Marriage of Convenience

By PetalaNegra0

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Constantine Hill, chefe da máfia italiana. Morgan Stanley, uma jovem metida em negociações de interesse. Os... More

𝐌𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 "𝐒𝐢𝐦"
𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐨𝐬
𝐌𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚
𝐔𝐦 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 (𝐢𝐧)𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳
𝐀𝐣𝐮𝐝𝐚 (𝐢𝐧)𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐚
𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬?
𝐏𝐫𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫
𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚
𝐏𝐨́𝐬 𝐟𝐞𝐬𝐭𝐚
𝐂𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐨𝐬.
Não é um capítulo. Mas é importante!
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨?
𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐬𝐮𝐦𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂?
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐦𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐞
𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐞
𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞́𝐧𝐬
𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐠𝐚 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫𝐞𝐬
Pergunta rápida! Não é capítulo!
𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.
𝐁𝐨𝐦 𝐝𝐢𝐚.
𝐏𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨.
𝐔𝐦 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨.
𝐆𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚𝐬?
𝐌𝐚𝐬𝐜𝐨𝐭𝐞
𝐈𝐦𝐩𝐥𝐨𝐫𝐞.
𝐃𝐞 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥
𝐇𝐚𝐣𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐭𝐚𝐥
𝐀𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐨𝐮 𝐚𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐚𝐭𝐨?
𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨
𝐀𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐞𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐫𝐭𝐨𝐬
𝐎 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚𝐝𝐨
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚?
𝐂𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞 𝐨 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐨
𝐀𝐭𝐞́ 𝐝𝐞𝐳
𝐃𝐞 𝐣𝐨𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞
𝐍𝐨́𝐬 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐢́𝐚𝐦𝐨𝐬
𝐋𝐞𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐦𝐞𝐚𝐜̧𝐚
𝐈𝐧𝐭𝐞́𝐫𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞
𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐄𝐩𝐢́𝐥𝐨𝐠𝐨
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Pergunta rápida

𝐀𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫

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By PetalaNegra0


Morgan

- Meu treino? - Ah não, por favor. - Não podemos começar amanhã?

- Não, não podemos. - John que disse dessa vez.

    Ele está com roupas leves e tênis, bem diferente do terno de todos os dias.

- John, eu realmente não quero começar isso hoje. - Ele está vindo até mim, fazendo eu me afastar.

- Não é muito sobre o que a senhorita quer, precisa ser feito.

- Mas eu preciso dormir.

- Vai ter todo o tempo do mundo para dormir, mas depois. - Ah, que pena de mim.

     Antes que eu falasse algo, ele me puxou para perto de um saco de pancadas e colocou luvas em mim.

- Me mostre o que sabe. - Acenei com a cabeça, começando a socar o saco.

    Ele não saiu do lugar e eu quase cai.

- Tudo bem... Vamos do início então. - O vi suspirar pesadamente.

     Começamos o treino, ele me fez fazer flexões e agachamentos, em tempos, até porque não consigo fazer mais de quatro de cada exercício, não me deixou parar por um minuto. Quando eu parava, ele me acertava com uma borrifada de água da garrafinha, pensa que sou um animal?

- John, podemos descansar? - Falei enquanto diminuía a velocidade dos socos que eu estava dando no saco de pancadas.

- Precisa continuar, senhorita. - Respirei fundo e continuei os socos.

   Sai correndo quando ele se virou de costas, não durou nem um minuto e correu atrás de mim.

- Morgan! - Fechei a porta na cara dele. - Senhorita! - Onde eu vou me esconder!?

    Corri para a área externa e entrei na casa de piscina, consigo escutar John gritando o meu nome. Tampei minha boca e tentei regular minha respiração, ou então iriam me escutar daqui de dentro.
    Por que eu preciso desse treinamento? John não pode ficar no meu lugar? Mas que merda, eu não devia ter feito essa tatuagem! Se não fosse pelo Caleb, eu tive que fazer!
   
- Morgan, você sequer sabe se esconder direito. - Como ele abriu a porta tão rápido?! Chegou na casa de piscina em segundos. - Eu sei que estou sendo rude, mas é preciso agora.

