Marriage of Convenience

PetalaNegra0 tarafından

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Constantine Hill, chefe da máfia italiana. Morgan Stanley, uma jovem metida em negociações de interesse. Os... Daha Fazla

𝐌𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 "𝐒𝐢𝐦"
𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐨𝐬
𝐌𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚
𝐔𝐦 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 (𝐢𝐧)𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳
𝐀𝐣𝐮𝐝𝐚 (𝐢𝐧)𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐚
𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬?
𝐏𝐫𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫
𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚
𝐏𝐨́𝐬 𝐟𝐞𝐬𝐭𝐚
𝐂𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐨𝐬.
Não é um capítulo. Mas é importante!
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨?
𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐬𝐮𝐦𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂?
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐦𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐞
𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐞
𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞́𝐧𝐬
𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐠𝐚 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫𝐞𝐬
Pergunta rápida! Não é capítulo!
𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.
𝐁𝐨𝐦 𝐝𝐢𝐚.
𝐏𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨.
𝐔𝐦 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨.
𝐆𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚𝐬?
𝐌𝐚𝐬𝐜𝐨𝐭𝐞
𝐈𝐦𝐩𝐥𝐨𝐫𝐞.
𝐃𝐞 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥
𝐇𝐚𝐣𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐭𝐚𝐥
𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨
𝐀𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫
𝐀𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐞𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐫𝐭𝐨𝐬
𝐎 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚𝐝𝐨
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚?
𝐂𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞 𝐨 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐨
𝐀𝐭𝐞́ 𝐝𝐞𝐳
𝐃𝐞 𝐣𝐨𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞
𝐍𝐨́𝐬 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐢́𝐚𝐦𝐨𝐬
𝐋𝐞𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐦𝐞𝐚𝐜̧𝐚
𝐈𝐧𝐭𝐞́𝐫𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞
𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐄𝐩𝐢́𝐥𝐨𝐠𝐨
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Pergunta rápida

𝐀𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐨𝐮 𝐚𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐚𝐭𝐨?

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PetalaNegra0 tarafından


Morgan

- Como assim ela está morta?! - Caleb está gritando. - Sua garota idiota, olha o que fez!

- Não vou assumir responsabilidade sobre isso, você vai ter que se virar. - Tine disse para ele.

- Eu vou matar vocês! - Antes que viesse até a gente, foi levado para tratar o ferimento.

     Tine me guiou pro carro, chamou o Asterin também, John já estava nos esperando do lado de fora.
    Só falei algo quando entrei no carro e começamos a ir para casa.

- Ela realmente morreu? - Mesmo que eu a odiasse, não queria que morresse.

- Não.

- Sério!? Tem certeza?! - Ele me olhou, sério.

- Deveria ter avisado sobre o que iria fazer antes.

- Eu pensei de última hora e ela iria negar.

- Não me importo, poderia ter me avisado. - Agora olhou pro caminho.

- Desculpe. - Me acomodei no banco e olhei para a janela.

     John colocou uma música que eu sempre escuto quando saímos, mas logo desligou quando Tine encarou ele, não quis dizer para pôr, já que ele deve estar com dor de cabeça ou algo do tipo.
     Asterin está lambendo a minha mão, querendo brincar, agora que saiu do galpão. Precisei afastar a minha mão dele, para que parasse e não continuasse com a tentativa de brincadeira, ele começou a chorar baixo, como se pedisse atenção. Bateu com a pata na minha perna, para que eu o olhasse.
   Iriam me achar infantil por brincar com ele, como a cobra da Cristine disse. Não entendo o que tem de ruim brincar com um cachorro e montar lego, é apenas um passatempo, igual quebra cabeça.
    Ele continuou batendo a pata na minha perna, só parou quando Tine estalou o dedo. Se deitou do lado dele e ficou quieto, sem choro ou pedido para brincar, espero que não fique magoado.
    Tine deve estar chateado, talvez por eu ter machucado a ex do melhor amigo ou a ex amiga, não sei o que está pensando de mim agora. Me odiando? Com raiva? Vai me bater ou dar algum castigo? Scott disse que o meu marido pode fazer o que quiser comigo, me deixar trancada em casa até me deixar para fora de casa. Nick disse que ele não faria isso, que iria cuidar de mim.

