Meu melhor amigo imaginario

By Nath4lyDdb

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"As pessoas são passageiras, e passam por nossas vidas. Ciclos se encerram, e isso dói. Mas é o certo a ser f... More

01_Machucado interno..
02_Não pode piorar..
03_É a sua única opção...
04_ Crise de meia idade..
05_ Nossos velhos tempos..
06_Sussurros do coração..
07_ Velhos inimigos..
08_Único lugar..
09_ Sereno..
10_Pandinha..
11_Ninguém normal..
12_ as entradas do paraíso..
13_ Conectados..
14_Passeio..
15_Dividindo dores..
16_Cabana..
17_Lago...
18_Viver o agora..
19_Paraiso..
20_Abra os olhos..
21_Boa noite, playboy..
22_23.
24_ Domingos mexem com a mente..
25_ Todos amam um pescoço..
26_Beldades..
27_ Sex, drugs, etc..
28_ Gostar de alguém..
29_ Adolescente normal..
30_Pensamentos..
31_ Cupcake..
32_Lembranças..
33_Irreal..
34_ Ceder..
35_ Me experimente..
36_ Qual realidade? ..
37_ Pombos ambulantes..
38_ Ouvidos são sensíveis...
39_ Trato de consolo...
40_ Amor...
42_ Churros..
43_ Meu pesadelo..
45_ seja sincera..

41_ Olhos tão brilhantes..

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By Nath4lyDdb

Escuro.
Estava escuro, eu me sentia leve, como um astronauta flutuando pelo espaço, mas, sem um capacete.
Me faltava ar, mas eu senti um cheiro, e.. que cheiro doce era aquele?

Não seriam cupcakes?

– acertou em cheio.

– o que...?

Recuperei o fôlego e pude ver algo, além da escuridão. Mais uma vez, era apenas uma cabana ridicularmente organizada.

– você acertou, estou fazendo cupcakes.

Olhei pro seu rosto, que estava destampado.

– você come, Morgana?

– acredito que todas as criaturas que andam, rastejam ou voam, precisam comer.– ela sorriu de canto e levantou da poltrona. – você aceita um?

Ela colocou luvas para segurar a forma quente, e depois colocou os bolinhos em um prato bordado e colorido. Veio caminhando até mim e se sentou na minha frente.

Cerrei os olhos e encarei os bolinhos. Parecia aquelas cenas das histórias em que as velhinhas canibais alimentavam as crianças antes de devora-las. 

– eles estão envenenados?– perguntei genuinamente. – ou você apenas tem uma péssima notícia?

Ela gargalhou e colocou o prato na mesa ao meu lado.

– por isso eu gosto de você, é esperta.– deu um sorrisinho pra mim. – mas, não estão envenenados, e parecem realmente deliciosos.

Resmunguei, olhando pro seu rosto, e depois olhando em volta, eu nunca tinha reparado aquele forno ali.

– não vai comer? Este é o único sonho que você consegue comer, normalmente as pessoas acordam quando tentam comer alguma coisa.

Estendi o braço e peguei um dos bolinhos, eles eram coloridos e bonitos, lindos o suficiente pra entrar na categoria de comidas que é uma pena ter que comer.

Dei uma mordida e apreciei o sabor, era bom.

– ótimo, vamos lá. Seu amigo foi uma criança comum, tirando o fato de ser órfão, ele era apenas uma pessoa.– pegou um bolinho e mordeu. – Hollyday foi apenas um orfanato, que em seu auge tinha boa fama. Mas, ao trocar de dono, começaram a usar métodos sociopáticos para prender as pessoas lá dentro.

Deu uma pausa e olhou ao redor, como se tentasse lembrar de alguma coisa.

Mas.. Lucas é uma pessoa? Como ele fica.. invisível?

– a taxa de fuga é muito baixa, quase nula, poucas pessoas que fugiram sobreviveram pra ter história pra contar, sendo assim, quase ninguém do lado de fora sabe da existência daquele lugar. Lucas é só mais uma das centenas pessoas que vivem a mesma realidade que ele.

Senti vários apertos no coração ouvindo aquilo, quantas pessoas sofrem presas naquele lugar?

