Herdeiros - JJK

By kajoonie

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[EM ANDAMENTO] Melissa Carter tinha uma vida tranquila até seu pai se casar novamente com uma mulher que já t... More

EPÍGRAFE
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPÍTULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
CAPÍTULO TRINTA

CAPÍTULO NOVE

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By kajoonie

Já era a terceira vez que Jin hyung gritava comigo durante o jogo, quase me deixando surdo. Estava desconcentrado, completamente imerso no que Melissa estaria fazendo desde que saiu pra almoçar e ainda não tinha voltado. Suas últimas palavras ecoavam em minha mente numa melodia infernal: "Não tenho hora pra voltar." "Não me espere." "Só ligue se precisar de algo." Essa última deixando claro que só se fosse em caso de extrema urgência.

Tentei me distrair numa tarde de jogos, mas não estava funcionando, só estava estressando meus amigos e fazendo merda com meus personagens caindo pavorosamente minhas estatísticas no jogo. Sem dar alguma explicação, desligo a call com meus amigos e saio da partida. Afinal era apenas um jogo enquanto minha vida real estava uma bagunça.

Bagunça em que eu mesmo me meti. Bagunça na qual me colocaram quando decidiram o meu futuro. Eu queria agradar a Ethan, por ser tão bom para mim e para minha mãe. O tratava como pai, pois assim era como o via. Desde que se casou com mamãe, me acompanhava nas atividades do colégio, era participativo nas reuniões escolares e me incentivava em tudo que tinha interesse em fazer. Foi assim que me dediquei às artes marciais, boxe e natação, além de alimentar meu espírito competitivo, não vou mentir que era gratificante vê-lo orgulhoso durante as competições que participava. Ethan sempre que podia estava até mesmo durante os treinos o que me impulsionava a dar o melhor de mim.

Talvez eu nem pretendia quando fosse adulto, lá aos meus quinze ou dezesseis anos, alcançar a presidência da Carter Corp, já tendo a ciência que Melissa poderia brigar por tal posição. Sinceramente até então não me interessava ocupar o cargo, mas por ela ser quem está demonstrando, talvez eu lhe dê um pouco de trabalho. Ela fomenta em mim um lado do qual gostaria de deixar de lado, somente se tivesse o mínimo de consideração pelos meus sentimentos.

Talvez ela não goste do Jungkook intempestivo, obstinado e competitivo.

Deixo os fones de lado e desligo o computador, meu celular começa a vibrar sem parar e vejo que é Jin, ele certamente vai me xingar, mas não posso deixar meu amigo sem qualquer explicação.

— Oi hyung. — Digo sem ânimo

Yah! Jungkook-ah como pode fazer isso? Quer morrer? — Grita ao telefone que chego até a afastar o parelho do ouvido e mesmo assim o ouvia claramente. — Tudo bem que tava uma porcaria, mas abandonar o jogo assim?

— Me desculpe hyung, realmente não estou no meu melhor dia. — Tento manter o tom calmo.

— Problemas com o novo trabalho?

— Não, no trabalho tudo está bem, eu acho. O problema mora em casa... — Resolvo desabafar, afinal Jin era mais velho e creio que tinha mais experiência sobre a vida.

— Bom, sendo assim sou todo ouvidos. O que houve? — Sua voz soa mais calma, mas ainda bravo, já até imagino a cara dele do outro lado.

— É minha irmã, ou melhor, a filha de Ethan. Chamar ela de irmã é no mínimo ridículo a essa altura do campeonato. — Escuto ele rindo. — Enfim, acabei que bebendo demais ontem e nos beijamos, é isso.

Daebak! Jungkook-ah e que problema tem nisso? Foi ruim?

— Não hyung, muito pelo contrário. Foi a melhor experiência da minha vida até agora. A questão é que pra ela não passou disso, de um beijo sem importância. — Digo num tom claro de chateação.

— E pra você?

Nesse momento emudeço. Nem eu sei exatamente o que sinto pela diaba se é atração, curiosidade, desejo ou... ou paixão?

— Está aí Jungkook-ah? — Jin grita novamente ao telefone.

Aish! Estou hyung! Por favor não grite. — Limpo a garganta antes de continuar. — Falar que ela não me desperta coisas que nunca senti por alguém, estarei mentindo. Eu gosto daquela diaba, hyung ela mexe comigo de uma maneira surreal.