    Fiquei em silêncio.

- Quando você começar a...

- Eu não quero começar nada! Porque você não pode cuidar de tudo?!

- Porque eu não sou a garota forte que foi vendida pelo pai a uma família de mafiosos. - Fiquei calada. - Eu sei que quer ser normal, mas não pode Morgan. Você tem que fazer o que outras pessoas não fazem, ser o que outros não são. Acredite, nenhum de nós gostaria que você precisasse passar por isso.

    Continuei só escutando o que ele estava falando, cada palavra vem até mim como tapas fortes na cara.

- Tem que parar de ter medo de certas coisas, porque elas são tão minúsculas que nem afetam você, como aqueles marmanjos no galpão. - Ele está falando enquanto me puxa de volta para a sala onde estávamos.

- Eu não quero fazer nada disso! Eles me dão medo como qualquer outra coisa!

- Por que tem medo deles se eles te obedecem?!

- Porque o antigo chefe deles me trata como se fosse meu dono!

- O antigo chefe deles não manda em mais nada lá dentro!

- Mas manda em mim! Ele pode facilmente chegar aqui e me dar um castigo!

- Ele não manda em você! Precisa entender isso! - Queria que isso fosse verdade.

     Só percebi que já tínhamos chegado na sala de treinamento quando paramos de andar.

- Olha só, você não é obrigada, mas é a forma que temos para facilitar a sua carga. - Suspirou. - Mas se não quer, vou parar de insistir.

- Só não quero perder minha novela. - Coloquei as luvas de boxe.

- Acabamos antes da novela, eu prometo. - Voltamos ao treinamento.

    Continuei treinando os socos e fazendo exercícios, flexão, abdominais, agachamentos... Tudo o que podia e dava para fazer, eu fiz, ele disse que vamos melhorar minha força física primeiro para poder fazer o resto.
   Paramos antes da minha novela começar, como eu tinha pedido. Tomei um banho demorado e depois deitei para assistir, mesmo que estivesse com fome, só levantei quando acabou. Fui até a cozinha, ver se tinha algo pronto, como era de se esperar, tinha muitas coisas como bolo, biscoito e sobras da janta.
    Me sentei para comer as sobras da janta, esperei a comida esquentar no micro-ondas e coloquei o prato na mesa, sentei e comecei a comer devagar. Estava muito boa, como sempre.
    Encontrei Asterin depois de um tempo, esteve no quarto esse tempo, dentro do closet. Não tirei ele de lá, estava quieto e bem, não queria estragar isso, mesmo que seja estranho ele estar quieto, já que normalmente é muito agitado.
    Voltei para a cama e me deitei, precisei tomar outro remédio para dor. A cólica piorou pelo esforço físico que fiz a tarde inteira.
   Tentei ficar aconchegada entre os travesseiros e a coberta, pedindo para que a cólica me deixasse em paz. Só aconteceu quando eu peguei no sono.

◇◇◇◇

    Acordei no dia seguinte com o sol entrando pela janela e batendo no meu rosto. Me espreguicei e levantei da cama devagar, olhando em volta. Silêncio e mais silêncio.
    Caminhei pro banheiro e lavei meu rosto, depois fui direto para a cozinha tomar café da manhã. A mesa estava posta e Íris estava lavando roupas, me disse bom dia quando me viu.

- Bom dia... - Me sentei, pegando café.

- Bom dia, querida. Como está se sentindo?

- Uma merda. - Ela me olhou, me repreendendo. - Um saco de lixo ambulante. - Forcei um sorriso.

- Você está linda, se a questão for aparência.

- Não é a aparência. - Quem dera fosse isso.

    Sei que meu rosto está com espinhas e inchado, mas ainda não ligo para isso, sei que muitas garotas dariam de tudo para ser como eu. É mais o cansaço que não foi embora, mesmo com mais de oito horas de sono, e agora vou precisar de uma jarra de café inteira.
    Íris está me olhando quieta, talvez pedindo para tudo voltar ao normal rápido, ou só esteja cansada de cuidar de mim.

