Da guerra ao Amor

By VGOliverAutora

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No início das guerras, forjado no calor da batalha, sem nenhum tipo de pudor, onde a violência impera e o san... More

AVISOS E EXPLICAÇÕES!
Personagens
Sinopse
Prólogo
A Guerra
O Demônio
O Começo do Tormento
Uma noite sem estrelas
Novos Caminhos
A Ira do Demônio
Assuntos de Guerra
Rio de Sangue
Intrigas - Parte I
Intrigas - Parte II
O Retorno
Saudade
Desejo
Os Visitantes
Olhos de Mar
Jardim do Entardecer
Declínio no Horizonte
O Grande Torneio
Memórias
Encontros ao Acaso
Traições
Planos
Dor
Desamor
Despertar
Não me deixes
Desolação
Mentiras e Verdades
Distorções
Lírios de Sangue
As flores pelas quais sangrei
Meu paraíso em sua escuridão

Pensamentos sem fim

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By VGOliverAutora

 "Amave pro me, pro te et pro nobis" (Eu amei por mim, por você e por nós dois.)

Autor desconhecido

Aubalith

As coisas na Assíria estavam indo mal, Mardok não conseguia focar em nada, nada que não fosse Kassandra e sua dor. Tomei as rédeas de uma boa parte da situação, mas sem o Imperador parecia que as tropas perderam o moral completamente. Em contrapartida minha Andreyna estava cada dia mais enredada em minha teia de sedução. Nunca pensarias que o meu infortúnio com Serena, aquela vadia ardilosa faria com que a cigana se aproximasse de mim. Eu não era um bom homem, usei a criança para amolecer o coração sofrido de Andreyna e não me arrependo disso.

Nunca forcaria – me em uma mulher, mas desejava – a demais para deixar as coisas a cargo do destino se eu não empurrasse Andreyna ela continuaria fechada em sua concha de dor. E ela seria minha, mas seria minha por vontade própria. Assim que Serena deu a luz tirei dela a criança que a prostituta queria usar como barganha, minha filha ou não, eu não permitiria que a menina fosse exposta aos ardis daquela cobra peçonhenta com a qual eu tive a insanidade de me deitar.

Insano.

Era realmente assim que estava quando bêbado tive a brilhante ideia de afogar as magoas das rejeições de Andreyna naquela boceta imunda. Suspirei sentado em uma das instalações de treinamento espalhadas pelo complexo militar ao redor da Assíria. A cigana cuidava da menina como uma mãe amorosa, e me deleitava que em um futuro ela poderia carregar meu filho em seu ventre. Ao primeiro chorar de Talaitha cortei a cabeça da vagabunda ardilosa que a gerou e entreguei – a aos braços calorosos de Andreyna que a acolheu disposta. Tão disposta que em algumas semanas como mãe da criança, a cigana produziu leite, segundo Ninsina esse evento se deu pelo fato de o corpo Andreyna ter escolhido Talaitha como filha em toda sua plenitude.

Ainda estava acostumando – me a criança, mas o fato dela me lembrar Andreyna de alguma forma fez – me afeiçoar – me a ela rapidamente. Incomodava – me a insistência do meu belo pássaro em não querer ajuda e se dedicar totalmente a criança. Ressentiu – me um pouco no começo, mas Ninsina e Amaranta garantiram que isso passaria. Eu esperava que sim para o bem de todos. Estiquei os dedos das mãos machucados e calejado de tanto treinar, temia pelo futuro da Assíria. A ideia de Mardok sobre a A legião de Nergal incomodava – me, era completamente fora da curva o imperador liderar uma tropa que foi feita para ser de certa forma aniquilada. Além de tudo sentia – me desconfortável com algumas coisas que Aurya disse.

A vagabunda senil falou sobre uma invasão e isso não me parecia algo que a mente burra da Ayra inventaria do ar. Ela ouviu algo e sua mente desprovida de sagacidade não conseguiu unir os fatos. Elif não quer a Assíria, ela quer Mardok, mas Alaha... Alaha, ele queria o poder, queria a coroa e o território. O homem acha que seria melhor imperador, invejou Mardok Uard I, e por tabela inveja o poder do segundo.

Invasão.

Serias Elif tão ousada a ponto de orquestrar uma invasão a capital da Assíria. Uma invasão ao tão protegido e restrito palácio?

Alaha seria tão insano para aceitar algo assim tão arriscado?