Omo! Meu irmãozinho está apaixonado que lindinho! — Seu tom irônico me irrita e acabo por bufar como resposta. — Já contou sobre o que vem sentindo à ela?

— Claro que não! Você está louco? — Dito bravo.

— E como espera que ela saiba?

— Jin-ssi ela é uma mulher experiente deve entender essas coisas mesmo que não as diga. — Me recosto na cadeira jurando estar convicto do que falava.

— Rá! Você é muito engraçado mesmo! Ser experiente é uma coisa, adivinhar pensamentos é outra. E mesmo que conheça muita gente posso afirmar que o ser humano ainda não é capaz disso. — Merda! — Olha vai por mim converse com ela e tente explicar o melhor que puder o que sente, talvez ela sinta o mesmo e você nem sabe.

O hyung estava ficando maluco! Tudo bem que não sabia tudo o que rolou, em pormenores. Se aquela diaba não tinha entendido meu interesse depois de tudo o que fiz, eu que não ia ficar me humilhando. E se ela sentisse o mesmo estaria aqui comigo e não com ele.

Só de pensar que ela está lá, fazendo sabe-se lá o quê com aquele urso, enquanto tô aqui fodido e desabafando com um cara que mora a alguns quarteirões de distância. A que ponto cheguei.

— Pelo seu silêncio percebi que ao menos te fiz pensar sobre o assunto. Se quiser sair pra dar uma volta, beber alguma coisa, me avise. Um abraço Kook-ah!

Nem tenho tempo de me despedir e ele desliga a chamada. Jogo o aparelho sobre a cama e ficar aqui pensando sobre o assunto em nada irá me ajudar. Melissa certamente não voltará pra casa essa noite e não sei mais o que fazer. Envio uma mensagem pra Jin e marco de o encontrar em meia hora num barzinho aqui perto. Uma brisa marítima e algumas cervejas vão ajudar a regar uma boa conversa só me fariam bem.

Não sou adepta a dividir banhos e espaços pessoais, mas quem resiste a um olhar tão cativante quanto ao de Theo? Pois é, o que me incentivou foram as duchas duplas que mantinha em sua suíte o que não atrapalharia tirar da pele todo aquele óleo que passou em mim.

Ele sai primeiro com a promessa de preparar algo na cozinha e não muito tempo depois saio e encaro minhas peças. Me arrependo de não ter trazido comigo outra troca, mas isso seria facilmente resolvido com uma visita ao closet de Theodore. Escolho entre as dezenas de camisetas uma bem grande, estilo oversize o que me traz à tona a imagem de Jungkook novamente. Quando estava em casa sempre usava esse tipo de roupa o que escondia muito bem sua boa forma sem elas. Deixo dobrada a camiseta e acabo por pegar uma camisa emprestada. Dobro as mangas e confiro o comprimento, ficava quase como um vestido em mim, mas estava perfeito para um sábado à tarde pra matar o tempo dentro de casa.

Penteio meus cabelos ainda úmidos e os deixarei secar naturalmente. Vou até a sala e encontro Theo vestido apenas com uma calça em malha segurando uma caneca que parecia conter café já que o aroma estava por todo o lugar, o que me fez morder os lábios instintivamente. Ao notar minha presença no cômodo, primeiro avalia a camisa azul clara que vestia e a reconhece de imediato sorrindo. Deixa a caneca de lado, se aproxima me abraçando em seguida. Os braços fortes me envolvem sobre os ombros enquanto eu o envolvia pela cintura. O carinho gostoso de seus dedos se embrenhando pelos meus cabelos causava uma sensação de conforto que me fez perceber que não recebo muitos carinhos despropositais ultimamente.

Me envolver com pessoas aqui e ali com propósitos profissionais ou apenas casuais, deixava uma lacuna em minha vida sentimental. Não lembro quando me apaixonei por alguém de verdade. Por uma pessoa que tá ali com você simplesmente porque também te ama. É muito estranho pensar nisso em um momento tão aleatório da minha vida.

— Quer café? — A voz baixa e suave me chama pra realidade e assinto contra seu peito, ainda me agarrando forte ao seu corpo. — Então...— Ri. — Me solte pra poder servir minha ilustre convidada. — Theo profere bem baixinho e o libero para que vá até a cafeteira e coloque o café em uma caneca.

