Camellia

Od Hunterina

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🏆 VENCEDOR DO WATTYS 2023! 🏆 O Madre Cordélia era o internato dos sonhos, mas havia se transformado em um p... Viac

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Od Hunterina

e desde aquele dia

você roubou meu coração

e a culpa é toda sua

(smile)




Enquanto cruzavam o salão correndo, como se o segurança ainda estivesse em seu encalço, Bianca e Daniel seguravam as gargalhadas, indiferente aos olhares reprovadores que receberam de grande parte dos convidados. Com o pendrive com as provas do abuso verbal em mãos e os corações disparados pela adrenalina, deixaram o Estúdio de Artes Molina lado a lado.

Assim que chegaram ao estacionamento de britas, Daniel parou e curvou o tronco com as mãos na barriga, sua respiração arfada entrecortada pelos risos que tentava conter.

— Deu, por favor! Eu não aguento mais — implorou.

— Meu Deus, eu não acredito que fizemos mesmo isso! — Bianca segurava as bochechas coradas e doloridas de tanto rir.

Lentamente, os dois começaram a acalmar a respiração, mas durou apenas até o momento em que os olhos escuros de Bianca encontraram as íris claras de Daniel, porque seus sorrisos logo viraram risadas novamente.

— Coitado daquele cara, deve ter sido a pior noite de trabalho dele em anos. — Daniel falou, vários minutos depois, quando finalmente conseguiram se acalmar.

— Ai meu Deus e o Bellini está bem?! — Bianca perguntou. — Ele só me avisou que o cara estava vindo, mas o que houve? Ele caiu?! E todo mundo já foi?

Daniel buscou o celular no bolso da calça e abriu o grupo do Whats com os amigos. O combinado era para se encontrarem na pista de skate assim que a missão fosse concluída.

— Ele não falou nada, mas já foi para a pista e levou a Zoe e a Elisa. — Continuou lendo as mensagens e trancou o riso. — Elas foram expulsas do evento.

— A tonta da Nicole deve ter feito o padrasto mandar elas embora — Bianca revirou os olhos. Conforme a adrenalina baixava, sentiu um arrepio de frio quando uma brisa mais forte bateu na pele exposta dos braços e pernas. Por reflexo, envolveu seu corpo com os braços enquanto ouvia.

— Tudo certo com o VH, Twister e Nathan também. Quer dizer... Com a Águia 4, já estão na pista também... Ei, quer meu blazer? — perguntou, percebendo o desconforto de Bianca.

Ela queria recusar por educação, mas seus olhos provavelmente haviam brilhado com a proposta, porque Daniel imediatamente deslizou o blazer cinza pelos braços. Bianca deu um sorrisinho e esticou a mão para pegar, mas ele a envolveu com a peça, ajudando-a a vestir.

— Obrigada... Desculpa por sempre roubar suas roupas — murmurou. Daniel aproveitou para afrouxar a gola da camisa social e o nó da gravata e Bianca fechou a boca para a baba não escorrer diante da aparência despojada e irritantemente sexy dele.

— Relaxa, Bee. Eu adoro ver você nelas — falou e, sob a iluminação dos postes de luz no estacionamento, Bianca percebeu as bochechas dele ficando coradas.

— Hm, como vamos para a pista de skate? — perguntou, tentando evitar que o clima ficasse constrangedor. — É pra chamar um Uber ou...

— Na real, é bem pertinho. Umas cinco quadras daqui, passando pelo centro. Ainda não é muito tarde, quer ir à pé?

A escolha era bem simples, na opinião da Bianca: ir de Uber e levar dois minutos com um estranho no carro, ou aproveitar mais tempo sozinha com Daniel?

— Claro, sem problemas.

