𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

10 - Lado Errado

956 102 66
By aPandora02

"Eu não confio em ninguém e ninguém confia em mim

Serei a atriz estrelando nos seus pesadelos"

(Look What You Made Me Do – Taylor Swift)


— Acho que tem alguém que você gostaria de ver antes de partirmos — comentou Steve ao seu lado, vestido em seu uniforme outra vez.

Nem ela e nem Sam comentaram sobre a visita inapropriada ao museu, mas o homem não deixou de a encher de perguntas que tiveram respostas vagas com a mulher confessando estar passando por um momento difícil, do qual acredita ter algo a ver com o acidente de carro que sofrera há dois meses. Ao ser pressionada, Daiana contou que bateu a cabeça, sofrendo de uma amnésia que ela acreditava também estar relacionada a algumas alucinações que estava tendo ultimamente.

Aquela informação deixou Sam preocupado, não com ela, mas sim que a mulher surtasse de repente vendo algo que não existia e acabasse prejudicando a eles de alguma forma, mas Daiana apressou-se em sua defesa, alegando que as "alucinações" na verdade eram o que pareciam ser lembranças que ela tinha certeza de não serem reais. Obviamente Sam quis que falasse mais a respeito, mas ela o forçou a esquecer aquele assunto por hora visto que era muito boa na arte de ignorar tudo e qualquer coisa, vencendo o joguinho de quem fica calado por mais tempo. Ela não queria falar e era muito boa em manter a boca fechada.

Caminhavam por um corredor estreito feito de pedras, um tipo de caverna ou mina abandonada, sendo utilizada agora para que pudessem se esconder. Daiana quase soltou a gata no chão quando uma porta velha foi empurrada pelo Capitão, revelando uma sala não muito bem iluminada, com uma mesa redonda no centro e três pessoas presentes, sendo bem conhecido o homem com um tapa olho.

Não escondeu sua surpresa e susto ao ver bem em sua frente aquele que ela acreditava estar morto. Fury também pareceu bastante surpreso em encontrá-la, e prontamente levantou-se da cadeira para analisá-la melhor.

— Srta. Stewart?

Daiana tinha a boca entreaberta. Triskelion possuía muitos funcionários que iam e vinham, e as pessoas presentes, incluindo a própria Daiana, não eram bobos e rapidamente uma pergunta se instalou na cabeça todos eles: Porque alguém como Nick Fury lembraria tão bem do nome de uma faxineira contratada há menos de dois meses e com quem trocou palavras por menos de cinco vezes?

— Sr. Fury — ela soltou após alguns instantes, recuperando-se do choque momentâneo. — E-eu... — o que deveria dizer? — O senhor está vivo... — aquele comentário soou mais para si mesma que para os demais.

O do tapa olhos riu fracamente, assentindo no processo.

— Tetrodotoxina B. Diminui a pulsação, um batimento por minuto. Banner a desenvolveu para o estresse — explicou e Daiana ergueu as sobrancelhas fingindo que tinha entendido. — Seus ferimentos estão melhores, srta. Stewart?

— Sim, senhor — era mentira e Nick obviamente percebeu aquilo.

— Pensei que o lance da amnésia fosse mentira e você fosse muito boa nisso, mas agora vejo que não é tão boa assim — seu comentário deixou a todos confusos, principalmente a mulher a quem as palavras foram direcionadas.

— Perdão? -- Piscou algumas vezes.

— Seu acidente — soltou de repente. — Do que se lembra?

Daiana deu de ombros, sentindo-se desconfortável por já terem tido aquela conversa na entrevista de emprego e com outras pessoas tantas vezes. Na verdade, ultimamente muita gente parecia interessado em seu passado.

— Eu não me lembro — optou por ser sincera.

Fury assentiu muito lentamente sem desviar a atenção dela, como se querendo ganhar tempo para pensar.

— Pensei que tivesse ido embora, mas os meus amigos me contaram sobre você — apontou na direção de Natasha, Sam e Steve. — Me contaram sobre o que fez e eu sabia que não tinha errado a seu respeito, senhorita.

— Me desculpe, senhor — riu nervosa —, mas lamento não estar entendendo.

