Guy Next Door

By sahsnape

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Zayn Malik é um artista plástico que viveu por quase três anos em uma relação tóxica e extremamente abusiva... More

Considerações iniciais
POV
Pompeii
Stand Down
Put Your Records On
Right Place Right Time
Isn't She Lovely
Where Have You Been
With a little Help
I'm A Mess
Love Is Easy
I Won't Let You Go
I'll Be Your Man
Carry You
Photograph
Strong
Wonderwall
Risk It All
Tonight (We Live Forever)
Best Thing I Never Had
Let It Be
I Did With You
You'll Be In My Heart
Your Song
Considerações finais
BONUS: No Control - Spin off

The Love We Had

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By sahsnape

Na galeria onde Zayn agora trabalhava aconteceria um festival sobre expressionismo contemporâneo do próximo mês. A diretora geral da galeria pediu para que os curadores e museólogos trouxessem obras que pertencessem a artistas novos e, de preferência, anônimos. Tais exemplos deveriam envolver obras de artes plásticas, esculturas, poesias, contos, esquetes e fotografias que pudessem estar disponíveis para exibição durante a semana de arte expressionista. Ficaram de fora o cinema e a música porque a galeria não tinha infra estrutura para isto por enquanto, pois os idealizadores do evento investiam alto na divulgação e, dependendo do sucesso, os donos da galeria poderiam investir em um expansão para produzir eventos como aquele de maneira mais ampla, além de receber exposições de maior prestígio.

As obras trazidas eram avaliadas pela direção da galeria e pelos patrocinadores do evento e eles decidiam quais seriam expostas e quais não. Cada dia estava dedicado a uma forma de expressão artística e a avaliação poderia se estender por mais dias, como foi o caso das esquetes que levaram nada menos que quatro dias até que todas fossem avaliadas e os dias de apresentação divulgados aos aprovados.

Quando Zayn entrou para o time de funcionários o processo já estava em andamento e ficou deslumbrado em saber que seu movimento artístico preferido, a qual havia se especializado depois de se formar, teria uma semana inteira dedicada só para ele. Maior foi seu deslumbre quando soube que ele mesmo poderia aproveitar esta chance para expor sua arte em um lugar que não seria apenas uma rua qualquer no centro de uma cidade que pouco se importa com arte - caso fosse aprovada pelos chefões, é claro. E desde que fora contratado contava os dias que faltavam para o festival.

No entanto, ele acabou se sabotando ao esquecer por completo do dia que deveria levar seus dois melhores quadros e o portfólio com suas demais obras para avaliação. Sentiu-se absolutamente estupido quando chegou ao trabalho naquela manhã e seu amigo, Anthony, o olhou estranho e começou a pergunta com um:

- Cara, cadê as suas...

Isso bastou para que Zayn o interrompesse dando um tapa estalado na testa, colocasse uma careta em seu rosto e praguejasse contra si mesmo; passou dias se planejando para aquele momento, esqueceu na pior ocasião e lembrou sem que Anthony precisasse completar a frase. Não era a primeira vez que isso acontecia, provavelmente não seria a única e Zayn com certeza não era o único que caía nessas peças cretinas do cérebro, mas nada disso o deixava menos frustrado.

O amigo então acalmou o outro que andava de um lado para o outro xingando a si mesmo em voz baixa; a avaliação só começaria duas horas após o almoço e os responsáveis analisavam as obras trazidas por dois funcionários de cada vez, assim o processo não afetaria o trabalho de ninguém e nenhum pavilhão ficaria sem funcionários para impedir que pessoas com dedinhos nervosos tocassem nas peças. A galeria tinha um total de dez funcionários e se Zayn voltasse para casa correndo durante o almoço e trouxesse o que esqueceu tudo ficaria bem e não haveria motivo para pânico.

Porém eles não contavam com a falta de dois funcionários por questões de saúde, sobrecarregando todo o restante dos funcionários em um dia que receberiam várias excursões na galeria, sendo duas delas de crianças e adolescentes, que valem mais do que mil excursões de qualquer outra idade. E o dia passou rápido demais e sem a permissão de Zayn, de maneira que quando o rapaz foi olhar no relógio já havia inclusive passado da hora de seu almoço e o desespero aumentou quando soube que ele e Anthony seriam os próximos a apresentar suas obras.

