Marriage of Convenience

By PetalaNegra0

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Constantine Hill, chefe da máfia italiana. Morgan Stanley, uma jovem metida em negociações de interesse. Os... More

𝐌𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 "𝐒𝐢𝐦"
𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐨𝐬
𝐌𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚
𝐔𝐦 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 (𝐢𝐧)𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳
𝐀𝐣𝐮𝐝𝐚 (𝐢𝐧)𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐚
𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬?
𝐏𝐫𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫
𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚
𝐏𝐨́𝐬 𝐟𝐞𝐬𝐭𝐚
𝐂𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐨𝐬.
Não é um capítulo. Mas é importante!
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨?
𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐬𝐮𝐦𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂?
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐦𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐞
𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐞
𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞́𝐧𝐬
𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐠𝐚 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫𝐞𝐬
Pergunta rápida! Não é capítulo!
𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.
𝐁𝐨𝐦 𝐝𝐢𝐚.
𝐏𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨.
𝐔𝐦 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨.
𝐆𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚𝐬?
𝐌𝐚𝐬𝐜𝐨𝐭𝐞
𝐈𝐦𝐩𝐥𝐨𝐫𝐞.
𝐃𝐞 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥
𝐇𝐚𝐣𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐭𝐚𝐥
𝐀𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐨𝐮 𝐚𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐚𝐭𝐨?
𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨
𝐀𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫
𝐎 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚𝐝𝐨
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚?
𝐂𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞 𝐨 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐨
𝐀𝐭𝐞́ 𝐝𝐞𝐳
𝐃𝐞 𝐣𝐨𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞
𝐍𝐨́𝐬 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐢́𝐚𝐦𝐨𝐬
𝐋𝐞𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐦𝐞𝐚𝐜̧𝐚
𝐈𝐧𝐭𝐞́𝐫𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞
𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐄𝐩𝐢́𝐥𝐨𝐠𝐨
AVISO
Pergunta rápida

𝐀𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐞𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐫𝐭𝐨𝐬

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By PetalaNegra0


Morgan

    Nós treinamos por horas a fio, posso dizer que melhorei muito de um dia para o outro, odeio admitir, mas o John me ensina muito bem e calmamente, tem paciência para cada erro meu, me mostrando onde devo melhorar, e quando tenho preguiça, ele apenas borrifa água em mim.

  ◇◇◇◇

    Agora, no dia seguinte, estou deitada no chão, com os pés apoiados na parede, em direção para cima. Tive uma queda de pressão de repente e precisei me deitar, já estou aqui por alguns minutos... Justo quando eu ia descer para jantar. Bateram na porta e eu mandei entrar, já desconfiando de quem fosse.

- Está tudo bem? - Íris perguntou.

- Minha pressão foi pro cacete. - Me mantive no mesmo lugar.

- Oh, entendi. Posso fazer chá, se quiser.

- Isso adianta?

- Ajuda.

- Eu aceito. - Sorri para ela.

    Íris acenou calmamente e saiu do quarto.
    Continuei deitada no chão, só me levantei quando a tontura passou. Caminhei até a cômoda e peguei meus remédios. Minha pressão está muito desregulada, por não constumar me exercitar.
    Tomei o meu remédio e me sentei na cama, suspirando e passando a mão no rosto, deitei um pouco com travesseiros embaixo dos pés, para ver se ajudava um pouco. Encarei o teto por um bom tempo.

- Que saco... - Asterin subiu na cama, chorando.

   Olhei para ele confusa. O que aconteceu?

- Quer carinho? - Abracei ele.

    Ast está inquieto desde que o Tine saiu de casa e não voltou, mas hoje em específico está manhoso, ainda não sei porque, talvez porque Alec foi embora, ele disse que iria resolver coisas em casa.
    Beijei Ast e fiz carinho, vendo se ele ficaria melhor. Ficamos os dois quietos, ficamos tão quietos que eu acabei cochilando bem rápido.
    Acordei com Íris me balançando e chamando, Ast estava lambendo meu nariz.

- Graças a Deus, você está gelada! - Ela parece preocupada.

    Não estou entendendo, por que ela está preocupada?

- O que foi? A casa pegou fogo? - Passei a mão no meu rosto, meu corpo está formigando.

- Você estava desacordada a muito tempo!

- Mas eu só cochilei... - Cocei meus olhos e olhei em volta.

- Não foi um cochilo, conheço sintomas de overdose! - Ela me fez sentar na cama devagar.

- Que diabos é orvedose? - É assim que se fala isso? - Ovedorse... Orverdose...

- Morgan, você precisa vomitar.

- Não estou com vontade para vomitar, obrigada. - Meus olhos estão se fechando de novo. Senti as mãos de Íris batendo no meu rosto.

- Agora, me ajude a levantar você! - A governanta tenta me levantar, me puxando pelos braços. - Vamos, querida, colabore comigo.

- Mas eu não quero.

- Não seja teimosa logo agora! Por favor! - Um pouco da delicadeza dela já tinha ido embora, dando espaço a uma Íris mais séria, percebi.