— Eu não tenho exatamente como provar, principalmente agora — indicou o local e situação em que estavam atualmente —, mas sabia sobre a HYDRA, sobre ela não ter acabado completamente. Então comecei a investigar — ele riu nasalado balançando a cabeça para os lados. — Um carro capota, desvia da pista, cai da ponte, uma mulher ferida é encontrada às margens e ninguém fala nada sobre? Nenhum jornal, nenhuma notícia? — Começou a destacar seu ponto. — Sem testemunhas? Aquilo não foi um acidente, srta. Stewart — agora Fury tinha a voz firme e acusatória. — Foi uma tentativa de homicídio.

As informações jogadas em cima dela a fizeram cambalear e outra vez quase deixar que Alpine caísse de seus braços, mas tratou de se recompor rapidamente, apertando-a contra ela como se Alpine fosse sua fonte de coragem e energia.

— O que? — Conseguiu encontrar um fio de voz.

— Quando você apareceu contando sobre o acidente, eu estranhei que não soubesse de nada a respeito, então comecei a investigar. Quanto menos eu achava, mais acreditava que algo estava errado. Decidi que seria bom mantê-la em meu campo de visão, principalmente quando Alexander Pierce demonstrou tanto desconforto por sua presença, insistindo que não fosse contratada dando-me diversos motivos para tal — contornou a mesa e se aproximou de Daiana que instintivamente firmou as mãos em Alpine e não abaixou a cabeça, tampouco demonstrou desconforto ou recuou diante do olhar intimidador do outro. — Eu não sei quem você realmente é, Daiana Stewart, se esse é mesmo o seu nome, mas eu suspeito que tenha algum envolvimento com a HYDRA. Portanto eu não confio em você. Mas não posso deixar de me perguntar... Se a queriam morta antes, porque deixá-la viva quando tiveram todas as oportunidades para finalizar o trabalho?

Surpresa era uma reação da qual todos os demais compartilhavam, até mesmo Daiana, mas esta se mantinha firme com o semblante inabalado que com muito sucesso escondia a confusão que estava por dentro. Nick precisava reconhecer que a mulher era boa com disfarces, ainda que ao dizer mentiras, falhasse. Desde que passou a suspeitar de Alexander, que escondia muito bem suas reais intenções, Nick, muito inteligente, soube imediatamente que havia algo estranho assim que Alexander Pierce soube de Daiana.

Lembrava-se de  sua reação. Em nenhum outro contrato, o agente reagiu de tal maneira. Prestes a perder a paciência ao perceber que quanto mais se posicionava contra a mulher, mais Nick se via inclinado a tê-la por perto. Uma ligação para ela, uma conversa e uma enorme pilha de suspeitas e perguntas se formaram em sua mente. Tentou arrancar algo, mas em primeira vista Daiana Stewart parecia uma civil comum, que tentava reorganizar a sua vida após um trágico acidente. Acidente este, que não deixara muitos rastros. Estranho, não?

Poderia ser um corredor sem saída, mas Fury insistira, e ainda insistia mesmo que com recursos reduzidos para pesquisas, em descobrir a verdade. Seria ela uma vítima? Ou uma possível ameaça?

— Então ela é uma espiã? Está com eles? — A agente Hill levantou-se tocando a arma presa em suas costas sem nunca desviar o olhar atento da morena.

Por mais que tentasse disfarçar, era um movimento discreto que não passou despercebido aos olhos de Daiana que automaticamente traçou maneiras de escapar ou desviar do conflito sem que Alpine e ela fossem prejudicadas.

— Eu acho que não... — Fury recuou dois curtos passos sem desviar de Daiana. — Mas sei que está envolvida de alguma forma.

Para Daiana, aquilo era uma loucura. Falavam como se ela não estivesse presente. Se parasse para organizar seus pensamentos, aonde esteve horas atrás com Sam, o que sentiu ao ver o Soldado Invernal, Bucky, tanto no museu quanto em sua frente tentando matá-la e hesitando, a dog tag daquele mesmo homem... Porra. O que diabos está acontecendo comigo? O que diabos aconteceu comigo?

Se Fury estivesse certo... por que tentariam matá-la?

— O que faremos então? — Questionou Natasha cruzando os braços, tendo mais um motivo para não gostar da mulher.

A ideia de tê-la por perto não lhe era agradável, mas se Fury estivesse certo, mantê-la distante e fora de vista talvez fosse pior.

— A manteremos conosco, embora não tenhamos como provar nada além de suposições — respondeu o diretor após um momento de silencio e plantado a sementinha da desconfiança em todos contra Daiana. — Temos assuntos mais urgentes a tratar por hora — voltou para a cadeira que estava antes e a agente Hill repetiu seu gesto sem tirar os olhos desconfiados e atentos da que segurava uma gatinha alheia ao que acontecia ao redor.

