Marriage of Convenience

By PetalaNegra0

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Constantine Hill, chefe da máfia italiana. Morgan Stanley, uma jovem metida em negociações de interesse. Os... More

𝐌𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 "𝐒𝐢𝐦"
𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐨𝐬
𝐌𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚
𝐔𝐦 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 (𝐢𝐧)𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳
𝐀𝐣𝐮𝐝𝐚 (𝐢𝐧)𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐚
𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬?
𝐏𝐫𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫
𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚
𝐏𝐨́𝐬 𝐟𝐞𝐬𝐭𝐚
𝐂𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐨𝐬.
Não é um capítulo. Mas é importante!
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨?
𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐬𝐮𝐦𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂?
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐦𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐞
𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐞
𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞́𝐧𝐬
𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐠𝐚 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫𝐞𝐬
Pergunta rápida! Não é capítulo!
𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.
𝐁𝐨𝐦 𝐝𝐢𝐚.
𝐏𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨.
𝐔𝐦 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨.
𝐆𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚𝐬?
𝐌𝐚𝐬𝐜𝐨𝐭𝐞
𝐈𝐦𝐩𝐥𝐨𝐫𝐞.
𝐃𝐞 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥
𝐇𝐚𝐣𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐭𝐚𝐥
𝐀𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐨𝐮 𝐚𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐚𝐭𝐨?
𝐀𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫
𝐀𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐞𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐫𝐭𝐨𝐬
𝐎 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚𝐝𝐨
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚?
𝐂𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞 𝐨 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐨
𝐀𝐭𝐞́ 𝐝𝐞𝐳
𝐃𝐞 𝐣𝐨𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞
𝐍𝐨́𝐬 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐢́𝐚𝐦𝐨𝐬
𝐋𝐞𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐦𝐞𝐚𝐜̧𝐚
𝐈𝐧𝐭𝐞́𝐫𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞
𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐄𝐩𝐢́𝐥𝐨𝐠𝐨
AVISO
Pergunta rápida

𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨

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By PetalaNegra0


 Constantine

     Acordei num lugar totalmente silencioso e calmo, meus olhos doem quando tento abri-los demais, não consigo respirar direito e sinto alguma coisa no meu nariz, incomoda, mas não consigo tirar, qualquer movimento mínimo dói, respirar dói. Aos poucos meus sentidos vão voltando, consigo perceber que é um quarto, um quarto de hospital, o medidor de frequência cardíaca apita ao meu lado, sinal que não estou morto, mas também não tão vivo, ao que parece.
    Viro meu rosto e percebo John sentado numa poltrona, com um curativo na testa, com a mesma roupa suja e levemente queimada. Por falar em queimado, meus braços estão com queimaduras, fiquei exposto ao sol por tempo demais. Quando o ruivo me percebeu acordado, levantou rapidamente e veio até a cama.

- Graças a Deus. - Suspirou pesadamente, colocando as mãos na cama. - Eu pensei que dessa vez não daria tempo.

- Pelo visto...- Tossi, minha voz está rouca e falhada. - Pelo visto nem o inferno está me querendo.

- Eu poderia até te bater, mas não quero te machucar. - Ele riu sem mostrar os dentes, aparentemente ele está bem.

- Quanto tempo eu dormi?

- Pouco mais de algumas horas...ninguém deve ter reparado nada ainda. - Está me olhando atento. - Precisou ser operado para retirada das balas, felizmente o cara tinha mira péssima e você muita sorte.

    Agora foi a minha vez de suspirar. Caleb tentou me matar, isso é um fato recorrente, não é a primeira vez, mas é a primeira tentativa que quase deu resultados.

- Ele já deve estar pensando que morreu, ou pelo menos pensar que está a beira da morte.

- Melhor assim. - Olhei para ele. - Ele vai pegar a liderança de volta.

    É isso que ele quer, sempre quis, comigo fora, ele pode tentar isso.

- Não vai. Você não lidera mais sozinho...

- Ela não vai querer.

- Ela aceitou um cargo quando decidiu fazer a tatuagem, não é nem questão de escolha...

- Agora vai ser, se nem Celeste conseguiu algum cargo, imagine ela.