- Está irritado? Me desculpe, não queria isso...

- Já foi, não tem volta. - Respondeu curto e olhou para a janela. - Ela vai ficar bem e vai poder sumir, como queria. E você, vai ter que ficar longe do Caleb por um bom tempo. - Isso é verdade.

- Eu sei disso. - Suspirei pesado.

    Ele só acenou com a cabeça e ficou quieto.
    Chegamos depois de horas, Tine saiu primeiro do carro com o Ast seguindo ele, sai depois. Entramos em casa, ele foi direto pro escritório, eu fui pro banho. Talvez vá começar a me ignorar até ficar mais "calmo".
     Fiquei dentro da banheira, quieta. Passando a mão no meu cabelo, desembaraçando ele para que não fique nós. Já lavei a minha mão, o sangue saiu completamente e as minhas roupas foram ficar se molho, para que tirasse o excesso.
    Asterin ficou deitado na caminha dele no quarto, Tine não saiu do escritório para vir aqui, e mesmo que viesse, eu não saberia, já que a porta está fechada e meus aparelhos estão em cima do mármore da borda da banheira. Meus olhos estão começando a pesar, fiz um formato de conchas na mão e afundei na água, levantei e molhei o meu rosto para espantar o sono, também molhei minha cabeça, só que eu afundei completamente na água, fechei os olhos e soltei o ar que guardei, meu corpo ficou molenga, como se eu realmente tivesse dormindo ali.
    Voltei para a superfície quando senti mãos me puxarem, uma nas minhas costas e outra na minha cabeça, me abraçou e tirou a água do meu rosto.

- Morgan? - Segurou o meu queixo, balançando minha cabeça.

- Eu não sei o que está falando. - Falei quando recuperei o meu fôlego, regulando minha respiração. - E não, não me afoguei. - Abri os olhos.

    Posso ver uma expressão mais séria que antes no rosto dele, o maxilar está travado e posso jurar que tem uma veia saltada na testa dele.
   Suspirou e me soltou devagar, me deixando encostada na parede da banheira.

- Não faça isso de novo. - Se levantou.

- Eu não fiz de propósito. - Está com mais raiva? - Posso sair se quiser tomar banho.

- Pode ficar aí se quiser, só não durma.

- E o Asterin? Ele está sujo ou preciso dar outro banho nele?

- Pensei que não quisesse mais ele por perto.

- Eu... Só não quero ser infantil, preciso focar nas minhas responsabilidades. - Agora a expressão é neutra.


Constantine

    Pelo visto, Cristine causou mais impacto do que eu imaginava. Não me importo que a Morgan goste de brinquedos, entendo que talvez nunca tenha tido a oportunidade de ter essas coisas, não vou tirar isso dela. Também sei que precisa ser mais responsável em alguns quesitos, ela aceitou um posto e agora precisa, no mínimo, agir como adulta na frente deles, em qualquer outro lugar, pode ser a Morgan que eu adoro ver brincando.
    Ajudei ela a sair da banheira e a sequei com cuidado, vendo se estava machucado, apenas achei um arranhão no cotovelo, dei um beijo leve nele.

- Vá dormir. - Falei depois que colocou os aparelhos.

- Preciso arrumar minhas coisas.

- O que precisa arrumar? Tem empregadas para isso, é só chamar elas.

- Preciso guardar as bonecas. - Caminhou para fora do banheiro, a segui.

   Por que quer guardar as bonecas? Sei que acredita em tudo que as pessoas falam, vai pela cabeça dos outros do que eles acharem melhor ou pior para ela. E como não era de se esperar, acha que o que Cristine disse é relevante.
    Agora ela está tirando as bonecas da estante e as colocando juntas em cima da mesa, depois as construções de lego.

- Eu desmonto e guardo na caixa?

- Você não precisa guardar nada disso.

- Vão me achar infantil, não acho que uma mulher da máfia deva ser infantil. - Está tentando se encaixar no meu mundo? Na verdade, eu que tento encaixar ela nisso.