Mais uma vez Anthony salvou o amigo avisando aos chefes que os dois ficaram enrolados em liderar as excursões pela galeria e nem tiveram tempo de sair para lanchar. Como os diretores priorizavam os direitos trabalhistas de seus funcionários, liberaram os dois para o intervalo imediatamente e assim que voltassem seriam avaliados. Dessa forma, Zayn teria tempo para voltar ao apartamento, buscar seus pertences e retornar como se tudo estivesse em perfeita ordem. Não sem antes comer alguma coisa, pois ter uma vertigem no trabalho não era bem um item de sua lista do que fazer naquele dia.

Graças ao metrô ele não demorou para chegar no prédio, mas graças ao elevador ainda quebrado e os infinitos lances de escada para subir ele chegou ao apartamento esbaforido e literalmente se jogou ao chão da sala em busca de ar e de uma pulsação decente. Por que diabos ele teve a ideia imbecil de subir correndo por oito andares? Achou mesmo que ter lanchado lhe daria algum tipo de super poder que o faria apto fazer aquela maratona se nem andando normalmente ele conseguia chegar ao topo sem acelerar o coração?

Minutos depois, já prestes a pedir o chão geladinho e aconchegante em casamento quando seu corpo voltava ao normal, Zayn ouviu o celular vibrando em seu bolso traseiro. Tateou a mão preguiçosa até tirá-lo de lá e ver que tratava-se de mensagens enviadas por Anthony, destravou a tela do aparelho e ao ler as mensagens levantou do chão em um salto. Estava em cima da hora e teria que correr se quisesse chegar sem tomar a bronca do século.

E foi assim que ele, munido de duas telas e um portfólio, saiu de seu apartamento, cruzou o corredor, chegou as pressas na saída que dava para as escadarias e esbarrou em uma garotinha que mesmo de relance lhe pareceu encantadora com seus cabelos cacheados e bochechas redondas. Foi assim também que ele conheceu o vizinho que vinha xingando os últimos dias. Este também lhe pareceu encantador, não pelos mesmos motivos que a menina, quando o olhou melhor assim que ligou os pontos, percebeu quem eles eram e deu-lhes mais uma olhada quando estava alguns lances mais embaixo. Ouviu a menina dizer alguma coisa que parecia se referir a ele, crianças parecem incapazes de controlar seu tom de voz, mas não deu muita atenção, pois seu celular tornou a tocar e devia ser Anthony querendo apressa-lo com ligações. De qualquer forma não faltaria a ele tempo para pensar no que sentir sobre o vizinho e sua side kick não serem nada do que ele imaginou.

Por um milagre vindo dos céus, Zayn conseguiu chegar em tempo de não ser visto por ninguém da diretoria e conseguir arrumar a galeria de exposições internas com seu amigo. Anthony cuidou para que os chefes se distraíssem com outras coisas, até pediu encarecidamente para que outras duplas de curadores e museólogos colocassem suas exposições em sua frente para dar tempo do amigo chegar sem que isso o prejudicasse e o rapaz era tão querido pelos funcionários que conseguiu isso sem dificuldade.

Uma coisa é inegável: Anthony é um santo amigo. Desses que Zayn iria agradecer eternamente e se culpar pelo mesmo período de tempo por tê-lo abandonado quando começou a namorar e se afastou de todos os amigos afim de viver aquela intensa paixão com Liam. É bem comum que nos primeiros meses de namoro a pessoa esteja tão apaixonada que só tenha olhos para o amado e esqueça o resto do mundo. Malik condenou todos os amigos e amigas que fizeram isso, ele só não contava que faria pior do que todos fizeram, passando mais de dois anos sem sair com ninguém de seu ciclo de amizade e quase nunca aparecendo em qualquer rede social para ao menos dar um sinal de vida. Quando ressurgiu das cinzas poucos se importaram com ele e apenas Anthony se mostrou disposto a dar uma segunda chance a amizade que eles haviam construído desde o colegial.