     Ela me puxou com mais força, me fazendo sentar na cama, tudo girou muito rápido, as cores estão se misturando e voltando ao normal logo depois, está brilhoso demais...
     Percebi que ela caminhou diretamente para o banheiro, me fez ir até o vaso e sentar na frente dele, insistindo desesperada para que eu vomitasse, mas não quero isso, é ruim.
     Sem muito aviso, Íris enfiou alguns dedos na minha boca, na minha garganta querendo me induzir a vomitar daquele jeito. Meus olhos lacrimejaram, porém eu não consegui impedi-la, já que minhas mãos estão muito moles. Empurrei a mão dela quando senti o gosto amargo invadir minha boca.
    Vomitei como ela tinha pedido, precisei segurar o meu cabelo para que não sujasse. Me senti horrível, meu estômago está revirando inteiro, minha boca está com um gosto horrível e eu não consigo parar de vomitar, já que quando eu paro sinto vontade novamente. Só consegui parar quando a minha garganta estava com a impressão de estar inteiramente rasgada de tanto que ardia, sinto que vou cair se ficar de pé... Minha pressão foi pro cacete, de novo.
     Íris precisou me segurar, antes que eu caísse de cara no vaso sanitário. Me fez lavar a boca e depois levou de volta para a cama, ajudou a deitar, mas antes pegou o remédio na gaveta.

- Quantos remédios você tomou!? - Disse me mostrando as caixinhas dos remédios, no total são três. - Morgan, quantos foram?

- A quantidade normal... - Eu não tomei tantos, me lembro de ter contado. - Um de cada.

     A senhora pareceu ainda mais confusa.

- São os remédios de sempre, não tem como me fazerem mal.

- Só pode ter sido isso.

- Não tem como. - Ela está tirando os remédios de dentro da caixinha.

- Cores diferentes. - Olhei para ela. - A primeira cartela é de cor diferente.

- Como assim? - Peguei uma das cartelas da mão dela, está com outro nome. - Esse não é o meu remédio!

- Eu sei, eu quem compro seus remédios. - Ela pegou as cartelas das outras caixas, era a mesma coisa dessa.

    Agora entendi o que é uma orvedose... Ovedorse... Overdose! É quando o estômago fica sobrecarregado de remédios, acho.

- Quem entrou aqui?

- Eu, você, John e Alec.

- Deixou aquele rapaz entrar aqui?!

- Sim? Pensei que não tinha problema!

- Como não?!

- Desculpa! Eu não sabia.

- Morgan se alguma coisa saísse dessa casa, a culpa seria nossa, precisamos ser cuidadosas com quem entra em cada cômodo. - Concordei com a cabeça, era só o que faltava.

    Íris está andando de um lado pro outro, John só entrou no quarto agora, respirando fundo depois de vir correndo.

- O que aconteceu? - Ele parou ofegante.

- Ela tomou os remédios errados! - Agora os dois estão discutindo, mamãe e papai? É isso? - E aquele tal de Alec entrou aqui.

- Ah, isso é ruim... As duas coisas são ruins.

- Ele entrou aqui comigo, eu estava vendo. - Olhei os dois. - E ele só veio pegar o Asterin, depois ficou lá fora a tarde toda.

- Quem mais faria isso? - Dei de ombros.

- Se foi o Alec, ele teve que vir aqui sem ninguém ver, o que foi praticamente impossível.

- Não impossível, estávamos treinando em várias momentos.

- Alguém teria percebido o sumiço deles.

- Ele já trabalha para máfia, Morgan. Saberia como entrar aqui.

- Jogue esses remédios fora. - Suspirei, passando a mão no rosto. Minha pressão ainda está desregulada.

- Você precisa descansar. - Íris disse. - Vemos isso mais tarde.

- Tá bom... - John parece estar pensando, quieto. - Não vai contar para mais ninguém, certo? - Olhei para ele. Se Tine souber, vai querer qualquer um morto.

- Vamos resolver isso sem sangue.

- Ou contamos quando resolvermos isso.

- Sabemos que não vai adiantar tentar esconder alguma coisa.

- Vai adiantar se o culpado não for o Alec.

- E se for?

- Eu mesma vou matar ele. - Não gosto que mexam nas minhas coisas sem permissão.

    Íris assentiu e saiu do quarto. Me deixou sozinha, pensando.
    Ela só voltou quando achou remédios para me dar, antes que eu acabasse desmaiando mais uma vez. Ela trouxe comida, arrumou meus travesseiros, o ar, fechou as janelas... Fez tudo e mais um pouco, quase expulsou o Ast também, dizendo que eu deveria descansar.

- Não! Pode deixar ele! - Abracei ele com desespero, com medo que levasse ele para fora.

- Está bem, se quer assim. - Fez carinho na minha cabeça. - Coma a comida, sim? - Concordei em um aceno.