Hana, o pai de Elif parece – me apenas um fantoche conveniente para a filha e para os planos de poder de Alaha. Mas quem mais me intrigava nisso tudo era Ador. O homem não parecia – me ter ambições de tomar o poder, ele me era uma incógnita e isso fazia - me irritado. Eu lia as pessoas muito bem, traçava seus perfis e as usava da maneira que me era conveniente, mas Ador em um momento parecia – me uma hiena ambiciosa, em outro um tolo apaixonado. Talvez o fosse os dois.

O inimigo está ao seu lado, imperador. 

A puta astuciosa havia dito, e meu primo não fazia ideia que ele realmente estava.

Eu tinha certeza que essa frase era verdadeira, Mardok era esperto e previa o perigo, mas estava completamente focado em seus sentimentos por Kassandra. A perspectiva de traição da cigana e a perda da criança que esperava o fez fraco e manipulável. Meu primo não consegue sentir o perigo como antes. Ouvi passos e direcionei meu olhar para a entrada segurando discretamente minha adaga, em dias de guerra ninguém era confiável.

— Como estás, Aubalith? — Relaxei minha postura ao me deparar com Barsim, meu mentor e de Mardok.

— Exausto. Estou em estado de alerta permanente, nunca tivemos tantas insurgências como agora. Além de toda essa iminência de guerra que corrói a minha mente. Não consigo traçar um plano que seja eficaz em todas as arestas. — Desabafei olhando para as armas penduradas na parede oposta.

— Eu entendo. O fato de não podermos confiar em quase ninguém também me assusta – me. Desestabiliza – me o fato de que um traidor podes fazer morada dentre meus homens mais leais. Coloquei minha vida em oferta muitas vezes pela Assíria e pelo nosso soberano para que as coisas acabem dessa maneira indigna. — Assenti em concordância.

— Soube da criança. Minhas mais sinceras congratulações.

— Agradeço – te a consideração. Quando puderes visite – nos e conhecerás a pequena Talaitha, a menina dos olhos de sua mãe. — Mardok cuidou para que a história de Serena fosse esquecida, abafada e substituída. Meu primo usou Belite para que rumores de que eu teria minha prole com a escrava com a qual me presenteou fossem disseminados como poeira ao vento, como Andreyna não era vista com frequência a mentira foi bem aceita. Apenas os mais próximos sabiam que a criança não foi gerada no ventre do meu belo pássaro.

— Tu e Mardok foram mesmo enfeitiçados pelas garotas ciganas... Tu ao menos teves sorte. — Senti que Barsim usou um tom incomum para se referir as ciganas.

— Desaprovas as nossas mulheres? — Perguntei defensivo. Ambas eram escravas de linhagem duvidosa e que não agregavam em nada para o jogo político do império.

— De maneira alguma, apesar de pensar que se em um milagre dos Deuses tu e seu primo aquietassem - se seriam por um casamento político, não por amarem suas escolhidas. — Assenti relaxando minha postura novamente.

— Preocupo – me com a cigana que viraste a cabeça de seu primo. Preocupo – me que ele fiques tão insano a ponto renegares suas obrigações. Mardok é brutal, ela é apenas uma menina ainda. Tu vês, Aubalith, a situação dos dois afeta diretamente a Assíria. Temo que Mardok seja cegado pela dor que causou a menina. — Se ele soubesse o que o insano do meu primo está a planejar, pobre Barsim, estarias a se corroer em desespero. Eu deixaria meu primo fazer o que o seu instinto queria e no fim Mardok Uard II sempre fazia o que bem entendias de qualquer forma.

— Com todas as questões de infiltrados e invasões estou a definhar, já não tenho mais idade para tamanhos infortúnios. Temo por você e seu primo, praticamente os criei. — Era verdade. Barsim foi uma figura de respeito e autoridade para mim e Mardok na mesma medida que Ninsina havia sido a vertente de afeição e cuidado para comigo e Mardok.

— Tens tido notícia de Elif ou Aurya? Vi a antiga amante de Mardok rondando o palácio um tempo atrás. Temi que causasse problemas. — Ninguém sabia que Mardok havia matado a puta da Aurya. Cada divisão se reportava ao seu respectivo general e esse general ao imperador. De forma direta apenas eu, Apsu e Rammil sabíamos sobre as artimanhas de Aurya. Convenci Mardok a deixar até mesmo Barsim de fora, pois sabia que o velho homem não se agradaria dos nossos métodos bárbaros. Mas situações desesperadas requer medidas desesperadas.