— Aliás, eu sei que você só consegue usar o Whats de final de semana, mas de qualquer jeito... — Daniel voltou a atenção para o celular e Bianca sentiu o seu tremer na bolsa. Quando pegou o aparelho, viu as diversas notificações do Tiktok, mas rolou a tela de bloqueio até encontrar a do Whatsapp. A mensagem "Você foi adicionado." aparecia sob o grupo "Tropa do pau médio 💪 (e Zoe)". — O "e Zoe" foi porque o grupo originalmente era dos moleques do LOL e ela é a única que não joga, mas como você é do time, já é membro oficial da tropa.

A primeira coisa que Bianca precisou fazer foi conter um riso pela ironia do "(e Zoe)", que várias vezes adicionou mentalmente quando pensava no grupo de amigos. A segunda foi realmente gargalhar com aquele nome idiota.

— Tropa do pau médio?! É pra ter orgulho?

— É pra limitar suas expectativas de rata de pornô antes de dormir lá em casa — brincou, dando um apertão na cintura dela. Bianca deu um gritinho e abriu a boca para responder, uma, duas vezes, mas ficou sem argumentos. Não querendo parecer babaca, Daniel continuou: — Ei, mas tô só brincando, tá? Quer dizer, te convidei para dormir lá na boa, não quero te pressionar a nada que-

— Relaxa, fui eu que pedi pra você me comer, esqueceu? — disse, abrindo um sorriso fingidamente inocente que quase matou Daniel no ato. Enquanto ele se recuperava, precisou disfarçar a cambalhota que seu coração deu quando viu que seu vídeo recém postado já tinha mais de 10 mil curtidas. Respondeu alguns comentários, guardou o celular na bolsa e ajeitou o blazer enquanto apontava para a saída com a cabeça. — Vamos?

Ele assentiu e os dois seguiram lado a lado em direção à avenida que levava até a pista de skate, trocando brincadeiras e deboches envolvendo o nome do grupo. Apesar da brisa noturna, Bianca não sentia mais frio graças ao blazer e sempre que inspirava profundamente sentia o familiar perfume cítrico aquecendo os sentidos.

— Mas... Vai rolar mesmo esse final de semana? Digo, pela Emily e seus pais. — perguntou, um pouco sem jeito. Quer dizer, os dois estavam cientes sobre as intenções por trás dessa visita, mas tentavam ser casuais sobre o assunto.

— Claro. Eu falei com a minha irmã hoje, mas a mãe não encrenca com as amigas da Emily. — Daniel explicou. Estava com as mãos enterradas no bolso da calça e andava lado a lado com a amiga, num passo tranquilo. — Sua mãe deixou?

— Eu meio que só pedi para minha irmã liberar com a coordenação. — Bianca deu um sorrisinho sem jeito. — Seus pais... Vão estar em casa?

Falar que estava nervosa para conhecê-los, mesmo sendo apresentada como amiga de Emily, seria subestimar muito seus sentimentos. Ao mesmo tempo que os imaginava como monstros e estava apavorada com a possibilidade de serem grosseiros com ela, sequer sabia como reagiria vendo duas pessoas que faziam tão mal para alguém que gostava tanto.

— Meu pai está viajando e, com sorte, a mãe vai passar a maior parte do tempo fora, como sempre. Ela não está muito animada para outro jantar em família depois do fiasco do último. — Daniel deu de ombros.

Bianca soube da história quando Daniel contou por cima antes de ligarem a live. Sentia o coração apertado só de pensar que, enquanto estava passando por uma agradável sessão de terapia e desabafos com a irmã e a cunhada, ele provavelmente estava trancado no quarto sem ter ninguém com quem conversar.

Caminhando ao seu lado, olhou de canto de olho para o garoto. Observou o cabelo platinado, com as raízes levemente aparentes, que caía sob os olhos azuis com eternas olheiras. Sua postura era tranquila, com os dois primeiros botões da camiseta desabotoados junto da gravata afrouxada. Ele estava com as mãos nos bolsos, mas sem o blazer, e Bianca percebeu que mesmo com o traje formal ele ainda usava as pulseiras de couro que escondiam as cicatrizes nos pulsos.