     Ela ficou comigo para eu não me sentir sozinha, até pedi para que deitasse comigo, mas ela não quis.
   Asterin ficou mordendo minha mão e lambendo ela, brincando sozinho. Deixei a bandeja que continha o meu jantar ao lado da cama e me deitei, tentando descansar.
   Ele apenas se deitou do meu lado e lambeu meu rosto, me fazendo rir. Íris se levantou e colocou as três cartelas dos meus três remédios na gaveta da cômoda, o resto foi pro closet. Confesso que estou sentindo falta de contato humano, mas um contato específico, de um certo homem extremamente pálido e bonito, mas que tem um abraço reconfortante e quente. Não ter o Tine em casa deixa tudo um pouco menos tranquilo e animado, a casa perde a alegria diária, bom... Perde o pouco de alegria que nós ainda temos, principalmente energia, muita energia.
    Nesse meio tempo, acabei cochilando junto com o Ast, abraçando ele e fungando, sentindo meu estômago se revirar com a comida, e minha cabeça se revirando com pensamentos nada bons. Os pesadelos invadem o meu sono, pesadelos envolvendo a minha infância, a minha mãe, o Tine...Até o Ast está nos pesadelos!
    Acordei de madrugada quando o relógio ainda marcava 03:00 horas da manhã, Íris não está aqui, o quarto está frio por causa do ar-condicionado e está tudo escuro, meus aparelhos não estão nos meu ouvidos. Me enrolei na coberta, com medo de ter algo ou alguém no escuro.

- Ast? - Sussurrei, procurando o cachorro pela cama, passei a mão por ela inteira. - Asterin? - Onde ele está!?

   Tem um nó na minha garganta, não gosto de sonhar com coisas passadas, muito menos com o como fiquei surda.
   Senti algo lamber minha bochecha, alertando que estava do meu lado. Abracei ele e o puxei para perto. Ele parece me entender, ficou perto e quieto até que eu me sentisse mais segura. Tomei coragem para esticar a mão e pegar o controle, para aumentar alguns graus do ar condicionado e para ligar o abajur em cima do criado mudo.
    Olhei o quarto inteiro, procurando sinais de que ninguém entrou aqui ou que eu esteja realmente sozinha. Janelas fechada, porta fechada... Tudo normal. Tudo bem. Talvez eu só esteja paranoica demais.
    Aumentei a temperatura do ar e continuei abraçada com o Ast, ele está completamente em sinal de alerta, como foi treinado antes. As orelhas estão altas e qualquer barulho chama a atenção dele, mesmo que seja do lado de fora.
    Acabei me deitando novamente e relaxando, ele se deitou do meu lado. O abajur continuou ligado, não quero ficar no escuro, ainda mais estando só eu, o Ast e uma dúzia de homens nas entradas.
    Acariciei o cachorro de pelo dourado do meu lado, em troca, ganhei lambidas na bochecha.     Acabou que eu cochilei assim mesmo, não acordei até o dia seguinte.

◇◇◇◇

    Senti Íris me balançar devagar, está falando algo indecifrável.

- O que? - Cocei meus olhos e encarei ela, já está de manhã.

- John está perguntando se quer ir ver o Tine, querida. - Beijou minha testa.

- Eu quero.. Mas também quero 5 minutos de sono... - Bocejei.

- Certo, venho te chamar daqui a pouco. - Verificou se eu estava bem e saiu logo em seguida.

   O dia vai começar a ser cansativo se continuar assim, já que depois que eu visito o Tine, vou pro galpão, volto para casa, assisto aulas online depois do almoço e logo em seguida tenho que treinar. É corrido e cansativo, mas organizado, como John quer que seja a todo tempo.
    Depois de cinco minutos, Íris voltou e me acordou de novo, me levantei e fui direto pro banheiro. Tomei um banho demorado e arrumei o cabelo, felizmente estou mais disposta, já que minha menstruação está perto de terminar.
    Desci pro café e tomei uma caneca inteira, junto de um pedaço de bolo, logo fui pro carro. Quase cai no caminho, já que fui correndo. Asterin queria vir junto, mas infelizmente não são permitidos animais no hospital.
     Entrei no carro, John já estava me esperando, pronto para partir.

- Bom dia, mocinha. - Disse enquanto colocava o cinto de segurança.

- Bom dia. - Suspirei.

- Dormiu bem?

- Nem um pouco, infelizmente.

- É uma pena. - Concordei com a cabeça.

    Fomos pro hospital bem rápido, John perguntou o caminho todo se eu estava bem e ofereceu balinhas, claro que aceitei. Me animei um pouco depois das balas, doces me deixam mais animada e acordada.
    Quando chegamos, ele abriu a porta para mim e me levou até a recepção do hospital, de lá, eu fui pro quarto onde o Tine estava. Bati na porta e esperei uma confirmação, sorri alegremente quando ouvi a voz do meu marido me mandando entrar, assim que entrei, ele também sorriu.

- Oh, realmente é um bom dia. - Ele está sem as faixas e alguns curativos bem menores.

- Bom dia. - Ri baixo.

- Ótimo dia, mi amor. - Observei os braços dele, com a pele sensível debilitada.

- Como está se sentindo? - Me sentei ao lado dele e beijei a bochecha.

- Péssimo, quero a minha cama.

- Imagino, também te quero em casa. - Suspirei.

- Estou fazendo o possível para convencer o médico a me deixar ir para casa.

- Nem eu deixaria você ir para casa. - Fiz carinho nele.

- Íris cuidaria melhor de mim.

- Isso é verdade. - Não posso negar isso.