Fury puxou para mais próximo dele uma maleta preta sobre a mesa, a abriu e girou na direção de Natasha, Sam, Steve e Daiana. Esta última que se aproximou, mas mantendo-se um pouco mais afastada que os demais por pura precaução, para enfim ver o que pareciam três plaquinhas.

— O que é isso? — Sam compartilhava da mesma dúvida que ela.

— Assim que os aeroporta-aviões estiverem a 900 metros — começou Maria Hill a explicar, virando a tela do notebook para eles. Na imagem mostrava uma das naves da S. H. I. E. L. D. entre cinco satélites —, eles vão triangular com os satélites do Insigth e suas armas estarão prontas.

— Temos que invadir o aeroporta-aviões e substituir os chips de aquisição de alvo pelos nossos — Fury apontou para as plaquinhas, que agora sabiam serem chips.

— Um ou dois não vão adiantar — continuou a agente. — Precisamos conectar todos os três para funcionar. Porque se um deles permanecer operacional — ela hesitou por um segundos, trocando olhares com todos os presentes —, será um grande massacre.

— Temos que considerar que todos nos aeroporta-aviões são da HYDRA — Nick enfatizou aquilo, como uma ordem para que não houvesse misericórdia e por mais que a ideia de ferir outra pessoa fosse cruel e a incomodasse, Daiana também se aconselhava dizendo a si mesma que eram eles, ou ela e muitas outras vidas inocentes.

Já matou ou homem antes, por mais que não se orgulhe nem um pouco, mas estava disposta a matar outra vez se fosse necessário. O homem do tapa olho prosseguiu:

— Temos que passar por eles, inserir esses servidores e talvez, talvez, possamos recuperar o que sobrou e...

— Não vamos recuperar nada! — Steve, determinado, o cortou. — Não vamos só derrubar os aeroporta-aviões, vamos derrubar a S. H. I. E. L. D. — todas as atenções atônicas se voltaram para ele, deixando Fury sem reação por alguns instante tentando assimilar que o Capitão estava propondo acabar com tudo o que ele construiu.

— A S. H. I. E. L. D. não tem nada a ver com isso! — Elevou sua voz com a afronta do outro.

— Você me deu essa missão, e é assim que ela termina — o Capitão, no entanto para o descontentamento de Fury, estava determinado com sua ideia de derrubar tanto a HYDRA, quanto a S. H. I. E. L. D. para que situações semelhantes a que estavam passando não tornassem a acontecer — A S. H. I. E. L. D. foi comprometida, você mesmo disse — o lembrou de suas palavras anteriores. — A HYDRA cresceu de baixo do seu nariz e você não viu.

— Por que acha que estamos nessa caverna? — Com as mãos indicou o seu redor pouco antes de seu olhar pousar sobre Daiana, que calada um pouco atrás de Steve apenas observava a discussão, antes de voltar-se ao homem com quem discutia. — Eu vi, sim!

— Quantos pagaram o preço antes disso? — Sua pergunta, carregada de uma dor notória, calou-o.

Fury observou cada um dos presentes sendo os únicos que ainda podia confiar, incluindo até mesmo a faxineira misteriosa, e abaixou a cabeça parecendo realmente chateado.

— Eu não sabia sobre o Barnes — foi sincero em suas palavras de tom um pouco mais baixo e suave.

A menção do nome do amigo fez com que Steve pressionasse os dentes e o coração de Daiana batesse um pouco mais rápido.

— Se soubesse, teria me contado? — Rebateu aproximando-se em um lento passo. — Ou teria compartimentalizado isso? — Quando não houve resposta alguma, Steve balançou a cabeça para os lados levemente, tendo alí a sua resposta: Fury não teria lhe contado porque sabia que iria interferir em seus interesses pessoais. — S. H. I. E. L. D., HYDRA... todas já eram.

— Ele está certo — para a surpresa de todos, mas principalmente de Nick, as três palavras partiram da segunda no comando depois de Fury, e a pessoa mais confiável para ele naquela sala: Maria Hill.

Inconformado, e um tanto incrédulo, Fury virou-se para Natasha esperando sua posição, mas a ruiva relaxou em sua cadeira. Tendo sua resposta, subiu o olhar para Sam logo atrás dela.