- Tome isso, vai ajudar com as dores. - Ela colocou remédios na minha mão, enquanto beijou minha testa.

    Concordei com a cabeça e tomei os remédios junto do café, não me importo se vai fazer mal ou não. Ela me disse que eu teria o resto da manhã livre, só treinaria a tarde. É um alívio ouvir isso, acho que é um alívio ouvir qualquer coisa, isso mostra que não estou surda.
    Perguntei onde o John estava e se ele podia me levar até o hospital. Ela disse que ele podia, corri para tomar banho rapidamente. Foi tão rápido, que nem lavei meu cabelo, prendi ele num coque.
    Corri pro carro, John já estava me esperando lá, pelo menos parece menos cansado que o dia anterior. Entrei e fiquei quieta, pus o cinto e me encostei no banco. Não demoramos para sair de casa, muito menos para chegar ao hospital. Entrei direto quando chegamos.
    Ganhei o adesivo de visitante e fui pro quarto do Tine. Ele estava olhando a enfermeira enquanto ela refazia curativos nos braços dele, sorriu assim que me viu.

- Foi mal, pensei que estivesse sozinho...

- Já estou de saída, senhorita. - Sorriu. - Com licença. - Ela terminou de colocar as faixas e se retirou.

    Sentei do lado da cama, olhando o Tine, quieta.

- Não mereço nem um beijo? - Me levantei e beijei a testa dele. - John me contou sobre o seu treino. - Suspirou pesadamente. - Desculpe por te impor uma coisa assim.

- Desculpe pelo vexame, te fiz passar vergonha sem nem estar em casa. - Olhei para ele. - Os seguranças devem ter escutado.

- Não ligo para isso.

- Não? - Não liga? Como não liga?

- Não. Sua reação é normal e entendível, mas espero que entenda que todos naquela casa estão sobrecarregados. - Acenei com a cabeça.

- Já está melhor? Quando vai receber alta? - Ele acenou que sim.

- Daqui alguns dias posso ir para casa.

- Bom. - É um alívio ouvir isso. - Estão cuidando de você melhor que a Íris?

- Ninguém cuida de mim melhor que a Íris.

- Isso é bom de saber. - Ri.

- Como está tudo em casa?

- Mesma coisa de sempre, só que menos agitada.

- Entendo. Bom, está tudo sob controle então. - Sua voz ainda é baixa, ele parece tão cansado.

- Está sim. - Me levantei. - Amanhã vou voltar aqui, você parece estar cansado agora. - Beijei a bochecha dele.

- Você vem tão rápido que nem considero uma visita.

- Acho que ainda preciso ir no galpão. - Só de pensar, sinto minha cabeça doer.

- Fique só mais um pouco, por favor.

- Não tenho como negar, acho que nunca vi você pedir por favor. - Ri baixo.

- Você faz milagres, mi amor. - Sorrio.

- Está fazendo falta em casa. - Fiz carinho no rosto dele.

- Estou é? - Aceno que sim. - Já já estou de volta.

- Espero que seja rápido, descobri que você pode me ajudar com as minhas cólicas.

- Como? - Segurei a mão dele com cuidado e fiz levantar dois dedos.

- Dizem que o útero fica "aliviado".

- Uh, eu adoraria testar isso.

- Só vai poder testar quando voltar para casa, ou eu posso testar por você.

- Se eu puder ter a visão privilegiada de ver isso, vou adorar mais ainda.

- Claro, posso gravar um vídeo sem problemas. - Ri baixo, sério que estamos falando isso?

- Muito arriscado, prefiro ao vivo.

- Oh, só me dizer quando.

- Agora.

- Agora? Nem se sentar você pode.

- Quem disse que não? A maca ajusta ângulos sabia?

- Ajusta? - Como eu nunca soube disso!?

- Claro, é só usar o controle. - Ele riu, riu da minha expressão surpresa. - E então? Como vai ser? Ainda preciso de ânimo para sair vivo dessa.

- Vamos ver se funciona então, mas também preciso de ânimo.