- Então eu vou para casa de qualquer forma, já estive mais tempo em hospitais durante a vida do que alguém iria querer.

- Acho que não seria bom ir para casa agora. - Ele está me encarando, agora está confuso.

- Está acontecendo alguma coisa em casa que eu deveria saber?

- Bom... Trocaram os meus remédios, Íris precisou me acordar para não acontecer uma overdose... Ah, foi mal. - Ainda não aprendi a falar!

- Já descobriram quem foi? - Ele ficou sério, o maxilar até contraiu.

- Ainda não, na verdade suspeitamos de uma pessoa.

- Quem. - Ele sentou na cama, resmungando.

- Não deveria fazer esforço... - Ajudei ele. - Alec.

- Quem é Alec?

- Ele adestrou o Asterin no galpão.

- E por que o adestrador do Asterin estava na nossa casa? - Ele está me olhando.

- Porque o Asterin não saia do closet e não queria mais brincar?

- Levar pessoas para nossa casa é um risco.

- Eu já entendi que não posso ter uma vida normal, não preciso de mais alguém jogando isso na minha cara.

- Não estou jogando na sua cara, é um alerta. Você está bem?

- Estou, Íris achou outros remédios para me dar.

- Leve esse Alec para o galpão e interrogue-o.

- Acho que John se sairia melhor nisso.

- Tem que começar a se mostrar autoritária.

- Não sou autoritária e nem quero ser.

- Infelizmente, tem que ser.

- Não sei ser e não vou ser.

- Mi amor. Se te faço treinar e ser diferente estando com aqueles homens, é porque sei que precisa ser assim para se manter sã e salva. Não quero que dependa de mim.

- Tine, eu só não quero ter que ser chefe de uma coisa daquelas, muito menos igual a você.

- Mas foi o que você aceitou.

- Sem saber.

- Mas eu falei para você antes de aceitar.

- Mas não disse a parte em que eu cuidaria de tudo no seu lugar.

- Porque eu não esperava que precisasse.

- Poderia ter avisado.

- Não era a minha intenção te responsabilizar, mesmo achando que consiga.

- Eu não acho que consigo.

- Deveria ter tanta fé em si mesma como eu tenho em você.

- Obrigada, mas eu não tenho.

- Pois comece a ter. Só vai conseguir ver o mundo como eu vejo quando amadurecer. - Não parece o Tine falando, não o meu Tine.

- Olha, se quer me dar uma lição de moral, eu dispenso. - Não posso só ser uma garota mimada e invejável?

- Quero que abra os olhos.

- Certo, você precisa descansar, até amanhã. - Me levantei, caminhando até a porta.

     Amadurecer? Fala sério! Por que eu tenho que só aceitar isso e  pronto? Eu queria estar na porra de uma das melhores escolas, fazendo competições de matemática e sem estar usando aparelhos! Não é justo, nada nessa porra é justa. Estou levando um estilo de vida que eu nunca, nem nos meus pesadelos quis.
    Tine me observou saindo, mas não disse nada, acredito que essa tenha sido a visita mais rápida de todas.
    John estava me esperando do lado de fora do hospital, abriu a porta do carro quando fui até ele. Depois disso, saímos em direção ao galpão, infelizmente.
    Que merda! Eu não quero fazer nada disso, nunca quis!
  Chutei o banco da frente várias vezes, descontando a minha raiva, também soquei o banco. O ruivo não falou nada, apenas ficou quieto e dirigindo. Me neguei a chorar, não gosto de chorar na frente das pessoas, não quando estou em perfeita condição como agora.
    Nós dirigimos ao local pelo caminho mais longo, John me deixou chutar os bancos e bater neles até cansar, também parecia estar pensando em oferecer uma arma, mas deve ter ficado com medo de eu me suicidar. Não seria uma má ideia.
    Quando chegamos sai do carro, mais calma. Fui fazer o mesmo de sempre, verificar mercadorias e outras coisas, porém, para variar um pouco, meu treino foi aqui, na sala de armas.

- Não podemos fazer isso em casa?

- Aqui temos mais espaço.

- E mais pessoas para rir de mim. - Sussurrei.

- Não vão rir de você, já atirou no Caleb, te consideram louca.

- Agradeço o elogio.

- Denada. - Disse sorrindo sem mostrar os dentes e me empurrando de leve para andar.

    Fiz isso, comecei a treinar. Tiros tiros e mais tiros. No final, John me disse para descansar e que iríamos treinar de outra forma. Me mandou ir para a sala do Tine, então eu fui, mas tem alguma coisa muito estranha aqui. Todos os capangas de antes, não estão mais trabalhando normalmente, eles sumiram. Assim que entrei na sala, a porta foi trancada, girei a maçaneta, bati várias vezes, ja não estou entendendo mais nada.

- Dá para abrir a porra da porta? - Chutei a porta a minha frente. - John! Qual é! - Continuei batendo.