— Não olha 'pra mim — Wilson tratou de se adiantar. — Eu faço o que ele fizer, só que mais de vagar.

Em seu último de esperança, cedeu e fitou a acidentada com uma gatinha, esperando que pelo menos alguém concordasse com ele e se opusesse a ideia de Steve Rogers.

— Eu já estou sem emprego mesmo — ela deu de ombros e aproximou um passo para mais perto do Capitão.

Então era aquilo, todos estavam com o Capitão e era ele quem ditava as ordens agora, aparentemente.

***

A cena poderia ser engraçada se não fosse séria, e Daiana acreditaria que o guarda que acabara de ser rendido teria rido das pessoas em sua frente se não tivesse duas armas apontadas para a cabeça ele. Afinal, não é todo dia que você está trabalhando, alguém danifica o sinal de comunicação, como eles fizeram, e quando você vai verificar se depara com o Capitão América sendo ladeado por uma agente e o Falcão carregando uma arma, e uma faxineira comum armada com um cabo de vassoura logo atrás.

Obviamente os três debateram com a mulher sobre como uma arma de verdade era o mais adequado para que ela se protegesse, ou então um canivete ou punhal caso não soubesse atirar, mas ela foi resistente e como todas as outras vezes, venceu aquela discussão. Mas Steve estava mais preocupado com sua segurança e permitiu que os acompanhasse apenas se mantivesse ao menos um canivete no bolso.

Daiana não possuía um uniforme de super-herói como Steve ou Sam, nem um de agente com Maria em sua frente, estando ainda com a mesma roupa que consistia em uma calça legging e uma camisa de manga curta, ambas sujas. Sendo assim, o canivete estava preso sendo segurado apenas pelo elástico da calça em sua cintura, escondido pelo tecido da camiseta. Mas, apesar disso, havia algo que ela sabia fazer muito bem e aquelas roupas, na verdade, estavam sob o uniforme folgado de faxineira que ela pensou que nunca mais vestiria e quando se separaram, Daiana passou a botar em prática com muito mais cuidado o que há meses vinha fazendo por si mesma: ser discreta e passar despercebida.

Os cabelos presos em um rabo de cavalo, a cabeça baixa mantendo o rosto escondido dos olhares graças ao boné, fazia com que ninguém desconfiasse de sua pessoa. Afinal, em um lugar como Triskelion, com pessoas importantes muito ocupadas indo e vindo, quem olharia para uma simples faxineira fazendo o seu "trabalho", não é mesmo? Ao mesmo tempo que mantinha os passos apressados, tentava manter-se o mais discreta possível para não levantar suspeitas. Tinha controle de seu próprio corpo, então disfarçar o nervosismo não era uma tarefa muito difícil, a não ser que alguém a tivesse como alvo de seu olhar, analisando-a minuciosamente.

Virou e andou por alguns corredores, até avistar a sala que deveria adentrar: a de controle. Mas não previu que virando um dos corredores estaria seu velho amigo, o qual não tivera mais contato para manter a ambos em segurança. Arregalou os olhos e sentiu o coração acelerar no peito quando não teve tempo de abaixar a cabeça e seguir caminho, pois os olhos azuis estavam fixos nos dela, tão surpresos com o reconhecimento estampados neles.

— Daiana? — Ele piscou algumas vezes para ter certeza do que via e a mulher voltou para si mesma.

Olhou ao redor e se apressou na direção dele pedindo silencio com o indicador em frente aos lábios que chiavam.

— Cala a boca, porra — mandou arrastando o carrinho de limpeza para perto do amigo que ainda precisava de alguns segundos para se recompor.

— Está fazendo o que aqui? — Agora tinha o cuidado de manter a voz sussurrada, olhando igualmente assustado ao redor, conferindo se ninguém os ouvia ou prestava atenção na interação deles. — Estão te caçando e você vem para o meio da cova de leões? Está sozinha?-- Os olhos inquietos vagavam por seu rosto e corpo em busca de ferimentos.

— Eu não tenho tempo para responder agora, mas eu juro que te explico tudo depois — gesticulava nervosa. — Matthew — respirou fundo olhando-o profundamente —, eu preciso que me ajude a entrar naquela sala — apontou para a sala de controle.