— E o jantar hoje foi...

— Suportável. Minha mãe resolveu fazer o mínimo e não infernizar a Emily hoje. Infelizmente eu fui o sorteado. — Daniel murmurou, como sempre, parecendo desanimado apenas em entrar no assunto. Então seus olhos se encontraram com os de Bianca. — Mas não se preocupa, ela não vai perder tempo com a gente no final de semana.

— Não é com isso que eu estou preocupada — explicou — é só que... Sei que a relação de vocês não é fácil. E sei que você não queria que eu conhecesse eles, mas... — Bianca começou, mas teve dificuldade em encontrar as palavras. A caminhada ficou silenciosa por vários segundos, até ela se obrigar a continuar: — só queria que você soubesse que pode contar comigo para qualquer coisa que precisar, mesmo que seja apenas para desabafar.

Daniel soltou um suspiro e tirou a mão da calça para passar pelos cabelos na tentativa de ordená-los, mas acabou apenas bagunçando-os ainda mais. Bianca o observou largando o braço ao lado do corpo e seu coração bateu mais forte apenas com o pensamento bobo de segurar sua mão... Era um desejo meio infantil, e ela já tinha segurado na mão dele outras vezes, mas sentia que aquela noite gostosa de inverno ficaria ainda melhor se continuassem o caminho de mãos dadas.

— Obrigado, Abelha. — Pelo silêncio que se seguiu, Bianca esperava que o assunto tivesse acabado. Depois de quase um minuto caminhando quieto, Daniel soltou: — Eu tô tão acostumado que na maioria das vezes não me importo, mas o feriado lá em casa foi tão ruim que até hoje estou um pouco mal e... Me sinto um idiota por ficar tão afetado com uma besteira que eu já devia ter me acostumado.

— Eu sinto muito... Mas não tem nada de errado em se sentir mal, Dani. — Bianca falou, baixinho, então repetiu aquilo que Natalie já havia lhe dito: — Se te incomoda, não é besteira. Ninguém merece se sentir mal dentro da própria casa.

Ele deixou um riso anasalado escapar, um pouco impaciente. Por que haviam entrado nesse assunto mesmo? Estava tão agradável simplesmente passear ao lado dela que não queria correr o risco de acabar estragando o momento.

— É, Bianca, mas sempre que eu fico mal eu faço um monte de merda.

— Por isso... As pulseiras? — A pergunta saiu sem que pensasse direito e Bianca imediatamente arregalou os olhos, incrédula com a própria falta de tato. — Meu Deus, me desculpa! Eu não sei o que me deu pra perguntar isso, me desculpa, sério, eu nã-

Daniel arregalou um pouco os olhos quando ouviu o questionamento, e Bianca teve certeza que seria odiada para sempre. Para a sua surpresa, ele simplesmente ergueu o braço e passou a mão pelas pulseiras, sem ânimo.

— Relaxa, mas sim, é tipo isso — admitiu, junto a um longo suspiro. Odiava aquele assunto, mas é claro que Zoe sabia, assim como já havia mencionado para Twister, Nathan e, principalmente seu colega de quarto que acompanhava a maior parte dos desabafos com a amiga, VH. Não seria justo esconder de Bianca, apesar da última coisa que queria era que ela o achasse um problemático. — Eu... sei que é uma merda, mas... Às vezes...

— Você não precisa falar sobre, se você não quiser — Bianca tentou e, um pouco incerta, colocou a mão com delicadeza sobre o braço dele. — Eu que fui metida.

— Não, é só que às vezes... — ele continuou, parecendo ter dificuldade em encontrar as palavras: — quando alguma coisa muito ruim acontece, eu fico quase sem ar, com o coração batendo muito e... Sei lá, parece que ajuda a distrair. É tipo fumar ou beber. Apesar de ser patético, eu...

