–x– (ATT DUPLA!!!! não esqueçam de apertar aquela estrela ali em baixo) –x–
No domingo, eu finalmente contei a Liam.
Ele gritou contra o telefone por horas até finalmente me permitir explicar.
– Essa foi a ideia mais idiota e perfeita que eu já ouvi! – Liam gritou novamente no telefone. Eu estava sentado na cadeira e em frente à minha escrivaninha, mordendo a ponta da caneta e terminando meu trabalho de química enquanto ouvia Liam.
– Pois é – murmurei e suspirei quando pingos de chuva começaram a cair. – Acredita que está chovendo?
– Acredito, nós moramos em Londres – disse irônico, e eu ri.
– E como você e Harry, han... você sabe – fechei os olhos me lembrando de Harry e de ontem.
– Eu descobri que o ódio que sinto por ele é recíproco – Liam riu do outro lado da linha. – Isso não é engraçado, Lee.
–Eu sei, dude. Agora me fale, Harry está te tratando bem? – Sua voz era um tanto preocupada, o que me fez sorrir.
– Não se preocupe comigo – fechei o caderno, tendo a certeza que não conseguiria responder mais alguma questão.
– Eu me preocupo sim – disse decidido, me fazendo soltar um risinho. – Você está bem?
Pensei por um instante.
– Eu estou.
– Mesmo? – Perguntou insistente.
– Mesmo – respondi com um suspiro.
– Me contaria se não estivesse?
– Eu só estou pensando na quantidade de assinaturas e doações que vamos ganhar até o baile – Liam riu de minha tentativa para mudar o foco da conversa.
– De que nuvem você caiu, Louis Tomlinson? – Cantarolou, me fazendo sorrir um pouco.
– De uma bem alta, devo ter batido forte a cabeça.
–x–
As aulas começavam às oito horas, já eram sete e meia quando eu mordia a pontinha do meu dedo mindinho esperando na frente de minha casa.
Eu sempre chegava às sete horas para arrumar meus materiais e as coisas para o jornal. Estava atrasado.
Harry disse que viria me buscar, mas eu já estava trêmulo dos pés à cabeça, esperando há meia hora que ele aparecesse. E nada.
Eu vestia uma calça skinny, com uma blusa azul bebê e minha jaqueta jeans por cima. Acho que nunca saí sem meus sweaters no inverno...
Também estava sem os óculos, meus olhos já pareciam levemente irritados. Eu estava os coçando quando finalmente o Porsche de Harry virou a rua.
Apertei minha mochila nas costas e a maleta em meu peito, vendo o carro parar e o vidro ser abaixado.
– Entra – Harry disse e bufou quando tive dificuldades para abrir a porta. – Não risque.
Me sentei, grudando mais a maleta em meu peito e vendo os olhos de Harry me avaliarem enquanto fechava a porta.
– Precisa mesmo dessa maleta ridícula? – Perguntou quando o carro começou a andar, e eu olhei para minha maleta preta.
– Eu tenho que guardar bem os documentos do meu projeto – falei e vi um pequeno copo do Starbucks em cima do painel.
Harry pegou e bebeu o que me parecia ser chocolate quente pelo cheiro delicioso que inundou o carro.
Eu não havia tomado café, e minha barriga roncou...
Harry suspirou.
– Quer? – Perguntou ainda olhando para a estrada, e eu neguei rapidamente, corando por ele ter ouvido.
– N-não, obrigado – disse envergonhado. Passamos o pequeno trajeto sem falar até Harry estacionar em sua vaga no colégio.
– Olha... – Harry passou as mãos nos cabelos e puxou com força. – Você quer mesmo continuar com essa merda?
– Eu já te disse que preciso dessas assinaturas e doações, Harry.
Ele suspirou batendo as mãos no volante.
– A gente vai sair desse carro, e todos vão estar nos olhando, tente ser normal – murmurou, destravando a porta. – Vamos logo.
Normal.
Abri a porta e pude ver cada par de olhos naquele estacionamento se virar em nossa direção, o que era estranho, já que não fazíamos nada demais para termos chamado atenção. Então percebi que não olhavam para nós, olhavam para ele.
Harry vestia a jaqueta do time de basquete, com um grande urso desenhado em suas costas e com aquela cor do vômito do meu cachorro junto com vermelho nas bordas. Ele estava me esperando chegar ao seu lado para começarmos a andar até a porta de entrada, e tomei um pequeno susto quando uma líder de torcida apareceu em nossa frente.
– Harry! – Ela gritou animada. Mesmo estando no inverno, essas garotas não pareciam abandonar as saias curtas. O mais confuso é que ela me empurrou levemente para tomar meu lugar ao lado de Harry.