- Sabe que a situação da sua mãe é diferente. - Fiquei calado. - Seu pai nunca deu alguma brecha para que ela fizesse alguma coisa, você fez diferente. E a garota tem um parafuso a menos, vamos ser francos. - Eu ri, mas doeu. - Ela consegue.

- Sei que ela tem coragem para muitas coisas, mas não quero que comande aquele lugar.

- Não querer e achar que não pode são duas coisas diferentes, Tine.

- Eu sei que ela pode, e que consegue... Mas vai lidar com muita coisa.

- Já passou por coisa pior, não?

    Em parte ele tem razão. Minha garota já passou por muita coisa, é corajosa o suficiente para lidar com marmanjos idiotas.

- Então quero que a treine. - John franziu a testa. - A treine para ser mais forte.

- Mais forte? - Riu fraco. - Tine, ela precisa saber disso o mais rápido possível... Seu pai já deve estar marcando uma reunião para voltar a liderança. - Isso é verdade.

- Eu sei. - Suspiro e fecho os olhos, me ajuda a pensar. - Vá com ela a reunião, a aconselhe, sabe como é tudo por lá. E enquanto eu estiver fora, a treine.

- Treino, tipo, treino treino? - Aceno que sim. - Vai brigar comigo por transformar a sua princesa numa durona?

- Ela vai reclamar mais que tudo, transformando numa "durona iniciante" já está de bom tamanho.

- Tem certeza disso? Sabe o que o Caleb vai fazer se fizermos isso, principalmente com você longe...

- Quero que consiga se defender sozinha. Eu não posso estar lá o tempo todo, nem você.

- Ela não vai querer isso, sabe que foge de mais problemas do que já tem.

- Agora não pode fugir, vai ter que ser ruim com ela.

- Isso não é uma boa ideia.

- Tem um dia... Um dia para convencer ela. - As reuniões são feitas depois de 24hrs.

- E se eu não conseguir?

- Então todos estaremos mortos em dois dias.

    Em 24h eu serei um desaparecido, em 48h alguém assume a liderança, e eu espero que seja Morgan. Precisa ser ela, mesmo que fique com medo ou confusa, ela precisa assumir essa posição no meu lugar. E eu não duvido que consiga, ela é capaz disso.
    Precisei parar de falar quando meu peito doeu demais, a enfermeira pediu para que eu ficasse quieto, com isso, John foi embora em poucos minutos, tinha um trabalho a fazer, coloquei muitas vidas nas costas dele, peço desculpas por isso.
    Mas antes de sair, avisou que iria para casa, resolver os problemas. Eu não queria dormir, mas a dor não me permitia ficar acordado. Então acabei dormindo, não sei se vou acordar, espero que sim.


Morgan

    Faz horas que Constantine saiu, eu tomei café, almocei e agora estou jantando sozinha, ele não responde minhas mensagens e também não mandou recados. Íris falou que ele voltaria antes do jantar, mas talvez ela esteja enganada.
    Íris está comendo comigo, Ast ficou deitado no sofá. Depois do jantar, bem mais tarde do que eu imaginaria, John veio até mim, eu estava na sala de estar, quase dormindo. Ele está machucado, isso é estranho, me tirou o sono.

- O que aconteceu?

- Sem entrar muito em detalhes, preciso que faça uma coisa.

- Quer que eu faça o que? - Me sentei devagar no sofá, coçando os olhos.

- Assuma a máfia diante do Conselho.

- Como é!? - Ele ficou maluco? Por que está dizendo isso!?

- É complicado, mas é necessário.

- Necessário? Constantine já é chefe de lá!

- Morgan, Tine vai ficar impossibilitado por algum tempo, ao lado dele, você quem tem autoridade.

- Eu!? - Por que eu quem preciso assumir coisas importantes?! - Eu não tenho nenhuma chance!

- Claro que tem chance, você já tem o título, e eu vou estar lá com você.

- Título? Eu não tenho títulos!

- Você tem um título, aceitou esse título.

- A tatuagem!? - Ele acenou que sim.

    Eu não pensei que fosse sério!

- Se não fizer isso, tudo volta para o Caleb.

- E eu tenho a opção de desfazer a tatuagem? - Não quero entrar em uma briga com o Caleb, não mesmo.