     Morgan nunca demonstrou querer entrar no mundo de máfia e guerras entre famílias, mas eu a forcei sem perceber, fazendo que aprendesse a atirar, fizesse treinos e uma tatuagem, que vai determinar quem ela é e qual o lugar dela nesse mundo, e ela não vai poder tirar, já que estamos longe de conseguir um divórcio. - O que não deve acontecer. - Então, está com uma marca de maldição no corpo para sempre, uma marca que eu determinei que seria melhor ela fazer, tudo isso, para não perder ela.
   Realmente, não posso perder ela, não me imagino sem os toques, beijos, carinhos e abraços dela, muito menos os sorrisos e risadas, ou quando briga com o Ast dizendo que ele deve ficar parado para foto ou quando reclama que estou sendo muito pegajoso. Preciso dela para viver, talvez eu esteja viciado nela, ela deve ser uma droga, uma droga muito forte e viciante pro meu corpo.

- Não precisa achar nada, se gosta, deixe a mostra.

- Não posso deixar a mostra, todos vão esfregar na sua cara a esposa que tem, a esposa que não consegue fazer nada que o marido faz. - Não se compare a mim, não sou tão bom quanto pensa. - Não sei porque não escolheu Cristine, ela iria te dar mais credibilidade, ela não iria passar o dia brincando como uma criança ou estudando como uma burra.

- Se eu te escolhi, é porque te acho melhor que ela, e porque te amo. - Segurei o rosto dela, ficou tensa. - Não se compare as pessoas, muito menos a mim. Pode continuar brincando e estudando, isso não muda o quão inteligente você pode ser, também não muda o fato de que você faz coisas que eu não consigo.

- Você sempre faz mais coisas que eu, na maioria das vezes me protege e presenteia, mas eu nunca consigo isso! Não me deixa te proteger ou cuidar!

- Porque me criaram para me proteger sozinho, meu bem, não sou acostumado a deixar a minha vida ou qualquer coisa relevante nas mãos de outras pessoas. - Suspirei. - Sim, tem coisas que eu consigo fazer, mas são coisas que alguém normal precisa saber?

- Não...Mas ainda acho que fez a escolha errada.

- Não fiz. Escolhi a pessoa certa para mim, uma decisão minha, sem interferência. - Beijei a testa dela. - E o que você fez hoje foi bem legal, mas me avise na próxima.

- Próxima?! Nem vem! Aquelas armas são pesadas! - Eu ri da expressão dela.

- Morgan. - Me olhou atenta. Por um segundo, ou vários, eu esqueci o que ia dizer.

    Foquei nos olhos dela, no azul claro completamente brilhante, no círculo quase dourado que está perto da pupila, no formato amendoado e fino que eles têm...E deduzi mais uma vez, como a minha mulher, minha esposa, minha igual, é forte. Por não deixar apagar esse brilho contagiante, mesmo com tudo que já passou nessa vida. Diferente de mim, não sei como alguém brilhante e pura pôde se apaixonar por mim, sou quebrado, mais quebrado do que qualquer um pode imaginar e mais até do que eu mesmo me lembro.

- Ei, minhas pernas doem! esqueceu o que ia falar?

- Não duvide mais do quanto eu amo você. Porque eu acabaria com o mundo para te ter comigo, perto de mim, me amando. - As bochechas dela ficaram coradas e ela assentiu.

    Eu ia soltá-la, mas fui surpreendido com um beijo, não um beijo intenso como os que trocamos sempre que estamos na cama, foi calmo, ela me entende e eu a entendo. Só separamos nossas bocas quando o ar acabou por completo.

- E coloque as bonecas no lugar, já tinha me acostumado com elas.

- Você diz que elas te encaram a noite.

- E encaram mesmo, já olhou para aquela de cabelo roxo? Os olhos dela ficam brilhando quando bate uma luz, assustadora. - Morgan fez bico e cara de brava.

- Vai me ajudar a por tudo no lugar! - Concordei com isso e a ajudei.