Os olhos de Harry finalmente chegaram em mim que tinha tropeçado levemente pelo empurrão.
– Kendall – ele disse, colocando uma mão em seu ombro e a afastando para o lado. – Esse é o... Louis, meu namorado – os olhos de Kendall quase saltaram de seu rosto e ela finalmente me olhou, avaliando cada centímetro de meu corpo e rosto.
– Oh, eu não sabia – ela disse ainda me encarando, e Harry voltou a andar, deixando Kendall para trás e acenando para eu segui-lo.
– Droga... – Harry chiou, vendo Zayn e Niall caminharem em nossa direção. Quando os olhos de Niall se iluminaram em contato aos meus, eu abaixei o rosto rapidamente. – Eu já contei a eles.
– Quem diria que Louis Tomlinson sabia fazer jogos – o sotaque irlandês inundou meus ouvidos, e eu me permiti levantar o rosto para ver agora, não só olhos azuis grudados nos meus, mas também um par de olhos cor de caramelo me encarando.
– Foi você quem fez a matéria do jornal sobre as pinturas do centro da cidade? – Zayn disparou rapidamente, e eu olhei receoso para ele confirmando. – Eu também acho que elas estavam mal posicionadas, eles poderiam ter feito uma instalação melhor.
Ow, Zayn Malik do time de basquete lia o jornal da escola! E nem era a parte de esportes.
– Cara, eu nunca mais vou em exposições com você, Zayn. Na última que fomos, você passou vinte minutos olhando para o mesmo quadro – Niall gargalhou, Harry estava olhando para os dois e tomando ainda seu achocolatado.
– Temos que admirar bem uma obra. Culpe Tomlinson, esse foi o título da matéria, que estava ótima se quer saber – Zayn me elogiou.
Eu corei abaixando a cabeça.
– Obrigado – disse, e ele sorriu.
– Okay, Louis, já andamos até aqui, nos vemos no intervalo – Harry chiou, e os olhos calmos de Zayn chegaram aos meus novamente.
– Oh, e-eu... tudo bem – disse, olhando para os garotos e me apertando mais a minha jaqueta que estava me deixando com frio por ser muito aberta. – Até.
Saí ouvindo Harry rir com Niall sobre algum assunto, e quando me virei, uma líder de torcida já estava ao lado de seu ombro falando algo em seu ouvido.
(Harry's POV)
Droga! Droga! Mil vezes droga!
Minha vida social estava acabada.
Megan chegou até mim logo após Louis sair e cochichou em meu ouvido perguntando se eu havia batido minha cabeça em algum lugar.
– Já pode espalhar por aí que Harry está namorando – Niall disse se apoiando em Zayn, que escondia um sorriso sacana.
Megan olhou para mim com os olhos arregalados.
– Isso é sério? – Perguntou com aquela voz de choro que garotas fazem. Ou pelo menos, eu acho.
Cerrei os olhos para Niall e assenti.
– Sim, eu estou.
E foi como um apocalipse zumbi. Antes mesmo de eu entrar na sala de aula com Niall comentando sobre lagostas enormes de domingo, pude ver garotas e garotos cochichando, apontando "discretamente" para mim e até mesmo irritados com o que me parecia o fato de estar namorando.
– Hey, Harry! – Luke, um dos meus amigos do time me chamou. – Você está mesmo namorando o Tomlinson?
A pergunta foi direcionada a mim, é claro, mas o corredor parecia ter parado apenas para ouvir minha resposta.
Maldito dia em que Louis bateu em minha porta...
– Sim – respondi seco e passei por ele, entrando em minha sala de uma vez e ignorando as fofocas que agora pareciam se espalhar como uma grande notícia.
– Não entendo você sabia – Zayn murmurou se virando para mim, já que sua carteira era em minha frente.
– Não entende o quê?! – Minha voz saiu um tanto irritada, e Zayn bufou.
– Esqueça.
Revirei os olhos e ignorei Zayn até última aula antes de sairmos para comer.
– Só estou te chamando porque quero as respostas – disse baixo, e Zayn sorriu para mim. Ele sabia muito bem que eu não pedia desculpas, então deu tapinhas em minha bochecha.
– Você é um idiota.
–x–
Quando o almoço chegou, eu estava prestes a pegar uma dessas facas na cantina e enfiar no pescoço do próximo que perguntasse se eu realmente estava namorando Louis.
– Fiquei sabendo que Amy chorou no banheiro por você, Harry, olha só – Niall riu, e eu lhe mostrei o dedo do meio. – Vai chamar Louis para nossa mesa?
Arregalei os olhos para ele.
– Está maluco? É claro que não. Chega de passar vergonha – disse, e Zayn negou com a cabeça.