    Olhei em volta, procurando alguma coisa que pareça uma chave. Não sei porque me trancaram aqui, também não quero saber, só quero ir embora!
    Mas não tem nada que possa me ajudar a sair, nada a minha vista... Comecei a mexer nas coisas, a procurar na mesa, armários, prateleiras, por alguma coisa que ajudasse, mas não tem nada!
    Me sentei no sofá que tem no canto da sala e suspirei, a ideia é ficar aqui até alguém decidir abrir a porta. Reparei numa coisa, tem um bilhete em cima da mesa, colado no monitor do PC. Me levantei e fui até a mesa, peguei o bilhete e li ele.

Não me mate por isso, saia do galpão sozinha, juro que vai ser recompensada por isso.
Ass: Seu marido.

    Amassei o bilhete e joguei no chão, voltei pro sofá e me sentei. Não vou matar ele, já que qualquer coisinha ele fica em estado terminal. Bati meus pés no chão, pensando. Eu posso simplesmente escolher não sair daqui e esperar, mas como fica a minha cara de tacho quando sair e todos me julgarem? Realmente não vou me importar muito, já que me julgam todo dia e as vezes sem motivos nenhum.
    Deitei minha cabeça para trás, esperando que alguém viesse abrir a porta, minhas pernas estão balançando freneticamente, mostrando que estou nervosa. Levantei a cabeça e olhei a sala inteira.

- Que merda Constantine! - Não queria surtar mais uma vez, mas é sério!?

    Ele só me mete em roubadas! Como querem que eu fique bem?! Eu já estou a ponto de bater a cabeça na parede, ir para um hospital psiquiátrico, me suicidar! Não tô bem da cabeça, nem um pouco!
  Não adianta surtar. Preciso sair daqui, ou vou mofar nesse sofá. Tem muita coisa aqui, alguma deve servir para me ajudar, de preferência uma chave.
     Me levantei e comecei a revirar tudo, mexer nos armários, jogar os papéis e pastas no chão, na verdade eu também quebrei o computador do Constantine... Ou talvez eu tenha quebrado metade das coisas fáceis de quebrar aqui. A culpa é totalmente dele pelo prejuízo, me trancafiar sem chance de saída fácil, idiota! Canalha! Otário! Eu deveria quebrar a cara dele! Pelo menos encontrei uma senha num papel.
    Encarei a senha sem entender o pra que eu iria usar ela, olhei ao redor... No que eu usaria essa senha?
  Continuei andando pela sala, revirando tudo. Parei enfrente o armário de armas, vendo se ele estava aberto. O armário parece um cofre, tem um teclado para senha... Senha!  A senha do armário!
    Digitei os números do papel e logo o "cofre" se abriu, revelando armas de todos os tipos e jeitos. Das maiores as menores, com silenciadores organizados num canto, peguei duas automática, é a que eu sei usar no momento, foi a que eu mais treinei.
    Caminhei até a porta e apontei a arma pro trinco da maçaneta, atirei duas vezes para ter certeza de que iria abrir. Não tinha como não funcionar, a porta ficou escancarada. E bem ao lado dela, um carrinho com mais armas.

- Qual é agora?! - Olhei em volta e comecei a caminhar, perdida no corredor.

    Parei quando o barulho de tiros reverberou no ar, e um buraco se formou na parede a minha frente.
   As armas nas minhas mãos quase caíram no chão, não consigo andar, fiquei paralisada. Continuaram ao redor do meu corpo, nenhum é tão perto, estou sendo encurralada.
    O barulho dos disparos são horríveis, já que está sendo ao mesmo tempo.
    Não consigo me mover, só consegui me abaixar o suficiente para me sentir protegida, também coloquei as mãos sobre a cabeça, as armas foram parar no chão, do lado do meu corpo. Os tiros pararam, estão esperando.... Não vão fazer nada se eu ficar parada, talvez eu continue dessa forma até alguém intervir.
    Mesmo se eu quisesse, não conseguiria fazer nada, já que estou tremendo mais que vara verde. Mas na minha mente está ecoando uma voz irritante, que repete mil vezes: reage, idiota.
    Me movi o suficiente para ficar de frente pro corredor onde os tiros estão vindo, encarei ele, pensando o que fazer. Não quero sair daqui e não quero continuar aqui. Peguei as armas no chão e suspirei pesadamente, xinguei absolutamente todas as pessoas que me meteram nessa situação.
    Me obriguei a levantar e parar de tremer, caminhando devagar pelo corredor. Os tiros voltaram, mas dessa vez eu consigo revidar, ou pelo menos tentar. Apontei as duas armas para frente, atirando enquanto avanço. Parei quando senti um passar do meu lado, perto de mim, me fazendo voltar para a posição de antes, abaixada com as mãos na cabeça.
    Ignorei isso, ignorei o medo e o tremor nas pernas, se eu quero sair daqui, preciso passar por esses postes que eu chamo de capangas, ou melhor, marmanjos.
   Levantei, dessa vez tentando ser confiante, voltei a andar e atirar ao mesmo tempo. Os disparos pararam quando cheguei no final do corredor, assim que virei para entrar em outro corredor, senti algo acertar a minha testa, me causando uma dor insuportável.

- Seu idiota, não era para fazer isso! - São dois capangas discutindo. - Especificaram para não bater nela!

- Mas isso não é um treino? Ela deveria saber se defender! - O outro capanga está tentando se explicar.

- É, mas não corporal!

