Uma CEO inalcançável.

By Mila_Sn

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Julieta Delvecchio é a irmã mais velha das quatro irmãs Delvecchio. Criada em uma família típica italiana po... More

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By Mila_Sn

Julieta.

Sinto o sacolejar da van, esses homens são tão inexperientes que colocaram um saco em minha cabeça mas não amarraram minhas mãos. Eu no fundo agradeço por eles não saberem fazer esse tipo de coisa.

O meu pé dói muito, uma dor que comprime, e esmaga me causando muito desconforto. Tento me sentar melhor, mas a dor é extrema e eu me mantenho na mesma posição.

Sinto que estamos indo longe da cidade, o tempo é longo e fico pensando aonde vão me deixar e confesso me sentir preocupada em relação a isso. Me sinto em completo estado de choque diante de tudo que aconteceu, mas ainda não consigo reagir.

A van para e logo os dois homens aparecem, me puxam em uma velocidade insana e eu mordo os lábios tentando prender o grito que se prende em minha garganta ao bater o pé machucado no degrau da van.

— Aqui é bom lugar! — Eles riem com certo escárnio. — Boa sorte com a tempestade que vem vindo. 

Eles me jogam num canto e o chão parece arenoso e macio, logo escuto o barulho do carro indo embora e aproveito e tiro o saco de papel da cabeça. Que coisa mais besta.

Olho ao redor e estou numa praia, um vento forte passa por meu corpo me assustando e um trovão ecoa. Ah, boa sorte com a tempestade! Bando de ridículos!

Pingos grossos começam a cair e por um momento eu paro para refletir tudo o que aconteceu, desde o início, desde quando falamos sobre como encomendar as coisas da festa e aquele post it, me ameaçando.

Depois veio o telefonema e eu percebi que tudo que a gente já havia passado, iriamos passar de novo, a luta para correr e passar na frente dessa criminosa, porque é isso que ela é! Uma criminosa maluca, foi insana!

Me lembro de ter passado no corredor e visto Filippo, meus olhos me traíram em segredo e involuntariamente eu fiz o nosso sinal e ele logo queria saber tudo.

Grampeamos o meu telefone para ele poder rastrear cada mínima conversa e tudo que conseguimos saber é que as chamadas vinham de alguém que estava no prédio da empresa no momento da ligação.

Em seguida, um documento que eu e Celina precisávamos sumiu e se não tivéssemos cópias de tudo, estaríamos fritas. Outra ligação e confirmou o que ela havia feito.

O mais louco disso tudo é que ela era como uma cobra, sorrateira e discreta, pois eu não me lembro de ver ela tantas vezes no andar da presidência, até pensamos que ela tinha um cúmplice, mas ela era muito mais esperta.

Filippo conseguiu provar que ela pegava roupas de funcionários como os do refeitório, do almoxarifado e tinha acesso a tudo, claro, ela sempre mexia quando eu já não estava no andar, mas mesmo assim é muita experiência para uma agenciadora, o que torna tudo suspeito.

Depois que ela citou tanto Paris, eu acredito que quem tenha sido a mandante de tudo, seja ela. Pois toda essa revolta parece que eu parabenizei a pessoa errada, no caso mandei para a prisão.

Quando penso em tudo isso, quando olho para meu corpo, cansado e machucado por tudo isso, uma melancolia me toma. Às vezes é tão difícil, eu amo meu trabalho, mas defender a família é um bônus que às vezes nos deixa acabados, totalmente esgotados.

Lágrimas grossas descem pelo meu rosto enquanto o céu também chora rigorosamente, decido ficar onde estou, não tenho mais forças.

Um raio corta o céu e atinge uma das palmeiras não muito próxima a mim, mas bem visível aos meus olhos e eu sinto que preciso sair daqui. Atravessar a rua e ficar em alguma marquise.

Me levantar é um custo, meu corpo parece pesar uma tonelada, meu pé lateja e eu simplesmente não consigo colocar ele no chão. Tiro os saltos e vou tentando caminhar, quase que num pé só.

Eu me lembro de tudo, a ficha parece cair, me chamaram para resolver a questão dos vestidos, uma menina derrubou um frasco de loção e sujou tudo. Cynthia me pediu para chamar com ela algum colaborador e em poucos minutos eu estava trancafiada no almoxarifado.

Mas as chaves me ajudaram e eu logo saí e voltei ao meu lugar na festa, quando ela notou isso, seus olhos fulminaram. Ela odiou que tudo tenha dado certo.

Mais lágrimas rolaram quando me lembro o quanto de tapas levei, o choque foi tão grande que não tive reação, mesmo sabendo tudo o que pode acontecer, os vilões ainda nos surpreendem.

— Ah! Não consigo mais. — Me sento no degrau da escada que leva a areia da praia.