Tudo correu bem no final. Uma boa quantidade das obras apresentadas pela dupla foi aproveitada; entre elas os quadros de Zayn que receberam até elogios, rendendo interesses sobre o portfolio do jovem artista. Não era apenas uma massagem em seu ego, mas em sua auto estima e confiança que eram frágeis em demasiado.

Quando a exposição terminou e eles recolhiam as obras para retornar a seus proprietários e arrumar a sala, Anthony foi questionar a respeito da demora do amigo. Zayn explicou os motivos já óbvios, ouvindo um praguejar do amigo a respeito do elevador que nunca é consertado, e acrescentou que havia finalmente conhecido seu vizinho inconveniente e sua side kick. Ele franziu o cenho e deu de ombros quando viu no rosto do amigo um sorriso debochado. Todo dia Zayn resmungava alguma coisa mal humorada sobre o vizinho e, apesar de seu infortúnio ser coisa séria, causava risos e deboches em seu amigo. Porém o sorriso de Anthony era mais que debochado, havia notas de malícia ali e Malik lançou-lhe um não verbal a fim de ter respostas.

- Então, ele é bonito? - perguntou Riach.

A pausa que Zayn fez foi para entender o propósito daquela pergunta e sem paciência para isso, questionou:

- O que?

Levantou ambas as mãos e olhou para os lados na típica expressão que se faz quando ouve algo estapafúrdio capaz de deixa-lo perdido. Aonde Tony queria chegar com aquela pergunta?

- Sabe, se ele for bonito você pode... - Anthony gesticulou com um sorriso de canto.

- O que? Relevar o fato que ele me acorda todo dia com musica numa altura humanamente insuportável? - questionou com seu mau humor costumeiro quando falava nos hábitos do vizinho - Porque não vou. Mesmo que ele fosse o próprio Jake Gyllenhaal.

- Hey, também não exagera, cara. Você ama o Jake e ia amar tê-lo como vizinho mesmo que gostasse de, não sei, ouvir musicas da Lindsay Lohan todo dia. - Riach ponderou piscando para Zayn com um sorriso de canto e desmanchou um pouco do mau humor do amigo que riu de leve e logo franziu a testa.

- Quem?

Anthony quase riu alto daquela pergunta e tapou a boca com a mão para o riso não ecoar pelos corredores:

- Irmão, você é um desastre para a cultura pop. Eu sou hetero e sei mais de musica pop. Tem ideia do que isso significa?

Zayn estreitou os olhos e desprezou o amigo por um instante:

- É, significa que cultura pop não é exclusivo de gays nem proibida para heteros, seu filho da puta. - não conseguiu conter o sorriso por muito tempo depois que Anthony ergueu os braços em rendição e debochou.

Há anos que Tony e Zayn brincavam com a "inversão" de papeis que acontecia entre eles no que se refere ao gosto musical e lhes era divertido tripudiar de tais convenções sociais.

- Além disso, - Tony falou - você nem conhece o cara direito para ter tanta raiva. Ele só gosta de ouvir musica em horários alternativos com sua mascote. Aposto que eles se divertem a beça. - ele fez uma pausa pensando se deveria mesmo dizer o que veio em sua mente ou não. Decidiu falar de uma vez: - E, na real você sabe não é muito bom em julgar as pessoas, não é, meu amigo? - fez um gesto com as sobrancelhas numa expressão que dizia bem de quem ele estava se referindo.

Zayn suspirou e assentiu derrotado dando atenção aos quadros que empacotava cuidadosamente.

- Mas eu ainda não entendi o que a fisionomia do meu vizinho tem a ver com isso. - ele quebrou o silencio momentâneo.

- Curiosidade. - Tony respondeu. - Afinal ele é bonito ou não?

O outro revirou os olhos . Que pergunta mais tola!

- É. Sei lá. Tanto faz.

- Te conheço há mais de dez anos, Zayn. Não finja que não se importa.

Impaciente Zayn respondeu:

- Tá certo, ele é lindo, gostoso, eu sinto que me apaixonei a primeira vista por ele e lamento muito por ter esbarrado na menina e não nele porque meu coração bateu mais forte quando me deparei com aqueles lindos olhos azuis. Melhor agora? - ironizou.

