquilo poderia ser mal interpretado, reconheceu.

— Porque eles precisam falar em particular justo agora?

— Stark deve estar tentando convencer o Steve a assinar o tratado — deu de ombros, pouco preocupado, pois sabia que o Capitão não o faria.

— Temos assuntos mais importantes para cuidar — apontou para os telões das câmeras de segurança que ocupavam uma parede inteira.

A maioria mostrando James naquela gaiola moderna.

Odiava vê-lo daquela maneira e era apenas mais um motivo para ela odiar todo mundo daquele lugar.

— E nós vamos — cruzou os braços e se aproximou um pouco mais, abaixando o tom de voz para sussurrar. — Mas deixe-os pensarem que estão no controle.

Ainda meio contrariada, Daiana assentiu brevemente prestando atenção em um Barnes claramente furioso por estar preso outra vez, e por ter sido capturado depois de tanto tempo se escondendo. Talvez os culpasse por isso... Talvez estivesse tendo péssimas lembranças... Foi inevitável, porém, conter sua vontade de espiar os outros dois na sala de vidro atrás dela após alguns poucos minutos.

A tempo virou-se disfarçadamente apenas para ver o momento exato em que Tony Stark empurrava sobre a mesa uma pasta preta na direção de Steve, falando algo para o Capitão enquanto o loiro a abria e lia seu conteúdo com o cenho franzido. Stark apoiou o quadril na mesa de maneira despojada e cruzou os braços sem calar-se. Alguma de suas palavras deve ter sido espantoso o suficiente para capitar a imediata atenção de Steve que agora continha o semblante num misto de surpresa e incredulidade.

Algo em Daiana remexeu-se com o crescente desconforto e embrulho em seu estômago quando logo em seguida os dois homens viraram o rosto na direção dela, com Steve surpreso e Tony sério com um olhar ameaçador de quem sabe seus piores pecados. E talvez ele soubesse.

Que o assunto a envolvia, estava claro como água com aquelas reações e um milhão de possibilidades sobre o que poderiam estar falando a seu respeito passaram em sua mente fazendo suas mãos começarem a tremer e o coração disparar.

Ok... talvez eu não possa mais confiar no Steve e muito em breve em Sam também.



⬇ Fotografia encontrada por Steve e Daiana no apartamento de Bucky 

(𝐁𝐮𝐜𝐤𝐲 𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐦𝐮𝐥𝐡𝐞𝐫 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐚 𝐩𝐨𝐫 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟒𝟎/𝟏𝟗𝟒𝟐)



• Eu não sou muito boa usando o Photoshop e deu trabalho fazer essa edição, mas espero que gostem.

A atriz utilizada na foto com o Bucky é a Keira Knightley, mas aqui ela será outra personagem.

Oiee

•  ♥♥♥Em plena véspera de natal, sou presenteada por vocês não apenas pela interação, mas também pelos nossos 1k de visualizações ♥♥♥ MUITO OBRIGADA 

•  Muita informação para um capítulo só kkkkk

• Quem vocês acham que pode ser essa mulher na foto com o Bucky? E por que ele tem uma foto dela na agenda dele?? 🍿👀

• Do quanto será que o Bucky se lembra da Daiana? Do que a Daiana se lembra e por que ela não quer contar?

• Bucky poderia só ter metido o pé, mas defendeu ela 🥺

• Stark, Stark... se liga, hein. Fica ligado.

• ✨ Me desculpem qualquer erro ✨

• ♥ Espero que estejam gostando ♥

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