    Dei a sugestão de fazermos uma prateleira nova no closet para as bonecas, se ela se sentisse incomodada por deixá-las expostas.
    Foi o que fizemos, as bonecas foram pro closet junto com o resto dos brinquedos, depois fomos para cama. Enquanto Morgan se acomodava eu fui tomar um banho, minha cabeça está explodindo desde que saímos de casa.
    Ast está me seguindo, querendo brincar. Então tomei banho e dei banho nele, brincamos com um patinho de borracha e o sabão.
    Saímos do banheiro, limpos e cheirosos. Ele correu para a cama e pulou nela, todo molhado, se sacudiu para secar, espirrou água para todos os lados, Morgan está rindo baixo, como se quisesse esconder.

- Pode descer, seu tratante. - Me olhou, latindo. - Desce, seu feio.

- Deixa ele. - Morgan disse pegando ele.

- Você vai ficar com cheiro de cachorro molhado.

- Não ligo, também fico com o seu cheiro e não reclamo.

- Me chamou de cachorro?

- Chamei.

- Magoou em, não sou cachorro. Cafajeste talvez.

- Putão. - Disse brincando com o Ast. - É um putão.

- Putão? - O que é isso?

- Puto em aumentativo.

- Ah, que Merda em.

- É o meu puto ué. - Eu ri fraco.

    Asterin pulou em mim, para eu brincar com ele, eu fui, ele é um chefinho. Morgan veio também, brincando. Ficamos assim por um tempo.
   Só deitamos quando Asterin se cansou e dormiu, no chão mesmo.

- Vai dormir?

- Não agora. - Se cobriu.

    Eu assenti e deitei ao lado dela, cruzei as mãos em cima da barriga e estou encarando o teto, pensando. Cristine tomou remédios que imitam a morte logo após os tiros, ela não decidiu isso, eu decidi por ela. Não foram ferimentos tão graves, mas Caleb acreditou que sim, minha irritante quase esposa já deve estar a caminho de algum país muito longe desse e da Itália. Morgan pensou rápido, mas deveria ter avisado que iria fazer isso, mas também deve ter decidido na hora em que estava com a arma nas mãos. Poderia ter matado alguém, seria muito pior, foi irresponsável, teve sorte em ter errado.
     Quando percebi, ela já estava dormindo, abraçando um travesseiro e roncando. Tirei os aparelhos do ouvido dela com cuidado, evitando que machucasse, e a cobri direito. Ast quis dormir na cama dele, não impedi isso. Infelizmente eu não tive a mesma sorte que eles em dormir.
    Fui pro escritório, ver como as coisas estavam. Uma bagunça organizada, é o que eu considero, já que consigo achar tudo, mas Íris faria bem melhor arrumando isso aqui. Me sentei e comecei a trabalhar, analisei algumas listas do que saiu e entrou no galpão essa semana, armas de alto porte e pessoas que me devem.
     Parei quando escutei uma movimentação no quarto, me levantei para ir ver o que era, Caleb ou Scott entraram aqui? Me levantei devagar, já esperando uma chance para pegar a arma atrás do quadro do corredor, caminhei até o quarto descalço. Parei quando vi Morgan tirando o lençol da cama.

- O que aconteceu? - Ela me olhou de canto, se assustou.

    As vezes esqueço que ela sente as vibrações do chão, e isso fica meio difícil já que não piso com força nele.

"Desculpe, está tudo bem?" - Falei na linguagem de sinais.

- A cama manchou.

- Manchou de que?

- Ah... - Coçou a nuca, parece envergonhada. - Sabe, é desregulada...

- Uh, entendi. Desculpe a pergunta. - Saindo com a mão na frente dos olhos.

- Tudo bem... - Continuou tirando o lençol, levou ele até a Íris quando sai.

    Eu segui para a cozinha, preciso de café para me manter acordado.
   Morgan andou a casa toda atrás dos chinelos dela, Íris a repreendeu ela por estar descalça. Não dei muita bola para isso, já que sempre está descalça, mas prestei atenção quando Íris falou sobre cólicas. Ficar descalça faz mal?
    Mandei Morgan calçar um chinelo logo depois de ouvir, foi o que ela fez, mas colocou um chinelo meu. Quase caiu na escada por causa disso.