    Ele sorriu um pouco e me pediu para pegar o controle ao lado da cama, entreguei na mão dele e levantei da cama, Tine elevou a cama para poder ficar sentado, isso parece ter doído, já que fez caretas de dor, acabei rindo dele por isso.

- Está bem? Pode se deitar se quiser.

- Estou semi cirurgiado, bem na medida do possível.

- Deveria ficar quieto e sem fazer esforço. - Beijei o rosto dele.

- Culpa sua me atiçar, eu estava paradinho.

- Eu não fiz nada, você quem imaginou.

- Você quem deu a ideia.

- E você quem aceitou. - Ele fez bico.

- Vamos lá, é só tirar o short.

- Eu estou menstruada, é constrangedor.

- Constrangedor? Podemos ir pro banheiro sem problemas nenhum.

- Você não pode levantar.

- Ih, verdade... Mas é só detalhe.

- Minha menstruação também é um detalhe. - Me sentei na cama e inclinei o corpo para ele.

     Beijei o rosto dele e por último dei um selinho, ele sorriu fracamente com isso, tenho certeza que toque físico é a forma como demonstra gostar romanticamente. Ou talvez ele só seja muito safado.
    A mão dele está alisando a minha coxa, é o que consegue alcançar sem se mexer muito. Mas sinto ele passar a mão na minha intimidade também, só que por cima do short. Bem de leve, sobe e desce... É uma pena até as mãos dele estarem fracas no momento.
     Estou soltando suspiros baixos e relaxando os ombros. Sinto ele forçar dois dedos para entrar em mim, empurrando contra os tecidos grossos de roupa.

- Sabe que a porta está aberta, não sabe?

- É só você fechar. - Parou com os dedos.

     Suspirei e me levantei, fui até a porta e fechei. Voltei até a cama e me sentei de novo, dessa vez, eu coloquei a mão por dentro do meu short, Tine está me observando atento.
    Aproximei o meu rosto dele, ele beijou o canto da minha boca e a minha boca, sorriu quando viu um suspiro longo sair da minha boca, olhou para baixo e encarou a movimentação do meu braço, estava lento. Minha cabeça tombou para trás. Enquanto tem dois dedos dentro de mim, se mexendo lentamente, me causando leves espasmos, eles vão e vêm dentro de mim, já estou molhada o suficiente para conseguir ouvir enquanto mexo os dedos, Tine está com um sorriso de canto de boca contente, consigo reparar nisso.
    Eu só parei quando cheguei no meu ápice, sentindo um momento de alívio. Tive que sentar direito na cama, para não cair.

- De novo. - Olhei para ele. - Faça de novo.

- De novo? - Ele sabe que está no hospital?

- De novo. - Parece um espectador, pedindo por mais um show.

   Acenei com a cabeça, ainda tentando voltar ao meu normal, sinto meu corpo inteiro tremer.
    Eu comecei de novo, com reações bem mais exageradas porque estou sensível, meu corpo inteiro treme e a minha voz sai sem a minha autorização. Mas pelo que eu percebi, isso realmente alivia as cólicas. Enquanto dava leves reviradas de olhos, percebi Tine apertando as mãos o suficiente para os nós dos dedos ficarem brancos, ele queria os dedos dele em mim.
     Parei quando escutei batidas na porta, tirei as mãos de dentro do short e respirei fundo. Tine fez cara de descontente. Continuaram batendo.

- Espera um pouco. - Me levantei devagar, fui lavar as mãos no banheiro do quarto.

     Quando sai, abri a porta, era o John.

- Desculpem chamar tão cedo, mas é só para avisar que ligaram do galpão.

- Eu já vou. - Suspirei e fechei a porta.

    Já fiquei um pouco menos animada, meu marido não está muito diferente de mim.
    Voltei até o Tine e beijei a bochecha dele.

- Amanhã eu volto.

- Está bem. - Sorriu forçadamente enquanto voltava a cama para o ângulo que estava antes.

    Ajudei ele antes de sair do quarto, depois fui direto pro carro com o John.

- Precisa verificar algumas caixas que chegaram.

- Certo. - Me encostei no banco.