— Obrigada. — Digo sentindo o aroma gostoso.

Theo segura em minha mão livre e indica para que sente no sofá e ele faz o mesmo.

— Mel posso te fazer uma pergunta? — Questiona pegando sua caneca sobre a mesinha de centro.

— Já está fazendo. — Brinco descansando a caneca sobre o móvel.

Theo me encara por alguns segundos e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Boba. — Ri. — Mas o que quero te perguntar é o seguinte: tem intenção de algum dia se casar?

— O que? Já vai me pedir em casamento Theodore? — Debocho e ele ri meneando a cabeça em negação. Obviamente eu sabia que essa não era sua intenção ao me perguntar, mas é que ele ficou sério demais ao questionar sobre o assunto. — Nunca pensei a respeito. Talvez, algum dia. Por que pergunta?

Ele suspira antes de continuar:

— Não sei se é o melhor momento para tocar nesse assunto, mas acho que deveria saber sobre uma coisa que seu pai comentou com o meu quando saiu da sala de reuniões.

O encaro atentamente aguardando para que termine de falar.

— Jungkook, não muito tempo depois saiu a pedido de seu pai, e comentou sobre o questionamento que meu pai fez durante a reunião. — Notei em sua voz uma certa apreensão para finalizar o assunto. — Está disposto a lhe entregar a presidência da empresa. — Um pequeno sorriso automaticamente se apossa de meus lábios, entretanto fico reticente quando Theo não acompanha minha expressão. — Mas tem um porém; se você se casar com um homem que ele ache adequado para que encabece a liderança da empresa com você. — Uma risada cética foge dos meus lábios e acabo por ficar em pé no mesmo instante, passando os dedos entre os cabelos afim de organizar meus pensamentos.

Theo deveria ter me dado um chá de camomila ao invés de café antes de jogar essa bomba no meu colo.

Eu não acredito que em pleno século XXI papai ainda se prende a essa cultura machista que manteve durante esses anos. Toda aquela euforia e plenitude que sentia a pouco, se esvai e uma raiva me toma por completo. Então por mais que me empenhe em mostrar o quanto sou competente, ele jamais dará a presidência da empresa para mim.

— Quando fui te buscar pro almoço queria te contar, mas como estava calada e visivelmente chateada, não quis piorar as coisas. Achei que já soubesse disso, mas pelo visto não fazia ideia. — O encaro quando termina de falar.

— Só não fazia ideia, como tudo muda com essa informação. Meritocracia é uma coisa que meu pai desconhece pelo jeito. — Solto um riso cético.

— Mel concordo plenamente com meu pai quanto à sua capacidade de gerir os negócios, e...

— Agora vai saber que tipo de homem meu pai acha que seria adequado para mim? — O interrompo abruptamente e furiosa. — Se acha que o filhinho dele é capaz de... Não! Espera! Não! Não! Não! — Uma coisa surge em minha mente e eu fico com ódio só de pensar nessa possibilidade absurda.

— O que foi Mel? Não estou conseguindo acompanhar sua linha de raciocínio. — Theo se levanta e para à minha frente.

— Eu acho que entendi os planos de papai. Ele quer que Jungkook e eu... Argh! Não acredito! — Vocifero sem ter coragem de concluir, entretanto Theo parece compreender.

— Ele quer que se case com Jungkook é isso? — Inquere entendendo onde quero chegar.

— Está tão óbvio, está tão nítido. Estava o tempo todo na minha cara e não notei isso. Como pude ser tão burra? — Olho para Theo que espera uma explicação melhor, já que não sabia de alguns detalhes que deixei escapar. — Já começa com ele querendo forçar uma reaproximação, depois ser mentora do pirralho, vai viajar e nos deixa a sós em casa. Na empresa eu tenho que fazer tudo com aquele garoto porque durante essa semana o deixou completamente em minhas mãos e não moveu um dedo sequer. As indiretas de Ah-ri e a felicidade exagerada por estarmos nos entendendo... meu Deus! — Era nojento demais pensar que meu próprio pai me manipulava como uma peça em um tabuleiro. — Aquele moleque... ele deve saber de tudo e se fazendo de inocente... Ai que ódio! — Não consigo pensar que Ethan também deixou Jungkook por fora de seus planos. O pirralho era atencioso e gentil demais com alguém que nunca fez parte do seu círculo social.