- Se tirar a tatuagem vai estar declarando um divórcio.

- Divórcio? - Piorou, não tem saída.

- Foi dito isso para você quando fez a tatuagem, aceitou o casamento duas vezes, e aceitou liderar a máfia.

- Não aceitei liderar nada!

- Morgan, precisa aceitar isso e convocar uma reunião rápido. - Ele está me olhando sério.

     Por que eu sempre entro nessas furadas? Eu não quero mandar em nada, não consigo mandar em mim mesma, imagine em uma máfia. Scott e Caleb vão querer me matar! Vão me estraçalhar!
     John está apreensivo esperando uma resposta, nunca o vi tão sério, e por que o Tine não pode liderar? Onde ele está?

- E o Tine? Ele já lidera isso tudo!

- O Tine... Ele está mal, só precisa saber isso por enquanto.

- O que está me escondendo?

- Se souber vai ficar nervosa.

- Já estou nervosa. - Mas qual é a da vez?!

- Ele foi baleado. - Certo, me pegou de jeito.

   Minha pressão está indo para casa do caralho.

- E não me falou!?

- Estava desacordado até agora a pouco, ainda está incomunicável porque o celular ficou no carro, que explodiu.

- Só piora a cada palavra!

- Eu disse que era complicado!

- E eu que vou ter que assumir o galpão!? Por que você não faz isso?!

- Eu não tenho essa autoridade! Mas você tem... E é por pouco tempo, vou treinar você, não vai ser tão complicado.

- Eu te dou ela! Não posso fazer isso?

- Não, não pode.

- Que merda... - Me deitei no sofá. - E isso é urgente?

- Sim, uma reunião tem que ser convocada, se você não assumir, Caleb tem direito a reivindicar como antigo chefe, ou seja, nós morremos.

- Certo... - Passei a mão no meu rosto, minha cabeça está doendo. - E como se convoca uma reunião?

- Um telefonema seu e tudo se resolve.

- Você não pode fazer isso por mim? - Olhei para ele. John balançou a cabeça negativamente.

    Suspirei pesadamente, por que eu? Tine não me avisou sobre isso! Era isso que significava ser sua igual?! Eu não pedi isso e também não quero isso! Se for dessa forma, estou pouco me fodendo pro divórcio.
     John está me olhando como se pedisse ajuda, isso me assusta.

- Se eu fizer, o que acontece?

- Terá que fazer tudo que o seu marido faz.

- Entendi... E vai me ajudar?

- Mas é claro, não vou te deixar nessa furada sozinha.

- Bom... - Assim é mais seguro. - Vamos fazer essa merda então.

     Nunca vi uma pessoa tão aliviada na vida.

- Use o telefone do escritório.

- Eu posso?

- Deve. - Me levantei, caminhando para lá. O motorista me seguiu rapidamente.

    Quando chegamos lá, antes que eu pegasse o telefone, John me explicou como falar e o que falar, uma única frase seria suficiente.
    Foi o que eu fiz, sendo curta e grossa solicitei uma reunião para daqui algumas horas, minha voz foi tão firme que não pareceu minha, quando desliguei, senti vontade de chorar.

- É só seguir o que vou falar e tudo vai ficar bem.

- E se não ficar? - Realmente posso estragar tudo.

- Realmente não temos essa opção.

- Tá bom, e quando que eu vou ter que ir lá?

- Em umas... - Ele olhou o relógio. - 10 horas.

- Tão rápido!? - Certo, odiei isso.

- São exatas 24h que tudo deve acontecer, então deve ser menos ainda, umas 8h.

- Ah, quero desfazer minhas escolhas. - Me levantei, quero desfazer essa escolha também.

    Não durei um minuto em pé, cai no chão tonta e com a visão preta, minha pressão deve ter baixado com o susto, ou só me levantei rápido demais. John me levantou e levou até o sofá, me deixou sentada.

- Está bem? Quer água? Remédio?

- Eu só me levantei rápido demais, John.

- Por favor, já basta um hospitalizado.

- Já entendi que o Tine está no hospital!

