"Mira.
Não acredito o quão longa essa guerra está sendo, a Mãe não teve piedade de mim dessa vez. Sinceramente, não sei ao certo quanto tempo estou aqui, e nem me preocupo em realmente saber, talvez quatro ou cinco anos... São coisas que eu deveria aprender a me acostumar e aprendi.
Nesses anos, aprendi muito mais sobre meu poder do que imaginei, sou rápida e forte, meus dons de cura parecem ser mais habilidosos do que os de Azriel, ultimamente a luz vem me acompanhando bastante, não como as sombras que Azriel possui, é algo diferente, como raios luminosos me cercando, as vezes, percebo que essas luzes me escondem, tal como fazem com seu amado e meu irmão de coração.
Minha amizade com Morrigan cresceu, Viviane também tem sido uma grande amiga, as vezes bebemos cerveja ruim ao redor da fogueira e nos permitimos rir um pouco das coisas, eu venho descobrindo coisas, Viviane tem algo com Kallias, bom... Isso não é um segredo, também descobri coisas sobre Morrigan, mas isso acredito que não seja algo que poderia contar.
Apesar da amizade delas, meu relacionamento com os meninos aumentou muito, Cassian as vezes deixa de lado as belas feérica com quais pode se deitar e conversa comigo, Azriel quase sempre entra na minha tenda e compartilhamos nossos momentos, já Rhys, meu relacionamento com ele nunca vai ser como os outros.
Existe uma tensão ao nosso redor, percebo em seus olhos sentimentos que ele não quer e não se permite dizer, ele ainda se deita com várias e várias feéricas, e eu, ainda compartilho noites com vários e vários feéricos. Eu sinto algo, e acho que ele também sente, mas parece tão difícil admitir esses sentimentos por alguém que eu deveria considerar um irmão.
Minha carta acaba aqui, me despeço mais uma vez de você, querida irmã. Não vejo a hora dessa guerra acabar, mal posso esperar pelo momento em que chegarei em casa e poderei abraça-lá, sinto sua falta e sinto falta de Adhara.
Da sua mais amada e bonita irmã de coração.
Alya".
Alya"
Suas cartas tem demorado um pouco a chegar, acha que não percebi? Bom, eu percebi sim, bobinha.
Mas, tudo bem. A guerra deve ser difícil, acho que foi por esse motivo que não quis me tornar uma guerreira como vocês. Sabe, se eu soubesse lutar tão bravamente e perigosamente, eu sentiria a necessidade de proteger aqueles que não podem, mas, como eu apenas sei lidar com meu próprio poder, obviamente não tão bem quanto meu amado irmão, já que não me preocupei em treinar. Enfim, eu não sinto essa necessidade...
Já tenho guerreiros demais na minha vida, Rhys, Cassian, Azriel e então você. A maior e mais corajosa guerreira que eu poderia querer que me proteja.
Eu sinto sua falta, Alya. Até aprendi a costurar! Céus! Você acredita nisso? Mamãe e e eu temos uma surpresinha adorável para você, já que não está aqui e não pode costurar, ver e usufruir das minhas novas habilidades como artista, bom... Estamos fazendo um enxoval!!! Mamãe já fez o meu e é tão lindo, ela me permitiu ajudar a fazer o seu, estou empolgada, vou fazer vários vestidos lindos para que você use com o boboca do meu irmão.
Me despeço por aqui, estou fazendo um dia seus lindos vestidos, esse é preto com um brilho digno de rainha.
Minha amiga, eu te amo tanto. Pode parecer patético, mas lágrimas caem de meus olhos ao imaginar você usando essas peças, imaginar você ao lado do meu irmão, onde finalmente seremos mais que irmãs de coração, mas, cunhadas e família.
Da sua primeira e mais legal irmã de coração.
Mira.
P.S: Meu irmão está confuso, mas, todos conseguimos ver o quanto você o afeta".
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Alya foi recebida por um abraço intenso. Os sentimentos foram um misto de frieza e calor.
Morrigan a abraçava de um lado e Viviane de outro, ambas sorriam ou melhor, davam intensas gargalhadas. Alya até pensou ter visto poucas lágrimas. Ela entendia, como não poderia entender? A guerra que durou 8 anos finalmente tinha acabado, e agora ela finalmente ia embora.
De longe viu Cassian e Azriel se aproximarem, Rhysand estava com eles, tão lindo como sempre, mesmo que tivesse passado 8 anos em um acampamento fedido de guerra, ele ainda fazia o coração de Alya tremer.
Cassian correu e a abraçou, a erguendo enquanto dava pequenos pulos, Alya gargalhou com o abraço tão repentino.
- Nós vamos para casa, pequena - Cassian disse com um sorriso enorme.
Rhysand bufou de onde estava, Cassian era o maior provocador de todos, e sempre estava disposto a levar o príncipe ao limite do ciúmes.
- O que acha disso? - Ele suspirou divertido - finalmente uma boa bebida... E Rita's! A gente pode ir ao Rita's quando chegar, podemos?
