A Escolhida (COMPLETO)

Galing kay anakavieira

16K 984 519

🔞🔥 HOT SOBRENATURAL 🥇𝟏° 𝐋𝐔𝐆𝐀𝐑 - 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄 𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋🥇 "Um coração dividido em t... Higit pa

𝐀𝐩𝐫𝐞𝐬𝐞𝐧𝐭𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13

Capítulo 4

508 53 19
Galing kay anakavieira

O quê?

Quando passo pela porta principal, continuo caminhando até a minha BMW, observando o jardim, e o seu arredor.

Não vejo nada de estranho...

Quanto mais moderna a máquina for, mais cansativa ela é. Incrível como os anos trouxeram beleza e potência, deixando muitas coisas importantes para trás.

— Daria tudo para ter um De Dion Runabout 1884, de novo! — Sou irônico.

Me curvo para ver através das janelas, buscando o motivo de somente ele ter disparado. Tem seis carros estacionados, e cinco estão em silêncio. Somente o meu resolveu se irritar com o som dos grilos.

Meu celular vibra dentro do bolso, e o pego, com uma faísca de expectativa de ser qualquer coisa sobre a Rainha, e vejo que são mensagens da Greta.

— Boa noite, senhor!

Droga — bufo me encostando no carro, decepcionado.

— Olá, Sra. Lunner!

— Conseguiu conferir o código de localização?

— Infelizmente não tive tempo de testar.

— 6667DNLL

— Certo. Ela sabe que instalamos um rastreador no celular dela?

— Duvido. Ela não tem os nossos costumes!

— Entendo...

— Se conseguirmos convencê-la a usar o relógio, será mais fácil encontrá-la, contando que ele notifica os passos, e até mesmo os batimentos.

Inquieto, saio do bate-papo e digito os números no aplicativo, mesmo sabendo que ela está no andar de cima. Enquanto vejo o círculo de carregamento andar, uma breve imagem se passa na minha cabeça, mostrando que terei problemas com esse programa, por ela não dá tanta atenção ao telefone.

— Então?

A barra de notificação aparece e eu me lembro que deixei a Greta falando sozinha.

— Está carregando. Estranho demorar tanto, mas pode ser o sinal interferindo.

— O sinal no andar de cima é realmente complicado...

— Precis...

NOTIFICAÇÃO; MAPA ENCONTRADO

Apago a mensagem que estava terminando de digitar, assim que recebo o mapa da localização.

— BENJAMIN! — Atlas me chama da porta principal.

— OI! — Grito e aceno para ele, ao mesmo tempo que fuço a tela do meu celular, tentando expandir as imagens.

— VAMOS JOGAR UM POKER, VOCÊ VEM? — Ele pergunta.

— JÁ ESTOU INDO, SÓ PRECISO FAZER UMA LIGAÇÃO! — Grito em resposta.

Ele entra, e eu finalmente encontro o que queria, mas por algum motivo, o ponto marca o jardim, sendo que me recordo de vê-la subir as escadas para o quarto.

Por que essa droga não funciona? — me pergunto já começando ficar irritado.

Reinicio o programa e coloco novamente os números.

O círculo gira, gira, gira e gira mais um pouco.

MAPA ENCONTRADO

Olho para tela com o máximo de atenção, e puxo o zoom aos poucos, só para ter certeza se o que vi estava certo, ou não. O marcador continuava posto em cima do gramado, mas também poderia estar dividido entre a varanda e o jardim.

Será que devo ligar?

Me recusando a aceitar que Greta e eu perdemos nosso tempo, faço uma última tentativa alongando a imagem ao extremo.

— Inferno! — Me irrito sozinho, esfregando meu rosto com a mão. — Foda-se! — Ignoro meu questionamento e clico no número da Rainha, esperando que ela atenda.

LIGUE MAIS TARDE

Chama e chama, mas ela não atende. Então ligo de novo.

LIGUE MAIS TARDE

— Porra, parece que tudo está dando errado hoje! — aperto o aparelho entre os dedos, irado por não conseguir respostas.