    Não quero esconder, mas eu estou me sentindo melhor do que os outros dias, mais confiante, eu acho. Talvez eu consiga mesmo fazer isso. Gostaria de pensar assim na frente daqueles caras.
    Antes que eu percebesse, acabei cochilando no meio do caminho. Acordei quando chegamos no galpão e John me chamou, perguntando se eu estava bem. Acenei que sim enquanto saía do veículo e andava para dentro do galpão. Já estou tremendo menos, bem menos, consigo olhar para eles sem sentir tanto medo ou desmontar.
    Assim que entrei, todos olharam para mim, talvez seja porque minha roupa não é adequada para usar aqui, já nem ligo mais para isso. Seguimos para as garagens de trás do galpão, os caminhões saem de lá.
    John não desgrudou de mim nem um minuto, ficou me seguindo com as mãos nas costas, idêntico a um segurança, estou ouvindo alguns cochichos.

- O que temos hoje? - Eu disse, estendendo a mão para que o capanga me entregasse uma prancheta.

    Encarei ele, já que demorou para me entregar.

- Ei, eu estou falando com você. - Ele está abrindo um sorriso, de orelha a orelha.

- Quem é essa? - Olhou o John. - Onde está o chefe?

- Ela é a chefe. - O rapaz riu.

- Me dá logo isso. - Tentei pegar a prancheta, ele levantou ela em uma altura que eu não conseguisse pegar.

- Não quero receber um esporro do chefe por ter dado isso para qualquer uma. - Ele levou um tapa na nuca do John.

- Novato idiota, ela é Morgan Stanley Hill, ela manda aqui. - Eu diria Hell.

- Ela? Morgan? A mulher do chefe? - Me analisou de cima a baixo. - Parece mais uma qualquer com essas roupas. - Agora recebeu um tapa meu, no rosto.

- Seu idiota! - Pisei no pé dele. - Se eu estou aqui, é porque não sou uma qualquer! - Chutei as partes de baixo, enquanto ele caía, eu peguei a prancheta das mãos dele e bati no seu rosto, foi mais forte do que eu imaginei que seria.

    Minha cara surpresa foi engraçada para John, sei que todos os outros estão me olhando, não assustados, mas sim espantados.

- Se fizer de novo, vai ser uma arma na sua cara. - Me afastei dele, respirei fundo. O rapaz apenas assentiu e levantou, se retirando dali. - Alguém vai vir me ajudar a entender isso aqui ou vou ter que escolher? - Eu disse, olhando ao redor.

    Um deles se ofereceu, me lembro dele, ele estava com o Asterin no dia da festa. Ele está vindo até mim devagar e com a cabeça baixa.

- Eu lembro de você. - Ele me olhou. - Estava com o Asterin. - Não tem expressão no rosto dele, isso me fez ficar com vergonha.

- Bom... Acho melhor irmos direto ao assunto. - Por que está sendo menos legal?

- Está bem. - Assim fizemos.

    Ele me explicou que a primeira fileira é tudo que entra no galpão, a do meio diz o que cada caixa contém e a terceira é para darem baixa, caixa por caixa. Fizemos isso, com o cara me orientando, ele foi dando baixa nas caixas enquanto eu abria e olhava cada uma delas. John me disse que preciso fazer isso em todas as "encomendas" que saem e entram, e quando eu não puder, que mande alguém de patente mais baixa, porém, é bom que eu faça isso agora no começo, para conquistar confiança.
    No final, perguntei se podia conversar com o cara que me ajudou. Ele negou com muito cuidado na voz.

- Mas por que não? - Olhei o John. - Não posso falar com eles?

- Pode, se exigir isso ele vai falar com você.

- Então ele só negou porque não quer conversar?

- Negou porque você é chefe dele, não pode ser antiético.

- Qual o nome dele? - John está me olhando confuso. - Eu só quero saber o nome dele, não é nada demais.

- Alec. - Me virei em direção os capangas, procurando por ele.

    Pelo menos alguém eu preciso saber se pode ser legal, talvez eu esteja apostando muito em alguém desse lugar, mas ele sabe como cuidar do Asterin.
    Caminhei até onde ele estava e me esquivei de capangas que passavam para todos os lados.

