Primaveril

By BrendhaPillar

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Livro 1 da duologia "Irmãos Theodore". Cassidy pertence a primavera, Louis tem certeza disso. Desde que aquel... More

PRIMAVERIL
Personagens
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
A Última Poesia
AGRADECIMENTOS

Capítulo 24

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By BrendhaPillar

Você já sentiu que amava muito uma pessoa, mas não estava pronto para expressar isso em palavras?

Talvez por causa de uma timidez excessiva ou simplesmente por achar que isso não é o bastante...
Você sente que a pessoa merece muito mais do que simples palavras.

Mas ás vezes, tudo o que ela quer são elas, as rápidas e inesquecíveis palavras. Aquelas três palavras curtas que marcam a alma.

Há momentos em que me condeno. Me condeno por ser tão ruim com palavras. Mas eu a amo, não poderia dizer agora em qual momento percebi isso, pois me parece que sempre a amei, que desde o momento em que botei os olhos nela, sabia que a amaria. Mas posso dizer que, não me arrependo de um só segundo com ela, porque todos valeram a pena.

— Eu te amo. — Sussurrei em meio as lágrimas, em meio a seus cabelos cheirosos. Temi pela incerteza do meu futuro naquele momento..

Cassidy olhou em meus olhos emocionada, seus lábios se encontraram com os meus em um beijo casto.

Quando Miranda me deixou aqui, eu já estava em prantos novamente. Agradeci aos céus por Ruth estar de plantão no hospital.

Quando me viu, Cassie demonstrou preocupação. Ela ainda usava o uniforme da cafeteria, pois tinha acabado de sair do trabalho. Ela me abraçou, me acolheu e ouviu meu choro por longos minutos. Me confortou de uma maneira silenciosa e quente.

— Quer conversar sobre o que aconteceu, meu amor? — Ela perguntou com cautela, suas mãos deslizando pelos meus cabelos bagunçados. Eu já estava mais calmo e havia parado de chorar.

Eu sentia que não estava pronto naquele momento, não estava pronto para expor minha vida familiar assim para ela. Eu sabia que acabaria chorando e não conseguiria conversar direito.

Neguei com a cabeça, afundando meu rosto em sua clavícula. Sua respiração estava calma, suas mãos acariciavam minhas costas, me fazendo relaxar em seu colo.

— Vamos tomar banho? — Ela perguntou baixinho, de repente. — Apenas tomar banho, juntos.

Fiquei surpreso com a proposta repentina. Eu estava fedendo?

— Eu estou...? — Perguntei confuso, cheirando minha camiseta.

— Não é sobre isso — Cassie deu uma risada baixa. — Você confia em mim?

Aceitei sua proposta, respondendo sua pergunta com um beijo longo e melancólico.

Mas, foi preciso estar ali, sentindo seus seios em meu peito nu, sentindo a água quente escorrer por nossos corpos abraçados, para entender o que aquilo significava.

Suas mãos deslizavam com calma e carinho pela minha nuca. Estar ali, apenas seguro em seus braços, significava muito mais do que qualquer coisa em minha vida.

Confiança. Nós confiávamos um no outro o suficiente, para expor não apenas o nosso corpo nu um ao outro, mas sim expor a nossa alma vulnerável, nosso lado que quase ninguém viu.

Eu vi toda a sua perfeição. Suas cicatrizes, as estrias, as curvas e os detalhes maravilhosos e únicos. Tudo aquilo que formava a sua perfeição digna de uma obra de arte. Tudo aquilo que ela me permetia ver, toda aquela parte tão íntima e reservada, só provava que ela confiava muito em mim e me amava. E eu, amava cada pedacinho dela.

Ela me viu, vulnerável, quebrado. Ela me acolheu com todo o amor de sua alma pura e esplêndida.

Ela sorriu quando beijei seu ombro nu, um beijo inocente e cheio de carinho.

Tomamos banho juntos, apenas isso.