- Agora já é tarde.

- Será que ela ainda levanta? - Estão me olhando.

    Tirei a mão da minha testa, sentindo ela molhada com algo, é sangue.

- Que merda... - Resmunguei.

- É melhor chamarmos alguém?

- Chama a porra de um coveiro, porque eu quero muito te matar. - Estou tentando levantar, resmungando.

    O capanga que está xingando, me ajudou a levantar.

- Mas eu não sabia! - Agora os dois estão me ajudando.

    Está doendo, doendo muito. Avisei que isso não seria uma boa ideia.

- E agora? Continuamos com isso? - Ainda estão falando?

- Podem parar de falar? - Falei em um tom que os dois escutassem.

- Desculpe. - Os dois disseram ao mesmo tempo.

    Me levaram para fora do galpão, agora os capangas estão por todos os caminhos que passamos, John estava esperando do lado de fora, franziu o cenho quando nos viu.

- O que deu errado? Eu avisei que não era para machucar ela. - Os dois estão quietos, parecem estar pensando quem vai falar.

- Eu não sabia que não era para não machucar ela, senhor... - O culpado falou.

- Como não, imbecil? Se sabe quem ela é, e tendo sido avisado.

- Desculpe. - John está me pegando.

- Antes que diga alguma coisa. Isso não era para ter acontecido. - John me levou até o carro, me sentou no banco.

    Me fez tirar a mão da testa, olhando o machucado.

- Não vai precisar de pontos. - Disse suspirando e pegando uma caixinha no porta luvas.

    Não quero falar, minha cabeça está doendo, minha mão está suja e minha testa sangrando.

- Como está se sentindo?

- Um lixo, como sempre. - Sussurrei.

- Estava indo bem, tenho certeza que conseguiria terminar se não fosse isso aqui. - Acho que ele está falando mais para me distrair do que qualquer outra coisa.

    Ou então, tentando me motivar a me sentir bem comigo mesma.
    Suspirei pesadamente, ele me deu um remédio e uma garrafa d'água, não exitei em beber de uma vez. Ah mas, e se for veneno? Foda-se, é lucro. Fez o curativo enquanto eu xingava na minha mente.

- Eu não quero mais isso.

- Sabemos disso, Morgan. - Ele parece cansado.

- Então porque insistem?! Eu já disse que não quero nada disso! Eu nem queria liderar nada!

- Porque queremos que viva. Morgan ninguém aqui está aqui por gostar, estamos por circunstâncias diferentes, só cumprimos ordens e a nossa ordem é treinar você.

- Se isso for treinar, não quero nem saber como é uma situação real.

- Esperamos que não precise saber como é. - Ele passou o braço na testa e suspirou pesadamente.

- Já podemos ir embora? - Acenou positivamente.

   Coloquei o resto do meu corpo para dentro do carro. O motorista foi para o lugar dele.
   Nós dois estamos quietos. Não sei quem parece mais exausto, talvez John esteja sobrecarregado, querendo ou não, tem mais coisas em cima dele do que qualquer um gostaria, acho que para o trabalho do Tine, só ele mesmo consegue realizar.

- Desculpe por te sobrecarregar.

- Não é culpa sua. E não é nada que eu não dê conta, mocinha.

- Sua mulher deve querer te matar todo dia.

- Ah se quer. - riu fraco. - Ela diz: Eu vou ficar maluca se tiver que cuidar dessa criança sozinha.

- Por que não leva o Pietro em casa?

- Falta tempo, a alguns anos ele vivia naquela casa.

- Quero conhecer ele.

- Vai ter tempo para conhecê-lo.

- Mesmo?

- Mesmo. - Sorri de leve e voltei a atenção pro caminho.

    Meus olhos fecharam lentamente, sentindo um cansaço muito grande. Acabei cochilando de exaustão.
    Senti alguém me carregar no colo quando o carro parou, deve ser o John me levando para dentro de casa. Senti meu corpo leve depois de entrar em contato com o colchão macio, e logo em seguida ele tirar os aparelhos dos meus ouvidos. O conforto que encontro no silêncio foi perfeito para eu continuar a dormir sem preocupação ou pensamentos ruins.
    Apenas me entreguei ao sono e conforto, me deixando aproveitar o momento e dormir. Não sei que horas são, também não me importo.

◇◇◇◇

     Acordei quando alguém me balançou, fazendo com que eu acordasse, é íris.

- É a hora dos seus remédios, querida.

- Isso inclui veneno? - Levei um tapa leve na boca, não para doer, para repreender.

- Não fale essas coisas, por favor.

- Sim senhora. - Não vou discutir com a rainha da casa.