Bianca percebeu, enquanto ele mexia nas pulseiras, uma marca mais recente e circular. Demorou para identificar, até se tocar, graças à última fala, que poderia ser uma queimadura de cigarro. Apesar de não ser ela quem falava, seu coração batia tão forte que parecia prestes a pular pela boca quando o interrompeu:

— Você não precisa ficar falando que é patético ou idiota porque sofre com a sua família, mesmo que precise disso para se sentir melhor. — Bianca falou. Ela bem sabia, mesmo depois de todo o papo com Natalie e Esther, que independente de qualquer coisa, seu sofrimento não seria imediatamente aplacado. Mesmo assim, ajudou ouvir que não era uma patética por sentir as coisas que sentia. — Minha irmã me disse, quando eu estava na casa dela e contei que estava tendo problemas no colégio, que é natural que fiquemos fragilizados num lugar que nos desperta sentimentos ruins, mas, tipo, isso não define quem a gente é. Eu... não sei se isso ajuda, mas eu fiquei feliz quando elas me falaram isso.

— Por "problemas na escola" você quer dizer... Os problemas com a Nicole? — Daniel perguntou, tanto por genuíno interesse, quanto por vontade de afastar seus problemas de foco.

— Não só isso, mas sim... Os dois últimos anos foram bem ruins para mim. Quer dizer, estavam sendo antes de eu conhecer vocês. — Bianca ergueu o olhar e deu-lhe um sorrisinho. — É meio óbvio, mas vi que mesmo as coisas ruins ficam mais fáceis quando você está rodeado de gente que se importa com você.

Àquela altura, a dupla já havia virado a última esquina e passava pela pracinha arborizada, dividida da pista de skate pelo parquinho infantil onde ela e Daniel estavam aos amassos há apenas alguns dias. Para uma quarta-feira à noite, o centro da cidade ainda estava relativamente movimentado e já conseguiam ouvir as conversas vindas da pista de skate.

Em momentos como aquele, mesmo com os assuntos difíceis e confissões que trocavam, Bianca queria ter o poder de congelar o tempo. Envolver aquela noite fresca de inverno, a proximidade do garoto que gostava e o incessante perfume cítrico em uma bolha e guardar para sempre na memória. A cada passo que davam em direção à pista de skate, sentia-se mais como a Cinderela caminhando rumo à meia-noite, onde aquele instante que dividiam se dissiparia.

— Sim, você tá certa. — Daniel falou, depois de alguns segundos de contemplação, a voz mais baixa, como se não quisesse que ninguém os ouvisse. — Obrigado, Bee. Você é foda.

— Bom... Obrigada por ter feito isso por mim hoje — ela continuou, aproveitando o momento. — Você salvou minha noite.

Daniel abriu a boca para responder, mas foi pego de surpresa quando ela usou o braço dele de apoio enquanto ficava na ponta dos pés e lhe pousava um beijo na bochecha. Seu coração disparou, embora ele sequer entendesse direito o porquê. Tantas vezes já haviam se beijado até perderem o fôlego, explorando sem acanho o corpo um do outro e, de alguma forma, aquele gesto inocente parecia consideravelmente mais íntimo do que qualquer coisa que já haviam feito até então.

Naquele instante, percebeu que a fagulha de sentimento que tentou conter já havia virado um incêndio há muito tempo. Quis beijá-la como nunca antes na vida e afastar qualquer dúvida se aquele era o certo.

— Caramba, finalmente! — Ouviu a voz de Zoe e só então se deu conta de que chegaram na pista de skate. Bianca já havia se afastado e a amiga do Madre Cordélia a recebia com um abraço. — Achei que tinha dado ruim pra vocês.

— E aí, conseguiram? — Twister perguntou.