- Acho que tanto Alya quanto você, deveriam dormir bastante antes de pensar em uma noite de bebedeira. - Azriel esboçou um sorriso pequeno - todos nós, na verdade.
- Ah! Parem de ser molengas. - Cassian bufou ainda com um braço ao redor de Alya, mas agora com outro ao redor de Morrigan - diga, Mor. Você não quer uma boa noite de bebidas caras?
Morrigan riu tirando o braço pesado de seus ombros, negando com a cabeça logo arrumando alguns fios loucos de seu cabelo.
- Você sabe, minha mãe vai querer ter certeza de que estamos bem - disse Rhysand - antes de deixar todos nós nos acabarmos na bebida.
- Então, vamos para casa agora.
Rhysand negou, olhando para Alya. Ele tinha um brilho diferente no olhar.
- Eu gostaria de verificar o acampamento antes de irmos para casa.
‐ Ah, Rhys. - Morrigan bufou - Você é do tipo que gosta de complicar as coisas.
Ele deu de ombros, um sorriso lento no rosto, o vento soprava alguns fios pretos de seu cabelo.
- Vamos, vai ser rápido. Então vocês poderão beber o quanto quiser.
- Ok, ok. - Cassian concordou - Vamos logo, ainda temos muito vinho para beber.
Alya sorriu quando todos começaram a andar, ela e Morrigan tinham ficado para trás, se despedindo de Viviane e a convidando para aproveitar a pós guerra junto com todos em Velaris, Kallias apareceu de longe, olhando para sua amada.
- Alya! Mor! - Cassian gritou - Vamos logo!
Morrigan levantou a mão fazendo um gesto obsceno, logo rindo das feições do trio a frente, juntas elas foram até eles.
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Alya não tinha certeza do porque Rhysand quis vir verificar um dos acampamentos illiryanos, mas, ela não questionou. Eles estavam perto, mais perto do que já estiveram em todos os seus 26 anos de vida.
Ela se sentia como uma garotinha boba com ele ao seu lado, suas bochechas ardiam levemente e seus lábios não perdiam um pequeno sorriso.
Eles estavam meio sozinhos, todo o grupo estranhmente se afastou e os deixou parados entre as árvores.
- Alya - ele disse, seu nome nos lábios de Rhysand eram como uma carícia.
Ela virou o rosto para ele, acenando com a cabeça e levantando as sobrancelhas. Alya não falava muito, todos eram acostumados com seu silêncio, todos sabiam que ela não precisava dizer muito para que eles a entendessem.
- Eu tenho conversado muito com Cassian e Azriel, eu sei o quão próximos vocês são então eu pensei... Que eles entenderiam melhor.
Ele tomou fôlego, olhando para baixo e logo olhando para ela novamente.
Alya era tão linda, que constantemente o fazia perder o fôlego. Os cabelos escuros pareciam ser macios, e Rhysand só queria tocar como muitas vezes viu sua mãe fazendo, ela tinha um par de olhos acastanhados, cheios de sentimentos que ele queria só para si, tantas coisas... Alya era perfeita em tudo.
- Continue, Rhys - ela murmurou.
O tom de sua voz era uma melodia doce, Rhysand poderia a ouvir dizer seu nome mil vezes, e ainda não seria o suficiente.
- Nós dois, eu acho que nós dois deveríamos...
Ele não terminou o que estava prestes a dizer. Nenhum dos dois conseguiu continuar nada, respirar era quase difícil no momento.
Ambos viraram a cabeça em direção ao rio, de lá vinha cheiro de sangue. E também, o cheiro de Mira e Adhara.
Alya correu, Rhysand correu também, mas nunca poderia ser tão rápido quanto ela, quanto a própria luz do sol.
Tudo estava uma bagunça em sua mente, ela ouvia tantas vozes. Cassian, Azriel, Morrigan, menos Rhysand. Ele não falava.
Seus pés deslizaram nas pedras molhadas ao redor do lado, sua respiração se transformou em uma grande bola difícil de engolir quando viu uma caixa boiando na água.
Alya curvou o corpo para frente, sentindo a bile ameaçar sair de sua boca. Ela não podia, não, ainda não.
O silêncio se tornou absoluto, até que Darion. O Grão-Senhor da Corte Noturna chegou, suas feições estavam retorcidas de pavor e ódio, fúria, raiva.
Ele olhou para a caixa agora aberta. A cabeça de Mira e Adhara estavam ali dentro, depois olhou para os dois corpos que alguns guerreiros recuperaram a cima do rio, elas estavam mortas, sem cabeça e sem suas preciosas asas.
Darion olhou para seu filho, as feições tão raivosa quanto a dele, então, olhou para Alya. A muito tempo, Darion passou a aceitar que Alya era vista como filha e irmã, agora que via as reações estapadas em seu rosto muitas vezes sem emoção, ele teve certeza de que Alya era filha de Adhara e irmã de Mira.
Em seu rosto tinha ódio, em seus olhos tinha fúria, dentro do seu corpo tinha a raiva e dentro de seu coração, tinha a pura sede de vingança.
Alya olhou para ele, e soube o que faria essa noite. Retaliação e vingança.