Com muita calma, Tony apenas sorriu e resolveu parar com as brincadeiras por hora.

- Enfim, eu espero que você conheça melhor o cara e que ele seja legal. É importante ter um bom relacionamento com nossos vizinhos. E o seu síndico deu as caras?

Desde que percebeu os maus hábitos do vizinho, Zayn procurou pelo síndico para reclamar a respeito disso e pedir para que ele tomasse alguma providência, visto que Malik estava injuriado demais e tinha intimidade de menos com o vizinho para fazê-lo pessoalmente, além de ser uma atitude bem antipática para quem acabou de chegar. No entanto...

- Não. - Respondeu ele fazendo um bico contrariado ao mordiscar o canto da boca - Apenas desapareceu.

- Ele é um fantasma ou algo do tipo? - Anthony tentou não rir da situação cômica. - Nada que aconteceu lá era real e o cara foi fruto da sua imaginação, é isso? - As telas estavam quase todas embaladas em papel pardo e plástico bolha e empilhadas sobre a mesa, um trabalho que precisava ser minucioso e delicado para que nada fosse danificado.

- Não exatamente. - respondeu o moreno sem emoção. - Disseram que ele saiu de férias com a família e só volta no final do mês.

- Época estranha para entrar de férias, não acha?

- É. - respondeu monossilábico.

- Como síndico ele devia no mínimo atender as ligações, mensagens ou pelo menos nomear um substituto.

- Aham. - Zayn permaneceu monossilábico, apenas empilhando as obras como devia fazer.

Percebendo que a conversa não ia bem naquele caminho, Anthony mudou de assunto:

- Então, que tal comemorarmos sua primeira exposição de arte em Londres, irmão? - sugeriu com o ânimo elevado.

- Você diz como se fosse uma grande coisa. - Malik riu nasal - É só um quadro dentre vários outros em uma galeria.

- Ora, não venha bancar o durão, cara. - acotovelou o amigo - Eu sei que você ensaia seus discursos em premiações quando 'tá no banho.

- E você também! - Zayn acusou rindo.

- Meu shampoo dá um excelente Oscar.

Os dois riram e carregaram as obras para serem deixadas na recepção da galeria onde os artistas criadores destas poderiam recolhê-las e saber se foram selecionados para a exposição.

- Pub, blues, cervejas, aperitivos... - Tony enumerava os itens com os dedos - e algumas danças loucas estilo Amy Winehouse bem bêbada. Que tal para comemoração?

Zayn hesitou.

- Qual é, Z! É um grande momento na vida de um artista! Pessoas verão sua obra. Pessoas realmente importantes e pode ser mais gente do que imaginamos. Você precisa celebrar ao invés de ficar em casa recebendo ligações desse seu namorado preso aí. - apontou para o bolso da calça do amigo onde estaria o celular.

- Ex-namorado. - retificou Zayn com Liam em sua mente. Amar alguém que ele devia odiar era uma droga e o processo de livrar-se de tal sentimento estava mais lento e doloroso do que ele prévia - Está certo. Vamos nesse pub! Vamos celebrar. - decidiu se esforçando em parecer empolgado.

- Assim que eu gosto! - Tony se contentou com a empolgação forçada do amigo e mostrou-se mais empolgado ainda. - E você só vai beber até se dar conta que ter duas obras expostas em uma galeria de arte é uma grande coisa sim!

Levando em conta o efeito rápido que o álcool tinha no organismo de Zayn, isso não levaria muito tempo.

...


O que Curly devia estar fazendo naquela hora, após chegar da aula de Hip Hop e Jazz infantil, era assistindo sentadinha e quietinha um filme qualquer de princesas ou de animais/brinquedos falantes enquanto esperava os pais a levarem para casa. Niall, como bom padrinho dedicado que era, até preparou um chocolate quente com mashmallows para a querida afilhada que usava um adorável pijama de flanela com estampa de dinossauros.