– eles.. vão morrer lá dentro?

– vão.– ela foi direta, como sempre. – Ao menos que consigam fugir, ou que tenham todos uma revolta, mas... Eles sabem o destino que os pertencem. O antigo dono de Hollyday, fez quadras de basquete, futebol, e até alguns lagos artificiais pra distrair a cabeça das pessoas lá dentro, o novo dono abandonou tudo aquilo e encheu aquele lugar de regras, santos e freiras.

Ela soltou uma risadinha, enquanto eu estava em choque. Olhei pra ela surpresa, mesmo já sabendo o quão insensível ela poderia ser.

– acho engraçado que o cara é um religioso e tanto, que acredita na existência de Deus mais do que acredita em si mesmo, e mesmo assim.. tortura e mata crianças todos os dias. Qual é a desse cara?– ela se levantou e ajeitou a capa, escondendo o rosto novamente.

As suas palavras eram carregadas de ódio, como se.. ela já estivesse presa em Hollyday..?

– não pense demais, pequena criatura. Eu vou destruir aquele lugar, mesmo que seja a última coisa que eu consiga fazer.– completou.

Me lançou uma encarada, daquelas que parecem entrar na alma, e mesmo com várias perguntas entaladas na garganta, só consegui ficar calada.

Morgana me lança um último sorriso e estrala os dedos, sem esperar que eu diga alguma coisa.
Pelo tempo que eu pude conversar com ela, percebi que ela era do tipo decidida, se ela queria algo, simplesmente agia sem hesitar.

Abri os olhos, com a respiração estranhamente calma. Olhei em volta, e vi Lucas deitado do meu lado, ele parecia estar dormindo, abraçando um travesseiro.

Continuei encarando seu rosto, totalmente sereno, até que estiquei o braço e toquei uma mexa da sua franja, sem ao menos perceber oque eu estava fazendo.
Você é um humano?

Fechei os olhos lentamente, com aquela pergunta na minha cabeça.

Acordei, depois de um sonho estranho.
Peguei o celular, mas isso era só uma mania, sempre que eu acordava, procurava primeiro o celular.

18:26.

Olhei em volta mais uma vez, Lucas já não estava mais lá. Típico dele, apenas sumir.
Levantei e fui até o criado mudo ao lado da cama, peguei meu creme e comecei a aplicar no rosto enquanto caminhava até o banheiro. Me olho no espelho, penteio o cabelo e desço as escadas.
Lucas estava em pé, de frente para o fogão, parecia preparar alguma coisa. Ao seu lado havia uma pilha de panquecas com calda e dois cafés gelados.

Assim que meus olhos batem na imagem do seu rosto de perfil, me lembro de tudo.
Tudo oque Morgana me disse, lembro de Hollyday, lembro de tudo oque tentei esquecer por um bom tempo.

Ela disse que ele é uma... Pessoa?

– você tá me encarando a muito tempo, no início achei que só tava babando na minha beleza.. mas, e esse olhar assustado?– ele virou a cabeça pra mim e encarou meus olhos.

– tá tudo bem?– perguntou, com um sorrisinho.

– eu acho que...

Não.
Não tá tudo bem. Seja sincero comigo, oque está te acontecendo?

– sim. Tudo bem.– suspirei.

Não era nada demais, as pessoas já se acostumaram a mentir com essa pergunta.. mas, me ardia o peito pensar em mentir pra ele, aquele garoto com os olhos tão brilhantes.

– bom, fiz panquecas. Aquelas que você gosta, sabe?– ele desligou o fogo. – tentei fazer um chá gelado também, mas acho que vai ficar com gosto de água de esponja. 

Ele soltou uma risadinha, que me fez rir.

– é que eu nunca fiz isso antes, sabe..

Eu quero abraça-lo.
Tudo bem se eu fizer isso?
Nós já nos abraçamos tantas vezes..

Mexi os pés, caminhando até ele, e assim que cheguei perto o bastante, abri os braços e os enrolei em volta da sua cintura. Escorei a cabeça no seu peito e senti o seu cheiro, oque me fez realmente ficar bem.
Ele demorou um pouco pra passar a mão no meu cabelo.