Em seu quarto, notei que a pintura que a dei estava na parede, enfeitando lindamente o quarto.

Cassie me deu as roupas de seu pai, as mesmas que usei quando estive aqui, após confessar meus sentimentos a ela.

Depois, ela enxugou meus cabelos com calma e beijou muito meu rosto durante o processo. Sorri pela primeira vez naquela noite.

Sentei em sua cama, ainda abatido. Mas eu sentia que não estava tão confuso como antes, aos poucos, tudo parecia ficar claro.

— Louis...

Ela me chamou, com um olhar sereno. Cassie se sentou ao meu lado na cama, depositando um beijo em minha têmpora.

— Não vou te pressionar a me contar o que está acontecendo, não sei o que você está passando em casa ou de suas lutas consigo mesmo... — Me aconcheguei novamente em seus braços, conseguindo notar sua respiração calma. — Você quer conversar sobre isso, agora? Você sabe que pode confiar em mim. Você tem todo o tempo que precisar para...

— Eu só quero ficar com você.

Ficamos em silêncio por longos minutos após a minha fala.

Eu havia sido sincero. Tudo o que eu queria, era ficar ali, com ela. Ficar com o meu porto seguro, apenas pensando ou conversando sobre coisas banais. Tentar não me preocupar e me perder na imensidão de seus belos olhos de anjo, que me hipnotizavam a cada olhar.

Eu me sentia tão desgastado, tão emocionalmente cansado.

Passei os olhos pelo quarto, meu olhar parando em algo que até então, eu nunca havia notado. Na escrivaninha, que estava meio desorganizada, havia um pequeno quadro, era A Noite Estrelada, de Vincent Van Gogh, uma das minhas maiores inspirações.

Era engraçada a forma como aquela obra parecia sempre cruzar o meu caminho, desde a infância eu tentava representá-la, mas sempre falhava. O traço de Van Gogh era único, eu demorei para entender que o meu traço não era como o dele.

Minha forma de pintar e desenhar não era inferior ou ruim por não ser como a de Van Gogh, mas sim, única e especial.

Como toda arte é, cada uma única e especial do seu jeito.

Como Cassidy é para mim, única e perfeita.

— Eu queria ver as estrelas... — Suspirei, saindo dos braços de Cassie e procurando os seus olhos. — Vamos?

O céu estava lindo, como eu havia imaginado. As estrelas iluminavam a noite com seu brilho lustroso.

— Se todas as estrelas do universo fossem suas... — Cassie preencheu o silêncio confortável que estava entre nós. — O que você faria com elas?

Desviei o olhar do céu, virando meu corpo na grama macia em que estávamos deitados. Apoiei meus cotovelos na grama, aproximando meu corpo do seu, que estava deitado de lado.

Coloquei uma mão em seu quadril largo, enquanto apoiava minha cabeça com a outra.

— Acho que as deixaria no céu — Respondi, a olhando nos olhos. — Acredito que é ali aonde elas querem ficar, é de alguma forma o lar delas. E você?

Cassie deu um sorriso de lado.

— Se fossem feitas de diamantes, eu as venderia. Mas como são apenas esferas de plasma... Eu as daria para você, ou, as deixaria no céu, iluminando a noite.

— Gananciosa. — Murmurei com um sorrisinho de lado.

Ficamos por muito tempo ali, deitados na grama, observando as estrelas e hora ou outra nos perdendo em nós mesmos, em nossos olhares e beijos.

Eu queria levar Cassie para o meu futuro, queria estar com ela independente das decisões que tinha que tomar envolvendo a minha futura carreira.

Minha alma é e sempre será a alma de um artista, a alma de um pintor. Mas parecia que meu corpo estava destinado a seguir outro rumo, a honrar um legado que nunca me chamou a atenção, que nunca me entusiasmou.

Valia a pena abrir mão do meu sonho?