Seria até aceitável que a menina estivesse inventando moda com seus brinquedos, enchendo a cara de maquiagem infantil, desenhando, jogando vídeo game ou ajudando o padrinho com as guloseimas que ele preparava para levar ao trabalho no dia seguinte - ela gostava de brincar de comidinha com ele vez ou outra. Mas não foi nada disso que Curly escolheu fazer.

Mesmo depois de uma hora agitando na academia de dança, a pequena encontrou energia para, junto com Niall, afastar os móveis da sala, ajeitar o tapete para ficar bem adequado para o que planejava, colocar no PlayStation do padrinho uma coletânea de coreografias das musicas de suas divas e dançar. E como não podia deixar de ser ela colocou o som muito, muito, muito alto. E só não foi mais alto porque Niall lhe pediu para abaixar um pouquinho para que ele pelo menos pudesse ouvir seus pensamentos enquanto trabalhava.

Algumas crianças assistem o mesmo desenho quinhentas vezes, outras passam horas jogando videogame, fazendo travessuras na vizinha, Curly dançava. No fundo o irlandês bem que gostaria de se unir a pequena Tommo-Styles. Ela adorava ter companhia para dançar e não se importava se a pessoa era melhor ou pior que ela. Apesar da pouca idade, Curly era realmente boa dançando qualquer coisa. Melhor do que Niall, Louis e - principalmente - Harry jamais seriam. Um talento nato, eles acreditavam. Crianças podem ser cruéis muitas vezes, podem também ser amáveis outras vezes e Curly estava quase sempre inclusa no segundo caso.

Na TV era exibida a coreografia de Where Have You Been da Rihanna, a pequena de cabelos cacheados - soltos como ela preferia ao dançar, não importa o quanto isso armasse o cabelo - acertava praticamente todos os passos. Niall agradecia mentalmente pela academia de dança ter feito um DVD com as coreografias e censurado qualquer parte das musicas que fossem impróprias. Mas nem por isso ele deixava de observar a menina ao mesmo tempo em que preparava a massa e o creme das tortas até os amigos chegarem para buscar a filha.

A mochila da menina já estava a postos perto da porta e nela só havia o material escolar e o inseparável bicho de pelúcia que a menina não dormia sem. Era como se Niall, Louis e Harry tivessem a guarda compartilhada de Curly. A menina tinha um quarto só dela na casa do padrinho com um armário cheio de roupas compradas por ele e dois uniformes extra, assim não havia necessidade de fazer a mala toda vez que mudava de uma casa para a outra. Quando os pais dela chegassem nem precisariam se demorar em tese, mas nunca era assim.

Já se aproximava das dez da noite. Eles sempre mandavam uma mensagem para Niall avisando que estavam chegando e perguntando da filha. Como tinham uma cópia da chave do apartamento do amigo, não precisavam de cerimônias. Pediram por mensagem que o loiro falasse nada para a pequena e Niall riu por antecipação do que os amigos deviam estar planejando.

Curly dançava de costas para a porta, uma vez que a TV ficava no móvel junto a parede da janela. Ela não viu quando os pais abriam cuidadosamente a porta do apartamento, acenaram para Niall e Louis levou o indicador à boca pedindo que o amigo disfarçasse e eles pudessem admirar por um tempo a filha dançando Single Ladies. Os dois pareciam derretidos bobalhões nessas horas, murmurando coisas como "Tão fofa", "Vai fundo, garota!", "Minha bebê é tão poderosa" e mimos do tipo.

Harry encaixou o rosto na curva entre o pescoço e o ombro do marido a sua frente, depositou um beijo ali e suspirou apaixonado. Louis não conseguia deixar de sorrir e segurou a mão do maior, apertando-a de leve.

- Que tal nos juntarmos a ela? - sugeriu Harry em um sussurro.

- Grande ideia! - Louis sussurrou de volta.

A menina que nada sabia apenas dançava tentando seguir todos os passos da melhor forma que conseguia. Com muito cuidado o casal terminou de entrar no apartamento, fechou a porta atrás de si sem fazer barulho, não que isso fosse fazer diferença em comparação ao som alto, e ambos lançaram um sorriso maroto para Niall se posicionando logo atrás de Curly e começaram a dançar junto com ela.