— Mel, calma. — Theo segura em meus braços para que o encare. — Creio eu que Jeon deve ser vítima tanto quanto você. Seu pai o esperou sair pra comentar isso com o meu. Acho que Ethan não sabe sobre nossa reaproximação e o quanto nos tornamos íntimos desde o dia que nos reencontramos, ou então teria solicitado que eu os deixasse a sós. Na realidade quando lhe encontrei na copa, já queria ter comentado, mas estava arredia e agora entendo o porquê.

Theo não tinha nada a ver com o caos que estava naquele dia e o acabei tratando tão mal, querendo sempre passar a ideia de que sou forte e autossuficiente. Preciso reconhecer que às vezes preciso de ajuda.

— Me desculpe Theo. Estava tão afundada em minhas convicções que não soube interpretar as entrelinhas, foi por isso que me chamou para sair naquele dia? — Acaricio seu rosto.

— Sim e não. — Sorri. — Queria te conhecer melhor, sair pra conversar e se surgisse a oportunidade, comentaria sobre o assunto. Afinal não nos víamos há um bom tempo. — Me abraça novamente e sela minha testa. — Eu não sei de que forma posso te ajudar, mas se precisar, conte comigo. Desde que não envolva matar alguém, estou com você. — Ouço sua risada baixa o que me faz sorrir também.

— Obrigada. Preciso absorver essas informações e tentar descobrir até onde aquele pirralho tá envolvido nisso. — Jeon Jungkook não me enganaria mais com essa sua simpatia forçada, mas tenho que reconhecer, se Theo estiver errado o garoto deveria ser ator porque interpretar ele sabe muito bem.

Sinceramente, por mais que Theo se esforçasse em me manter bem, não estava funcionando. Eu já não me concentrava mais nos assuntos que falava e em minha cabeça só martelava o quão estava fodida. Não podia simplesmente abandonar tudo e voltar a Londres, meu pai me acharia facilmente e ferraria com minha carreira profissional. Pude sentir o quanto é influente nesse meio quando fui demitida dos meus últimos empregos. Como me manteria por lá? Pra se vingar seria até mesmo capaz de cortar o dinheiro que me enviava todo mês. Nunca precisei de um tostão desde que consegui meu primeiro trabalho fixo, e deixo lá rendendo em uma conta poupança, mas uma hora essa fonte ia secar; e de onde tiraria o dinheiro para as despesas fixas e demais urgências que vez ou outra aparecem?

Poderia abrir meu próprio negócio, mas ele poderia até mesmo influenciar a minha queda me forçando a voltar para casa. Agora do meu pai eu esperava tudo.

Me levanto do colo de Theo que sequer havia percebido que estava sentada. Creio que em meio a confusão, liguei o modo automático e apenas me deixei conduzir. Ele interrompe o que falava e me encara.

— Theo me leve pra casa. — Caminho em direção ao quarto para trocar de roupas. Ficar ali também não ajudaria e eu precisava de um tempo sozinha pra colocar minhas ideias e a vida nos eixos.

Logo aponta atrás de mim e enquanto me livro de sua camisa e pego minhas roupas, segura em minha cintura e me vira pra si.

— Fique aqui comigo. — Meneio a cabeça negando. — Se quiser podemos pensar em algo juntos em relação ao seu problema. — Aquela carinha de cachorrinho que caiu da mudança, não ia funcionar desta vez.

— Agradeço, mas preciso de um tempo sozinha. Se precisar te ligo, tá bom? — Por fim concorda e beija meus lábios. Ao nos separarmos continuo: — E mais uma vez obrigada por me contar, eu ficaria completamente ignorante sobre esse ponto, em relação as intenções do meu pai. — Theo alisa meus cabelos e emoldura meu rosto com as mãos.

— Posso só te dar uma opinião? — Assinto. — Não diga nada diretamente a ele. Tente descobrir tudo o que está envolvido nisso, se seu irmão sabe, e se realmente Ethan quer manter o legado dentro da família. Já que está aqui, lute pelo que é seu Mel. Já disse e reforço: se precisar da minha ajuda, conte comigo. Tentarei descobrir mais alguma coisa com meu pai. Robert e Ethan são amigos de longa data, talvez ele tenha conhecimento sobre algum detalhe que pode ter me passado despercebido. — O abraço em agradecimento. Via sinceridade em seus olhos e isso me dava uma confiança extra que ali, além de um excelente amante, tinha um amigo de verdade.