- Eu só não quero mais ninguém fazendo passada lá poxa. - Ele suspirou. - Vocês são só jovens para tanta coisa...

- Bem que eu trocaria de lugar com alguém, talvez alguma pessoa do colégio.

- Acredite, qualquer um trocaria.

- Imagino. - Me levantei de novo, dessa vez não cai.

- Deveria descansar um pouco.

- Eu estou bem. - Melhor que o Tine, eu diria. - Morgana vai odiar te ver chegar tarde.

- Morgana vai me fazer dormir no sofá.

- Tem quartos aqui, e eu também não quero dormir sozinha. - Essa casa é gigante e só tem homens lá fora, não sei o que eles fazem sem a presença de um superior.

- Agradeço, mas prefiro o sofá da minha casa, se é que me entende.

- Não vá parar no hospital.

- Nem brinque com isso. - Riu forçadamente e saio do escritório junto dele.

    John foi embora e eu fui pro quarto.
   Sinto um peso nas minhas costas, um peso que eu não quero carregar e que é horrível. Estou fazendo isso por causa do Tine, sei o que Caleb é capaz de fazer só para conseguir o que quer, e não é difícil conseguir. Ter esse cargo é ter uma corda no pescoço o tempo inteiro, qualquer erro te fará ser condenado.
    Me deitei na cama, suspirando pesado e sentindo meu corpo relaxar.
     Antes que eu caísse no sono, me levantei e tranquei as portas e janelas do quarto, com medo de que algo aconteceria. Dormi por algumas horas, o suficiente para me irritar com o alarme tocando e tirando o meu sossego. Além disso, me fez ficar com dor de cabeça, esqueci de tirar os aparelhos.
    Não quis me levantar, preferi ficar deitada e fazer hora extra, mas Asterin e Íris vieram me acordar. A governanta me deixou bem vestida, e com o cabelo arrumado - Não que eu não fique arrumada todos os dias. Estou usando um vestido preto, colado no corpo, ele tem um decote mediano e uma fenda média na perna, nada que seja demais. Me sinto tosca com isso.

- Por que não posso usar calça? Ou blusão? Ou algo que não mostre minha pele? - Vou estar em um lugar sujo, não quero ir vestida assim.

- Por que tem que parecer pelo menos um pouco interessada, vamos me ajude a te ajudar.

- Mas todos sabemos que não estou interessada.

- Então por que aceitou o cargo?

- Eu aceitei porque não quero morrer. - Íris assentiu e suspirou.

- Bom, vista-se como quiser.

- Certo. - Ela foi para a cozinha.

    Continuei na frente do espelho, me olhando e pensando se vale a pena ficar viva. Só saí de lá quando me chamaram, está na hora de ir.
    Fui pro carro, John está me esperando lá. Abriu a porta do carro para mim, calado e sério, quando entrei nele percebi como era diferente do carro anterior.
   Me sentei e encostei as costas no banco, minha cabeça tombou pro lado e meus olhos pesaram, dormi o caminho quase todo. Mas os buracos da estrada não me permitiram mais um bom sono e também a voz de John, explicando o que eu teria que fazer. Prestei atenção em tudo o que ele falou.
    Quando chegamos, saí do carro enjoada, talvez seja pela viagem ou talvez seja pelo que vem a seguir, se der tudo errado, muita gente vai morrer, inclusive eu.
    John me segurou esperando que ficasse melhor, disse que eu podia ter o meu tempo. Entramos 20 minutos depois.
  Todos estão nos olhando, alguns até cochichando. O ruivo apenas passou o braço em volta do meu pescoço, como se quisesse me acalmar.

- Não vai demorar. - Sussurrou.

    Acenei positivamente. Todos estão me tratando diferente, é perceptível, acabaram as ladainhas e os cochichos, olham para mim como olham para o Tine - com um pouco de raiva -, não entraram no meu caminho, e também parecem apreensivos, será que até eles esperam algo de mim?

- Desmanche essa cara de medo, por favor - John cochichou. - Não pode parecer que aqueles homens te assustam, não devem assustar, você manda neles.

- Impossível isso, já viu o tamanho deles? - Quero ir embora.

- Já, mas tamanho comparado a poder não quer dizer nada.