Era um pior que o outro. Não importa se a musica já fosse clássico de tão antiga, nem que existissem no YouTube um milhão de versões de coreografias ou que Curly desde pequenininha dançasse aquela mesma musica e pedisse para os pais participarem. Seus pais nunca conseguiriam gravar tantos passos, eles eram enfermeiros, não dançarinos. Estavam bem longe disso e estavam vergonhosamente inferiores a menina.

Niall estava com o rosto vermelho pelo esforço que fazia para não rir alto e estragar a cena desengonçada e fofa da família. E se ele estava filmando? Sim, é claro. Não perderia esse momento por nada no mundo, Louis que lidasse com isso e talvez o loiro não publicaria em alguma rede social. Talvez.

Não demorou muito para que a própria coreografia tapeasse o casal e ao se virar na dança Curly se deparou com os pais atrás dela:

- Papais! - ela gritou e ergueu os braços eufórica.

- Filha! - eles gritaram de volta e Harry foi o primeiro a toma-la nos braços quando a menina pulou para o colo do maior e foi quase enforcado no abraço apertado da pequena, da mesma forma que Louis também fora ao ser puxado pelo outro braço da menina.

Niall parou de gravar a cena que definiu como: tão ridiculamente adorável que devia ser criminosa. Guardou o celular no bolso e esperou a família terminar a recepção acalorada para receber alguma atenção ali, afinal ele também merecia. Tinha sua parcela de participação naquela zona. Notando também que já eram dez da noite, ele abaixou o som do DVD até ao que era legalmente permitido, certas multas lhe ensinaram uma bela lição que nem precisaria de reforço.

Eles não iriam fazer mais uma sessão de dança mesmo, sabia o quanto os amigos chegavam cansados dos quatro dias seguidos de trabalho e plantões, as gotinhas de suor na testa e respiração ofegante também indicavam que Curly não iria reclamar por um descanso no aconchego do colo dos pais.

Harry ajudou Niall a arrumar a sala enquanto Curly tagarelava com o pai Louis. Como era de se esperar, o cabelo da menina estava volumoso com cachos desgrenhados e fios bagunçados, mas ela não se importava e os pais achavam lindo. Ela não iria para nenhum concurso de beleza mesmo.

Com o apartamento arrumado e silencioso, após tomarem chá e comerem alguns cookies, o casal despediu-se do amigo com a filha dando sinais de sonolência no colo do pai mais velho. Ela beijou a bochecha do padrinho, despedindo-se dele e deitou no ombro de Louis. Harry trazia a mochila da menina, os adultos encerraram as despedidas e partiram. Curly só teve o mimo de voltar no colo porque o elevador fora finalmente consertado no final da tarde, caso contrario, não tem amor que resista oito andares escada abaixo.

Assim que fechou a porta, Niall pegou o celular e enviou uma mensagem de voz para o grupo de amigos, solteiros e sem filhos, do whatsapp.

- Chego aí em meia hora, pessoal. Só vou arrumar umas coisas aqui.

Era tempo de arrumar a cozinha, se trocar e sair rumo à boate onde os amigos se encontravam. Ele iria trabalhar no dia seguinte, é claro, mas ele nunca dispensava uma noitada com amigos quando não estava com a afilhada em sua responsabilidade.

Ao fechar a porta do apartamento Niall não resistiu a tentação de se abaixar e olhar através da fresta da porta do apartamento à frente, afim de saber se o vizinho estava ali. Os dias corridos com a rotina da afilhada e as encomendas do trabalho não permitiram que o loiro pudesse socializar com ele, algo que ele não abria mão em hipótese alguma, pois prezava muito por ter um bom relacionamento com as pessoas que lhe cercava.

As luzes estavam apagadas, no entanto, e tão depressa quanto se abaixou - atitude estranha até para ele que estava acostumado com suas esquisitices - ele se levantou e endireitou-se como se nada tivesse acontecido seguindo caminho até o elevador. Teria os próximos três dias para fazer o social e treinar para não parecer um tolo diante do vizinho.



_____________

Só passando aqui pra deixar aquele muito very thank you para a Thaís que revisou os erros cabulosos desse capítulo. Vou te explorar pra sempre agora, sua linda ♥

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