– tem certeza que está bem?– a sua voz soava preocupada.

Fechei os olhos, com o rosto escondido nas curvas da sua roupa.

– tenho.. E você, em?

Ele deu um risinho sacana enquanto me apertava com os braços.

– me sinto melhor agora.

...

– vai ser filme de que?– perguntei, tomando um gole do café gelado. – humm, ficou melhor do que eu esperava.

– né? Eu também gostei. Pode ser filme de suspense então?

– claro.– rolei os catálogos da netflix, parecia que nós já tinhamos assistido todos os filmes dali. – uma hora a gente vai precisar deixar a netflix de lado e ir atrás de um site com coisas novas. – falei, um pouco decepcionada. 

– você acha? Filmes vem e vão, os que já assistimos acabam saindo e outros novos entram em seu lugar. – falou de boca cheia. – nossaaa, isso tá muito bom.– se referiu as panquecas dessa vez.

Abri um sorriso, olhando o seu rosto de relance. Ás vezes Lucas dizia coisas com duplo sentido, mas não aqueles duplos sentidos de quinto ano, que sempre é uma bobagem. 

É bom tê-lo por perto. 

– esse parece bom.– apontou pra tela do notebook e me encarou. 

"Ilha do medo." Ele era do tipo que gostava de filmes que pareciam ter a intenção de causar traumas em crianças, e eu sempre fico com medo antes de dormir depois dele escolher algum filme. 

Apertei o play. 

...

Pisquei duas vezes e me senti de volta a vida, acordei. Os créditos do filme rolavam rapidamente perto do meu rosto, olhei pro lado e vi que Lucas também dormia. Seus braços estavam rodeados envolta da minha cintura, me abraçando. 

Seria difícil sair dali sem acordar a bela adormecida, então me mexi devagar, e assim que me desprendi e fiquei em pé, escutei aquele resmungo rabugento de sempre. 

– estava tentando me abandonar justamente enquanto durmo? Queria que eu acordasse sozinho e depressivo? Você é tão má... 

– quanta hipocrisia.. – reclamei. Ele sempre fazia isso. – mas, não. Não te daria um golpe tão baixo, isso é coisa de covarde. 

Ele se sentou na cama e me olhou meio indignado. 

– tá tentando me chamar de covarde, pequena? 

Veio engatinhando até mim e me agarrou, puxando pra cama. Assim que minhas pernas cederam, eu caí e ele ficou por cima de mim. 

– Lucas, espera, eu tenho que ir no banheiro.. 

Enfiou o rosto no meu pescoço e  me apertou mais forte, senti aqueles braços branquelos, estranhamente cheios de músculos pra alguém que nunca pisou em uma academia. Tentei fugir como nas outras vezes, mas qualquer esforço era inválido. 

– fiquei sabendo que hoje é o aniversário da cidade.– disse com a voz abafada, por estar com a cara contra a minha pele. Apenas concordei com um "uhum."– vai ter um festa.– concordei mais uma vez. – uma bela festa. 

Ele levantou a cabeça e me olhou nos olhos, com aquele olhar de criança chata que não aceita um não como resposta. 

– que horas nós vamos?– perguntou e sorriu. 

– quê? Quem disse que eu vou?– franzi a sobrancelha. 

Seus braços me apertaram mais forte, ele continuou com aquela carinha, esperando a resposta que queria. 

– ei, tá calor, sai de cima.– reclamei. Mas ele continuou imóvel. – Lucas... 

– parece que vai ter uns brinquedos na festinha da cidade...– falou. 

– e sabe o que mais vai ter além de brinquedinhos? Pessoas. Muitas pessoas.– fiquei tonta só de imaginar. 

– aah, para de ser antissocial, vai ser legal..– rolou pro lado e saiu de cima de mim. – vamos? 

Suspirei, sabendo que o Lucas que eu conheço nunca pararia de encher o saco (ele é doido por brinquedos de parques). 

– vou pensar sobre. 







... 

1673. 

Nós, pessoas meio Lucas. 



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