Vem comigo, família.
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Reino de Stony Stream, Europa. 1797.
[Karina Brandman's Point of View]:
Para membros da família Real, 18 anos é a idade ideal para se casar e continuar com a linhagem. Por essa razão, no meu 18º aniversário seria ofertado um enorme banquete com príncipes de diferentes lugares do Reino e vizinhanças, já que todos seriam pretendentes em potencial.
Porém, rivais do Trono ameaçavam tomar o Poder da nossa dinastia causando tensão entre os Grandes Reinos. Por esse motivo, o Rei buscava desesperadamente um marido para mim. E o príncipe Arthur era, naquele momento, uma boa escolha para firmar uma Aliança poderosa.
Nos vimos apenas uma vez, mas meus pais e os dele eram aliados desde o fim da Grande Guerra que, ocasionou a morte do meu irmão mais velho Klaus Brandman. Então a nossa união seria um sinal de estabilidade e prosperidade, acalmando os conflitos internos e externos.
- Sorria, querida... - Minha mãe pediu ao ver a carruagem do príncipe ao longe. Estávamos em frente ao enorme Palácio esperando por sua chegada - Você precisa amadurecer logo, Karina... - Disse em tom de reprovação - O seu pai está fazendo um árduo trabalho para que as pessoas continuem nos aceitando ao invés de desejarem a extinção da nossa linhagem.
Eu sabia que precisava assumir todas aquelas responsabilidades, mas às vezes eu queria saber como seria ter uma vida normal. Mas desde sempre fui criada para ser a futura rainha, me modelando para o que esperavam que eu me tornasse... Eu nem sequer lembrava-me quais eram meus próprios desejos.
- Logo chegará o seu momento e você precisará fazer com que os plebeus e a nobreza te aceitem - Ela continuava a falar seriamente, enquanto eu ouvia com atenção - Eles gostam de você pela sua beleza, mas não confiam em você como Rainha para tomar decisões importantes pelo Reino.
Respirei fundo, antes de sorrir ainda mais largo, eu podia sentir minhas bochechas doerem.Os cavalos brancos aproximaram-se, fazendo os serviçais se prepararem para recepcioná-los.
- É uma honra está de volta - Príncipe Arthur disse educadamente ao se aproximar - Rainha... - Fez uma breve reverência - Princesa... - Assentiu sua cabeça em minha direção.
- O prazer é nosso, Príncipe Arthur - Respondi gentilmente - Daremos uma volta pelo jardim... - Informei para minha mãe que sorriu orgulhosa.
- Com licença, Vossa Alteza - Príncipe Arthur fez novamente uma reverência para minha mãe, oferecendo o seu braço direito para mim. Certifiquei-me de que minhas luvas estavam devidamente posicionadas.
Para uma futura Rainha ter sua pele exposta e tocada por um homem antes do casamento era visto com maus olhares, principalmente porque elas representavam nossa pureza.
Passeávamos pelo enorme jardim, enquanto alguns servos aparavam os arbustos ao fundo. Apesar de ser Inverno, hoje o dia estava agradável. O vento gelado batia contra o nosso rosto, porém não era insuportável ou congelante.
- Meu pai está empolgado com a proposta do casamento... - Príncipe Arthur disse sorrindo para mim - Eu diria que é um prazer ter uma bela princesa como pretendente - Falou galanteador.
- Obrigada... - Respondi educadamente, sentindo minhas bochechas corarem. Era comum que as pessoas elogiassem membros da realeza, mas eu não conseguia me acostumar com isso.
- Mas princesa, devido te advertir de que apesar de ter o título de príncipe, minha personalidade não é exatamente essa - Ele falava casualmente - Não espere que eu seja um homem maduro, eu só te vi uma vez naquela noite... Mas estou curioso, que tipo de garota você é?
- Provavelmente eu não sou a mulher dos seus sonhos - Disse, o fazendo sorrir negando com a cabeça.
- Eu também não sou o homem dos seus sonhos - Ele apontou divertido - Eu sou insensível e não entendo os sentimentos de uma mulher, provavelmente eu te abandone e vá caçar.
- Dentre todos os homens que eu já conheci, o único que admitiu não ser uma boa pessoa foi você... - Falei, porque aquilo realmente era verdade - E se você for caçar, eu caçarei com você... - Sorri para ele.