Apenas os funcionários possuíam um cartão que liberava tanto o acesso aos elevadores e andares, quanto para destravar as portas dos locais mais importantes e a sala de controle era uma dessas. Por não ser mais funcionária, Daiana não possuía mais o seu e o plano era esperar que alguém entrasse ou saísse para que ela apenas segurasse a porta para que pudesse adentrar facilmente sem levantar suspeitas. Ter Matthew alí, no entanto, não parecia mais tão ruim e ele apressaria seu trabalho.

— Por que quer entrar na sala de controle? — Desconfiado, semicerrou os olhos e Daiana bufou impaciente.

— Eu já disse que não tenho tempo para isso agora, Matt, por favor — implorou apressada.

Seu amigo e ex-colega de trabalho hesitou por algum momento, dividido entre ceder ou não. Ela entendia seu receio, afinal se fossem pegos veriam Matthew como cumplice e ele muito provavelmente pagaria um preço que não deveria. O pensamento a fez se sentir mal por precisar envolve-lo daquela maneira, mas era necessário para um bem maior.

— Eu te odeio — resmungou deixando os ombros caírem.

Daiana suspirou aliviada e juntos empurraram seus carrinhos de limpeza, com a mulher tendo ainda mais cuidado agora para não ser vista. Matthew puxou o cartão de seu bolso e destravou a porta, dando espaço para que ela fosse na frente. Alguns olhares se viraram na direção deles para conferir quem acabara de entrar e quando os funcionários perceberam ser apenas o pessoal da faxina, deram pouca importância e voltaram ao trabalho digitando coisas nos computadores, conversando pelos headset e verificando as várias câmeras de segurança no grande painel de frente para todos.

Uma rápida troca de olhares e os dois começaram o trabalho como qualquer outro dia. Daiana puxou a arma disfarçada de vassoura e começou a varrer entre as mesas, esperando por algum sinal. As caixas de som começaram a funcionar pouco tempo depois, afirmando que Steve conseguira chegar na sala de comunicação.

A princípio não deveria estar alí por não ter nenhum treinamento de combate, mas foi insistente. Assim que finalizasse seu trabalho e saísse dalí, deveria se encontrar com Steve. Seu principal trabalho era não deixar que lançassem os aeroporta-aviões, e do grupo foi a pessoa escolhida como a mais apropriada para se infiltrar naquela sala específica sem chamar atenção.

Rogers se preparava para discursar no microfone para que toda a Triskelion o ouvisse. Sabiam que era um risco, que saberiam suas localizações e viriam o mais rápido possível, mas um combate não poderia ser evitado e era preciso que as pessoas inocentes que nada tinham a ver com aquele conflito soubessem o que estava prestes a acontecer para que pudessem se preparar. Nem todos naquele lugar eram ruins. Haviam pessoas honestas, com filhos, maridos e esposas para quem deveriam voltar.

— Atenção, agentes da S. H. I. E. L. D. — foram suas primeiras palavras ecoando por todo o edifício. — Aqui é o Steve Rogers. Ouviram muito sobre mim nos últimos dias — por todos os cantos as pessoas, sem exceção, cessaram seus trabalhos para ouvir um tanto espantados e surpresos as palavras do homem que procuravam a mando de Pierce. — A alguns de vocês foi ordenado que me cassassem, mas é hora de saberem a verdade. A S. H. I. E. L. D. não é o que pensamos que fosse. Ela está sendo controlada pela HYDRA — então uma tensão pairou por todos os locais, por todas as salas e corredores, com pessoas desconfiadas e assustadas olhando umas para as outras. — Alexander Pierce é o líder deles. O pessoal da S. T. R. I. K. E. e da Insight também são da HYDRA. Não sei quantos, mas são. E sei que estão no prédio.

Os guardas desconfiados de qualquer um em seu campo de visão, tocaram as armas presas no uniforme, e o mesmo foi feito pelos agentes. O que antes era calmaria de mais um dia de trabalho, agora era tomado pela desconfiança até mesmo de seus amigos mais próximos alí dentro, com a possibilidade de serem traidores.

— Podem estar ao seu lado. Estão quase conseguindo o que querem: controle absoluto. Atiraram em Nick Fury — então o choque da surpresa foi ainda maior para os não envolvidos naquilo — e não vai terminar aqui. Se vocês lançarem esses aeroporta-aviões hoje, a HYDRA poderá matar todo mundo que estiver no seu caminho, a menos que a detenhamos. Eu sei que estou pedindo muito, mas o preço pela liberdade é alto. Ele sempre foi, e é o preço que estou disposto a pagar. E se eu for o único, então que seja — aquela fala sem um pingo de hesitação fez com que Daiana tivesse um pouco mais de determinação para cumprir o seu trabalho que antes se via com medo —, mas aposto que não sou.