– Você vai chamá-lo, ele é seu namorado, de verdade ou não, é o que você deveria fazer – revirei os olhos e empurrei o ombro de Zayn levemente.
– Que seja, mas espero do fundo de meu coração que aquela coisinha negue – Zayn começou a andar em direção a nossa mesa, e eu fui atrás vendo Niall mandar mensagens inquietantes para alguém.
– Sabe o que é engraçado, Niall? – Perguntei, e ele negou ainda não me dando atenção. – Acho que não sou só eu que tenho um namorado de mentira.
– Hey, minha namorada é real, só não quero que você a conheça – rosnou para mim e finalmente chegamos a mesa. Os garotos do time eram os mais populares do colégio e como eu era o capitão, a cadeira localizada no meio sempre era deixada a mim, assim como a do lado que sempre era ocupada por alguma garota gostosa que beijava meu pescoço enquanto eu me alimentava.
Quando me sentei, vi que duas garotas com uniforme de torcida olharam para o lugar vago ao meu lado, esperando que eu as chamassem.
Vi que alguns garotos me olhavam esperando explicações, afinal, deveriam estar pensando como um cara popular do colégio começava a namorar com um garoto nerd, que passava seu tempo na sala do jornal, quando se tinha diversas garotas e garotos aos seus pés.
– Niall, está vendo o Louis ali? – Disse baixo para meu amigo que se sentava ao meu lado, ele confirmou olhando para Louis que acabara de pegar uma bandeja junto com seu amigo Liam. – Diga que eu mandei ele vir aqui.
Niall saiu em segundos, e olhei para Megan, que trouxe uma bandeja com comida para mim.
Não tive tempo de dizer nada, já que ela se sentava ao meu lado, ao mesmo tempo que Louis chegava junto a Niall.
E todos os jogadores e garotas cessaram a conversa, olhando para a cena.
– Megan.., – comecei a dizer, e ela olhou para mim como se estivesse esperando alguma explicação de minha parte.
– É o namorado dele, Megan – Kylie que estava do outro lado da mesa com seu namorado disse, e eu agradeci, pois não queria ter que dizer isso tão alto dessa forma.
– E-eu vou sentar em... – Louis começou a dizer, mas Niall o empurrou.
– Não. Megan, sente-se ali – Niall mostrou um lugar ao lado de Kendall, que também me olhava emburrada.
A líder de torcida finamente cedeu, e Louis ainda continuou de pé.
– Tem lugar para Liam? – Perguntou baixinho com sua cabeça em direção ao chão.
Olhei para o time de basquete, que me olhava como se eu fosse um doente mental, mas não tinham a mínima coragem de me contrariarem.
Suspirei fundo, olhando para Liam que se aproximava arrumando seus botões da camisa, patético.
A mesa inteira me olhava, esperando que eu dissesse a Louis que não, que era até ridículo o fato de ele estar se sentando conosco, até Liam agora.
– Do lado de Zayn – eu disse depois de uma eternidade, e Louis pareceu soltar o ar que tanto segurava.
Ele se sentou e percebi que tremia de frio, sua jaqueta jeans parecia não aquecê-lo completamente, mas fui pego pela voz de Kylie me chamando.
– Eu vou dar uma festa na minha casa depois de amanhã. Como vai ser feriado quarta-feira e quinta, pensei que seria legal uma social – disse, e todos da mesa gritaram comemorando, menos os dois garotos novos que pareciam deslocados.
Cortei o meu pedaço de torta até ouvir a voz de uma das líderes de torcida, namorada de um dos caras do time.
– Você vai comer tudo isso?! – Ela perguntou alto, apontando para o prato de Louis, que olhou assustado para ela e corou forte quando as outras garotas começaram a rir maldosamente.
Vi que no prato de Louis haviam dois pedaços de torta, um pequeno bolinho recheado e dois pudins.
Pude vê-lo engolir em seco e morder os lábios em nervosismo.
– Ele come o quanto quiser – uma voz cortou a mesa, e pude ver Liam olhar feio para as garotas, que abaixaram a cabeça por serem repreendidas.
Liam olhava fixamente para Louis agora, que cutucava sua torta sem ao menos cortá-la.
Ignorei os olhares para mim e comecei a comer, mas um nó estava formado em minha garganta.
Minutos se passaram e a conversa na mesa voltou, esquecendo o episódio sobre o prato de Louis, que estava calado e olhava para a mesa por mais de dez minutos sem sequer subir os olhos.
Vi que Kendall e Megan cochichavam do outro lado da mesa, assim como outras pessoas, e percebi que Louis brincava com os dedos, ainda não comendo.
Ow.
Droga, Harry, qual é a importância disso? Coma a porra da comida logo.
Liam saiu da mesa junto a Zayn, e vi que os dois foram jogar suas bandejas, conversando sobre algo enquanto Liam corava e Zayn limpava suas bochechas. Zayn...