- Não sabe onde estão os seus? - Observei ela subir, no pé da escada. - Precisa trocar a roupa. - Apontei o short manchado.

   Ela logo tampou a mancha com as mãos, envergonhada.

- Eu não estou achando e já vou trocar!

- Pode ficar com os meus, vá se trocar. - Ela saiu correndo pro quarto.

    Ri anasalado e voltei para a cozinha.

- Ela vai ficar mal? - Perguntei para Íris, que estava fazendo chá.

- É só não andar descalça, para evitar cólicas.

- Certo...

- E chocolates, muitos chocolates.

- A gaveta dela está cheia deles.

- Então não precisa de mais nada. - Sorriu gentil para mim.

- Íris. - Ela me olhou. - Fez falta aqui.

    Ela sorriu mais uma vez, gentilmente e bateu duas vezes no meu ombro, bem devagar. Beijou meu rosto inteiro, me fazendo rir. O toque dela é tudo que eu tenho de reconfortante da minha infância, Íris viu tudo de mais triste e feliz em mim, sabe tudo sobre quem sou, talvez até mais que eu. Então fez sim muita falta.
     Paramos com as brincadeiras quando escutamos a minha esposa brigar com o Asterin. Eu já imagino o que seja, o chinelo dela virou ração para ele.
   Fui ver o que estava acontecendo.

- Ast! Isso é meu! - Ela está tentando pegar o chinelo. Estalei os dedos duas vezes e o cachorro soltou o chinelo, ela esquece que ele é treinado.

    Suspirou pesadamente e colocou o chinelo no pé, posso ver que tem uma cartela de remédio na cômoda.

- Vá descansar. - Fui até ela. - Está tarde.

- Eu já vou, mas você vai voltar pro escritório. - Está fazendo bico. - Vai me deixar sozinha.

- Se quer que eu fique, eu fico.

- E depois que eu dormir, vai ir trabalhar. - Me deitei com ela na cama. - Isso é chato.

- Eu fico aqui. - Ela me abraçou, se aconchegando em mim.

    Fiz cafuné nela e beijei o rosto dela, posso ouvir os resmungos que ela dá por conta dos beijos.

- Quer que eu pare?

- Está me babando.

- Te babando?

- Sim, é nojento. - Fez cara de nojo.

- Não reclama quando eu babo outra coisa. - Me olhou, envergonhada.

- Idiota! - Bateu no meu ombro.

- Ei, não precisa me bater. - Ri baixo. Ela continuou me abraçando.

    Peguei o celular para olhar algumas mensagens. Enquanto eu olhava, Morgan acabou dormindo de novo, continuei do lado dela e me distrai com outras coisas, por exemplo, livros.

                                  ◇◇◇◇

    Quando já estava perto das 4hrs da manhã, Morgan acordou choramingando.

- O que foi? - Sussurrei para ela.

- Está doendo. - Se abraçou.

- Quer remédio? - Alisei o rosto dela.

    Ela acenou que sim, me levantei para ir pegar o remédio. Além disso, fui para a cozinha pegar uma bolsa térmica. Levei as duas coisas de volta para o quarto e dei para ela.
    Morgan tomou o remédio e se deitou de barriga para cima, colocou a bolsa térmica onde está sentindo a cólica e bufou. Fiquei com ela, fazendo carinho. Ofereci ligar a TV para que se distraísse com alguma coisa, ela disse que queria ver novela, foi o que eu coloquei para ela. Vimos juntos vários capítulos de uma vez, até discutimos sobre a trama da novela.

- Eu acho que ela deveria ficar com o Rodrigo.

- Ele é um mala.

- Igual a você, mas eu não digo. - Dei um peteleco na testa dela. - Ei! - Bateu na minha barriga.

- Saí de um cachorro, para um puto e agora mala.

- Você é os três juntos. - Riu baixo. Fiz um bico.