- Alec? - Ele me olhou.

- Sim? - Disse isso de cabeça baixa.

- Podemos conversar? - Tentei olhar o rosto dele, mas continuou com a cabeça baixa.

- Se for sobre o horário da saída, o caminhão já está a caminho.

- Não é sobre isso.

- Então?

- Ah... Pensei que podíamos só conversar, me lembro que foi legal quando conheci o Ast.

- Era o meu trabalho, e cuidar dele também. - Finalmente olhou para mim. - Como ele está?

- Está desanimado, não sei se é por não ter filhotes com ele.

- Ele não foi criado com outros filhotes por tanto tempo para sentir tanta falta.

- Pode me ajudar com ele? - Sinto alguém me olhar, tenho certeza que é o John.

- Acho que só precisa entretê-lo.

- Treina ele desde que ele era pequeno? - Acenou positivamente.

- Ele veio para mim com semanas de nascido.

- Ótimo... Ah, espera aí! - Corri até o John, Alec ficou parado no mesmo lugar.

- Já podemos ir em–

- Posso mudar o cargo do Alec?

- Mudar? - Ele olhou para o rapaz e acenou que sim.

- Na verdade, quero ver como ele cuida do Asterin.

- Asterin já foi adestrado, Morgan.

- Eu sei disso, John. - Imitei ele falando.

    Na verdade verdadeira, só não quero ficar aqui sozinha, sei que vai ter um dia em que John não vai poder me acompanhar.

- Por que quer mudar?

- Por que eu preciso me explicar? - Ele ficou calado, eu tenho um ponto plausível.

- Faça o que quiser, mocinha.

- Vai ser ruim se eu fizer isso?

- Não vai mudar quase nada.

- Perfeito. - Sorri.

- Vou estar te esperando no carro então. - Suspirou antes de sair.

    Eu voltei até o Alec, ele estava no mesmo lugar esperando.

- Agora você vai ter que me ensinar a como cuidar do Asterin. - Sorri.

    Ah, esqueci de falar, Alec é um homem alto e moreno, não parece passar dos 20. Talvez seja por isso que ele pareça ser amigável. Ele pareceu contente com o que eu disse, já que assentiu com um olhar alegre.

- Acho que podemos ir agora. - Estou tentando esconder um sorriso no meu rosto.

- Espere, agora?

- Sim? Algum problema?

- Eu não pensei que fosse agora.

- Agora sabe que o meu agora é agora. - Encarei ele, esperando que viesse.

    Ele assentiu e me acompanhou, fomos para o carro. Alec esperou que eu entrasse para entrar logo depois, fez isso quieto e calado.

- Sabe que não precisa ficar calado, né? Eu realmente não ligo se começar a falar agora.

- Desculpe, senhora.

- Morgan. - Olhei para ele. - Senhora me faz parecer velha, eu só tenho 18. - Brinquei.

- Certo, Morgan. - Sorriu leve.

    John está nos olhando pelo retrovisor, presta atenção em quase todos os movimentos e falas.
    Encarei o John e perguntei, agora em linguagem de sinais.

"O que foi?"

    Acenou que não com a cabeça, como se não quisesse nada.

- O que é isso que está fazendo? - Alec perguntou.

- Ah, sinais. - Parece confuso. - Não sabe? - Acenou que não. - É para surdos.

- O senhor John é surdo? - Ele se refere a todos como senhor e senhora?

- Não, a senhorita Morgan é surda.

- E como ela escuta?

- Eu uso aparelhos, mas antes eu lia lábios. - Afastei o cabelo das orelhas, mostrando um dos aparelhos pro moreno. - E também uso sinais.

- Desculpe pela pergunta inconveniente.

- Sem problemas.

    Ele sorriu calmamente e começou a olhar o caminho, reparei que está mexendo a perna freneticamente.
   O caminho para casa foi calmo, mesma coisa de sempre, só que dessa vez escutei músicas que não tinha ouvido antes. John e Alec parecem se conhecer a um tempo já, e Alec tem respeito pelo ruivo, sempre chama ele de senhor ou senhor John, anda de cabeça baixa também.