...

Quando Theo me deixa na porta de casa aguarda para que eu entre pelo imenso portão. Um dos seguranças abre passagem para que eu passe, mas depois de apenas um passo encaro a suntuosa construção à minha frente e retorno o caminho.

— Eu vou dar uma volta. — Aviso ao segurança sem mesmo precisar dar alguma explicação, talvez a feição de estranheza dele me fez ter esse tipo de atitude.

— Precisa que lhe acompanhe senhorita? — Balanço a cabeça negando.

No caminho, passo em uma adega e escolho duas garrafas de vinho verde adocicado com tampa em rosca por ser mais prático, apanho um balde descartável com gelo, o atendente me oferece duas taças descartáveis o que rejeito, já que eram pra mim as garrafas, ia beber no gargalo mesmo. Ando pelas ruas até chegar à praia. Ainda no calçadão olho o movimento dos carros na larga avenida e pessoas caminhando. Fixo meu olhar no pôr do sol no horizonte já nos seus últimos suspiros e a brisa do mar me dá boas vindas soprando meus cabelos para trás. Passo a alça da bolsa transversalmente no tronco, deixo o baldinho de lado no chão e retiro meus sapatos segurando-os junto ao volume que carregava. Sinto a areia branca e fina entrar entre meus dedos como se me abraçasse. Caminho vagarosamente até um lugar onde tinham menos pessoas possíveis e me acomodo sentando sobre a areia.

Abraço minhas pernas e olho tudo ao meu redor, me atentando ao barulho das ondas, o som do vento, algumas gargalhadas e conversas que escutava de algumas pessoas que por ali passavam, até olhar para o céu.

Dizem que as boas pessoas vão para lá quando morrem e se pensar nelas com carinho, talvez elas te escutem e te ajudem de alguma forma. Algumas nuvens tingidas em laranja chamam minha atenção. Quem sabe mamãe não estaria ali, me olhando? Será que precisaria falar em voz alta pra que me ouvisse? Olho para os lados para conferir se havia alguém por perto, no entanto as pessoas estavam preocupadas com suas próprias vidas, porque prestariam atenção em mim ali sozinha?

— Mãe, queria tanto que estivesse aqui comigo. Tudo seria tão diferente. Eu não teria ido embora, papai não teria se casado e eu não conheceria Ah-ri e nem Jungkook. — Sussurro encarando aquelas nuvens. — Eu não sei mais o que fazer, por mais que me esforce, não entra na minha cabeça o porquê papai insiste em ser desse jeito. Eu sou sua filha, legítima, de sangue, fruto de um casamento feliz e estável. Por que as considerações são dispensadas somente àquele pirralho? Só porque, biologicamente falando, é um homem? Que régua Ethan usa para medir o know-how de alguém?

Nesse momento abaixo minha cabeça e deixo as lágrimas verterem sem freio. Era como se com as palavras, saíssem também toda a aflição que sentia, o medo, a raiva. Ter pleno conhecimento do seu valor, nem sempre é o suficiente para se sentir segura dos seus próximos passos. Talvez eu só deixasse o barco ir a favor da correnteza, fazer o que fosse preciso e no prazo estipulado, sumir de Miami deixando tudo para trás como há dez anos. Com a indignação que sinto, poderia facilmente cruzar esse oceano a nado. Mas fisicamente, isso seria impossível.

Abro a primeira garrafa e já desfiro um gole generoso da bebida que descia reconfortante pela garganta. Olho em seu rótulo e o teor alcoólico era apenas de 9% do volume, bem mais fraco dos 12 ou 13% dos que costumava ingerir. Seguro o invólucro pelo gargalo e fico ali, relembrando dos bons momentos com minha mãe e da falta que fazia sua companhia. O sol se foi completamente e o negrume da noite começava a dominar o céu. 

A bomba meu pai.... 🧨

Não esqueçam de votar!

Escrevam a lápis aí: até sexta-feira 23/09 trago mais um capítulo!

See you later! 

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