Daniel ouviu a pergunta, mas seus pensamentos estavam tão acelerados que não conseguiu responder de imediato. Bianca voltou saltitando até ele e simplesmente colocou a mão no bolso da calça para tirar de lá o pendrive e erguê-lo como se fosse um troféu, enquanto os amigos ovacionaram:

— O plano foi um sucesso, Águias. Conseguimos as câmeras! — Então, deu um sorriso sincero: — Obrigada gente, de verdade. Vocês são incríveis.

Quando seus olhos se cruzaram, Daniel finalmente saiu do seu transe e se aproximou. Automaticamente, Bianca se encostou nele.

— Você merece, Bee — VH disse, imediatamente afastando-os quando puxou a amiga para um abraço. Daniel nunca o odiou tanto na vida.

— Tá, agora eu quero saber: Bellini, o que diabos aconteceu? — A segundanista perguntou, assim que se desvencilhou do abraço.

— Então, ele só apareceu com esse corte na calça e não falou mais nada — Zoe provocou e Elisa precisou conter um riso.

A expressão alegre do loiro se azedou e ele cruzou os braços. Bianca desceu o olhar, percebendo que a calça social impecável agora estava com um rasgo que atravessava metade da panturrilha.

— Eu caí. — admitiu, a contragosto. — Estava atravessando o corredor e ouvi uma porta abrir, aí acelerei o passo para não me pegarem, mas o chão estava molhado. Dei com o joelho naquela porra vermelha de vidro, sei lá que merda era.

— Um hidrante de parede? — VH sugeriu, mal conseguindo conter o riso.

— É, deve ser. Enfim, caí e me quebrei todo, mas pelo menos o segurança saiu pra ver o que era.

— Não caiu, você pousou, Águia 2 — Twister corrigiu, arrancando risos de todos e um grunhido mal humorado de Bellini.

— Nossa, amiga e você acredita que a Nicole fez nós duas sermos expulsas?! — Elisa disse, apontando para si e depois para Zoe, o tom de voz incrédulo. Mesmo tendo aparecido ali pela primeira vez naquela noite, parecia perfeitamente à vontade àquela altura.

— Tá, e você meteu mesmo a mão na cara dela?! — Twister perguntou.

— Infelizmente só uma vez — Zoe quem respondeu e Nathan suspirou:

— Eu queria ter visto isso! A gente ficou vinte minutos tomando uma comida de rabo do segurança, que conhecia o VH.

— E eu ia saber que o cara já tinha trabalhado com o meu pai?! — O amigo ergueu a voz para se defender.

As vozes dos estudantes se sobrepuseram conforme todos tentavam contar sua parte da história, até que Bellini se levantou (fez uma cara feia quando apoiou o joelho machucado no chão) e bateu palmas estrondosamente, chamando a atenção geral:

— Beleza, Águias, que tal a gente ir pra lan dar uns tiros enquanto vocês continuam fofocando?

— E pedir uma pizza, pelo amor de Deus — Zoe murmurou, colocando a mão sobre a barriga. — Eu tô morrendo de fome.

— Ahn, eu... Posso ir? — Lisa perguntou baixinho para Bianca.

— Claro, pô. Tá convidadíssima — Bellini disse, erguendo o braço para colocar em volta dos ombros dela. Parou no ato, lembrando da cena da entrada e fingiu que queria ajeitar os cabelos. Zoe estreitou os olhos, desconfiada se ele estava realmente sendo gentil ou apenas dando em cima da novata.

— Bando de burguês safado, comer fora numa quarta-feira de aula... — Bianca fez seu deboche padrão ao grupo de amigos, fingindo revirar os olhos.

— Vamos tirar um x1. Se você ganhar, eu pago a sua parte. — Daniel propôs, abrindo um sorriso bonito para ela.

— Só não fala o que a Bianca vai precisar fazer se perder, por favor. — VH fingiu que estava prestes a golfar. A imitação arrancou risos de todos e Bianca ficou completamente vermelha.