- Asterin deve estar no quarto. - Falei enquanto entrava em casa com ele. - Vamos lá pegar ele.

- Sim senhora... Morgan. - Sorri e acenei com a cabeça.

    Passei pela Íris e beijei a bochecha dela, Alec apenas acenou com a cabeça e me seguiu até o quarto. Asterin estava pegando um brinquedo na caminha dele e voltando pro closet quando entramos.

- Aí está o ladrão de geleias. - O moreno encarou ele, sorrindo.

    Pareceu algo instantâneo, Ast correu para Alec assim que ouviu sua voz, ele já está bem maior do que quando chegou, então quase derrubou o rapaz no chão. O moreno ria enquanto ganhava lambidas na cara, parou quando ele estalou os dedos.

- Não mudou nada em, rapazinho. - Acho que foi uma boa ideia trazer o Alec.

     Asterin veio até mim e lambeu a minha perna, peguei ele no colo e beijei ele por inteiro. Tinha sentido falta de brincar com ele. Já está grande, segurá-lo já ficou um pouco mais difícil, mas não impossível.
    Coloquei no chão antes que meus braços ficassem doloridos. Ele saiu correndo atrás do Alec e os dois ficaram brincando na entrada do quarto, Ast obedece todas as ordens do rapaz. Falei que eles podiam correr pela casa, não precisavam ficar só na minha visão. Depois disso, só consegui ouvir os dois no Jardim, correndo e brincando, Ast está latindo e Alec falando como se entendesse o que o Asterin quer. Ficaram lá por um tempo, até o moreno entrar, me procurando.

- O que quer que eu ensine para ele?

- Não sei, o que pode ensinar? - Olhei os dois.

- Talvez alguns comandos novos.

- Então pode ensinar. - Fiz carinho no Ast. - Fique a vontade.

- Ah...Tá bem. - Ele acenou com a cabeça levemente e saiu com o cachorro.

    Eu fui atrás da Íris, para ver o que ela estava fazendo. Estava na cozinha, concentrada enquanto secava a louça.

- Precisa de ajuda? - Ela me olhou.

- Oh, não precisa, meu bem.

- Certo. - Me sentei, olhando ela.

    Íris me olhou de canto.

- Precisa de alguma coisa? - Acenei que não. - Tem bolo, se você quiser.

- Eu não quero.

- Está bem. Como foi a visita?

- Normal. - Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Normal?

- Normal. - Sorri.

- Entendi... E quem é o rapaz?

- Alec. - Ela está me olhando. - Vai ensinar coisas novas pro Ast.

    Era esse o ponto que ela queria perguntar desde o começo, apenas assentiu e continuou guardando tudo.
  Continuei olhando ela fazer as coisas, me levantei quando escutei me chamarem. Fui até a área externa do jardim, Alec estava treinando o Asterin, parecem ser amigos.

- Quero que veja uma coisa. - Ele assobiou uma vez e o Ast girou no chão.

     Assobiou duas vezes e o cachorro ficou em alerta.

- Ah, isso é ótimo. - Acenei com a cabeça.

- Quer tentar? - Me olhou.

- Na verdade... - Ri sem graça. - Eu não sei assobiar.

- Não?! - Ele pareceu surpreso. - É fácil.

- Nunca parei para tentar, bom... Eu não ia ouvir mesmo se eu conseguisse. - Agora eu me sinto envergonhada.

- Uh, entendi. - Agora ele quem ficou sem graça. - Posso ensinar outra forma de ele entender o comando.

- Sério? Pensei que ele só entendesse estalando os dedos.

- Não, ensinei assim porque era a forma mais simples.

- E como vai fazer para outro comando?

- Eu diria que vou comprá-lo com petiscos.

- E qual vai ser o novo comando?

- O alerta, mesmo que ele já saiba, se distrai muito.

- Interessante. - Prestei atenção neles dois.