Quando finalizado, a tensão naquela sala era quase palpável, tal como o medo. Por cima do ombro, ainda de cabeça baixa, Daiana trocou um olhar significativo com Matthew, igualmente paralisado, a tempo de ver atrás dele a porta se abrindo e o agente Rumlow junto de outros dois membros da S. T. R. I. K. E., que permaneceram parados na porta. Ele andou seriamente entre as mesas sem se importar com os olhares até parar próximo a ela, mas mirando o homem sentado na cadeira.

— Antecipe a sequencia de lançamentos. Mande as naves lá para cima — ordenou.

O funcionário de cabelos encaracolados, camisa azul social e gravata listrada estava visivelmente nervoso. Olhou para trás apenas para confirmar que a ordem fora dada a ele e, quando confirmado, voltou sua atenção para frente, em dúvida entre seguir ou não sua ordem. Daiana estava tensa. Todas as atenções eram voltadas aos dois e sentia que algo ruim estava prestes a acontecer, mas invadiram a Triskelion sabendo dos riscos.

— Tem algum problema? — O membro da S. T. R. I. K. E. o questionou assim que não recebeu nenhuma resposta do funcionário que olhou ao redor, completamente inquieto.

— Ãm... — ele balançou a cabeça, seus olhos vagando pelas teclas do teclado, mas suas mãos permaneciam debaixo da mesa com os dedos afundados no tecido de sua calça.

Alí ficou claro para todos que Brock Rumlow era um membro infiltrado da HYDRA, e aquele funcionário era apenas um inocente que caiu de paraquedas no meio de toda a confusão.

— Tem algum problema? — Esbravejou impaciente fazendo com que o homem sobressaltasse na cadeira e fechasse os olhos fortemente, ainda mais trêmulo do que antes.

— E-eu sinto muito, senhor — gaguejou prestes a chorar, e quem poderia julgá-lo por ter aquela reação?

Então respirou fundo algumas vezes subindo as mãos e tocando levemente as teclas com as pontas dos dedos, dividido entre o certo e o errado. Ele não era um herói, mas também não era um assassino, ao mesmo tempo que não queria morrer. O conflito daquele homem era angustiante de assistir, pois a decisão naquele momento era dele e ninguém parecia disposto a intervir. Então ele limpou a garganta com os olhos marejados, tomando a sua decisão:

— E-eu não vou fazer o lançamento — alguns segundos de silencio, mas ele foi firme em sua resposta, apesar do medo com a alta possibilidade de ser morto bem alí. — O Capitão ordenou.

Puxando a arma, Rumlow pressionou o cano contra a nuca do homem que fechou os olhos permitindo que algumas lágrimas caíssem. Levantar-se da cadeira e sair dalí, no entanto, permitiria a Rumlow acesso livre ao sistema para que pudesse finalizar o trabalho.

Daiana estava prestes a reagir, sem saber ao certo como, quando viu outra pessoa ser mais rápida.

— Você ouviu ele — Sharon também puxou sua arma e a apontou para o agente traidor.

Sua atitude, no entanto, teve reação. De repente, num piscar de olhos, todos os armados puxaram as armas e apontaram uns para os outros, permitindo que Daiana pudesse ver quem era um traidor e quem não era.

— O Capitão ordenou — ela continuou como se nada tivesse acontecido ao seu redor, não transparecendo abalo algum.

— Escolheu o lado errado, agente — a ponta da arma dele empurrou a cabeça do refém para baixo, quase fazendo com que o homem inocente tocasse a mesa.

Era possível ouvir o seu choro baixo. A vida dele estava nas mãos de outras pessoas naquele momento e seu desespero era compreensível, tal como sua coragem era admirável.

— Não — uma terceira voz, feminina, surgiu do outro lado de Rumlow. — Você escolheu o lado errado, agente.

Olhando para aquela direção, a primeira coisa que o homem notou foi a lâmina afiada de um canivete apontado para a sua garganta. Quem o segurava levou a mão livre para o boné, o retirando e permitindo que visse o rosto da faxineira miserável que teve o desprazer de encontrar no elevador no dia em que deveria ter finalizado o Capitão, se não fosse por ela atrapalhar os seus planos. De novo

— É muita audácia a sua aparecer aqui — comentou raivoso.