- Minha futura noiva parece alguém bastante inteligente, engraçada e divertida - Arthur disse olhando para mim - E tenho certeza que será uma ótima rainha.
- E você um ótimo Rei, eu suponho... - Concordei.
Formar uma Aliança com Príncipe Arthur para proteger interesses maiores não parecia algo tão ruim. Ele era um rapaz gentil, além de muito bonito e educado. O nosso Reinado poderia ser feliz e prospero.
[...]
Após Príncipe Arthur partir, caminhei para o meu quarto.
Estava sentada treinando minha caligrafia, enquanto esperava pela chegada da minha pessoa favorita de todo o Reino: Erin, a filha de meu tio. A garota havia viajado para Stemmaguarda para conhecer o Príncipe Sylas e chegaria à Stony Stream essa noite.
Ouvi batidas suaves em minha porta, autorizando a entrada. Virei-me para ver Erin entrar em meu quarto, imediatamente me levantei caminhando em sua direção.
- Princesa Karina - Ela cumprimentou, dobrando seus joelhos.
- Princesa Erin - Cumprimentei de volta, fazendo reverência.
Após as formalidades, sorríamos uma para outra, extremamente felizes.
- Eu senti sua falta! - Erin disse me abraçando.
- Só não mais do que eu! - Afirmei - Me conta como foi em Stemmaguarda - Perguntei curiosa.
Erin enrugou levemente seu nariz, sentando-se na enorme cama. Fiquei em pé próximo a ela para ouvir sobre sua mais nova aventura.
- O príncipe Sylas é uma boa pessoa - Ela disse desanimada - Mas eu queria casar por amor, sabe? Como nos livros...
- Nós temos deveres, acho que amor nunca foi prioridade... - Respondi simplesmente - Mas você pode tentar se apaixonar por ele - Falei - Ele é bonito.
- Eu sei, é que... - Erin disse inconformada - Isso é tão frustante...
Para as outras pessoas normais deveria ser comum passar horas se imaginando, elaborando ou desejando, uma vida diferente da que leva ou sonhando em viver um amor verdadeiro. Mas para membros da Realeza era algo fora de cogitação. Existiam prioridades acima.
- Mas me diz... Como foi com o príncipe Arthur? - Perguntou curiosa, me olhando.
- Ele é um rapaz gentil - Respondi sorrindo - O nosso casamento foi adiantado para a primavera.
- Pelo menos alguém está feliz em se casar - Erin disse - Eu torço pela sua felicidade e que seu Reinado seja prospero - Desejou.
- Obrigada... Mas eu só espero que isso acalme as agitações... - Falei esperançosa.
- Eu também, está um caos fora da Fortaleza - Ela disse.
- Erin, como é lá fora? Sabe... Fora das muralhas? - Perguntei a olhando com expectativa.
Por ser a última filha viva do Rei, eu nunca saí da Fortaleza por questão de segurança. As muralhas nos protegeram durante a Grande Guerra, então era mais racional permanecermos lá, enquanto os soldados ofereciam seus corações para proteger a Coroa.
- Lá fora está repleto de crueldade... mas ao mesmo tempo, é muito bonito - Erin disse sorrindo.
- Tudo o que sei sobre o mundo lá fora é o que está nos livros, acho que é por isso que gosto tanto de lê-los na biblioteca... - Falei triste - Você tem sorte, Erin... Você é livre...
- Eu não sou livre - Erin respondeu contragosto - Mas tento fazer a minha liberdade.
Sentei-me ao seu lado na cama. Erin me olhava de lado com pena.
- Lembra de quando éramos crianças e falávamos que um dia veríamos o mar, porque nós só sabíamos o que os livros falavam? - Erin perguntou retoricamente - Nós ainda podemos... - Falou esperançosa.
- Você ainda pode... - Sorri triste para ela - Eu não...
Fazia tanto tempo desde a última vez que pensei sobre meus próprios sonhos e desejos que nem sequer lembrava que um dia quis aquilo quando era criança.
Estar casada e me tornar Rainha jamais significaria ser livre. O Rei poderia sair das muralhas em casos extremamente urgentes, mas a Rainha em hipótese alguma.
Um Rei pode ser substituído, mas apenas a Rainha pode gerar descendentes.
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Personagens citados nesse capítulo:
Erin Lai Nelet Brandman, 15 anos.
Até a próxima.