    Ela não acha engraçado as piadas que faço envolvendo a minha vida, muito menos as do Tine, pelo que bem me lembre, a única pessoa que odeia a vida mais que eu, é ele, até já tentou acabar com ela um monte de vezes, não é diferente de mim.
    Acho que a única coisa que muda, são as formas de tentativas. Eu tentava tomar remédios que achava espalhados pela casa e ficar sem comer. - Graças ao Scott, ele me ajudou nessa segunda opção. - Mas não resultou em muita coisa, já que nada fazia efeito o suficiente. Os remédios acabavam me ajudando com os machucados que ficava depois de apanhar, e eu acabava comendo besteiras. Eu não tinha outros métodos a disposição, viver era um fardo que Scott me obrigava a carregar como castigo, e para ele, me ter era um fardo.
    Ainda não sei como tem pessoas como o Tine, Íris, John e Nick que conseguem me querer ter por perto, talvez porque sejam tão quebrados quanto eu.
   Íris me entregou os remédios e um copo d'água quando eu me sentei na cama, tomei os remédios de uma vez e sem reclamar. Três são para pressão, um para dor e dois de vitamina, ainda bem que todos são muito efetivos, tenho problema com esperar as coisas.
    Deitei novamente, voltando ao que interessa, que é dormir e sonhar com anjinhos.
   Íris só me acordou de novo, para jantar.

◇◇◇◇

      Só fui acordada novamente, no dia seguinte. Me obriguei a levantar e ir para a cozinha, no caminho encontrei o Ast, peguei ele no colo e voltei a andar para a cozinha. Tomei o café da manhã e logo tomei um banho, fui pro galpão com o John, treinei tiros, voltei para casa, almocei, treinei luta e assisti aulas online.
    Hoje eu não visitei o Tine, disseram que ele iria estar ocupado fazendo exames, então decidi não incomodar.
    Acabou, que eu treinei mais que o normal, também estudei um pouco de computação.

◇◇◇◇

    A noite, lá para as sete horas, Íris me chamou para ir jantar. Íris estava indo abrir a porta quando cheguei na cozinha.
    Prestei atenção no que iria fazer, Ast também prestou, nós dois estamos curiosos. Para minha surpresa, era Nick quem tinha anunciado a chegada.
   Franzi as sobrancelhas, sem entender o porquê ela estava aqui, antes que eu pudesse falar algo, a morena veio até mim animada, segurou meu rosto e beijou ele todo, até chegar a minha boca.

- Eu precisava te arrastar para ir ao cinema comigo!

- Por que não me ligou? - Estou olhando para ela, assustada com a animação.

- Eu deveria? Não achei que fosse negar.

- Eu poderia estar ocupada, vai que não estou em casa.

- Eu sabia que estaria em casa!

- Certo, mas eu preciso comer primeiro.

- Ah vontade. - Disse batendo palmas. - O que rolou com a sua testa?

- Bateram nela e se fizeram de desentendidos.

- Mas que puto, quem foram esses?

- Idiotas que são mais surdos do que eu. - Caminhei para a cozinha, a morena parou de falar por ver que estou sem aparelhos.

    Só me seguiu e depois agarrou a Íris, beijou o rosto dela todo e abraçou.
    Enquanto outra empregada me servia, observei as duas mulheres a minha frente conversando animadas.
    Me distrai facilmente com a comida, era peixe frito com molho. Comecei a comer animada, já que gosto de peixe, Asterin esperou pelo jantar dele também. Comeu ração e um sachê de brinde, por ter esperado pacientemente.
    Em um piscar de olhos, a morena sumiu, Íris disse que ela foi pro quarto arrumar algumas coisas.
   Assim que terminei de comer, me levantei e fui até o quarto, vendo o que a Nick estava aprontando. A procurei com os olhos assim que entrei, mas não encontrei.
   Só a encontrei, quando ela saiu do closet, segurando roupas, sapatos e bolsas.

- O que é isso? - Perguntei enquanto colocava meus aparelhos.

- Suas roupas, vamos ao cinema, lindinha. - Sorriu.

- Não posso escolher?

- Você vai escolher o básico.

- Ah, obrigada. - Ela colocou as roupas na cama.

- Não se sinta ofendida. - Sorriu. - Você tem uma gucci nunca usada! Quem não usaria isso?!

- Não tenho ocasiões para isso.

- Uma prada!? Querida, você vai vestir. - Me deu as roupas, me empurrando pro banheiro. - Se você tem Gucci e Prada, você usa Gucci e Prada.

- Certo, já entendi. - Entrei no banheiro e comecei a me trocar.

   Me olhei no espelho depois de pronta, me sinto a patricinha de beverly hills. Nick não está muito diferente, ela normalmente já parece uma patricinha mesmo.
    Quando sai do banheiro, Nick assobiou para mim.

- Que gatinha, ô lá em casa hein. - Ri, pegando a bolsa que ela me obrigou a usar.

- Já podemos ir? Qual filme vamos ver?

- Aquele lançamento.

- Tá bom, e em qual cinema? - Começamos a andar em direção para fora de casa, pro carro.

- O mais perto daqui, você conhece.

- Sim senhora. - Antes de sairmos, fiz carinho no Asterin.