Essa hora, Thomas certamente não vai me deixar subir para falar com ela, mas se eu a gritar do jardim, talvez ela escute, mesmo que a altura atrapalhe um pouco.

Decidido, vou andando para perto da janela, ao mesmo tempo que observo os guardas no portão. Se por acaso eu for visto, ou minha atitude for considerada suspeita, pelo menos todos aqui me conhecem. Então teclo na tela, e coloco o aparelho no ouvido escutando chamar novamente. Quanto mais eu me aproximo, mais os meus sentidos começam a se confundir com o barulho da chamada, e o cheiro de sangue fresco.

Que merda é essa?

É muito confuso determinar, ou chegar no resultado que buscamos, quando tem mais de três coisas acontecendo juntas, embaralhando seus pensamentos e raciocínio. É como tentar escutar uma música, mas a sua esquerda tem uma televisão ligada e na sua direita dois bebês berrando.

Assim, paro no gramado perto de uma árvore, incomodado com a desordem que eu estava por dentro. Conforme meus sentidos se ajustavam, ele também captava diferentes sons, incluindo dos insetos. Quando atingi o controle total do que estava procurando, notei que o som que ecoava na chamada, vinha acompanhada de outro toque, numa perfeita sincronia. É aí, que aquela mesma voz, a voz causadora de desesperos, me avisa para retornar mais tarde, encerrando a música que também tocava no meio da escuridão.

O-o quê?

Meu eu interior está se acabando em risos por achar tudo isso uma coincidência aterrorizantemente engraçada, já o meu eu físico, não consegue se mexer, prevendo o que pode ter a frente.

Intrigante... Inesperadamente, todos os carros que estavam estacionados, disparam seus alarmes, provocando pânico e aflição. Eu estava no meio do jardim, longe dos veículos, a um passo de descobrir o que tinha atrás do muro de trepadeiras.

Os seguranças logo chegariam aqui procurando o culpado por causar aquela enorme barulheira.

LIGUE MAIS TARDE

Retomo minha busca ainda com o telefone em mãos, só que dessa vez no viva-voz. A mesma música que tinha ouvido antes, volta a acompanhar o meu celular conforme ele esperava para ser atendido. Quando passo pelo último muro de trepadeiras vivas e bem verdes, uma pessoa deitada nas folhas, sozinha, faz com que as minhas pegadas hesitem no mesmo segundo, combinando com as luzes externas, que começam a enfraquecer sua claridade.

Essa é a primeira vez na minha vasta existência, que o meu cérebro fica em branco como se tivessem apertado o "desligar". Só que não me refiro a um desmaio, perda de memória, ou coisa do tipo, me refiro a ficar tão, mais tão nervoso, que todo o universo desaparece onde meus olhos enxergam somente um único ponto acesso.

Aquele era o ápice da minha adrenalina.

Não olhei para tela, nem precisava olhar. Simplesmente toquei o dedo no vidro, implorando para que quando o som iniciasse novamente, ele não viesse daquele corpo.

Mas aí sem nem me lembrar, o GPS conseguiu deixar tudo mais desesperador:

O SENHOR CHEGOU NO SEU DESTINO

É nesse momento, que as luzes se apagam de vez, e o vento me castiga, soprando o cheiro dela na minha direção. Logo, no mesmo segundo, um quadradinho de luz acende na grama, iniciando o timbre que tinha me guiado até aqui.

N-não...

— MILA! — Deixo meu celular cair, e corro mais o rápido que posso, indo na direção dela.

Quanto mais perto eu chegava, mais a agonia tomava conta de mim. Podia vê-la se engasgar com o próprio sangue, toda mole e quebrada sobre o chão.

Me joguei ao lado do seu corpo de porcelana, ajoelhado, nos vestígios do seu sangue puro. Ela estava agonizando, lutando por qualquer vestígio de oxigênio,

— Não, não, não, não! — Me corroo de ódio. — Mila... respira... respira por favor!

Toco sua bochecha com cuidado, afundado no medo de machucá-la mais ainda. Ela sente uma presença tentando reconhecer a pessoa ao seu lado, mas a queda faz seus sentidos ficarem mais lentos.