Meus olhos ardem pelo choro e o vento trás pequenos grânulos de areia, que fazem arder ainda mais, meu corpo inteiro dói, estou toda molhada pela chuva que não deixa de cair e pesa toda a minha roupa, meu pé está em uma dor insuportável, tudo incômoda e eu só quero chorar e chorar até que meu coração se acalme.

Me encolho no degrau da escada, enquanto a chuva cai grosseiramente deixando as ondas cada vez mais agitadas. Sinto calafrios por todo o corpo quando o vento passa por ele de modo feroz junto com a dor que me tira a paz.

Pego o telefone que Filippo me deu e digito os números, e sei que ele está rastreando tudo, mas na luta com aquela maluca, ela jogou meu celular no meio da rua.

Meu corpo está cada vez mais esgotado e sem esperar resposta do telefone sinto os meus olhos pesarem. Eu preciso atravessar a rua, era apenas um descanso. Aqui não é seguro! Tento me reerguer, mas me desequilibro  e caio sobre o meu pé.

Um pequeno gemido de dor escapa por meus lábios e me permito chorar por tudo. Me encolho onde estou e por mais que eu quero sair daqui e levantar, não tenho forças.

Meus olhos vão fechando e antes que eu feche completamente os olhos eu vejo um outro raio cortar o céu e cair sobre uma árvore bem próxima de mim.

Juli!!! — Ouço uma voz ao fundo mas não consigo abrir os olhos para ver.

Martin

Assim que vejo seu corpo encostado nas escadas, estaciono o carro e desço as pressas ao ver o raio cortando a árvore bem próximo dela. A chuva está intensa e as ondas cada vez mais próximas da margem

— Juli!!! — Me aproximo do pequeno corpo e a puxo com cuidado.

— Meu pé...— Ela sussurra com os olhos fechados.

Olho para o pé, notando certo inchaço e com cuidado a pego no colo e levo em direção ao carro, suas roupas estão extremamente molhadas e os cabelos pingando.

Olho para seu pé, para seu estado molhado e para a chuva, acho melhor levá-la para se aquecer e amanhã levá-la ao médico. Reflito atrás do volante.

Sigo para a casa de praia de minha família, que fica em uma região próxima, sendo o mais seguro nesta tempestade que não cessa.

Quase quinze minutos depois, estaciono o carro e a observo ainda dormindo, seu corpo está tremendo e noto nos braços, a pele arrepiada.

Saio do carro e contorno abrindo a porta do passageiro, e com cuidado tiro Julieta e a levo no colo até a porta principal do casebre.

Com certa dificuldade, abro a porta, entro e fecho com o pé, acendo a luz entrando na sala principal, mamãe me mataria por molhar seus lindos laminados em orvalho, olho para os sofás em tom creme e penso se a coloco ali.

Mas sigo para as escadas e a coloco no sofá vinho da sala de televisão.

—Anh...O que? — Julieta abre os olhos. — Vou molhar o sofá. — Diz enquanto olha ao redor.

— É só enquanto te preparo um banho. Já venho — aviso e sigo para o banheiro principal.

Olho para a banheira e para o chuveiro, penso no pé dela, a banheira parece uma boa opção mas e quando ela for sair? Erguer a perna pode ser muito pior.

Vou até a cozinha, buscando uma cadeira de plástico e deixo no box do banheiro, vou para o quarto da minha irmã e procuro uma muda de roupa que caiba nela, deixando tudo ajeitado, toalhas e itens de higiene.

Volto a sala e ela continua exatamente como eu deixei, é chocante como agora ela está totalmente fragilizada.

— Pronto, Juli. Vou te levar até o banheiro e se precisar de ajuda, me fala tudo bem? — Ela afirma com a cabeça, ainda um pouco confusa.

Subo com ela e a levo para o banheiro e ela observa tudo e noto sua palidez e o olhar cansado de quem não está entendendo nada.

— Vou deixar a porta destrancada. — aviso e saio do banheiro, fechando a porta.

Saio e aguardo no corredor, tudo fica muito silencioso e me preocupo, mas logo escuto o barulho do chuveiro, saio de perto da porta e pego meu telefone para avisar a família que está tudo bem.

Finalizo as ligações e sigo para cozinha a fim de preparar algo, uns sanduíches e um bom copo de suco, acho que cai bem. Coloco tudo numa bandeja e subo para a sala de televisão, deixando na mesinha de centro.

Sento no enorme sofá e ligo a televisão, procurando algum filme leve. Ouço a porta do banheiro e me volto, mirando seus cabelos ruivos úmidos e a roupa que ficou um pouco grande para ela. Minha irmã é mais nova que ela e mesmo assim a roupa ficou maior. — abro um pequeno sorriso ao pensar nisso.

Noto seu esforço em se apoiar na parede e me aproximo às pressas para ajudá-la.