    Fomos direto pro carro, John ainda estava lá. Se qualquer outro estivesse a disposição, eu escolheria.
    Entramos no carro, Nick está falando animada com o John, é incrível o quão iguais eles são. A animação é igual, os assuntos são iguais, besteiras, besteiras e mais besteiras, eu adoro isso, até que é legal.
    Eles só pararam de conversar quando chegamos no cinema, sai do carro junto com a Nick. Continuamos conversando até comprarmos os ingressos, pipoca e sentarmos nos nossos lugares, depois disso, ficamos em silêncio total.
    O filme não demorou para começar, é um romance, pelo que os cartazes e trailers falam, um romance bem clichê, aqueles que a maior parte gosta porque não tem como dar errado, receita pronta.
    Prestamos atenção no filme, comendo a pipoca e bebendo os refrigerantes, a sala está lotada de pessoas, eu diria que todas as cadeiras estão ocupadas. Como eu disse, todos gostam de um clichê.

◇◇◇◇

     Já está no final do filme e eu ainda continuo espantada. Tem cenas adultas nesse filme! Por que as pessoas assistem isso?! Enquanto eu olho para os dois lados, evitando a tela por pura vergonha alheia, as outras pessoas sequer ligam pra isso e continuam assistindo.

- O que foi, lindinha? - Nick me olhou.

- Por que tem essas cenas!?

- Vai me dizer que não faz isso com o Tine?

- É diferente de fazer e ver na frente de tanta gente. - Sussurrei.

- Sei, e se fizesse em um lugar com muita gente? - Me olhou.

- Eu não acho que tenho coragem para isso... - A morena se aproximou disfarçadamente.

- Isso é uma pena, o clima aqui está tão propício.

- Propício? - Ela concordou.

- Muito Propício. - Está beijando o meu rosto descaradamente.

- Nick, vai incomodar os outros.

- Se reparar bem, não somos as únicas fazendo alguma coisa a mais aqui.

- Que nojo! - Ela tapou minha boca. Pude escutar vários chamados para não falar alto. - Desculpa... - Sussurrei.

- Não é que nojo, é que no escuro é melhor. - Sorriu cínica.

    Nick sentou normalmente, mas a sua mão foi para a minha coxa, está alisando e subindo a mão descaradamente. Subindo e subindo para dentro da minha saia, safada! Por isso me fez usar saia!

- Relaxe, lindinha. - Senti seus dedos roçarem o tecido fino da minha calcinha, fechei as pernas por impulso.

    Ela esperou que eu abrisse de novo, e continuou depois de eu dar permissão. Ainda por cima do tecido, mexeu os dedos lentamente em movimentos circulares, está se divertindo com os suspiros que eu dou.

- Sabe, o filme não está mais tão interessante, eu já sei o final. - Nick disse, sussurrando e tirou a mão de onde estava. - Eu vou até o banheiro.

    Ela fez o mesmo olhar que o Tine quando quer fazer sexo, levantou-se rapidamente, saindo da sala, levando consigo o refrigerante.
   Porque Constantine tem tantos amigos tarados? Tudo bem que eu permito a taradice, mas mesmo assim!
   Depois de alguns minutos, me levantei e caminhei para fora da sala. Fui até o banheiro, quase no fim do corredor, entrei calmamente e devagar, esperando encontrar mais de uma pessoa, já que é um banheiro.
    Não achei ninguém, então só arrumei a minha roupa, vendo se estava amarrotada.

- Demorou. - Tomei um susto com a voz repentina.

- Assombração! - Olhei a Nick.

- Assim me ofende. - Ela fez um bico, enquanto saía da cabine.

- Vai querer ver o filme? Acho que não podemos mais voltar para a sessão. - Falei enquanto lavava minha mão.

- Hum, não. Acho que consigo entretenimento melhor.

- Você e o Tine são farinha do mesmo saco.

- Não me compare, eu faço um trabalho bem mais minucioso. - Disse se aproximando.

- Faz? Nunca me deixou descobrir.

- Agora estou até me oferecendo. - Me deu um selinho.

- Então vamos para casa.

- Vai demorar tanto... - A morena me pressionou contra a bancada.

- Precisa ser paciente.

- Tá bom. Sua casa então.

- Vamos? - Me puxou pelo braço e saímos andando.

    Fomos pro estacionamento, John já está lá, acho que Nick ligou para ele, ou talvez ele nem tenha saído do estacionamento, já que estava cochilando. Entramos no carro comportadas e quietas, avisei que íamos direto para casa, e assim fez, fomos direto para casa e conversando.
    Não demoramos para chegar, saímos do carro e entramos em casa, Íris estava na cozinha, brigando com o Asterin.

- Ele pegou geleia de novo?

- Os dois potes, como? Eu não sei dizer. - Ri baixo, ri mais ainda depois de ver o focinho do cachorro sujo de geleia.

- Acho melhor esconder as geleias. - Nick está rindo.

    A morena segurou minha mão, me puxando de leve para subirmos. Acenamos para Íris e deixamos ela com a missão de dar banho no Ast.

   No final das contas, não fizemos nada. Não transamos. Nossa acompanhante da noite foi uma garrafa de bebida cara que achamos no carrinho do corredor, era para ser um tipo de amenizador de clima, porém, ficamos tão bêbadas que capotamos depois que a garrafa estava vazia, foram horas de conversa fiada de embriagadas.

NOTAS DAS AUTORAS:

    Galera, juntando todos os cortes, se passaram mais ou menos 5 dias, ou seja, a menstruação da Morgan acabou! Só um aviso do tempo para não ficarem perdidos.

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