- Ah, quer dizer sim. - Paramos na porta da sala de reuniões.

    Meu nervosismo está aumentando e meu estômago revirando o café da manhã. Quando abriram as portas, os homens sentados na mesa me olharam na mesma hora, seus olhos foram de cima a baixo pelo meu corpo, com caras de tédio, menos a de Caleb, a dele era de raiva.
      John me guiou até uma cadeira que ficava do outro lado da mesa, na ponta. Disse que era a cadeira do Tine. Quando me sentei, a porta se fechou e todos esperaram que eu falasse alguma coisa, mas quem falou não fui eu.

- Onde está Constantine? - Um dos homens disse, um velho disse.

- Constantine está desaparecido. - Caleb quem falou, me olhou de canto. - É por isso que estamos aqui. - O que eu digo?

   Estou procurando pelo John, como se todos nessa sala quisessem me matar.

- O carro dele foi encontrado com sinais de explosão a poucos quilômetros daqui.

- Talvez o motorista saiba de alguma coisa. - Um outro homem disse, esse é jovem e tem um sotaque, todos olharam para John.

- Não é algo que eu possa falar.

- Então ele ainda está vivo?

- ... A senhorita Morgan está aqui para representá-lo, ela ficará no comando no seu lugar.

- Além de surda é muda? - Meu sogro disse, me olhando.

- Ah... - Estou nervosa, estão colocando muita pressão. - Eu não sou muda...

- Então vai mesmo representar Constantine?

- Vou. - Caleb riu.

- Desculpem senhores, mas ela não é, nem de longe, adequada.

- Posso me tornar adequada, já que meu marido não é igual a você. - Os homens riram baixo.

- Claro que não é, ele é inconsequente.

- Ele não é canalha.

- Oh, vão tornar isso uma reunião de família? - Um loiro que aparenta ter uns 40 anos disse, ele passou o tempo todo com cara de tédio.

   Me encostei nas costas da cadeira, ficando quieta. Quando olhei pro John, ele estava me repreendendo com o olhar.

- Só estou aqui para avisar que a partir de agora, estou no lugar do Constantine. - Ajeitei minha postura.

- Para tudo?

- Para tudo, obviamente.

- A garota vai conseguir mesmo?

- A garota manda em todos vocês. - Eu disse isso, eu disse mesmo isso, todos tiraram os sorrisinhos do rosto. - E se quer saber, A garota se chama Morgan.

    Ele assentiu e balançou a cabeça de leve, eu vi John sorrir orgulhoso, eu não estraguei tudo pelo visto.
   Acho que ainda vou viver por um tempo.

- Já acabamos.

    Todos levantaram na mesma hora, o primeiro a sair foi o loiro, os outros o acompanharam. Quando a porta foi fechada e só estávamos eu e o motorista, suspirei pesadamente, percebi que estava segurando a respiração a muito tempo. Meu coração parece estar prestes a pular para fora.

- Eu fui bem? - Olhei o John.

- Foi ótima.

- Sério? Acho que estou passando mal. - Me levantei, minhas pernas estão formigando.

- Sério. - Ele pegou um copo com água para mim.

- Obrigada. - Peguei o copo e bebi a água.

    Depois fomos para fora da sala, o galpão estava funcionando normalmente, mesmo que eu precisasse fazer mais algumas coisas por aqui. Verificar algumas armas que iam sair para um cliente, reunião com o cara que cuida dos cassinos e ver sobre o dinheiro desviado.
   Acabamos tarde, John saiu da sala do Tine comigo, mas me parou do lado de fora e amarrou o paletó dele ao redor da minha cintura. Por sorte, o vestido era preto.

- Não vai aparecer. - Sussurrou.

- Certo...