    Me puxou pelo queixo e beijou o meu rosto inteiro, fez carinho nas minhas bochechas, parou quando suspirou baixo, com dor.

- Tente dormir agora.

- Não quero dormir.

- E o que quer? - Abracei ela com cuidado.

- Ver novela. - Está quase caindo de sono. - Está quase no final.

- Então veja. - Continuei fazendo carinho.

    Ela me abraçou direito e continuou deitada, no meio da novela, acabou cochilando. Desliguei a TV e a deitei direito, não sai do quarto para nada, fiquei com ela o tempo todo, Morgan me abraçou como se soubesse que eu pensava em sair. Reclamou enquanto dormia, toda vez que sentia eu me mexer ou dar sinal de levantar. Acabei pegando no sono por ficar tanto tempo em inércia.

                                   ◇◇◇◇

   De manhã, quem nos acordou foi Ast, lambeu o nariz da Morgan e mordeu o meu, percebemos a preferência e o favoritismo.
   Minha esposa acordou resmungando e desorientada, fica assim sempre que acorda cedo ou de um sono profundo. Está se espreguiçando e olhando o quarto inteiro.

- Está bem? - Acenou que sim.

- Que horas são?

- 7:00h - Se deitou de novo.

- Bom dia. - Vai voltar a dormir.

- Bom dia e bom sono. - Abracei ela de novo.

    Em menos de 10 minutos, ela começou a dormir, Ast se deitou entre os nossos pés debaixo da coberta, eu levantei e deixei os dois na cama. Cobri ela direito e beijei a testa dela, depois disso, eu saí para ir tomar café. Café puro e bolo de coco.

- Bom dia. - Íris disse enquanto tirava um bolo do forno, de chocolate.

- Bom dia. - Ela colocou vitaminas para eu tomar, como sempre.

- Dormiu? Como foi a noite? - Beijou o meu rosto.

- Dormi pouco, mas foi uma boa noite. - Sorri rapidamente. - Vou precisar sair, pode cuidar da Morgan?

- Claro meu querido, só tome cuidado. - Ela me olhou de canto. - Eu soube o que aconteceu.

- Vou tomar cuidado, sabe que eu sempre tomo. - Falei em um tom convencido. - Volto antes do jantar.

- É bom mesmo, seu pai está merecendo uns tapas por fazer você se atrasar nos últimos dias.

- Tive trabalho e você não estava aqui, eu cheguei na hora.

- Sei, termine o café e descanse um pouco antes de sair. - Beijou minha testa mais uma vez.

- Sim senhora. - A obedeci.

    Em partes. Foi o tempo de tomar um banho e me trocar, coisa de 30 minutos para eu sair de casa, Asterin queria vir comigo, mas preferi que ficasse. Morgan iria ficar sozinha se ele fosse comigo, então prefiro não separar eles, estão apegados de uma forma boa.
    A ideia inicial com Asterin era ser de estimação, mas ele realmente precisou ser adestrado e treinado, ou não seria permitido na minha casa.
    Antes que eu saísse, olhei se Morgan estava bem para ter certeza, beijei o rosto dela e sai.
    Conversei com John no caminho, sobre o trabalho. Por mais que ele seja idiota, não tem capanga melhor que ele, nunca vai haver, mesmo que servisse ao meu pai antes, ele era leal a mim, sempre foi, desde que eu era criança.

- Seu pai está longe de morrer cara, o ferimento não foi tão grave para matá-lo.

- Não sei se isso é bom ou ruim. - Suspiro pesadamente.

- Precisa tomar cuidado, aquela cadela obediente do Scott ainda está por aí.

- Estou ciente disso. - Minha cabeça dói só de pensar. - Não quero demorar justamente por ele.

- Estamos na hora. - Ele sorriu rapidamente.

- Ótimo. - Continuei prestando atenção no caminho.