    Alec me pediu alguns petiscos para o Ast quando começou a brincar com ele, agora ele está usando para induzir o totó a fazer o que ele quer. Observei atenta, ri quando Asterin se negava a fazer as coisas que o moreno pedia. Porém, com alguma insistência, ele começou a ficar parado e olhando ao redor, bem atento mesmo, assim como Alec queria que ele ficasse, precisou de uns 5 petiscos para isso. Bati palmas quando ele conseguiu.

- Agradeço.

- Como consegue fazer isso? - Chamei o Ast e fiz carinho nele. - É tipo um encantador?

- Sou adestrador, na verdade.

- Desculpe, eu não sabia disso.

- Tudo bem, poucos sabem disso, mas o meu trabalho é adestrar os cães do galpão.

- Pode me ensinar a adestrar cães?

- Acho que sim, posso sim. - Ele sorriu.

- Ótimo, quando podemos começar? - Sorri também, Asterin lambeu minha bochecha.

- Quando a senhora quiser, é a minha chefe.

- Mas você quem vai ser meu professor.

- Bom, meu horário com o Asterin é de umas 4 horas, o resto eu não faço nada.

- Então podemos fazer quando você ficar livre do Ast.

- Está bem. - Sorri e comecei a brincar com o Ast.

     John até me chamou para o tal treino, mas eu preferi aprender a como adestrar o Ast. Mesmo assim, eu fui ver o que o John queria, e quando eu estava entrando em casa, levei uma borrifada de água.

- Já está errada em ser desorganizada, sabia? - Borrifou de novo.

- Tem como parar de me tratar igual gato? - Falei enquanto secava meu rosto.

- Não, não tenho.

- Está sendo chato.

- Estou tentando ajudar você.

- Eu não pedi essa ajuda. - Fui para a sala de treinamento com ele.

- Precisa ser mais organizada e pontual.

- Pontual com a hora da minha morte?

- Pontual com a hora do que vai evitar a sua morte.

- Eu não posso só aprender a usar uma arma? Ou um tazer?

- Se só isso bastasse, não teríamos tantas baixas. - Suspirei, desanimada.

- E o que vamos fazer hoje?

- Vou te ensinar golpes.

- Certo.

    Acabou que Alec foi embora depois de algum tempo, enquanto eu ainda estava no treino.
    John estava me ensinando enquanto lutava comigo, me derrubou tantas vezes que minhas mais e joelhos ficaram roxos. Mas acabei pegando o jeito, depois de um tempo eu não cai mais e consegui me defender, não tão bem, mas consegui.
     Quando John me mandou acertar ele, não pensei duas vezes e tentei, mas ele saiu da frente com tanta facilidade que eu dei de cara com a parede.

- Machucou? - Acenei que sim.

   Me afastei da parede sentindo minha testa e meu nariz doerem, devem estar vermelhos. Passei a mão no meu rosto.

- Vou pegar gelo. - Percebo que ele saiu andando, eu fiquei no chão, resmungando.

    As vezes John parece se preocupar comigo, mesmo estando exausto de cuidar de mim.
    Me levantei e voltei a treinar, como ele iria me mandar fazer. Quando ele voltou, estranhou minha atitude, eu normalmente reclamaria da dor e pararia o treino, mas acho que já apanhei demais para reclamar de uma simples dor.
    Me lembro bem de nunca reclamar quando eu apanhava de cinto ou copos na testa, não vai ser por uma batida na parede que vou morrer.

- Morgan. - Olhei para ele, assim que fiz isso, ele colocou um saco de gelo na minha testa.

- Eu estou bem. - Ele está me encarando quieto. - Pode guardar o gelo.

- Eu sei que está, mas podemos fazer uma parada. - Acenei que não com a cabeça, ele segurou ela pro saco de gelo não cair. - É só um pouco.

- Não preciso de descanso agora. - Talvez seja um pico de adrenalina.

- Para ser melhor, precisa entender a hora de parar.

- E quem disse que quero ser melhor? Só achei divertido poder bater em algo.

- Eu não disse que quer, disse que precisa.

- Para que um inimigo com alguém como você. - Peguei o saco de gelos da mão dele e tirei da minha testa.


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