    John está me tratando como meu pai nunca tratou na vida, acho que Pietro é uma criança bem sortuda por tê-lo como pai.
    Precisei passar a mão no meu rosto, as vezes penso que ele é realmente meu segundo pai, e eu não acho que se incomodaria se eu falasse isso.
    Entrei no carro e dali fomos direto para casa, não consegui dormir no caminho por estar desconfortável, então reparei que, no meio do caminho passamos por uma parte da estrada que estava com marcas de pneu, fogo e sangue, muito sangue já escurecido no chão.
    Sai do carro assim que chegamos, fui direto pro quarto, mais especificamente para o banheiro, fui tomar banho. Meu vestido foi para a lavanderia.
   Precisei tomar remédio para cólica e pressão. Pedi para uma das várias empregadas da casa, mas quem trouxe foi Íris, junto de uma fatia de bolo e bolsa térmica. Ela ficou comigo até que eu cochilasse.
     Dormi até o dia seguinte, estava cansada e os remédios ajudaram com isso. Mas também me lembro de ter acordado no meio da noite com a Íris medindo minha temperatura.


Flashback

    Levantei da cama me sentindo inteiramente molenga e desconfortável, absorventes são desconfortáveis de qualquer forma.

- Querida, você precisa tomar banho. - Disse me levantando com cuidado. - Vamos, com cuidado.

- Eu quero dormir...

- Já dormiu o suficiente, vamos.

- Não quero. - Me encolhi com frio, mas ela continuou me guiando pro banheiro.

    Tirou minhas roupas com cuidado e me fez entrar no box, ligou o chuveiro na água fria. Eu resmunguei e até chorei para não tomar banho, isso foi ignorado pela Íris, ela me fez até lavar o cabelo, disse que estava com poeira da viagem.
    Me fez ficar embaixo d'água até minha temperatura baixar, me enrolou na toalha e ajudou a ir para a cama, minha boca está tremendo, assim como o resto do meu corpo, estou com tanto frio que fica difícil andar. Ela me deu as minhas roupas e me ajudou, mandou eu deitar e ficar quieta, foi isso que eu fiz, ainda chorando e resmungando.

- Está tudo bem... - Se sentou do meu lado, me acalmando.

    Não consegui responder, estou com muito frio, minha boca não para de tremer, treme tanto que chega a doer.

- Já vai passar. - Beijou minha bochecha. - Deite um pouco, para ficar mais quente.

    Precisei de ajuda com isso também, deitei na cama e fui enrolada nas cobertas mais quentes, o aquecedor também foi ligado por um tempo, só foi desligado quando minha temperatura baixou.
    Íris ficou deitada comigo até que eu voltasse a dormir.

Fim

    

Tomei um chá de manhã, quando levantei, era com gosto ruim, mas pelo menos ganhei o café de sempre depois. A casa está vazia e silenciosa, até Asterin está quieto, parece sentir o que está acontecendo, até eu estou sentindo até demais. Não levantei da cama para mais nada depois do café, meu corpo não me permitiu isso.

- Meu bem. - Íris disse. - Não quer visitá-lo? Pode fazer bem para os dois.

- Não sei. - A cama parece melhor do que um hospital. - A última vez que estive em um hospital foi para ter a notícia de que fiquei surda. - Me deitei direito na cama, assistindo minha novela.

    Íris suspirou, parece tão exausta quanto eu.

- Está bem, não vou força-la a nada.

- Posso ir se quiser. - Olhei para ela de canto. - Sei que está cansada, deveria ir para casa também.

- Só ofertei porque achei que pudesse querer. E eu estou bem. - Ela sorriu fracamente.

- Talvez seja melhor eu ficar em casa, o Tine também pode estar cansado.

    Ela ia falar, mas desistiu, simplesmente assentiu e saiu do quarto, estou sendo chata?
   Continuei quieta na cama, só me levantei quando finalmente criei coragem para sair do quarto. Como pensei, tudo muito silencioso e quieto, a porta do escritório está trancada.
    Fui direto para a cozinha, ver se Íris estava lá.

- Eu posso ir depois do almoço? - Não rola passar mal no hospital.

- Se for o horário de visitas, pode.

- Vou me arrumar então. - O almoço já está quase pronto.