— Fica acordada... — ofego angustiado.

Seu pulmão estava abarrotado de sangue, fora os diversos ossos quebrados. Era impossível sobreviver aquilo.

— PORRA!

Até eu encontrar uma saída, farei o que posso para mantê-la acordada.

Pego seu corpo, segurando-a nos meus braços, e começo a deslizar meus dedos na sua pele rosada, que estavam manchados do sangue que saia pelos cantos dos seus lábios. Sem preparo algum, sou pego de surpresa, quando seus olhos encontram os meus, se firmando de um jeito muito intenso.

Quem fez isso com você...

Poucas pessoas nesse mundo conseguem fazer com que as outras sejam capazes de sentir o seu tormento com apenas o olhar. Quando esse elo ocorre, a angústia toma conta de tudo.

Eu podia senti-la... Meu coração estava se esmagando dentro do peito conforme a intensidade das suas vistas cravavam nas minhas. Seus olhos, os mesmos olhos que me deixavam em dúvida se o céu ficava realmente lá em cima, começaram a se fechar, acompanhando a quietação do seu peito acelerado.

— Mila! — Eu a balanço. — NÃO! — Seguro o rosto dela entre minhas mãos. — MILA!

Socorro, médicos, seguranças, nada ia adiantar. Ela vai morrer, já está morrendo!

Posso assisti-la partir, para depois enfiá-la embaixo da terra, ou posso me enganar por pelo menos dois séculos, tentando camuflar a dor de não ter escolhido salvá-la. A decisão deveria ser fácil, já que eu nem a conheço direito, mas parece que toda vez que eu penso em nunca mais sentir a presença dela, ou ver o seu rosto, um misto de dor e egoísmo me envolve por dentro.

Eu não era capaz de deixá-la partir. Pelo menos não assim. Não agora.

Talvez nunca.

Olho ao meu redor com ela ainda nos meus braços, e quando tenho certeza de estarmos sozinhos, mordo minha mão despejando meu sangue na boca dela. Minha pele toca seus lábios macios, mas eles não demonstram o gesto que eu precisava que fizessem.

Para iniciar a transformação, só seria possível se ela bebesse.

— Mila! — Eu a balanço de novo, tentando fazê-la engolir. — Você precisa beber...

Não funciona se ela já estiver morta!

— Ei... por favor! — Meu peito queima, destroçado por não ver nenhuma movimentação.

Seu coração estava mais lento que o andar de um relógio, ele mal conseguia transmitir forças, nem mesmo vida para o seu corpo. Só um choque muito grande poderia reanimá-la, fazendo o seu organismo reagir.

— Você não vai morrer! — Como um arco vermelho, meus olhos azuis somem, quando decido acordá-la de todas as formas.

Eu a coloco deitada de volta na grama, e com os dedos trêmulos, desabotoo os botões do seu pijama, revelando seu sutiã rendado. Era uma peça branca, bem detalhada e sem forro. Acompanhava muito bem os seus peitos redondos, escondendo levemente seus mamilos rosas.

Tocá-la era um crime, tirar suas roupas, então, era sentença de morte!

— Eu sinto muito... — disse olhando para o seu rosto desacordado.

Com a mesma mão que tentei alimentá-la, arrisquei fazer algo que nunca tinha feito antes. Eu toquei a parte de baixo dos seus seios, bem no meio, e me recusando a olhar a atrocidade que faria, ergui minha cabeça para o céu estrelado, afundando meu braço direito para dentro da carne dela. No minuto que atravessei seus ossos alcançando o seu coração, envolvi o meu sangue no seu único núcleo de vida. Ali, eu o apertei, pouco a pouco, esperando-o voltar a bater sobre os meus dedos.

— Inferno!

Minha paciência estava se esgotando.

— VAMOS MILA!

Um choque, bate contra a palma da minha mão, provocando um espanto da minha parte, e o abrir dos olhos dela. Uma expressão de dor domina seu rosto, ficando ainda pior quando me vê asfixiar seu peito.