    Tem alguma coisa estranha. A estrada é vazia, não deveria ter um carro sequer além do meu aqui nesse horário. John também parece estranhar isso, já que ficou mais atento que o normal.
    Abri o porta luvas, pegando uma arma, estava a engatilhando quando um carro bateu de frente com o nosso. Era só o que faltava. John freou bruscamente por causa disso, nós dois quase batemos a cabeça no painel, isso se não fosse pelos airbags. Enquanto ainda tentávamos nos recuperar da batida brusca, o carro que vinha atrás bateu do mesmo jeito na traseira do nosso carro, agora batemos a cabeça no banco.
     Tentei tirar o cinto, já que ele ficou emperrado. Assim que consegui tirar, olhei em direção dos carros.
    Homens estão saindo dos carros, ao todo, são seis homens, três em cada carro, armados. Fingi desmaio até que se aproximassem, John fez o mesmo, escutamos passos e logo em seguida as portas dos carros sendo abertas.
    Eles riram enquanto nos tiravam de dentro do carro.

- Até que foi bem fácil.

- Para quem foi treinado desde pequeno, foi mais do que fácil.

- Que pena que acha isso. - Eu disse, enquanto meu cotovelo foi direto no rosto do cara que estava me segurando.

    Quando ele perdeu a estabilidade e me jogou no chão, caí de peito para cima, ainda com a arma em mãos. Levantei rapidamente e quando um dos caras veio atirar em mim, levou uma rasteira e eu atirei no peito dele. Dois a menos, faltam 4.
    Procurei John pelo canto de olho, ele estava lutando fisicamente com dois deles, suas armas estavam no chão, foram facilmente desarmados. Senti olhos nas minhas costas, então com a ponta da arma por debaixo do braço atirei para trás e acertei mais um, três a menos.
    A luta estava ao nosso favor, um corpo a corpo será vencido por nós, a mira também é nossa, até que escutei tiros próximos ao carro, acertaram o tanque de combustível propositalmente, o cheiro de combustível começou a exalar no ar. Eu olhei para John e ele para mim, começamos a correr. Antes que fosse o suficiente, bum, o carro explodiu e o impacto nos jogou no chão.

- Isso, isso foi suicida. - John disse, respirando fundo, com os braços na frente do rosto, para conseguir olhar para onde o carro estava.

    Tem dois corpos. A explosão não foi planejada, fato. Só resta um deles.
   Mas por que isso agora? Quem mandou eles? É óbvio quem mandou eles...
    Levantei do chão com a mão no pescoço, estilhaços voaram em mim, prestei atenção. Senti uma pessoa a mais ao meu lado, eu iria derrubá-lo se não fosse a arma na cabeça do John.

- Ajoelha, ou eu atiro nele. - Não obedeci e a arma foi engatilhada.

    Se fosse qualquer outro, qualquer um, eu não teria ajoelhado, mas é o John, pai do meu afilhado, Pietro é pequeno demais para perder um pai tão bom. Os olhos dele diziam: Eu entendo, não ajoelhe. Mas não posso fazer isso com ele.

- Chefe...- Ele começou, mas parou de falar quando a arma foi empurrada na cabeça dele.

    Não tive tanto tempo assim para pensar, quando um dos meus joelhos tocou a estrada pedregosa, quando John pensou em agir, quando tentei confirmar o mandante, eu fui baleado no peito, uma...duas vezes.
    Não era um atentado, era um assassinato. E eu já sei quem foi. Meu pai tentou me matar mais uma vez, e talvez consiga, o homem fez John cair e correu para o carro, consegui ouvir quando deu uma arrancada. Mas meus olhos estão se fechando, sinto meu sangue escorrendo na areia seca... Vou morrer aqui, tenho certeza que vou.
     Já estou completamente sujo de sangue, não tem nem um porquê tentar me manter acordado, vou morrer de qualquer forma. Escuto uma voz longe me chamando, mas estou com tanto sono, por que não dormir de uma vez? Estou tão cansado para pensar em um motivo bom para não dormir... Dessa vez, iria dormir bem até demais...


NOTA DAS AUTORAS:

Gente, aproveitando aqui para falar que estamos fazendo uma nova fic, o nome é Dark Blue! Já postamos o primeiro capítulo! ♡

Okumaya devam et

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