   Voltei pro quarto, o tempo em que eu passei me arrumando, foi o tempo em que o almoço ficou pronto.
   Almocei e fui direto pro carro, John me levou até o hospital. Eu me identifiquei como esposa e peguei aqueles adesivos de visitante, John me levou até o quarto, já que sabe qual é, bati duas vezes antes de entrar, não é como se fosse receber uma resposta, foi mais por costume de quando eu era pequena.
    Entrei devagar, olhando as coisas do quarto. Mas parei quando encontrei Tine, deitado na cama, com tubos e acessos nos braços, eles estavam enfaixados em alguns pontos. Tine está dormindo, ao que parece, continuou com os olhos fechados e respiração calma quando entrei, nada se alterou.
    Olhei para John esperando dizer algo, mas só fechou a porta e me deixou sozinha no quarto. Suspirei baixo e caminhei devagar até a cama, fazendo o mínimo de barulho possível. Ele está recebendo oxigênio, não parece bom, nada bom. Suspirei e sentei ao lado da cama.
    Minha perna está balançando de nervosismo.

- Tine? - O chamei, minha voz saiu baixa demais. - Está acordado? - Tentei aumentar o tom.

    Ele abriu os olhos devagar, demorou poucos segundos para raciocinar que era eu ali sentada, e então sorriu sem mostrar os dentes.

- Desculpa te acordar.

- Sem problemas. - Falou baixo e rouco.

- Como está? - Olhei ele de cima a baixo.

- Vivo. - Suspirou e fez uma careta de leve. - É o que basta no momento.

- Não é não, deveria estar em casa e fazendo suas coisas, inclusive comandar aqueles marmanjos.

- Você consegue lidar com alguns marmanjos.

- Não se ficarem me encarando, é medonho. - Suspirei. - Realmente não quero fazer isso.

- Eu sei que não, estou quase implorando para que faça isso.

- Não pode fazer isso daqui?

- Mi amor. - Me olhou com repreensão. - É por pouco tempo, quando eu puder sair daqui tudo volta ao normal. - Ele começou a tossir, isso parece doer.

- Melhor parar de falar. - Me levantei. - Vou ir embora para descansar.

- Mas acabou de chegar...

- Posso voltar amanhã. - Assim como Íris fez, ele ia falar algo e desistiu, apenas assentiu - Até amanhã.

- Não precisa vir se não quiser. - Está falando calmamente. - Está nervosa estando aqui. - Ele tem razão.

- Eu quero vir. - Beijei a testa dele e sorri. - Vou ficar bem, contanto que eu não precise ir pro pronto socorro.

- Então faça o treinamento que o John vai propor.

- Treinamento?

- Treinamento.

- Preciso mesmo? - Fiz bico.

- Sabe que precisa. - Segurou minha mão com dificuldade e a levou até a boca, beijou de leve.

    Sorri e ri nasalado.

- Tá bom, mas você tem que voltar rápido.

- Hum, se cuidar de mim, eu vou melhorar muito rápido

- Não sou enfermeira, Tine. - Agora ele quem fez bico.

- Está querendo me trocar? Se eu lembro bem, ainda tem uma terceira pessoa nessa relação.

- Não falo com ela tem tempo. - Faço carinho no cabelo dele.

- Sumimos faz um tempo da vista das pessoas.

- Eu sei disso.

- E o colégio está longe da nossa vida agora.

- Não sei como vou conseguir uma faculdade dessa forma.

- A matéria está reposta e não vamos repetir.

- Não?

- Não.

- Bom, ainda vou conseguir uma faculdade então.

- Vai conseguir o que quiser.

- Isso é ótimo. - Balançou de leve a cabeça. - Mas é melhor descansar, não deixam eu ficar como acompanhante.

- Isso porque você nem disse que é casada comigo, gracinha.

- Eu falei que sou sua esposa.

- Então você pode...- Começou a tossir de novo.

- Descanse, vou falar com eles na recepção.

- Eu estou bem. - Ele não está.

- Não se esforça, por favor. - Continuei fazendo carinho nele, passei a mão no rosto dele.

- Eu estou o mais quieto que consigo.

- Vou perguntar se posso ser sua acompanhante. - Beijei a testa dele e sorri.

    Tine balançou a cabeça de leve e depois não falou mais nada. Sai do quarto para ir na recepção, John estava lá, me esperando. Levantou assim que me viu e esperou até que eu chegasse até ele.

- Posso pedir para ser acompanhante do Tine?

- Seria melhor ir para casa.