— Está funcionando...

Aqueles verdes, que costumavam transmitir doçura e desejo, começaram a me encarar como se eu fosse um monstro carnívoro.

— Mila...

A dor era insuportável, e eu sabia disso, mas me olhar daquela forma, me fez querer morrer naquele exato instante. Se ela sobreviver, com certeza vai me odiar por toda a eternidade!

Aquela era a última chance que eu tinha para concluir a transformação.

Removi minha mão, fazendo seus olhos se encherem de lágrimas, e de novo dei apoio a suas costas, reparando que suas vistas tremiam de pavor, quanto mais eu me aproximava. Acolhi seu corpo perfurado, colando-o com o meu, e afastei seu cabelo do pescoço, deixando suas veias disponíveis para mim.

Se ela pudesse se mover, ou sequer falar, estaria se debatendo, me implorando para que eu a deixasse morrer em paz, só que ao invés disso, me aproveitei da situação, tirando dela todo o poder de uma escolha.

Como ela me olha, me fez odiar a mim mesmo, por talvez, no fundo, ser um animal.

Atravesso meus dentes na sua carne, deixando meu veneno tomar conta do seu corpo. A medida que seu sangue doce vai preenchendo minha boca, me esforço para lutar contra minha própria natureza.

Aquilo era um teste, era colocar em risco tudo que já tinha construído ao longo dos anos. Eu não precisava de mais uma responsabilidade, principalmente uma Rainha de só vinte e dois anos, que sem esforços, poderia seduzir uma vila inteira. E mesmo já tendo feito isso outras vezes, alguma coisa ficava sussurrando no meu ouvido que agora ia ser diferente, mas não um diferente que eu possa me adaptar com facilidade.

Vai ser como viver no inferno, como precisar encontrar um anjo no meio de mil demônios!

Logo, captando o sinal que precisava, me afasto do seu perfume, a colocando de volta no chão. Um som, uma última batida, me dá o sinal de que todas as suas chances de ter uma vida humana foram apagadas por completo. Sua carne começa a se fechar e os seus ossos a se consertarem, a cor que ela tinha quando humana, fica ainda mais realçada, só que agora, como uma verdadeira imortal.

Seu final, o final que um dia sonhou alcançar na velhice, acaba chegando antes da hora.

❖❖❖❖❖❖

Com a Rainha desacordada, trato de limpar toda a sujeira, já planejando uma boa versão para cada pergunta que vou ouvir. Pronto, chamo pelos seguranças que em segundos alertam os melhores médicos da região. Doutores cujo sou amigo a anos, a recolhem para o melhor hospital do país, enquanto os portões se enchem de repórteres e fãs preocupados. As pessoas no palácio ficam em pânico, todos estavam agitados querendo entender como aquilo aconteceu.

— QUERO UMA INVESTIGAÇÃO COMPLETA! — Peter berrou com uma fileira de trinta e três seguranças bem equipados. — E TODOS QUE NÃO ESTAVAM NOS SEUS POSTOS, SERÃO SERIAMENTE PENALIZADOS!

— Se acalma, Peter! — James pede.

— Gritar não vai adiantar! — Thomas afirma. — As câmeras externas mostraram como ela caiu. Deve ter tropeçado, ou até se jogado de propósito.

Só pode ser brincadeira!

— Como é?

Estávamos no escritório do Rei, cercados por uma equipe investigativa enquanto ele ficava sentado na sua mesa, inventando bobagens.

— As pessoas se matam, Benjamin! — Ele reafirmou digitando no celular.

— Puta que pariu Thomas, de onde você tirou isso? — Retruco irado.

— Ela estava bem, não tinham indícios que algo assim poderia acontecer! — Peter comenta intrigado.

— E a equipe responsável pelas câmeras, afirmou que as filmagens foram cortadas! — James fala, deixando todos ainda mais confusos.

— Isso tudo está muito estranho! — Peter diz passando as mãos nos cabelos.