— Para começo de conversa, se o Daniel quisesse fazer sacanagem comigo, não iria propor uma aposta que precisasse ganhar no LOL, né?!

— Epa, pera aí — O platinado interrompeu, genuinamente ofendido. — O que você está implicando? Se banir o seu main, você não ganha de mim não.

Bianca ergueu a sobrancelha e abriu a boca para responder, mas Zoe a interrompeu, empurrando Daniel na direção da lan house:

— Vocês podem continuar a medição de pau quando chegarmos lá, obrigada.

Então, às quase 22h de uma semana de aula, o grupo reuniu suas coisas e rumou em direção à lan house, caminho este feito em conjunto a uma discussão acalorada sobre pedir pizza ou sushi, que terminou com Bianca xingando todos eles de burgueses safados mais uma vez. Daniel reforçou o desafio para o x1 e Nathan se meteu, querendo participar do "campeonato" e apostando uma quantia meio exagerada de dinheiro. Nesse momento, Zoe mandou todos eles irem beijar na boca. Bianca quase teve um ataque cardíaco quando VH a sacudiu, gritando que um perfil verificado comentou no vídeo do TikTok e Daniel aproveitou para pedir ajuda do amigo para fazer edições da live dele, assim como fazia para Bianca. Elisa morreu de rir quando mencionaram o grupo "Tropa do pau médio", o que fez Bellini discursar sobre o quanto aquele nome era ridículo e deveria ser trocado, porque "meu pau não é médio porra nenhuma, pode perguntar pra Zoe", frase que quase resultou na perda do réu primário da aluna do Cruz e Souza, quando todos os amigos zoaram os dois até cansar.

Eram quatro horas da manhã e apenas três horas antes do início das aulas de quinta-feira quando Andrei (mais uma vez) deixou Bianca e Elisa na porta do Madre Cordélia. E, apesar de não fazerem ideia de como sobreviveriam ao dia seguinte, concordavam que aquela fora a noite mais divertida de suas vidas. 




Nota da autora:

O mesmo aviso de gatilho que já dei antes: a perfeição desse grupo de amigos que nunca teremos na vida real pode causar depressão 😭

Ai caras, cada capítulo desse livro eu me divirto mais do que o anterior escrevendo kkk eu amo tanto escrever Camellia, juro. 

ALIÁS, TROPA DO PAU MÉDIO É O GRUPO DE CS DO MEU NAMORADO KKKKK eu precisava de um nome engraçadinho para o grupo que não ficasse forçado, pedi pra ver os grupos dele e adorei 💪 é a cara do Bellini ficar ofendido inclusive

E o Daniel FINALMENTE PERCEBENDO que todo o joguinho de não se apegar deu errado? Porra, forças ícone 😔👊

Um fun fact: às vezes, escrevendo minhas histórias, eu gosto de abraçar o caos! Às vezes escrevo algo que eu não planejava, SEQUER SEI SE QUERO MANTER, mas resolvo dar um jeito e fazer funcionar. Eu escrevi a pergunta da Bianca a respeito das cicatrizes sem pensar e fiquei "meu deus, foi muito repentino" mas resolvi fingir que saiu de maneira igualmente não pensada da boca dela. É uma coisa boba, mas acho que às vezes ajuda a deixar os diálogos mais naturais (porque na vida real a gente se perde, fala um monte de merda, não são só as coisas calculadas das histórias). O que vocês acham desse tipo de coisa? 

Na real, esse diálogo todo foi algo que eu não tinha planejado, mas se escreveu sozinho. Eu amo tanto os dois percebendo que podem encontrar apoio um no outro 😭

ENFIM AMIGOS, espero que tenham gostado desse capítulo 💜

Por favor! Não esqueçam de deixar seu voto ⭐ nesse capítulo e nos anteriores, porque me ajuda demais aqui na plataforma!

Desejo um fim de semana incrível para todos e um beijão! 

Até sexta que vem 🥰

Pokračovať v čítaní

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