— Vem Juli, deixa eu te ajudar. — Dou apoio e a aproximo do sofá. — Fiz esses sanduíches e suco. Tenho sorvete também.

— Hm, sorvete? — Ela sussurra me fazendo rir do seu único interesse.

— Sim, formiguinha sorvete. — Entrego o sanduíche e o copo de suco de uva a ela, que aceita de bom grado. Parece que está faminta.

— Martín...— Julieta inicia no tom que eu sei bem o que significa.

— Juli, depois falamos disso, ok? Você precisa se recuperar, nem acredito que está aqui  e isso é o mais importante — Abraço seus ombros e ela afirma com a cabeça.

— Você que fez? — Diz mastigando e eu afirmo — Está muito bom!

— Ou você está com muita fome! — Dou risada e ela me acompanha rindo, tenta se ajeitar e faz uma careta quando inconscientemente mexe o pé. — Está doendo muito? Pensei em irmos amanhã, é perigoso com toda essa chuvarada.

— A dor é insuportável, mas acho melhor irmos amanhã. — Sorri enquanto beberica seu suco.

— Ótimo, vou tomar um banho e ficamos aqui no sofá comendo besteiras, pode ser? É o que eu tenho a te oferecer. — Faço drama.

— É perfeito, vou ligar para as minhas irmãs, me empresta seu telefone?

— Claro. — Tiro o telefone do bolso, desbloqueio e entrego em suas mãos. — Daqui a pouco volto.

Sigo apressado para meu quarto e busco uma muda de roupas, sigo para o banheiro tomando um banho quente e rápido, ansioso para não deixá-la sozinha, pensando que ela pode precisar de mim.

Me visto apressado, calço meias, pois a casa está meio gelada, seco os cabelos e sigo para a cozinha ansioso, busco por coisas gostosas para comer e subo indo até a sala

Me aproximo lentamente e vejo ela distraída com o pé elevado sobre uma almofada e uma música infantil soando do meu celular.

— Juli? — Sento ao seu lado.

— Ah, oi, estou jogando esse joguinho com as minhas irmãs. É bem divertido! — Ela sorri como se tivesse cinco anos.

— Que espertinha! — Coloco sua cabeça em meu colo e ela continua jogando animada. — Trouxe um monte de docinhos pra você. — Coloco uma bacia em sua barriga e volto a procurar filmes.

— Hm... vamos ver. — Ela começa a pescar uns chocolates com um semblante divertido.

— Deixa eu ver o seu pé enquanto escolhe o nosso filme? — Pergunto ao ver o pé bem inchado.

— Veja com cuidado! — Julieta faz uma careta enquanto pega o controle e ergue a perna.

Observo o pequeno pé, que está parecendo uma batatinha, pelo inchaço, aperto os dedos e observo seu semblante tranquilo, vou subindo a mão pelo peito do pé e ela continua distraída, mas no instante que passo a mão pelo ligamento entre o pé e o tornozelo, seu corpo se retrai no mesmo momento e ela faz um semblante de dor.

— Desculpa, acho que é uma torção bem feia ou até saiu do lugar. — Estico sua perna, fazendo um carinho no joelho.

— Amanhã vamos bem cedo? Quero tirar essa dúvida...— Seus olhos voltam para a televisão e noto que ela escolheu uma animação da Disney e voltou a se encolher no sofá.

— Vem cá, perto de mim. — Puxo uma coberta e ela com certa confusão deita em meu peito e nos enrolamos na coberta.

— Martín...— O tom volta e eu olho atentamente para ela. — Ela foi presa?

— Sim, felizmente antes de eu vir atrás de você, vi ela sendo levada pelos policiais.

— Ainda bem, como a festa ficou? Todos ficaram muito chocados? Foram embora?

— Acredito que ninguém foi embora, todos ficaram chocados mas aguardando as cenas. — digo tirando sua franja dos olhos.

— Como você se sentiu em relação a ela? — Ouço seu sussurro e meus olhos encontram os de Julieta.

— Raiva, eu me vi embevecido de raiva, por ter sido tão cego, me perdoe, Juli. — Digo com sinceridade.

— Tudo bem, mas você não sentiu pena dela, não quis ajudar?

— Não pensei em nada, assim que descobri onde a pessoa mais importante para mim estava, eu fui atrás. — Abraço-a com carinho. — Ela não significa nada para mim, estou exatamente aonde eu gostaria de estar, com a pessoa que faz meu coração bater mais feliz, nos meus braços. — Beijo sua testa e noto seu pequeno sorriso.

— Guarda essas declarações, meu coração se derrete! — Julieta sorri e me beija na bochecha, quase no cantinho da boca.

— É bom, ai ele me dá uma chance e se apaixona por mim. — Faço graça com seu cabelo.

— Ele já se apaixonou. — Ela confessa rindo e se esconde rápido, debaixo das cobertas.




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