— Estranho é vocês estarem aqui agindo como idiotas, quando a Mila já está no hospital recebendo todo apoio e tratamento necessário. — Thomas responde alterado.

— Mas Majestade, nós nem sabemos se ela vai sobreviver. Isso não te preocupa? — James pergunta.

— Óbvio que preocupa! — Thomas mente, olhando para a sala cheia. Conheço meu amigo, sei que está fingindo — Mas vocês sabem como eu lido com mortes, e a dela já está clara para mim...

— Clara? — Peter repetiu as palavras com indignação.

— Ninguém sobrevive àquela altura, Peter! — Thomas rebate.

— Ela não é "ninguém" Thomas, e garanto, que você vai se surpreender! — Dou de costas e saio do escritório.

— VOLTE AQUI, BENJAMIN! — Thomas me chama aos berros.

❖❖❖❖❖❖

Duas semanas se passam, e a Mila continua em coma no hospital. Por algum motivo que desconheço, ela foi a primeira entre todos os outros que transformei, que teve essa reação inusitada.

Geralmente eles acordam depois de algumas horas, no máximo um dia, não conseguem suportar a fome, principalmente porque não completaram a transição.

— Senhor! — A enfermeira fala surpresa, assim que atravesso a porta do quarto. — Pensei que não viria hoje. O doutor me disse que tinham combinado de ele avisar caso alguma coisa mudasse.

Eu a visito diariamente para conferir a sua recuperação, também para garantir que os médicos não estivessem mentindo sobre ela estar suportando esse tempo sem sangue.

— Boa noite, enfermeira Judith! — Coloco meu blazer na poltrona e dobro as mangas da minha blusa. — Eu precisava vir... — explico, vendo-a fazer suas anotações. — Como ela está hoje?

Como eu tinha dito antes, muitos aqui eram meus aliados e isso me dava certas vantagens. Eu não precisava me esconder, e podia ser o mais transparente que quisesse com as minhas perguntas e verdades.

— Fizemos outro raio-x, também repetimos a ressonância, mas assim como os da semana passada, o corpo dela está em perfeitas condições. Tudo indica que a transformação ocorreu bem, mas infelizmente, ela continua em coma... — A enfermeira me põe informado.

— E o que o doutor Scott, disse sobre começarmos a transfusão?

— Benjamin! — Dr Scott chega no momento que toco no seu nome. — Tudo bem? — esticou a mão para um aperto.

— Oi, Scott! — Retribuo o gesto.

— Sabia que não ia cumprir nosso combinado, mas estou surpreso de que tenha aparecido aqui a essa hora — comenta se aproximando da Mila.

— Ia vir de manhã, mas está ficando cada vez mais difícil sair de casa!

— Entendo! — Ele responde com uma risada. — Sei bem como as suas outras "responsabilidades" são difíceis de lidar.

Incrível como ele faz de tudo para tocar nesse assunto!

— E como as coisas estão por aqui? — Pergunta pegando a ficha com a enfermeira.

— Ele quer saber sobre transfusão de sangue... — a enfermeira comenta.

— Sim, acredito que isso possa fazê-la acordar!

— Já falamos sobre isso! — Ele é rude. — Eu sei que você está preocupado, mas Mila não é como os outros vampiros — explica. — A transformação dela foi muito complicada, e o seu veneno ter agido no último minuto, foi um milagre.

— Você sabe que eu não acredito em milagres! — Retruco. — Precisamos fazer alguma coisa para...

— Benjamin! — Ele suspira, me interrompendo. — Já faz quinze dias... quinze dias. E durante essas semanas, ela não precisou de sangue nenhuma vez. Se fizermos o que você está me pedindo, eu não vou me responsabilizar pelos danos que podem ocorrer.

Droga!

— Escute-o senhor! — alertou a enfermeira. — Vocês vampiros não conseguem sobreviver nem três dias sem sangue. O caso dela, é realmente especial.

— Ela deveria ter morrido no terceiro dia. Viver tanto tempo assim sem se alimentar, é uma coisa que vamos ter que estudar depois, com tempo e paciência. — O médico afirma.