- Mas ele disse que eu poderia ficar.

- Você precisa treinar, Morgan. - Suspirei baixo, desanimada. - Ele quer que fique, mas você quem decide tudo.

- Não posso decidir daqui? - Vou ter que parar de ver ele também?

- Não.

- Certo, eu já volto. - Falei caminhando de volta pro quarto do Tine.

- Morgan. - Olhei para ele. - Pode ser acompanhante, mas precisa ver seus horários.

- Tá bem. - Acenei com a cabeça e fui pro quarto.

    Tudo estava do mesmo jeito de minutos atrás, mas Tine voltou a dormir. Então eu só beijei a bochecha dele e sai de novo.
    Não vou seguir os horários se eu ficar aqui, sei que não vou. Sai de lá e fui direto para o carro, fiquei pensando em como me organizar agora.
    John estava me esperando, deu a partida quando eu entrei no carro e coloquei o cinto. O caminho foi quieto de novo, mas dessa vez, ele estava atento e apreensivo, talvez com medo de algo acontecer. Chegamos em casa rapidamente, bem rapidamente, pegamos atalhos e atalhos, nos seguir seria impossível.
    Entrei em casa quieta, fui ver se tinha algo para comer na cozinha, Íris estava lá. Assim que entrei, vi um bolo e algumas torradas, beijei a bochecha da mais velha, lavei as mãos e sentei para comer, antes de tudo, preciso estar alimentada, melhor assim do que com pressão baixa.
    Comi quieta, Íris tinha ido fazer outras tarefas da casa, Asterin não está no andar de baixo, talvez esteja no quarto. É solitário assim, eu devo estar mal acostumada, me lembro muito bem de não me importar ficar sem companhia nos lugares.
    Quando terminei de comer, deixei o prato na pia e fui tomar banho, meu corpo está doendo, minha cabeça está me matando. Acho que isso é uma péssima ideia, já que estou menstruada, mas eu realmente preciso relaxar de alguma forma, quero me livrar da dor de cabeça e das cólicas. Quando ela já estava cheia de água morna eu entrei, suspirei de alívio quando senti o contato quente na minha pele, deitei a cabeça na beirada da banheira e fechei os olhos, tirei os aparelhos do meu ouvido e descansei mas do que eu deveria, acabei cochilando, acordei quando respirei água ao invés de oxigênio. Me sentei rápido na banheira, tossindo e tentando respirar, olhei em volta do banheiro, vendo se tinha alguém ou algo.
    Sai da banheira quando percebi que ela estava ficando vermelha, como eu disse, foi uma péssima ideia entrar nela estando menstruada, fui tomar banho no chuveiro, na água morna, óbvio. Terminei de me banhar depois de quase 1h e meia, demorei mais ainda me vestindo e penteando o cabelo.
     Deitei na cama, puxando a coberta e os travesseiros, meu corpo ainda está doendo, mesmo depois do banho quente que eu tomei. Ainda não vi o Ast, não faço ideia de onde ele esteja e do que está fazendo, vai ver está com a Íris. Não durei muito tempo acordada, só me lembro do John parando na porta e saindo, ia me chamar para algo? Eu não sei, e no momento não quero pensar nisso, preciso deitar um pouco, mereço um descanso, nem que seja por 10 minutos.
    Fui acordada pela Íris, não sei quantas horas eu dormi, mas pelo que eu estou vendo, está de noite.

- Descansou bem, querida? - Concordei com a cabeça e cocei os olhos, sentindo eles doerem pela luz do abajur. - Precisa levantar agora.

- Agora? Mas eu ainda quero dormir... - Tentei me aconchegar mais na cama.

- Agora, pode dormir mais depois. - Concordei com a cabeça e me levantei, indo lavar o rosto para tentar acordar.

    Ela me esperou e nos descemos para o andar de baixo. Íris me mandou segui-la, assim eu fiz. Fomos para a adega, porque a adega?
    A mulher puxou uma das estantes e tinha uma escada, descemos ela rapidamente e surpreendentemente, tinha um salão lá embaixo, mas era um salão que parecia uma academia. Sério? Logo hoje?

- Por que estamos aqui?

- Seu treino começa já.

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