E eu estava desesperado vendo todos os planos que tracei ruir por causa de uma vadia mimada e genocida que não conseguia ouvir um não como resposta. As vezes eu pensava que a Elif poderia ser uma versão feminina e emocional do imperador, ambos tinham vários pontos de convergência, os Deuses foram benevolentes em não juntar dois flagelos em matrimônio, aparentemente Kassandra fez mais pelo mundo conhecido do que se pode imaginar.

Tanto Elif quanto Mardok eram sanguinários, egoístas e amavam com obsessão. Imagino o quanto de destruição e morte esses dois trariam juntos. O caos e a destruição. Kassandra trouxe humanidade ao meu primo, mas essa humanidade recém descoberta também poderia ser sua morte.

— Soube que o imperador deu ordens para Belite a despachar para muito longe, além do mar Cáspio. Creio que não a veremos nunca mais. — Falei vago.

— Elif com suas ideias de invadir Assur também vem dando muita dor de cabeça. Como uma simples mulher conseguiu tamanha façanha não consigo crer. — O encarei também intrigado.

— Pois bem. Eu também fico impressionado com toda a articulação, inclusive militar, que ela teve. Um caso a se pensar com toda certeza. — Completei pensativo.

— O deixarei em paz filho, vida livre. — Disse colocando a mão em meu ombro.

— Morte honrosa. — Completei o dizer vendo as costas de Barsim se afastar de mim. E com uma das últimas frases de Arya como um pensamento sem fim em minha mente.

O inimigo está ao seu lado, imperador.

Andreyna

Talaitha crescia forte e mamava ávida. Eu estava tão orgulhosa de mim por conseguir amamentar a minha filha, a filha que meu coração escolheu e que minha protetora Sara Kali me ofertou. Talaitha era um bebe calmo e sereno que ofertava seus sorrisos banguelas, especialmente para o pai dela. Também me sentia orgulhosa de Aubalith. Ele foi um homem honroso e não fugiu das suas responsabilidades, mesmo na incerteza e na incredulidade ele assumiu a criança. Eu era grata a ele por ter me dado a coisa mais importante da minha vida, tão generosamente permitiu que desse o nome a menina, que eu a amasse e pudesse ser sua mãe.

Diferente do imperador aquele ser imundo que arrastou Kassandra pelo vale da escuridão, da humilhação e da dor sem remorsos. Não sentia um pingo de pena dele, em realidade queria que ele queimasse no fogo do inferno. Kassandra era uma menina iluminada e apaixonada, que amou o pior dele e mesmo assim ele a fez perecer como uma qualquer. Mardok Uard II merecia sofrer, e perecer só não queria que levasse Aubalith junto em sua miséria. Terminei de amamentar minha pequena menina e fui para a sala da ala que eu ocupava com Aubalith e algumas servas de confiança no palácio. Assim que entrei o vi ser servido por uma mulher que não conhecia, a moça era nova como serviçal com toda certeza e parecia se insinuar para ele. Apertei minhas mãos em punho.

— Atrapalho - te, meu senhor? — Indaguei encarando Aubalith diretamente. Ele encarou – me com o cenho franzido pelo meu tom de voz e pelo uso formal das palavras.

— Nunca me atrapalhas, meu pássaro. Me agracie com a sua bela companhia. — Aproximei – me a passos duros. Suas palavras não amoleceram meu semblante.

— Quem és tu? — A garota olhou – me desconcertada, mas recuperou a postura em seguida.

— Chamo – me Banit e estou aqui a pedido da senhora Ninsina para servir o senhor Aubalith. — Empertiguei minha postura, não fazia sentido. Todas as servas antes de serem aprovadas passavam por mim por ordens do próprio Aubalith. O encarei e ele se acomodou na suntuosa cadeira encarando – me intrigado.

— Não és certo. Qualquer serva nova deves passar por mim, eu cuido de todos os assuntos domésticos referentes ao Aubalith. Por qual motivo não viestes a mim antes de começar seus serviços?

— Não achei necessário, tendo em vista que sua alteza não tem esposa, a senhora deve fazer esses ajustes fora do palácio aqui o sistema é mais complexo. — Que audaciosa!

— Ah... Não achastes necessário seguir uma ordem direta de sua alteza? — Falei olhando dela para Aubalith que resolveu que era hora de se pronunciar.

— Andreyna tem autoridade sobre toda a minha vida dentro e fora do palácio. É a ela que deves reportar jovem. Agora nos de licença que preciso conversar em particular com a minha senhora.