Irritado, passo minha mão no cabelo jogando os fios para trás. Começo a andar na sala de um lado para o outro sem saber o que fazer, cerrando meus punhos de ódio, agoniado com a espera.

— Thomas veio aqui? — Fujo do assunto.

— Não, ele só telefona, como sempre!

"Filho da puta!"

— Como ele pode ser tão imprestável? — Pergunto ainda com os punhos fechados.

— Você conhece os Clifford's! — Doutor Scott fala com um leve dar de ombros.

Só aquele nome já me causa desconforto. Minhas unhas curtas eram capazes de entrar na minha pele se eu não folgasse meus dedos. Estava nitidamente irritado, desejando extravasar toda minha raiva para fora.

— E-ela vai ficar bem... — a enfermeira comentou, esperando que aquilo me confortasse.

Sigo até a cama, colocando minhas mãos na barra de proteção, eu as aperto sabendo que com pouco de esforço, poderia quebrá-las, inclusive machucar a Rainha, porém, instantaneamente meu coração começa a voltar para o seu ritmo normal, sem nenhuma intenção, ou magia. Bastou eu ver como ela estava calma, que minha respiração se tranquilizou.

Simplesmente com a sua imagem, ela conseguiu me transmitir uma paz única e incomparável.

— Podem nos deixar a sós por alguns minutos? — Peço olhando para ela.

Suas cabeças concordam e os dois saem, fechando a porta.

Sabe, aqui de pé ao lado dessa garota, me dou conta de que sempre invejei aquelas pessoas que conseguem viver de forma silenciosa. Aquelas que tem tudo em ordem, e que não se abalam se forem pisoteadas, enganadas, ou até traídas.

Por inúmeras vezes tentei tampar meus olhos e viver no "frio", o frio que se conecta a total calmaria, onde tudo, por alguma razão, é definido como "sobreviver". São como máquinas com sentimentos, mas que, de algum jeito, podem desligar e ligar o botão da angústia e paixão quando bem-querem.

Isso se chama estar no controle. Ordem.

No final, é só uma armadura coberta de amor-próprio, que para ser adquirida, infelizmente precisa-se de um enorme trauma.

— Eu preciso que você acorde... — sussurro entristecido — não consigo seguir a minha vida com você aqui... desse jeito.

Eu precisava lidar com as minhas coisas, Mila estava tomando muito do meu tempo, e aquilo estava me causando sérios problemas em casa. Ela era minha cria, mas não era a minha mulher. Pensei que o problema seria resolvido transformando-a, entretanto, sinto que estou mais envolvido do que gostaria.

— Por que você tem que ser assim? — Levo minha mão até o seu rosto, deslizando meus dedos pelas suas bochechas. — Como o Thomas conseguiu encontrar alguém como você...

Eu já sabia que quando chegasse a hora, Thomas seria bem exigente em relação à aparência da sua futura mulher e Rainha, mas sinceramente, acho que ninguém esperava que ela fosse do tipo "indomável" e "irresistível".

Não era só pela inteligência, ou pela força surpreendente. Ela era um quebra cabeça completo, que conforme descobríamos cada peça, era inevitável não se encantar, após unir a imagem por completo.

"Ela é a "assombração" que todo homem teme se apaixonar!"

Pele delicada, tão limpa e clara que parece aquelas bonecas que quebram facilmente. Cílios volumosos, cabelos longos e negros, que preciso até puxar fôlego para continuar descrevendo as outras partes.

Seu corpo tinha um perfume gostoso, que até hospitalizada por quinze dias, ele não sumia. É aquele cheirinho único que cada pessoa tem, que só de entrar na casa já se pode sentir, mas o dela, era ainda mais intrigante, porque sua pele cheirava aqueles perfumes importados que custavam uma fortuna. Era pura luxuria.

Impressionante que além de cheirosa, ela também desfrutava de uma estrutura física altamente perigosa.

Os homens podiam ficar duros só de vê-la com pijamas!

Estar na sua presença era como viver uma guerra interna, lutando contra seus próprios desejos impulsivos. Que inferno, Thomas. Você tinha mesmo que ser o meu melhor amigo?