Percebendo a sua desvantagem naquele momento, Rumlow abaixou a arma, mesmo contragosto, e a deixou cair no chão. O som fez com que o refém desse outro sobressalto, podendo respirar um pouco mais aliviado. Com muita habilidade o agente ao mesmo tempo que se desarmou, agarrou a faca presa em sua perna e cortou o antebraço de Sharon, forçando-a a soltar a sua arma. Naquele momento o caos se instalou com sequencias de tiros.

Daiana foi reagir contra Rumlow, mas alguém agarrou seu cabelo e a puxou para trás, fazendo-a esbarrar no carrinho de limpeza e cair de costas no chão ocasionando uma explosão de dor na região, principalmente nas costelas. Ainda era uma surpresa para ela não ter quebrado alguma até o momento. Quem a havia puxado, no entanto, a fez sentir o gosto amargo da traição.

Matthew puxou o canivete que ela deixou cair e tentou golpeá-la ao mesmo tempo que Daiana reagiu conseguindo alcançar o cabo da vassoura e usá-lo como uma barreira para se defender do ataque. Matthew tentou outra investida, mas a mulher lhe deu uma rasteira fazendo com que se desequilibrasse e caísse no chão.

— O que está fazendo? — Ela gritou se colocando em pé.

— Estou fazendo o meu trabalho: — ele respondeu em mesmo tom, pondo-se de pé outra vez e girando o canivete entre os dedos com uma habilidade invejável. — Limpando a sujeira.

Uma sequencia de golpes foram desferidos agilmente contra ela. Aquilo era treinamento maior por parte dele, algo que um simples faxineiro não teria, mas ainda mais impressionante era a capacidade de Daiana de desviar de todos eles. Sua mente trabalhava a juntar os pontinhos dolorosos: Matthew também era um infiltrado da HYDRA.

E ele esteve ao seu lado esse tempo todo.

Um breve desvio de atenção fez com que ele conseguisse cortar seu ombro, fazendo-a soltar um grito de dor. Cansada de defender, começou a atacar. Sua vantagem era que o cabo de vassoura era mais longo que um canivete, permitindo que ela tivesse um ataque de longa distancia e assim não corresse o risco que se permitiu correr.

Dois golpes fortes e certeiros do cabo atingiram suas costelas e um ainda mais forte sua cabeça antes que ele pudesse feri-la outra vez, fazendo com que se desnorteasse por um momento. Aproveitou daquela vantagem para atingir sua mão fazendo com que a arma caísse distante deles, mas sem coragem de finalizá-lo quando o viu caído no chão, um tanto grogue.

— Eu confiei em você — ofegante, Daiana olhou-o com desprezo e abalo. — E você mentiu para mim.

O idiota, que um dia pensou ser uma das melhores pessoas que já conheceu desde que acordara do hospital, sorriu com os dentes manchados de sangue.

— Hail HYDRA — foi seu último murmuro rouco e lento antes que Daiana, tomada pela raiva, o golpeasse outra vez com a vassoura, apagando-o definitivamente.

— Hail HYDRA, é o caralho — cuspiu no chão próximo a ele.

A grande tela principal da sala indicava que Rumlow havia conseguido permitir que os aeroporta-aviões fossem lançados.

— Vai — gritou Sharon. — Eu te dou cobertura — apontou para a porta que o agente havia corrido.

Daiana assentiu e pegou o cartão de acesso do Matthew antes de sair correndo, fazendo o mesmo caminho que o homem.


Oiee

• Nick Fury sempre um passo afrente de todos 😘

• Não foi acidente... foi uma tentativa de homicídio. Mas a gata ludibria até a morte 💅

• Mas, repetindo a pergunta de Fury: Se a queriam morta, por que deixá-la viva? 👀

• Vocês esperavam essa traição do Matthew?? 💔

• Fiquei com dó do carinha no computador.

• Eu criei um Tiktok para as fics. Estarei postando edits delas, tentando intercalar para que não fique focado em apenas uma. Quem quiser seguir: https://www.tiktok.com/@apandora02

• Quero agradecer a todo mundo que está votando e comentando, isso é muito importante para mim ♥

•  ✨ Me desculpem qualquer erro 

• ❤ Espero que estejam gostando 

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