— Sinto muito, meu senhor. — Desculpou – se a contragosto fazendo uma mensura, mas não perdi seu olhar raivoso para mim. Que disparate! Assim que ela saiu Aubalith voltou – se para mim intrigado.

— O que acabou de acontecer? — Ele perguntou – me com os olhos verdes astutos sobre mim. Andei para a varanda ainda possessa.

— Andreyna o que passas?

— O que passas? — Ele enrijeceu a coluna para meu tom de voz ríspido e estreitou os olhos.

— Estavas sorrindo para aquela... Aquela moça. — Aubalith arqueou as sobrancelhas e tinha as feições levemente chocadas.

— Estava tratando - a com educação. — Ele disse agora levantando o queixo como se me questionasse algo silenciosamente.

— Andreyna não tenho mais idade para subterfúgios. Diga – me o que sentes, sejas sincera comigo como sempre o fiz contigo. Nunca menti sobre nada para ti, mesmo quando achei que poderia perder qualquer migalha de oportunidade que me desses pelos erros de homem falho que sou. Mas sempre te falei a verdade, então peço que me oferte a mesma consideração. — Ele parecia cansado e levemente abatido. Suspirei me sentindo infantil e incomodada com o olhar questionador e quase ríspido do Aubalith ele nunca havia me olhado dessa forma.

— Sinto muito...

— Não quero desculpas, allat. Quero que sejas sincera, que fales comigo. — Pediu aveludando o tom de voz.

— Senti – me desconfortável com aquela moça apenas isso. Não queria deixá – lo irritado.

— Não deixou. — Ele disse e depois calou – se me analisando.

— Ao menos pensastes no motivo para ficares desconfortável com uma situação tão banal? — Disse encostando – se na mureta e cruzando os braços.

— Pura tolice minha. — Falei encarando o horizonte. Tínhamos a vista da parte de trás da cidade a qual dava para ver ao longe as águas do Rio Tigre. Aubalith virou – se para a paisagem ficando lado a lado comigo.

— Veja a vastidão dessas terras, vaguei além desse rio e muito depois disso. — Suspirou.

— Estou cansado, Andreyna, quero alguém em que possa confiar. Quero que a mulher que eu amo possa confiar em mim, lutei muitas batalhas, mas nenhuma exauriu – me mais que a que estou travando contigo pelo seu coração. Poderás um dia dar – me uma chance real? Abririas seu coração para mim?

— És da família real e eu apenas uma escrava...

— Sabes que estas inventando desculpas, isso nunca será um impedimento para mim, enfrento o que tiver que enfrentar para te fazer minha. Ofereço – te a proteção do meu nome, a minha casa e meu amor incondicional. O que temes realmente, Andreyna?

— És primo do Imperador...

— Já não te provei de inúmeras maneiras diferentes que não compactuo com muitas das atitudes de meu primo. Não dei – te espaço suficiente para saberes que nunca a forçaria a nada que não quisesses, cometi erros. Mas tu nunca me destes uma chance real aqui, allat. Poderás me deixar entrar? — Sentia seu olhar sobre mim, mas não conseguia encará – lo. Aubalith em um rompante virou – me de frente para ele e tive que encarar seus olhos não podendo esconder a verdade de meus sentimentos.

— Me deixarás entrar dessa vez, allat?

— Temo perder – te. Sempre que achei que tudo se resolveria e me permitir viver ou amar, tudo foi tirado de mim, as vezes penso que fui amaldiçoada. Não quero perder – te, Aubalith, não suportaria perder – te. — Lágrimas molharam meus olhos. O senti me abraçar apertado.

— Não me perderá, allat. Sempre voltarei para você e para nossa filha, para todos os filhos que estiver disposta a me dar. Saiba que sempre te deixarei voar, nunca serás uma escrava ou submetida a humilhações, sempre terá sua voz ouvida por mim, seus desejos serão respeitados enquanto eu viver e lutarei por eles. Agora preciso que diga – me com todas as palavras o que sentes por mim. De – me isso, meu belo pássaro.

Amo – te.

Ama – me e será minha esposa.

Amo – te e serei sua esposa, sua amante, sua amiga, sua companheira.

A mãe dos meus filhos.

A mãe dos seus filhos.

Amo – te, meu belo pássaro.

Amo – te, Aubalith, amo – te.

Roguei aos céus que dessa vez, ao menos dessa vez, eu pudesse ser feliz com meu amor.

Continua...

Hoy. Demorei, mas apareci. Reta final. Antes do fim do ano eu acabo, rs. 

Espero que gostem. Curtam e comentem.

*música na mídia Keane - Someware only we know

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