É aí, que um simples toque meigo se prende na minha outra mão apoiada no colchão.

Deus... Eu levo meus olhos até aquela sensação vibrante, e quando vejo, eram os dedos dela, agarrados aos meus.

— B-Benjamin... — ela murmurou meu nome, e eu me virei para o seu rosto no mesmo segundo.

— Mila! — Fecho meus dedos segurando sua mão.

E é claro que por último, e o mais importante de todas as peças... aquele verde... aquele, puta verde! Nem o oceano era capaz de ter uma intensidade tão natural como ela tinha dentro dos olhos.

Estávamos os dois, mantendo nossos toques firmes e presos um no outro.

— O-oi! — Falo aliviado.

— Oi... — respondeu com um olhar profundo e sonolento.

— Você me deixou preocupado... — falo afastando os fios de cabelo do seu rosto.

— E-eu? — Ela ainda está acordando. — Mas por quê?

— Como assim por quê? — Rebato. — Você quase deixou o país inteiro em luto!

— Luto? — Sua testa se franze.

É melhor deixar isso para depois!

— Não... não é nada! — Troco de assunto.

— O-o que está acontecendo? — Insiste, começando a ficar inquieta.

— Nada! — Afirmo.

— Você disse que dei... — sua boca se fecha rapidamente e o seu olhar fica mexido.

— O que foi?

— N-não sei... — ela tenta provar sua boca seca, que acaba não correspondendo com a saciedade que o seu corpo procura. — Estou com sede, muita sede!

A sensação é a mesma de estar presa a dias em um deserto sem nenhum pingo d'água!

— Eu vou buscar algo para você! — Disse procurando qualquer vestígio de sangue humano por perto. — Fique aqui e não tente se levantar, OK?

Ela concorda com a cabeça, analisando o ambiente que estava.

Saio do quarto agitado, e a primeira que encontro é a enfermeira Judith. Informo a ela que vou ao banco de sangue do hospital e peço-a para fazer companhia a Mila por alguns minutos.

❖❖❖❖❖❖

Enquanto Benjamin não volta...

— Rainha Mila! — Judith entrou, vendo-a acordada. — Como é bom saber que despertou.

— O-oi... — Mila respondeu com estranheza.

— Eu sou a enfermeira Judith. Pode me dizer como se sente? — perguntou com a prancheta na mão, se aproximando dela.

— Estranha, como se... — ela pausa, e sem dificuldades, se senta na cama preocupando a enfermeira.

— Não, não, não! — Advertiu. — Não pode se levantar — falou tocando as pernas dela.

— Minha cabeça está doendo! — Disse, passando a mão no rosto.

— Esse desconfor...

— De onde está vindo esse cheiro? — Mila disparou, interrompendo a moça.

— Cheiro?

Até ela aprender a lidar, tudo agora vai parecer mais vivo e carregado. Os sentidos deixam de ser os mesmos, e acabam assumindo uma facilidade gigantesca de alcançar o que o corpo necessita e deseja.

— Doce... — respondeu como, uma grávida com desejos.

— Ah! — Judith entende. — Não se preocupe, é normal sentir essas coisas. Logo sua refeição vai chegar e tudo voltará ao normal.

— Não! — Negou com um tom mais forte. — Eu não posso ficar aqui! — Ela se levanta da cama, arrancando todos os equipamentos e acessos venosos do seu corpo.

— MAJESTADE! — A enfermeira grita, e deixa os papeis caírem no chão, correndo para o outro lado da cama, na tentativa de impedi-la.

— Eu preciso falar com o Thomas, pedir perdão pelos remédios, por tudo que fiz!

— Remédios? — Judith repetiu. — Mas que remédios?

— Os remédios para o bebê! — Mila respondeu. — Não é por isso que estou aqui?

Judith rapidamente entende todo o mistério. Ela era a única pessoa de Dallnalia e do mundo inteiro, que sabia da verdade, que as câmeras, Benjamin, e seguranças não foram capazes de descobrir.