A conversa na mesa tinha parado novamente, quando me virei, todos olhavam para um ponto específico ao meu lado. Virei o rosto rapidamente, vendo Louis piscar os olhos rapidamente. Piscando com força e levando os curtos dedos até eles, os esfregando.
– Que merda ele está fazendo? – Uma garota perguntou, e vi os caras começarem a rir quando Louis soltou gemido sôfrego piscando cada vez mais rápido os olhos.
Risadas, comentários, alguns olhavam para mim e riam também.
– Merda, Louis, eu disse para ser normal, pare de me fazer passar vergonha – disse inclinado quase rosnando em seu ouvido.
Louis parou de piscar por um momento parecendo voltar a realidade. Empurrou a cadeira, escutando as risadas e saindo da mesa com passos rápidos até o corredor dos banheiros.
Minutos depois, Liam volta com seu sorriso desaparecendo.
– Onde está Louis? – Ele me pergunta se sentando no lugar antes ocupado pelo garoto.
– Sei lá, ele começou a piscar como maluco na mesa, e os caras começaram a rir. Qual é o problema dele? – Mexi em minha gelatina, e Liam bateu em meu ombro.
– Ele não está acostumado com as lentes, idiota. Provavelmente estavam o ferindo – Liam parecia ficar vermelho ao que falava. – Ele deve estar precisando de ajuda, e você é um babaca.
Eu deveria estar socando a cara de Liam por ele se atrever a me tratar assim, mas fui eu quem pedi a Louis para que ele tirasse aqueles óculos horrorosos.
Liam foi para se levantar, e eu o segurei.
– Eu vou – me levantei, e Liam me olhou surpreso ainda negando. – Eu só vou falar com ele, que droga.
Zayn apareceu ao lado de Liam, e eu suspirei.
– Okay, diga a ele que eu já estou indo também – Liam murmurou, e eu segui até o corredor, procurando pelo banheiro masculino e entrando no mesmo.
No final da bancada, podia ver Louis passando as pequenas mãos na torneira e lavando os olhos, chorando baixinho enquanto parecia equilibrar algo em sua outra mão.
– Louis? – Chamei, e o menor deu um pequeno pulo assustado e rapidamente olhou para a bancada, onde parecia ter derrubado algo.
– Minhas lentes... – disse com a voz embargada e baixinha. – Eu não enxergo.
Me apressei para olhar no balcão de cor branca, passando a mão em toda sua extremidade e sentindo a lente de Louis próximo a penúltima pia.
– Aqui – estendi minha mão para ele que olhou e pegou a lente com os dedos trêmulos, a levando para torneira e lavando com cuidado.
– D-desculpe por ter feito aquilo, e-eu... – fiz que não com a cabeça, puxando ar suficiente em meus pulmões e vendo um garoto entrar pela porta, lavando as mãos e saindo novamente.
– Elas irritam seus olhos? – Perguntei, e Louis não respondeu, ele estava com os olhos vermelhos e um tanto inchados. – Pode falar.
Louis assentiu com um pouco de receio.
– Volte a usar seus óculos – falei.
Por que diabos eu estava dizendo isso? Talvez por ver Louis totalmente indefeso e prestes a voltar a chorar.
– Vamos voltar? – Perguntei a Louis depois que o vi retirar uma caixinha do bolso e colocar suas lentes. Ele provavelmente estava com os óculos guardados na sala de aula.
Louis sacudiu a cabeça.
– Eu não estou com fome – disse olhando para mim e desviando os olhos azuis para o espelho.
Isso era claramente mentira, já que Louis não havia sequer tocado em sua comida.
– Tudo bem, eu preciso voltar, Liam disse que já estava vindo – falei meio incerto se deveria deixar Louis sozinho.
– Eu vou esperar por ele.
Concordei e olhei para o espelho, vendo nossos reflexos juntos e Louis tremendo de frio quando a porta foi aberta novamente por outro garoto.
– Pegue isto – tirei minha jaqueta, esticando para ele.
Não me pergunte o que estou fazendo, eu devo estar ficando maluco.
– Mas você vai ficar com frio – Louis negou, empurrando minha mão de volta para mim. Seus dedos roçando nos meus na tentativa de me devolver a jaqueta de basquete.
– Eu tenho treino agora, não vou usá-la. Pegue essa droga de jaqueta logo.
E Louis relutante pegou.
Juro por tudo que nunca vi alguém ficar tão bonito com uma simples jaqueta de time que engolia seu corpo pequeno por completo, já que eu era bem maior.
DROGA! Em que porra eu estou pensando?!
– Eu preciso ir – disse, saindo do banheiro e deixando o menor com minha jaqueta.