Essa pergunta havia me perseguido por tanto tempo. Tantos anos pintando e sonhando em ser reconhecido como um grande pintor, ter minhas obras admiradas em exposições e ter meu nome lembrado.

E de repente, abrir mão de tudo isso, por uma pessoa que só demonstrou amor ao dinheiro e ao status da família?

— Eu quero você no meu futuro, Cassie. — Sussurrei, desviando o olhar do céu e procurando seus olhos únicos e lindos. — Tudo bem pra você?

Seus olhos desceram para os meus lábios, depois voltaram a fitar os meus olhos. Ela sorriu, sua mão deslizou pelos cabelos de minha nuca, me puxando para mais perto do seu rosto.

— Sim, Louis — Ela sussurrou. — Eu também te quero muito em meu futuro. Quero estar ao seu lado nos bons momentos, nos momentos difíceis e tristes. Te quero tanto que não consigo expressar em palavras. Tenho me sentido assim desde que começamos a conversar, desde que seus olhos encontraram os meus.

Não resisti e capturei seus lábios, eu estava me sentindo tão em paz naquele momento.

Ela me amava, admirava o que eu fazia e esteve do meu lado em todos os momentos em que precisei de apoio, mesmo que eu não notasse isso na época.

Céus, eu não a merecia. Mas já que eu a tinha, eu não podia deixá-la escapar. Eu seria a melhor pessoa para ela, eu seria tudo aquilo que ela precisasse. Eu soube naquele momento, que faria tudo por ela.

— Aceita ser minha namorada, Cassidy Stewart?

— Achei que não ia pedir nunca, Louis Theodore. — Ela me abraçou com força, deitando em meu peito, ali na grama. — Já estava me preparando para fazer o pedido — Ela deu uma risadinha baixa. — É claro que eu aceito ser sua namorada.

Beijei o topo de sua cabeça, apoiando a mão em suas costas.

— Eu estive pensando, você poderia vender os as suas pinturas. Criar um perfil no instagram para divulgar as suas obras e colocá-las a venda em um site. — Ela murmurou, depois de alguns minutos em que ficamos em silêncio. — Você é tão talentoso, tenho certeza que teria muitos clientes. Eu te ajudaria em tudo!

Passei a mão pelos seus cabelos, surpreso com a sua proposta.

Foi então que me dei conta que, não, não valia a pena abrir mão do meu maior sonho. Não valia a pena viver por algo que não me trazia felicidade e que só me causaria desgosto.

Eu podia sim viver como um pintor, fazendo o que eu amo e ao lado da pessoa que amo.

Eu ainda temia o meu pai, mas sei que não deveria ser assim. Não devia haver temor ao pensar nele, mas sim, amor.

Eu não tinha mais medo de ser o primeiro Theodore a não seguir o legado da família, eu seria eu, Louis Theodore, o pintor.

— E eu acho que você deveria divulgar as suas poesias, enviá-las para alguma editora, uma coletânea, pois sei que você já escreveu muitas. Poderíamos criar um site só seu, aonde você pode escrever livremente.

— Minhas poesias não são boas o bastante para isso... Acho que nenhum editora iria querer publicá-las em um livro físico.

— Não diga isso! Suas poesias são maravilhosas, eu particularmente amei tudo o que li até agora. Eu vou te ajudar a criar o site, vou te ajudar a procurar editoras... Vou te ajudar em tudo o que você precisar.

Cassie beijou o meu pescoço, fazendo um arrepio subir pelo meu corpo.

— Ah, eu não mereço você! — Ela suspirou, subindo os beijos até o meu queixo.

— Eu que não a mereço.

Eu já havia decidido. Sabia que teria consequências e que a culpa me assombraria em um momento ou outro. Mas, eu estava em paz.

Depois de tanto tempo, perdido em pensamentos, consumido por medos e dúvidas, eu havia encontrado o meu caminho.

Eu havia escolhido a minha felicidade, os meus sonhos... O meu amor.

E eu sabia que nunca me arrependeria dessa escolha.

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