— Majestade... — ela pensa com cuidado — qual a última coisa que se lembra?

— L-lembro de encher meu copo com água, olhar a lua da varanda e depois... depois o Thomas apareceu e ficou muito nervoso...

— E ele a machucou?

— Não! — Afirmou. — E-espera... — a Rainha se senta no sofá dos acompanhantes, e logo Judith se põe ao seu lado. — Ele... ele gritou muito... — foi se lembrando... — Eu... e... eu gritei por ajuda...

— Foi o Rei Thomas que te jogou da varanda? — Judith perguntou olhando nos seus olhos.

— Varanda? — Ela fica em choque.

— Sim, a encontraram no jardim, mas ninguém sabe ao certo o que ocorreu de fato. Vossa Majestade caiu praticamente onze metros de altura.

— O-o quê? — Ela começa a ofegar.

— É... é melhor eu chamar o doutor Scott! — A enfermeira fala nervosa.

Percebendo ter um tesouro nas mãos e que também acabou passando dos limites com o interrogatório, Judith se levanta toda inquieta, pronta para alertar todos os que podia.

— ESPERA! — Ordenou, agarrando o pulso da enfermeira.

— Rainh... — no segundo que a enfermeira se vira voltando sua atenção para Mila, suas falas somem, junto a uma manifestação inesperada do seu corpo, que fica duro e trêmulo quando ela se choca com a cor dos olhos da paciente.

— Me encontraram, você disse que me encontraram! — Sua voz mostra força, um tom que revela muito poder.

— Sim, Benjamin a encontrou! — Confirmou com medo.

Ela viaja por alguns segundos pela sua mente, deixando sua face com uma expressão de quem ia resolvendo enigma por enigma. Desse modo, crendo ter uma chance de se afastar, Judith tenta puxar seu braço de volta ao corpo, mas ela se surpreende com a força da vampira, que diante a sua tentativa brutesca, faz cada parte do seu cérebro se concentrar naquela ação impulsiva.

— Está com medo de alguma coisa, enfermeira? — Mila perguntou como uma assassina, com os olhos fixados na mulher.

— N-não! — Judith mentiu.

Assim como a ponta de um raio tocando as ondas do mar, uma energia confusa atravessa o corpo da Rainha, conduzindo todo o seu sentido engenhoso, direto para frequência cardíaca daquela que ela tocava.

O que é isso? — pensou, deixando um suspiro surpreso sair dos seus lábios.

— O-o que está fazendo? — A enfermeira falou suando.

— Consegue ouvir? — ela puxa a enfermeira brutalmente para mais perto do seu corpo, quase que tocando peito com peito. — Está rápido... muito, muito rápido!

— Os remédios que tomou podem causar sérios efeitos alucinógenos...

— Eu não estou alucinando! — Mila garantiu. — Pela primeira vez na minha vida, eu tenho certeza do que estou sentindo.

— E... e o que está sentindo agora? — Seus dentes batem um contra o outro quando ela pergunta.

— Fome!

♛♚♛♚♛♚♛♚♛♚♛♚♛♚

O CAPÍTULO 5 VEM AÍ

Comentem nos parágrafos e me ajudem com estrelinhas ❤

Ipagpatuloy ang Pagbabasa

Magugustuhan mo rin

118K 1.8K 6
"Imaginação um tanto quanto fértil, querida." Qualquer imagine contido nesta história é de minha autoria, não aceito adaptações ou até mesmo "inspira...
13.6K 896 29
°Ana Uma simples Humana °Jake o Supremo Alfa °María avó de Jake que matou seus pais -Mal sabia Ana o que esta por vir , Conflitos,Amor,Guerra Em u...
45.4K 3.3K 32
Sempre fui um cara solitário e que fui mandando para um internato pois para o meu pai eu só servia para carregar o nome Ventura. Hoje assumi a presid...
7.2M 22.6K 7
Classificação: +16 Sinopse: E se de uma hora para outra seu pai decidisse se casar novamente? E se você descobrisse que agora teria um novo irmãozin...